Os Relacionamentos Homoafetivos à Luz da Bíblia

INTRODUÇÃO

Poucos assuntos têm sido tão explosivos em anos recentes quanto a homossexualidade. Rápidas mudanças sociais levaram a um grau de aceitação da homossexualidade sem precedentes. No Ocidente, isso levou a uma mudança nas percepções de questões tais como a natureza da sexualidade, o conceito de família, a educação de nossos filhos e a natureza dos direitos humanos. É nesse contexto que a Igreja precisa oferecer liderança, refletindo biblicamente e respondendo à agenda de maneira apropriada. Ela faz isso numa época em que muitos ativistas homossexuais encaram o cristianismo como uma das fontes primárias de resistência às suas reivindicações.

Conforme refletimos sobre a mensagem da Bíblia e as exigências da nossa cultura, precisamos reafirmar nossa crença na autoridade das Escrituras. Se vacilarmos em nossa crença de que Deus falou conosco por meio das Escrituras, restam-nos apenas conjecturas e opiniões. Ainda assim, precisamos ser sensíveis ao fato de estarmos lidando com as emoções das pessoas, sua identidade sexual e seus sonhos de encontrar amor e aceitação. Temos o mandamento de dizer a verdade, mas somos chamados a falar a verdade em amor. Todos somos humanos, e todos somos sexuais. Se nos pusermos a  estereotipar e estigmatizar uns aos outros, então não tratamos uns aos outros com o respeito que cada pessoa merece. Afinal, no que se refere à Bíblia, não existe um fenômeno chamado “um homossexual”; só existem pessoas feitas à imagem de Deus. Todos compartilhamos a glória e a tragédia de sermos humanos, e compartilhamos isso em nossa sexualidade, assim como em outras áreas de nossa vida. Podemos desaprovar as práticas homossexuais, mas não temos a liberdade de desumanizar os que fazem isso. Todos somos fracos e vulneráveis, e ninguém além de Jesus é sexualmente imaculado. Embora não devamos ter medo de fazer julgamentos sobre o que é certo e errado à luz das Escrituras, não podemos ser julgadores. Seremos julgados pelos mesmos padrões com que julgamos os outros. Ninguém tem o direito de ser moralmente superior. Além disso, os pecados sexuais não são os únicos pecados, nem mesmo necessariamente os mais pecaminosos; orgulho e hipocrisia com certeza são piores.

Na matéria que segue, quero explorar o que a Bíblia tem a dizer sobre relacionamentos homossexuais de um ponto de vista cristão. É possível que alguns dos leitores não sejam cristãos, mas os que são certamente desejarão saber que tipo de luz as Escrituras podem lançar sobre este assunto. Tendo descoberto isso, desejarão buscar a graça de Deus para viver de um modo que seja consistente com a sua Palavra, em obediência à sua vontade e como testemunha para seu mundo. Ainda assim, espero que os leitores que não são cristãos possam ouvir a voz de Deus, chamando-os para que descubram a liberdade da obediência à sua vontade nessa área de suas vidas.

A INCIDÊNCIA DA HOMOSSEXUALIDADE

Nem todos são exclusivamente homossexuais ou heterossexuais por inclinação. Algumas pessoas constatam que podem sentir-se atraídas por pessoas do mesmo sexo, ainda que brevemente, durante suas vidas. Uma abrangente pesquisa feita nos Estados Unidos, a National Health and Social Life Survey [Pesquisa Nacional de Saúde e Vida Social], publicada em 1994, revelou que 2,7% dos homens haviam tido parceiros do mesmo sexo no último ano; 4,1%, nos últimos cinco anos; e 4,9% no período depois dos dezoito anos de idade. Os números correspondentes para as mulheres foram 1,3%, 2,2% e 4,1%.1

Quando questionados sobre “terem feito algo sexual” com uma pessoa do mesmo sexo desde a puberdade, esses números subiram para 9,1% no caso dos homens e 4,3% no caso das mulheres.2 A taxa de 9,1% foi mais alta do que qualquer outra relatada em pesquisas similares até então, mas, se estiver correta, significa que mais ou menos 4% dos homens entrevistados se envolveram em algum tipo de atividade sexual com outro homem antes de completar dezoito anos, mas não depois disso.3 Ao avaliar pessoas que tiveram apenas relacionamentos homossexuais, o estudo descobriu que, desde a puberdade, 0,6% dos homens fizeram sexo apenas com outros rapazes ou homens, nunca com uma parceira. Para as mulheres, a proporção foi de 0,2%.

Sexual Behaviour in Britain [Comportamento Sexual na Grã-Bretanha], um amplo estudo publicado em 1994, revelou que 3,6% dos homens (e 1,7% das mulheres) já haviam tido contato genital homossexual em algum momento,4 ainda que em 50% dos casos, tenha sido um caso isolado.5 Além disso, 1,1% dos homens haviam tido um parceiro homossexual durante o ano anterior (0,4% das mulheres); e 1,4% (0,6% das mulheres), nos últimos cinco anos.6 Só 0,3% dos homens (e 0,1% das mulheres) disseram ter tido exclusivamente parceiros do mesmo sexo.7 Um amplo estudo britânico, mais recente mostrou que a proporção de homens entre 16 a 44 anos de idade, que já haviam tido um parceiro homossexual em algum momento foi 5,4%, sendo que a proporção dos que tiveram um parceiro homossexual durante os últimos cinco anos foi 2,6%. Os números correspondentes para as mulheres foram surpreendentemente altos: 4,9% e 2,6%8 Esses estudos sugerem que, no mundo ocidental, deixando de lado as experiências entre os adolescentes, de 3 a 5,5% dos homens praticaram um ato homossexual em sua vida adulta,9 de 1,5 a 4% dos homens tiveram um parceiro homossexual nos últimos cinco anos, e menos de 2% da população masculina e menos de 1% da feminina são exclusivamente homossexuais em inclinação e prática.

FAZENDO A PERGUNTA-CHAVE

Tendo delineado o contexto para a nossa discussão, estou pronto para fazer a pergunta: As uniões homossexuais são uma opção cristã? Formulo minha pergunta com cuidado, pois ela nos apresenta três distinções necessárias.

A distinção entre pecados e crimes

Em primeiro lugar, pelo menos desde o Relatório Wolfenden, de 1957 e do resultante Sexual Offences Act [Lei de Crimes Sexuais] de 1967, aprendemos a distinguir pecados de crimes. O adultério sempre foi (de acordo com a lei de Deus) um pecado, mas, na maioria dos países, isso não é uma ofensa punível pelo Estado. O estupro, em contraste, é tanto um pecado como um crime. A Lei de Crimes Sexuais de 1967 declarou que um ato homossexual praticado consensualmente e em particular por dois adultos acima de 21 anos de idade não deveria mais ser considerado um crime. Porém, há uma diferença entre descriminalizar um ato e legalizá-lo. Por toda a Europa, depois de uma decisão do Tribunal dos Direitos Humanos, as leis que criminalizavam o sexo consensual particular entre homens adultos são agora inválidas. Porém, a Dinamarca e os Países Baixos, por exemplo, legalizaram plenamente as uniões homossexuais.

Mundialmente, as atitudes variam muito. Em aproximadamente setenta países ao redor do mundo os relacionamentos homossexuais são ilegais, e em alguns deles são puníveis com a morte. Em outros países as sentenças à prisão são longas, e as pessoas são tratadas duramente. Às vezes, essa antipatia à homossexualidade pode ameaçar os próprios fundamentos de nossa humanidade compartilhada. Em uma sessão das Nações Unidas que tratou dessas questões, o presidente Robert Mugabe, do Zimbábue, disse que lésbicas e homens gays são “menos do que humanos” e, por isso, não são dotados de direitos humanos.10 Entretanto, os direitos humanos são devidos a um ser humano em virtude de ele ou ela ser humano, e nada mais do que isso.

A distinção entre preferência e prática

Em segundo lugar, é importante observar desde o início que o que está em questão aqui é a prática homossexual (pela qual uma pessoa é responsável) e não a orientação ou preferência homossexual (pela qual a pessoa não é responsável). A importância desta distinção vai além da atribuição de responsabilidade, até a atribuição de culpa. Não podemos culpar uma pessoa por aquilo que ela é, embora possamos culpá-la por aquilo que faz. Em qualquer discussão sobre homossexualidade devemos ser rigorosos na distinção entre “ser” e “fazer” — ou seja, entre a identidade e a atividade de uma pessoa, entre  preferência e prática sexual, entre constituição e conduta.

Qualquer que seja a nossa inclinação, devemos trazer todo pensamento cativo a Cristo e reconhecer que relação sexual é uma celebração alegre da unidade entre um homem e uma mulher por toda a vida. A pessoa que não pode casar-se e que está vivendo em celibato e castidade, qualquer que seja a sua orientação sexual, está levando uma vida que agrada a Deus.

A distinção entre casual e comprometido

Em terceiro lugar, precisamos distinguir atos casuais de relacionamentos comprometidos, os quais (conforme se alega) são tão expressivos do amor humano autêntico quanto a relação heterossexual no casamento. Nenhuma pessoa homossexual responsável (cristã ou não) defenderia relações promíscuas “de uma só noite”. Porém, o que alguns argumentam, principalmente no Movimento Cristão de Gays e Lésbicas (sigla em inglês: LGCM), é que um casamento heterossexual e uma união homossexual são “duas alternativas igualmente válidas”,11 sendo igualmente ternas, maduras e fiéis. A Statement of Conviction  [Declaração de Convicção] do LGCM contém a afirmação de que “é inteiramente compatível com a fé cristã não só amar outra pessoa do mesmo sexo, como também expressar plenamente esse amor num relacionamento sexual pessoal”.12

Em 2003, esses conceitos estavam no centro de uma série de eventos muito dolorosos para a Igreja Cristã. Mencionarei apenas três. O primeiro ocorreu em 28 de maio de 2003, quando Michael Ingham, bispo da diocese de New Westminster, no Canadá, anunciou aprovação para que seis paróquias da área de Vancouver abençoassem uniões homossexuais. Esse procedimento provocou uma onda mundial de protestos na igreja. O arcebispo de Cantuária, Dr. Rowan Williams, disse que New Westminster estava “ignorando as consideráveis restrições da igreja” e estava indo “significativamente além do que o ensino da igreja ou o cuidado pastoral poderiam justificar”. E continuou: “Lamento muitíssimo a tensão e as divisões inevitáveis que resultarão desse desenvolvimento.”13 J. I. Packer, um altamente respeitado teólogo conservador e líder da igreja, foi um dos que abandonaram o sínodo que aprovou abençoar as uniões homossexuais. Para ele, não era legítimo permitir que a experiência julgue ou amolde as Escrituras para fornecer uma base para abençoar relacionamentos homossexuais.14 Esse movimento desviou-se do ensinamento bíblico, enganou as pessoas, pois não as ajudou a levar uma vida casta, e iludiu as pessoas, fazendo-as pensar que Deus abençoa um comportamento que ele condena. Ele fez a simples pergunta: “Como eu poderia fazer isso?”

O segundo evento foi a consagração do reverendo cônego Gene Robinson como bispo de New Hampshire, nos Estados Unidos, em 2 de novembro de 2003. O cônego Robinson tinha vivido um relacionamento gay por quinze anos. O impacto dessa consagração na comunhão anglicana global foi ainda maior do que os eventos em New Westminster. Mais uma vez, o arcebispo de Cantuária, Rowan Williams, teve de respoder, e ao fazê-lo, reconheceu que divisões estavam sendo abertas pelo mundo em consequência desse evento, que ele chamou de uma “questão de profundo pesar”. A consagração ocorreu apesar do fato de que trinta e sete arcebispos tinham se reunido no palácio Lambeth um mês antes, para alertar sobre as consequências dessa ação. Os temores deles se confirmaram quando primazes pelo mundo afora expressaram sua inquietação e, em alguns casos, seu sentimento de ultraje diante desse acontecimento.

O terceiro evento foi a proposta de nomeação do reverendo cônego Dr. Jeffrey John, como bispo de Reading, no Reino Unido, que foi anunciada em 21 de maio de 2003, sendo isso proposto pelo bispo de Oxford, Dr. Richard Harries. Jeffrey John tinha estado num relacionamento gay durante mais de vinte anos, mas disse que, embora o relacionamento ainda estivesse em curso, não era mais sexual, e ele e o parceiro não viviam mais juntos por causa de suas diferentes responsabilidades ministeriais. Porém, ele tinha sido extremamente crítico do ensinamento ortodoxo anterior sobre sexualidade, principalmente do ensino resultante da Conferência de Lambeth, em 1998. Embora ele tenha declarado que seguiria o ensino e a disciplina da igreja na área da sexualidade se fosse consagrado como bispo, muitos acharam que não havia qualquer evidência real de arrependimento de seu estilo de vida anterior, nem tinham confiança suficiente de que ele seria capaz de apoiar o ensino ortodoxo como bispo, dadas as suas próprias opiniões pessoais. Depois de uma reunião com o arcebispo Rowan Williams, ele desistiu da nomeação; mas depois foi aceito como decano de St. Albans.

Esses três eventos foram extremamente dolorosos para a Igreja da Inglaterra, já que expuseram as profundas divisões que ainda existem nas questões da sexualidade humana, e particularmente nos relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo. Assim, é importante que, como cristãos que acreditam na Bíblia, examinemos o texto original das Escrituras, para ver que luz ele lança sobre essas questões. Então, a questão que temos diante de nós não se refere a práticas homossexuais de natureza casual,  e sim em saber se relacionamentos homossexuais — vitalícios e amorosos — são uma opção cristã. Nossa preocupação é submeter as atitudes prevalecentes (que vão da repulsa total a um consentimento igualmente acrítico) ao escrutínio bíblico. Será que nossa “preferência” sexual é puramente uma questão de “gosto” pessoal? Ou Deus revelou sua vontade relativamente a uma norma? Em particular, pode-se demonstrar que a Bíblia aprova uniões homossexuais ou, pelo menos, que não as condena? O que a Bíblia de fato condena?

AS PROIBIÇÕES BÍBLICAS

Existem quatro trechos bíblicos principais que se referem (ou aparentam referir-se) negativamente à questão homossexual: (1) a história de Sodoma (Gênesis 19:1-13), com a qual naturalmente se associa a história muito parecida de Gibeá (Juízes 19); (2) os textos do Levítico (Levítico 18:22; 20:13), que proíbem explicitamente “deitar-se com um homem como se deita com uma mulher”; (3) o relato do apóstolo Paulo a respeito da sociedade pagã decadente da época dele (Romanos 1:18-32); e (4) duas listas paulinas de pecadores, cada uma incluindo uma referência a práticas homossexuais de algum tipo (1Coríntios 6:9,10; 1Timóteo 1:8-11).

As histórias de Sodoma e Gibeá

A narrativa do Gênesis não deixa dúvida de que “os homens de Sodoma eram extremamente perversos e pecadores contra o Senhor” (Gênesis 13:13) e que “as acusações contra Sodoma e Gomorra são tantas e o seu pecado é tão grave”, que Deus decidiu investigar isso (Gênesis 18:20, 21) e, no fim, “destruiu aquelas cidades e toda a planície, com todos os habitantes das cidades e a vegetação” (Gênesis 19:25) por um ato de julgamento que foi totalmente consistente com a justiça do “Juiz de toda a terra” (Gênesis 18:25).

Não existe qualquer controvérsia sobre este contexto da história bíblica. A pergunta é: Qual foi o pecado do povo de Sodoma (e Gomorra) que o tornou merecedor de destruição? O conceito cristão tradicional tem sido que eles eram culpados de práticas homossexuais, que tentaram (sem sucesso) impor aos dois anjos que Ló estava hospedando em sua casa. Daí a palavra “sodomia”. Porém, o teólogo Sherwin Bailey, ao reavaliar a evidência, questionou essa interpretação em duas bases principais, e é importante que consideremos os argumentos dele. Em primeiro lugar, na visão dele a expressão “Traze-os fora a nós, para que os conheçamos” não precisa significar necessariamente “para que tenhamos relações com eles.” (Gênesis 19:5, NVI). A palavra hebraica para “conhecer” (yada) aparece 943 vezes no Antigo Testamento; das quais só dez ocorrências se referem a relações sexuais, e em todo caso só relações heterossexuais. Desta forma, seria melhor a seguinte tradução: “para que possamos nos familiarizar com eles”.

Podemos, então, entender a violência dos homens como decorrente de sua raiva por Ló ter se excedido em seus direitos como residente forasteiro, recebendo em sua casa dois estranhos “cujas intenções poderiam ter sido hostis, e cujos antecedentes não tinham sido examinados”.15 Nesse caso, o pecado de Sodoma foi ter invadido a privacidade da casa de Ló e ignorar as antigas regras de hospitalidade. Ló implorou que não fizessem nada porque, disse ele, os dois homens “se acham debaixo da proteção do meu teto” (Gênesis 19:8).

Todavia, Robert Gagnon, naquilo que deve ser o tratado mais abrangente e enciclopédico sobre a Bíblia e a homossexualidade, intitulado The Bible and Homosexual Practice: Texts and Hermeneutics [A Bíblia e a Prática Homossexual: Textos e Hermenêutica], comenta que, embora a hospitalidade possa ter sido parte da história, o foco está no ato degradante e desumano do estupro homossexual. Ao comentar os pecados de Sodoma, ele diz que a relação homossexual em si mesma tratava um homem “como se a sua identidade masculina não significasse nada, como se ele não fosse homem, e sim mulher. Penetrar outro homem significava tratá-lo como um assinnu, como alguém cuja “masculinidade tinha se convertido em feminilidade”. Assim, três elementos (tentativa de penetração de homens, tentativa de estupro, falta de hospitalidade) e, talvez, um quarto (tentativa inconsciente de fazer sexo com anjos) combinaram-se para fazer disso um exemplo particularmente vergonhoso de depravação humana que justifica o ato de destruição total por Deus.16

Em segundo lugar, Bailey argumentou que o resto do Antigo Testamento não sugere em parte alguma que o pecado de Sodoma era de natureza homossexual. Em vez disso, Isaías quis dizer que eram hipocrisia e injustiça social; Jeremias quis dizer adultério, mentira e maldade geral, e Ezequiel quis dizer que eram arrogância, ganância e indiferença para com os pobres (Isaías 1:10 em diante; Jeremias 23:14; Ezequiel 16:49 em diante; confira as referências que os apócrifos fazem ao orgulho, em Eclesiástico 16:8, e à falta de hospitalidade, em Sabedoria 19:8). Assim, o próprio Jesus (embora Bailey não mencione isso) em três ocasiões diferentes fez referência aos habitantes de Sodoma e Gomorra, dizendo que para eles, “haverá menor rigor” no dia do juízo do que para os que rejeitam seu evangelho (Mateus 10:15; 11:24; Lucas 10:12). Ainda assim, em todas essas referências não há qualquer indício ou rumor de prática homossexual condenável. É só quando chegamos aos escritos pseudoepigráficos da Palestina, do século 2 A.C., que o pecado de Sodoma é identificado como conduta sexual não natural.17 Isso ecoa claramente na carta de Judas, quando ele diz que “Sodoma e Gomorra e as cidades em redor se entregaram à imoralidade e a relações sexuais antinaturais” (versículo 7), e nas obras de Filo e Josefo, escritores judeus que ficaram chocados com as práticas homossexuais da sociedade grega. Sherwin Bailey abordou a história de Gibeá da mesma forma, pois elas são bem paralelas. Outro residente estrangeiro (dessa vez, um “homem velho” anônimo) convida dois estranhos (não anjos, e sim um levita e sua concubina) para sua casa. Homens maus cercam a casa e fazem a mesma exigência dos sodomitas, que o visitante seja levado para fora “para que o conheçamos” (Juízes 19:22, ARC). O dono da casa primeiro implora que eles não sejam tão “perversos” com seu “hóspede”, daí lhes oferece sua filha e a concubina do homem em lugar dele. De novo Bailey sugere que o pecado dos homens de Gibeá não foi a proposta de relações homossexuais, e sim a violação das leis de hospitalidade.

Embora Bailey deveria saber que a sua releitura de ambas as histórias era, no máximo, um palpite, ele fez a alegação exagerada de que “não há a menor razão para acreditar, tanto em termos de fato histórico como verdade revelada, que a cidade de Sodoma e seus vizinhos tenham sido destruídos por causa de suas práticas homossexuais”.18 Em vez disso, a tradição cristã sobre “sodomia” derivou-se de fontes judaicas tardias e apócrifas. Mas o argumento de Sherwin Bailey não é convincente por várias razões: Os termos “perversidade”, “perversos” e “loucura” (Gênesis 19:7; Juízes 19:23) não parecem apropriados para descrever uma falta de hospitalidade. Em vez disso, a oferta das mulheres “aparenta sugerir que há alguma conotação sexual no episódio”.19 Embora o verbo yada’ só seja usado dez vezes para indicar relações sexuais, Bailey não menciona que seis dessas ocorrem em Gênesis e uma aparece na própria história de Sodoma (sobre as filhas de Ló, que “não conheceram varão”; Gênesis 19:8, ARC). Para aqueles entre nós que levam os registros do Novo Testamento a sério, a referência inequívoca de Judas à “imoralidade e a relações sexuais antinaturais” de Sodoma e Gomorra (versículo 7) não pode ser descartada como um simples erro copiado dos escritos pseudoepigráficos judaicos. Com certeza, o comportamento homossexual não era o único pecado de Sodoma, mas, segundo as Escrituras, era certamente um de seus pecados, que trouxe o julgamento terrível de Deus sobre a cidade.

Os textos do Levítico

Ambos os textos do Levítico pertencem ao “Código de Santidade”, que representa o núcleo do livro e que desafia o povo de Deus a seguir suas leis e não copiar as práticas do Egito (onde eles tinham vivido) ou de Canaã (para onde Deus os havia levado). Estas práticas incluíam relações sexuais dentro dos graus proibidos, uma variedade de desvios sexuais, sacrifício de crianças, idolatria e injustiça social de vários tipos. É neste contexto que devemos ler os dois seguintes textos:

Não se deite com um homem como quem se deita com uma mulher; é repugnante (Levítico 18:22).

Se um homem se deitar com outro homem como quem se deita com uma mulher, ambos praticaram um ato repugnante. Terão que ser executados, pois merecem a morte (Levítico 20:13).

“Dificilmente há margem para dúvida”, escreveu Bailey, “que ambas as leis em Levítico se referem a atos homossexuais ordinários entre homens, e não a rituais ou outros atos realizados em nome da religião.”20 Outros, porém, pensam diferentemente. Eles apontam que os dois textos estão inseridos num contexto preocupado principalmente, com a pureza ritual, e Peter Coleman acrescenta que a palavra traduzida como “repugnante” ou “abominação” em ambos os versículos, está associada com idolatria. “Em inglês, a palavra expressa aversão ou desaprovação, mas, na Bíblia, seu sentido predominante relaciona-se com verdade religiosa, e não com moralidade ou estética.”21 São essas proibições meramente tabus religiosos, então? Estão elas ligadas àquela outra proibição: “Nenhum israelita, homem ou mulher, poderá tornar-se prostituto cultual” (Deuteronômio 23:17)? Certamente, o culto de fertilidade cananeu incluía prostituição ritual e, portanto, fornecia “prostitutos e prostitutas sagradas” (ainda que não exista evidência clara de que ambos se envolviam em relações homossexuais). Os reis ímpios de Israel e Judá constantemente os introduziam na religião de Iavé, e os reis justos constantemente os eliminavam (veja, por exemplo, 1Reis 14:22 em diante; 15:12; 22:46; 2Reis 23:7).

Assim, os defensores da homossexualidade argumentam que os textos do Levítico proíbem práticas religiosas que deixaram de existir há muito tempo e não têm relevância alguma para as uniões homossexuais de hoje. Todavia, o ônus da prova está sobre eles. Conforme observa William J. Webb em sua obra sobre hermenêutica, a questão aqui é primariamente de limites sexuais.22 As leis do incesto protegem os limites entre pai e filho; as leis sobre bestialidade protegem os limites entre humanos e animais. Semelhantemente, os limites homossexuais proíbem relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo. Estes limites não são culturais, mudando conforme as Escrituras se desenvolvem, e sim transculturais, sendo tais atividades proibidas em qualquer lugar e em qualquer época. Assim, a interpretação clara e natural desses dois versículos é que eles proíbem relações homossexuais de qualquer tipo. A exigência da pena de morte (abolida há muito tempo, é claro) indica a extrema seriedade com que as práticas homossexuais eram encaradas.

O ensino de Paulo em Romanos 1

Por causa disso Deus os entregou a paixões vergonhosas. Até suas mulheres trocaram suas relações sexuais naturais por outras, contrárias à natureza. Da mesma forma, os homens também abandonaram as relações naturais com as mulheres e se inflamaram de paixão uns pelos outros. Começaram a cometer atos indecentes, homens com homens, e receberam em si mesmos o castigo merecido pela sua perversão (Romanos 1:26, 27). 

Todos concordam que o apóstolo está descrevendo pagãos idólatras no mundo greco-romano de seus dias. Eles tinham um certo conhecimento de Deus, por meio do universo criado (Romanos 1:19, 20), e do seu próprio senso moral (Romanos 1:32); mesmo assim, suprimiam a verdade que conheciam a fim de praticar a maldade. Em vez de darem a Deus a honra que lhe é devida, voltavam-se para ídolos, confundindo o Criador com suas criaturas. No julgamento contra eles, “Deus os entregou” à sua mente depravada e às suas práticas decadentes (Romanos 1:24, 26, 28), incluindo relações sexuais “contrárias à natureza”. Sobre isso, Robert Gagnon comenta: “Muito apropriadamente, uma troca absurda de Deus por ídolos leva a uma troca absurda de relações heterossexuais por relações homossexuais. Um ato de desonrar a Deus leva a um ato de desonrar mutuamente a si mesmos. Deixar de considerar adequado reconhecer a Deus leva a uma mente inadequada e a uma conduta degradada.23 Assim, à primeira vista o trecho parece ser uma condenação definitiva do comportamento homossexual. Mas dois argumentos opostos são apresentados. Em primeiro lugar, argumenta-se, Paulo não pode estar falando de pessoas com orientação homossexual, já que ele diz que seus atos homossexuais eram “contrários à natureza” e que eles faziam sexo com mulheres antes. Mas pessoas com orientação homossexual não teriam tido relações com o sexo oposto, tampouco o sexo homossexual seria “contrário à natureza” deles. Em segundo lugar, visto que Paulo evidentemente está retratando a conduta imprudente e promíscua de pessoas de quem Deus tinha judicialmente “desistido”, que relevância teria isso para uniões homossexuais comprometidas e amorosas? Todavia, estes dois argumentos podem ser refutados, principalmente pela referência do apóstolo à “natureza”, ou seja, à ordem criada, como espero demonstrar adiante.

Os outros textos paulinos

Vocês não sabem que os perversos não herdarão o Reino de Deus? Não se deixem enganar: nem imorais, nem idólatras, nem adúlteros, nem homossexuais passivos [malakoi] ou ativos [arsenokoitai], nem ladrões, nem avarentos, nem alcoólatras, nem caluniadores, nem trapaceiros herdarão o Reino de Deus. (1Coríntios 6:9,10).

Também sabemos que ela não é feita para os justos, mas para os transgressores e insubordinados, para os ímpios e pecadores, para os profanos e irreverentes, para os que matam pai e mãe, para os homicidas, para os que praticam imoralidade sexual e os homossexuais [arsenokoitai], para os sequestradores, para os mentirosos e os que juram falsamente; e para todo aquele que se opõe à sã doutrina (1Timóteo 1:9,10).

Temos, aqui, duas listas feias de pecados que Paulo afirma serem incompatíveis, em primeiro lugar com o Reino de Deus e em segundo lugar tanto com a Lei como com o evangelho. Note-se que um grupo de pecadores é chamado de malakoi, e o outro (em ambas as listas), de arsenokoitai. O que essas palavras significam? O ponto é que todas as dez categorias listadas em 1Coríntios 6:9,10 (com a possível exceção dos “avarentos”) denotam pessoas que cometeram pecado por meio de suas ações — por exemplo, idólatras, adúlteros e ladrões. As duas palavras gregas malakoi e arsenokoitai, porém, não devem ser combinadas, visto que elas “têm significados precisos”. A primeira é, literalmente, “sensível ao toque” e entre os gregos significava metaforicamente homens (não necessariamente meninos) que desempenhavam o papel passivo na relação homossexual. A segunda palavra significa, literalmente, “homem em uma cama”, e os gregos usavam esta expressão para descrever o que assumia o papel ativo.24

Robert Gagnon traduz malakoi como “os sensíveis” e arsenokoitai como “homens que levam outros homens para a cama”.25 A Bíblia de Jerusalém segue James Mofatt usando as palavras feias “catamitos e sodomitas”, enquanto, entre suas conclusões, Peter Coleman sugere que “provavelmente, Paulo estava pensando em pederastia comercial entre homens mais velhos e rapazes pós-puberdade, o padrão mais comum de comportamento homossexual no mundo clássico”.26 Se for assim, então pode-se argumentar de novo (e tem sido) que as condenações paulinas não são relevantes para adultos homossexuais que consentem entre si e são comprometidos um com o outro. Todavia, não é a essa conclusão que o próprio Peter Coleman chega. Seu resumo é o seguinte: “Tomados juntos, os escritos de São Paulo repudiam a conduta homossexual como vício dos gentios em Romanos, como obstáculo para o Reino em Coríntios e como uma transgressão a ser repudiada pela lei moral em 1Timóteo.”27

Revendo essas referências bíblicas sobre a conduta homossexual que agrupei, temos de concordar que só existem quatro delas. Devemos, então, concluir que o tema é marginal ao impulso principal da Bíblia? Devemos admitir, além disso, que elas constituem uma base um tanto fraca para que se possa adotar uma postura firme contra o estilo de vida homossexual? Estão certos esses protagonistas quando alegam que as proibições bíblicas são “altamente específicas”28 — contra violações de hospitalidade (Sodoma e Gibeá), contra tabus cúlticos (Levítico), contra orgias descaradas (Romanos) e contra prostituição masculina ou corrupção dos jovens (1Coríntios e 1Timóteo), e que nenhum desses trechos faz referência, e muito menos condena, um relacionamento amoroso entre pessoas de orientação homossexual?

Mas não, por mais plausível que possa parecer, não podemos lidar com o material bíblico dessa maneira. A rejeição cristã às práticas homossexuais não se apoia em “poucos textos isolados e obscuros” (como se diz às vezes), cuja explicação tradicional (conforme também se alega) pode ser derrubada. As proibições negativas das práticas homossexuais nas Escrituras só fazem sentido à luz de seu ensino positivo em Gênesis 1 e 2 sobre a sexualidade humana e o casamento heterossexual.29 Porém, sem o ensinamento permissivo da Bíblia sobre sexo e casamento, nossa perspectiva sobre a questão homossexual está fadada a ser distorcida.

A SEXUALIDADE E O CASAMENTO NA BÍBLIA

Parece-me que o lugar essencial para começarmos nossa investigação é a instituição do casamento em Gênesis 2. Dediquei um capítulo inteiro deste livro ao casamento, e os leitores podem reportar-se a ele também. Visto que membros do LGCM estabelecem deliberadamente um paralelo entre casamentos heterossexuais e parcerias homossexuais, é necessário perguntar se esse paralelo pode ser justificado.

Verificamos que, em sua providência, Deus nos deu dois relatos distintos da Criação. O primeiro (Gênesis 1) é geral e afirma a igualdade dos sexos, já que ambos compartilham tanto a imagem de Deus como a administração da terra. O segundo (Gênesis 2) é específico e afirma a complementaridade dos sexos, que constitui a base para o casamento heterossexual. Neste segundo relato da Criação emergem três verdades fundamentais.

Gênero heterossexual: uma criação divina

A primeira é a necessidade humana de companheirismo. “Não é bom que o homem esteja só” (Gênesis 2:18). É verdade que essa afirmação foi qualificada mais tarde quando o apóstolo Paulo (certamente reiterando Gênesis) escreveu: “É bom que o homem não toque em mulher” (1Coríntios 7:1). Ou seja, ainda que o casamento seja uma boa instituição de Deus, o chamado ao celibato também é a boa vocação de alguns. Mesmo assim, como regra geral, “não é bom que o homem esteja só”. Deus nos criou como seres sociais. Visto que Ele é amor e nos criou à sua própria imagem, deu-nos a capacidade de amar e de sermos amados. Ele deseja que vivamos em comunidade, não em solidão. Em particular, Deus continuou: “farei para ele alguém que o auxilie e lhe corresponda.” Além do mais, esse “alguém que o auxilie” ou  companhia, que Deus declarou ‘correspondente’ para ele, deveria ser também em sua parceira sexual, com quem ele se tornaria “uma só carne”, para que, desta forma, os dois pudessem consumar o seu amor e gerar seus filhos.

Casamento heterossexual: uma instituição divina

Tendo afirmado a necessidade de  Adão por uma companhia, começou a busca por alguém correspondente. Visto que os animais não eram apropriados como parceiros iguais, ocorreu uma obra especial de criação divina. Os sexos se diferenciaram. Da humanidade não diferenciada de Adão surgiram homem e mulher. Adão encontrou um reflexo de si mesmo, um complemento de si mesmo; na verdade, uma parte real de si mesmo. Tendo criado a mulher do homem, Deus a levou a ele, assim como o pai da noiva a entrega atualmente. E Adão compôs espontaneamente o primeiro poema de amor da história, dizendo que agora, enfim, estava diante dele uma criatura de tamanha beleza e semelhança com ele, que ela parecia ser (e realmente era) “feita para ele”:

Esta, sim, é osso dos meus ossos e carne da minha carne! Ela será chamada mulher, porque do homem foi tirada (Gênesis 2:23).

Não pode haver qualquer dúvida quanto à ênfase dessa história. Segundo Gênesis 1, Eva, assim como Adão, foi criada à imagem de Deus. Mas, quanto à maneira de sua criação, de acordo com Gênesis 2, ela não foi criada nem do nada (como o universo), nem do “pó da terra” (como Adão, versículo 7), e sim de Adão.

Fidelidade heterossexual: a intenção divina

A terceira grande verdade de Gênesis 2 refere-se à instituição resultante do casamento. O poema de amor de Adão está registrado no versículo 23. O “por isso” ou “por essa razão” do versículo 24 é a dedução do narrador: “Por essa razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e eles se tornarão uma só carne.”

Até o leitor desatento notará as três referências a “carne”: “Esta é… carne da minha carne… eles se tornarão uma só carne.” Podemos estar certos de que isso é deliberado, não acidental. Ensina que a relação heterosexual no casamento é mais do que uma união; é um tipo de reunião. Não é uma união de pessoas estranhas que não pertencem uma à outra e não podem apropriadamente tornar-se uma só carne. Pelo contrário, é a união de duas pessoas que originalmente, eram uma só, separadas uma da outra, e, agora, no encontro sexual do casamento, ficam juntas novamente.

A relação heterossexual é muito mais do que uma união de corpos; é uma combinação de personalidades complementares por meio da qual a rica unidade criada dos seres humanos é novamente experimentada. A complementaridade dos órgãos sexuais do homem e da mulher é só um símbolo no nível físico de uma complementaridade espiritual muito mais profunda. Para que se tornem uma só carne, porém, e experimentem esse mistério sagrado, certas preliminares são necessárias, as quais são partes constituintes do casamento. “Por essa razão” (Gênesis 2:24), “o homem (o singular indica que o casamento é uma união exclusiva entre dois indivíduos) deixará pai e mãe (uma ocasião social pública está em vista) e se unirá à sua mulher (o casamento é um compromisso ou uma aliança amorosa, que é heterossexual e permanente), e eles se tornarão uma só carne” (pois o casamento deve ser consumado na relação sexual, que é um sinal e um selo da aliança do casamento e sobre a qual nenhuma sombra de vergonha ou embaraço foi lançada). (Versículo 25).

É de absoluta importância observar que o próprio Jesus endossou essa definição de casamento do Antigo Testamento. Ao fazê-lo, ele começou com as palavras de Gênesis 1:27 (que o Criador “homem e mulher os criou”) e concluiu com um comentário próprio (“Assim, eles já não são dois, mas sim uma só carne. Portanto, o que Deus uniu, ninguém o separe”; Mateus 19:6). Aqui estão, pois, três verdades que Jesus afirmou: (1) o gênero heterossexual é uma criação divina; (2) o casamento heterossexual é uma instituição divina; e (3) a fidelidade heterossexual é a intenção divina. Uma ligação homossexual é um rompimento de todos esses três propósitos.

O livro Strangers and Friends [Estranhos e Amigos], de Michael Vasey30, tenta combinar a fé evangélica com a defesa da homossexualidade. Com este fim, ele encara Gênesis 2:24 como tendo sido usado para impor às Escrituras os ideais domésticos da família nuclear com sua “idolatria” e seu “egocentrismo”.31 Ele diz que Jesus renuncia ao casamento como parte da ordem atual do mundo em favor da “liberdade cristã”. Com a família sendo denunciada como opressiva, o caminho está aberto para as parcerias homossexuais como uma opção alternativa e até melhor. Porém, ele distorceu o material bíblico para adequá-lo aos seus propósitos. Nem o celibato de Jesus nem o seu ensino de que o celibato é uma vocação divina para alguns (Mateus 19:11, 12) podem ser interpretados como evidência de que ele se opunha ao casamento e à família, pois ambos pertencem à ordem criada. Tampouco a família prevista em Gênesis 1 e 2 é “nuclear” num sentido negativo ou egoísta. É verdade que Jesus inaugurou uma nova ordem, referindo-se à sua nova comunidade como sua família (Marcos 3:34), e alertou que, se um conflito inevitável surgisse entre nossa lealdade a ele e nossa lealdade à nossa família natural, então nossa lealdade a ele teria preferência (Mateus 10:37; Lucas 14:26). Mas Jesus e seus apóstolos também insistiram que os cristãos têm uma obrigação contínua para com sua família natural, inclusive obrigações recíprocas entre pais e filhos e entre maridos e esposas (por exemplo, Marcos 7:9-13; Efésios 5:22-6:4). A nova criação restaura e redime a antiga; ela não a rejeita ou substitui. Quanto aos ídolos, cada boa dádiva de Deus pode tornar-se um ídolo, inclusive o casamento e a família; mas em si mesmas, nenhuma delas é idólatra ou escravizadora. Uma parceria homossexual, porém, é essencialmente incompatível com o casamento conforme o contexto ordenado por Deus para a intimidade em uma só carne.

Assim, as Escrituras definem o casamento que Deus instituiu em termos de uma monogamia heterossexual. É a união de um homem com uma mulher que deve ser reconhecida publicamente (deixar os pais), ser selada permanentemente (ele “se unirá à sua mulher”) e ser consumada fisicamente (“uma só carne”). E as Escrituras não visualizam qualquer outro tipo de casamento ou relacionamento sexual, pois Deus não forneceu alternativas.

Os cristãos não devem, portanto, isolar a relação homossexual para impor-lhe uma condenação especial. O fato é que todo tipo de relação e de atividade sexual que se desvia da intenção revelada de Deus é, ipso facto, desagradável para ele e está sob seu julgamento. Isto inclui poligamia e poliandria (que violam o princípio “um homem, uma mulher”), coabitação e uniões clandestinas (já que estas não envolvem uma decisiva separação pública dos pais), encontros casuais e ligações temporárias, adultério e muitos divórcios (que contrariam a “união” e a proibição de Jesus “ninguém separe”) e parcerias homossexuais (que violam a declaração de que “um homem” se unirá à “sua mulher”).

Em suma, a única experiência de “uma só carne” que Deus deseja e que as Escrituras contemplam é a união sexual de um homem com sua esposa, a quem ele reconhece como “carne de sua carne”. Como disse George Carey, então arcebispo de Cantuária, numa palestra no Virginia Theological Seminary, em 10 de fevereiro de 1997: “Eu não encontro qualquer justificativa, nem na Bíblia, nem na inteira tradição cristã, para atividade sexual fora do casamento.”

ANÁLISE DOS ARGUMENTOS CONTEMPORÂNEOS

Porém, os cristãos homossexuais não estão satisfeitos com esse ensino bíblico sobre a sexualidade humana e a instituição do casamento heterossexual. Eles apresentam uma série de objeções a ele, com o fim de defender a legitimidade das parcerias homossexuais.

O argumento sobre a Bíblia e a cultura

Tradicionalmente, presume-se que a Bíblia condena todos os atos homossexuais. Mas será que todos os autores bíblicos são guias confiáveis nesse assunto? Não eram os horizontes deles limitados por sua própria experiência e cultura? O argumento cultural geralmente aparece em duas formas.

Primeiramente, os autores bíblicos se manifestavam sobre questões relevantes às suas próprias circunstâncias, mas estas eram bem diferentes das nossas. Nas histórias de Sodoma e Gibeá, eles estavam preocupados ou com convenções de hospitalidade no antigo Oriente Próximo, que agora são obsoletas, ou (se é que o pecado era sexual de qualquer maneira) com o fenômeno extremamente incomum do estupro homossexual em bando. Nas leis do Levítico, a preocupação era com os rituais antiquados de fertilidade, enquanto Paulo estava se manifestando sobre preferências sexuais específicas dos pederastas gregos. É tudo muito antiquado. O vínculo dos autores bíblicos com suas próprias culturas torna irrelevante o ensino deles sobre esse tema.

O segundo e complementar problema cultural é que os autores bíblicos não estavam se manifestando sobre nossas questões. Assim, o problema das Escrituras não é só com seu ensino, mas também com seu silêncio. Paulo (sem mencionar os autores do Antigo Testamento) nada sabia de psicologia pós-freudiana. Eles nunca ouviram falar em “orientação homossexual”; só conheciam certas práticas. A própria ideia de que dois homens ou duas mulheres poderiam apaixonar-se e desenvolver um relacionamento profundamente amoroso e estável, comparável ao casamento, simplesmente nunca passou pela cabeça deles. 

Se o único ensino bíblico sobre este tema se encontrasse nos textos de proibição, poderia ser difícil responder a estas objeções. Mas, a partir do momento em que esses textos forem encarados em relação à instituição divina do casamento, temos um princípio de revelação divina que é universalmente aplicável. Era aplicável às situações culturais tanto do antigo Oriente Próximo como do mundo greco-romano do primeiro século, e é igualmente aplicável às questões sexuais modernas, sobre as quais os antigos nada sabiam.

A razão para as proibições bíblicas é a mesma pela qual as parcerias homossexuais amorosas devem também ser condenadas, a saber, porque são incompatíveis com a ordem criada de Deus. E já que essa ordem (a monogamia heterossexual) foi estabelecida por criação, e não por cultura, sua validade é tanto permanente como universal. Não pode haver qualquer “liberação” das normas criadas de Deus; a verdadeira liberação só se encontra quando as aceitamos. Esta argumentação é o oposto do “literalismo bíblico” do qual o lobby homossexual tende a nos acusar. Antes, é uma olhada abaixo da superfície das proibições bíblicas para que se vejam os propósitos essenciais da revelação divina sobre sexualidade e casamento. É significativo que os que defendem as parcerias homoafetivas geralmente omitem Gênesis 1 e 2 da discussão deles, muito embora o próprio Jesus, nosso Senhor, tenha endossado o ensino desses capítulos. É importante agora verificarmos um pouco mais a fundo os relacionamentos gays e seu contexto social, e considerar os argumentos usados para apoiar relacionamentos gays comprometidos.

O argumento sobre criação e natureza

Às vezes, as pessoas fazem este tipo de declaração: “Sou gay porque Deus me fez assim. Então, ser gay deve ser bom. Não posso acreditar que Deus criaria pessoas homossexuais para, então, negar-lhes o direito de auto-expressão sexual. Então, pretendo afirmar e até celebrar o que sou por criação.” Ou então: “Você pode dizer que a prática homossexual é contrária à natureza e à normalidade, mas não é contrária à minha natureza, nem é de forma alguma anormal para mim.” Norman Pittenger foi bem explícito ao usar este argumento. Uma pessoa homossexual, escreveu ele, “não é uma pessoa ‘anormal’ com desejos e hábitos ‘contrários à natureza’”. Pelo contrário, “uma pessoa com orientação heterossexual age ‘naturalmente’ quando age heterossexualmente, enquanto uma pessoa com orientação homossexual age de forma igualmente ‘natural’ quando age de acordo com seu desejo e sua conduta homossexual básica e inata.”32

Outros argumentam que o comportamento homossexual é “natural”, (a) porque em muitas sociedades primitivas, ele é bem aceitável, (b) porque em algumas civilizações avançadas (como na Grécia antiga), ele era até idealizado e (c) porque se afirma que é bem comum nos animais: uma questão ainda sujeita a intenso debate entre os zoólogos.33

De qualquer maneira, estes argumentos expressam um conceito extremamente subjetivo do que é “natural” e “normal”. Não devemos aceitar a declaração de Norman Pittenger de que “não existem padrões eternos de normalidade e naturalidade”.34 Nem podemos concordar que o comportamento animal estabeleça padrões para a conduta humana! Deus estabeleceu uma norma para o sexo e o casamento por criação. Esta já era reconhecida na época do Antigo Testamento. Assim, relações sexuais com um animal eram proibidas, porque eram “depravação” (Levítico 18:23); em outras palavras, uma violação ou uma confusão da natureza, que indica um “senso embrionário de lei natural”.35 O mesmo veredito é dado sobre Sodoma pelo Testamento de Naftali, do século 2 AC: “Assim como o sol e as estrelas não mudam sua ordem, assim a tribo de Naftali deve obedecer a Deus, e não à desordem da idolatria. Reconhecendo em todas as coisas criadas o Senhor que as fez, eles não devem tornar-se como Sodoma, que mudou a ordem da natureza…”36

Paulo tinha claramente o mesmo conceito em mente em Romanos 1. Quando ele escreveu sobre mulheres que “trocaram suas relações sexuais naturais por outras, contrárias à natureza” e sobre homens que “abandonaram as relações naturais com as mulheres”, o termo “natureza” (physis) significava, para ele, a ordem natural das coisas que Deus estabeleceu (como em Romanos 2:14, 27; 11:24). Assim, o que Paulo estava condenando não era a conduta pervertida de pessoas heterossexuais que estavam agindo contra sua natureza, como argumentou John Boswell,37 e sim qualquer conduta humana contrária à “natureza” — isto é, contra a ordem criada por Deus. Richard B. Hays escreveu uma refutação minuciosa da exegese de Romanos 1 feita por John Boswell. Ele apresenta ampla evidência contemporânea de que a oposição entre “natural” (kata physin) e “contrário à natureza” (para physin) foi “frequentemente usada… como maneira de distinguir entre conduta heterossexual e homossexual.”38

Comentaristas britânicos sobre Romanos 1 confirmam a conclusão de Hays. Conforme diz C. K. Barrett: “Nos prazeres obscenos aos quais ele [Paulo] se refere deve-se ver precisamente a perversão da ordem criada que se pode esperar quando os homens colocam a criação no lugar do Criador.”39 Similarmente, Charles Cranfield escreve que, com “natural” e “contrárias à natureza”, “Paulo quer dizer claramente ‘de acordo com a intenção do Criador’ e ‘contrárias à intenção do Criador’”, respectivamente. Novamente, “o fator decisivo no uso da palavra [physis, “natureza”] por Paulo é sua doutrina bíblica da Criação. Ela denota aquela ordem que se manifesta na Criação de Deus e que os homens não tem desculpa para deixar de reconhecer e respeitar.40 Robert Gagnon afirma que “relações homossexuais estão ‘além’ ou ‘em excesso’ da natureza no sentido de que elas ultrapassam os limites da sexualidade estabelecidos por Deus e evidentes na natureza, até mesmo para os gentios”.41

Um apelo à ordem criada deveria ser também a nossa réplica a outro argumento. Alguns assinalam que a Igreja primitiva distinguia entre questões primárias e secundárias, insistindo no consenso quanto às primeiras, mas permitindo liberdade de divergência quanto às últimas. Os dois exemplos de liberdade cristã que eles geralmente citam são a circuncisão e a carne oferecida a ídolos. Daí, eles estabelecem um paralelo com a prática homossexual, sugerindo que é uma questão de segunda ordem em que podemos conceder liberdade uns aos outros. Na verdade, porém, a Igreja primitiva era mais sutil do que isso. O Concílio de Jerusalém (Atos 15) decretou que a circuncisão definitivamente não era necessária para a salvação (uma questão de primeira ordem), mas permitiu sua continuação como questão de política ou cultura (segunda ordem). O Concílio decidiu também que, embora a idolatria naturalmente fosse proibida (primeira ordem), comer carne oferecida a ídolos não era necessariamente algo idólatra, de modo que cristãos com uma consciência forte e educada poderiam comê-las (segunda ordem). Assim, as questões de segunda ordem, na quais se concedia liberdade aos cristãos, não eram nem teológicas nem morais, e sim culturais. Não é este o caso da prática homossexual.

Às vezes se estabelece um segundo paralelo. Quando o debate sobre a ordenação de mulheres chegou ao auge, o Sínodo Geral concordou que a Igreja não deveria ser obrigada a escolher entre as duas posições (a favor e contra), declarando uma como certa e a outra como errada, mas deveria, em vez disso, preservar a unidade, reconhecendo que ambas tinham integridade. Em consequência, estamos vivendo com “as duas integridades”. Por que, perguntam alguns, não deveríamos reconhecer igualmente “duas integridades” em relação às parcerias homoafetivas, e deixar de forçar as pessoas a escolher? A resposta deveria ser clara. Ainda que a ordenação de mulheres fosse uma questão de segunda ordem (o que muitos negariam), as parcerias homossexuais não são. Gênero em relação ao casamento é uma questão muito mais fundamental do que gênero em relação ao ministério. O casamento tem sido reconhecido como união heterossexual desde o início da criação e instituição por Deus; isso é fundamental para a sociedade humana, como Deus pretendia, e sua base bíblica está além de controvérsia. O doutor Wolfhart Pannenberg, professor de teologia na Universidade de Munique, é franco nesse assunto. Tendo declarado que “as avaliações bíblicas da prática homossexual são inequívocas em sua rejeição”, ele conclui que uma igreja que reconhecesse uniões homossexuais como equivalentes ao casamento “deixaria de ser a igreja una, santa, católica e apostólica”.42

O argumento sobre qualidade dos relacionamentos

O Movimento Cristão de Gays e Lésbicas toma emprestado da Bíblia a verdade de que o amor é a maior coisa no mundo (e é mesmo), e, da “nova moralidade” ou “situação ética” da década de 1960, o conceito de que o amor é um critério adequado para julgar todo relacionamento (o que não é o caso). Mas, este conceito tem ganhado terreno hoje em dia. Um dos primeiros documentos oficiais a acolhê-lo foi o Relatório do The Friend, Towards a Quaker View of Sex [Para Um Conceito Quacre do Sexo] (1963). Ele incluiu as declarações: “Não se deve deplorar a ‘homossexualidade’ mais do que o canhotismo”43 e: “Com certeza, o que importa é a natureza e a qualidade de um relacionamento.”44 De maneira similar, em 1979, a Divisão de Responsabilidade Social da Igreja Metodista argumentou, em seu relatório A Christian Understanding of Human Sexuality [Um Entendimento Cristão da Sexualidade Humana], que “atividades homossexuais” não são “intrinsecamente erradas”, visto que “a qualidade de qualquer relacionamento homossexual deve… ser avaliada de acordo com os mesmos critérios básicos que têm sido aplicados a relacionamentos heterossexuais. Para homens e mulheres homossexuais, os relacionamentos permanentes caracterizados por amor podem ser uma maneira cristã apropriada de expressar sua sexualidade.45 No mesmo ano (1979), um grupo de trabalho anglicano lançou o relatório Homosexual Relationships: A Contribution to Discussion [Relacionamentos Homossexuais: Uma Contribuição para a Discussão]. Ele foi mais cauteloso, criterioso e ambivalente do que os relatórios dos quacres e dos metodistas. Seus autores não se acharam capazes de repudiar séculos de tradição cristã, mas “não acharam ser possível negar” que, em certas circunstâncias, indivíduos podem “escolher justificadamente” um relacionamento homossexual em sua busca de companheirismo e amor sexual “semelhante” aos encontrados no casamento.46 Certamente, não deveria qualquer relacionamento caracterizado por compromisso mútuo, afeto, fidelidade e apoio ser declarado bom, e não rejeitado como mau? Ele resgata as pessoas da solidão, do egoísmo e da promiscuidade, e pode ser tão rico e responsável, tão libertador e satisfatório quanto um casamento heterossexual. Na primavera de 1997, numa palestra feita na igreja St Martin-in-the-Fields, em Londres, o bispo John Austin Baker apresentou sua própria versão desse argumento. Ex-bispo de Salisbury, presidente da Comissão de Doutrina da Igreja da Inglaterra e presidente do grupo editorial que produziu o moderado relatório Issues in Human Sexuality [Questões sobre Sexualidade Humana] (1991), ele surpreendeu a igreja por sua aparente reviravolta. O objetivo do discipulado cristão, afirmou ele corretamente, é a “semelhança de Cristo” — ou seja, “um modo de vida criativo nos valores, prioridades e atitudes que marcaram a humanidade de Cristo”, especialmente o amor. Ora, o sexo no casamento pode ser “uma verdadeira construção de amor”, e “o amor erótico pode ter, e muitas vezes tem, os mesmos efeitos benéficos na vida de casais homossexuais”. Há, porém, três razões pelas quais esse argumento em favor da qualidade do amor homossexual é falho.

Relacionamentos homoafetivos exclusivos são raros

Em primeiro lugar, o conceito de fidelidade vitalícia, quase marital em parcerias homossexuais é um grande mito, uma ideia teórica contrariada pelos fatos. A verdade é que relacionamentos homossexuais são caracterizados mais pela promiscuidade do que pela fidelidade. A National Gay Men’s Sex Survey (Pesquisa Nacional de Sexo de Homens Gays), de 2001, um grande estudo britânico entre mais de 14.600 entrevistados, mostrou que 73% dos homens gays pesquisados haviam tido mais de um parceiro sexual durante o último ano,47 em comparação com 30% de homens heterossexuais.48 Thomas Schmidt comentou: A promiscuidade entre homens homossexuais não é um simples estereótipo, nem apenas a experiência majoritária — é praticamente a única experiência… Em suma, praticamente não há qualquer comparação possível com o casamento heterossexual, tanto em termos de fidelidade como de duração. Tragicamente, a fidelidade vitalícia é quase inexistente na experiência homossexual.49 “Para muitos homens, os relacionamentos não exclusivos são simplesmente mais satisfatórios do que os relacionamentos monógamos”, relata SIGMA, uma importante organização de pesquisa que analisa prática homossexual e AIDS.50 Parece haver algo inerentemente instável nas parcerias homossexuais. O argumento da qualidade dos relacionamentos não se sustenta.

O sexo gay pode ser prejudicial

Escrevi extensivamente sobre AIDS no capítulo sobre “Pobreza Global” (capítulo 6), já que a AIDS é um fenômeno global e frequentemente associado com a pobreza. Por isso, limitarei minhas observações aqui à comunidade gay e especialmente às práticas de homens gays. São as práticas sexuais dos homens gays que fazem deles especialmente um grupo de alto risco. É difícil sustentar a ideia de que as parcerias homossexuais são uma expressão de amor tanto quanto os casamentos heterossexuais à luz dos danos e perigos envolvidos nas práticas sexuais gays. Tanto o grau de promiscuidade como a natureza da prática indicam que os homens gays correm o risco de contrair todos os tipos de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) e especialmente a AIDS, bem como hepatite, câncer retal, infecções virais e não virais e uma diminuição da expectativa de vida. É verdade que algumas doenças também podem ser transmitidas por atividades similares entre pessoas heterossexuais, mas “estes problemas de saúde são endêmicos na população homossexual porque são facilmente difundidos pela promiscuidade e pela maioria das práticas favorecidas pelos homossexuais”.51 Se estes perigos físicos atingem as atividades sexuais gays comuns, será que amantes autênticos podem praticá-las?

Estes perigos não podem ser evitados pelo simples uso de preservativos, que são contraceptivos reconhecidamente não confiáveis. Dois comentários que já apresentei merecem ser repetidos aqui. O doutor Patrick Dixon, fundador da ACET (AIDS, Cuidado, Educação e Treinamento), resume a questão da seguinte forma:

“Camisinhas não tornam o sexo seguro; elas simplesmente o tornam mais seguro. Sexo seguro é sexo entre dois parceiros não infectados! Isto significa uma parceria vitalícia e fiel entre duas pessoas que eram virgens e que permanecem fiéis entre si por toda a vida.52

Ou, para citar a Conferência Católica dos Estados Unidos: 

A abstinência fora do casamento e a fidelidade dentro do casamento, assim como evitar o abuso de drogas intravenosas, são as únicas maneiras moralmente corretas e clinicamente seguras de impedir a difusão da AIDS.53

A comunidade gay foi dizimada em algumas áreas com o surgimento da AIDS. No início da década de 1980, a AIDS foi chamada de “peste gay”, justamente porque parecia afetar mais fortemente a comunidade gay. Agora, sabemos que a AIDS pode afetar qualquer pessoa, homem ou mulher, heterossexual ou homossexual, adulto ou criança. Não está confinada a um único país, mas é agora uma pandemia global, que Nelson Mandela chamou de “emergência global”. Sendo transmitida com mais frequência por meio de relações sexuais ou pelo uso de drogas intravenosas (com agulhas contaminadas), ela é incurável, embora remédios modernos consigam adiar a morte por dez anos ou mais. Finalmente, porém, o HIV se desenvolverá em AIDS, manifestando-se, atacando e danificando os sistemas imunológico e nervoso do corpo, deixando-o, assim, indefeso contra certas doenças fatais.

A incidência da AIDS permanece alta na comunidade gay. De acordo com a UNAIDS: “Mundialmente, 5-10% de todos os casos de HIV se devem à transmissão sexual entre homens. Em certas partes do mundo, incluindo a América do Norte, partes da América Latina, a maior parte da Europa, Austrália e Nova Zelândia, o sexo entre homens é a via principal de transmissão do HIV, sendo responsável por até 70% dos casos de HIV nestes locais. Em outros lugares, é uma via secundária. Em todos os países, porém, a extensão do sexo entre homens é provavelmente subestimada.”54

O maior risco provém da prática do sexo anal, pelo fato de poder ocorrer rupturas e haver pequenas lesões através das quais o vírus tem fácil acesso. A presença de outras DSTs também pode aumentar o risco de transmissão do HIV. O HIV pode ser transmitido por meio de outros atos sexuais, incluindo sexo oral, mas a incidência é muito mais baixa. Em muitas partes do mundo, o sexo entre homens ocorre às ocultas e é difícil de mensurar, pois é ilegal e, por isso, mantido em secreto. Sua ocorrência é, desta forma, frequentemente subestimada.

Entre os que estudam HIV / AIDS, a designação “HSH” veio a ser usada, e se refere a “homens que fazem sexo com homens”. Isso é um reconhecimento de que não é a identidade sexual ou a inclinação de homens que tem importância primária na discussão sobre a AIDS, e sim a prática sexual em si. Reconhece-se que alguns HSH podem ser homens heterossexuais que desejam ter um encontro casual com outro homem ou que não podem “sair do armário” assumindo-se como gays por causa da cultura em que vivem.

Nos Estados Unidos, o número estimado de mortes de pessoas com AIDS, de 1998 a 2002, foi de 501.669. Destas, a metade foi de homens que tinham feito sexo com homens.55 A incidência neste grupo vem diminuindo gradualmente, de acordo com The American Journal of Public Health (Revista Americana de Saúde Pública) não por causa de mudanças no comportamento, e sim por causa da eficácia da terapia antirretroviral.56 Aproximadamente 40 mil novas infecções por HIV ocorrem a cada ano nos Estados Unidos, sendo cerca de 70% entre homens e 30% entre mulheres.57 Dessas pessoas recém-infectadas, metade tem menos de 25 anos de idade.58 Dentre as novas infecções entre homens nos Estados Unidos, o Centre for Disease Control and Prevention (Centro de Controle e Prevenção de Doenças) estima que,  aproximadamente 60% dos homens foram infectados por sexo homossexual.

Nossa resposta à HIV / AIDS deve ser teológica, pastoral e educacional. Delineei esta resposta com mais detalhes no Capítulo 6, por isso destacarei aqui só alguns breves (e, é claro, similares) pontos. Em primeiro lugar, nossa resposta precisa ser teológica. Precisamos lembrar que colhemos o que semeamos. Mesmo que a AIDS possa não ser o julgamento de Deus sobre um indivíduo, os cristãos não podem encará-la como um acidente. Existe, como já disse no Capítulo 6, um processo de causa e efeito em operação em nosso mundo, tanto moral quanto físico, e isso significa que nós colhemos o que semeamos. Se rejeitarmos perpetuamente os caminhos de Deus, podemos, por exemplo, cauterizar nossa consciência e ficar menos sensíveis aos seus avisos. Fisicamente, temos de viver com as consequências de nossas ações. Se formos promíscuos, arriscamos contrair uma doença sexualmente transmissível; se formos glutões, arriscamos desenvolver uma doença cardíaca ou diabetes. Há consequências a serem encaradas por nossas ações. Assim, embora não possamos afirmar que HIV / AIDS é o julgamento de Deus sobre alguma pessoa em particular, podemos dizer que, se uma sociedade tolera transgressões e até mesmo as aclama, ‘chamando ao mal bem e ao bem, mal’, então ela precisa encarar as consequências de agir assim (Romanos 1:18-32). O julgamento já está acontecendo neste mundo (João 3:18-21; 5:24-29).

Em segundo lugar, nossa resposta deve ser pastoral. “Não me julguem”, disse um paciente americano com AIDS chamado Jerome. “Estou vivendo sob meu próprio julgamento. O que preciso é que vocês caminhem ao meu lado.”59 As igrejas locais precisam estender a mão aos pacientes com AIDS em sua própria irmandade e em sua comunidade mais ampla. Podemos ser gratos de que tanto as origens do movimento de cuidados médicos, bem como a sua extensão, de pacientes com câncer terminal a pacientes com AIDS, são devidas, em grande parte, ainda que não exclusivamente, a iniciativas cristãs.60

Em terceiro lugar, nossa resposta deve ser educacional. Os cristãos tendem a preferir um programa educacional abrangente como a maneira mais humana e cristã de combater a ignorância, o preconceito, o medo e a conduta promíscua, e assim reverter a maré da AIDS. Certamente, a complacência e indiferença atuais, que estão ajudando a espalhar a doença, só podem ser vencidas pela força implacável dos fatos. As igrejas deveriam desempenhar um papel importante num programa de educação preventiva. Não é o fracasso das igrejas em ensinar e exemplificar os padrões de moralidade sexual de Deus que, mais do que qualquer outra coisa, deve ser o culpado pela crise atual?61 Não podemos falhar novamente, mas, em vez disso, desafiar a sociedade a exercer autocontrole e fidelidade sexual, indicando Jesus como fonte de perdão e poder. Vários grupos cristãos foram formados para alertar as igrejas quanto às suas responsabilidades, para fornecer recursos educacionais e para encorajar grupos de apoio.62

Acima de tudo, “A crise da AIDS desafia-nos profundamente a que sejamos a Igreja em ação e em verdade: a que sejamos a Igreja como uma comunidade de cura”. De fato, por causa da nossa tendência à hipocrisia, “a própria comunidade de cura precisará ser curada pelo perdão de Cristo”.63

O amor necessita da lei

Se a primeira razão pela qual os cristãos não podem aceitar o argumento da qualidade do amor é que a exclusividade é rara, e a segunda razão é que o sexo gay pode ser prejudicial, a terceira razão é que o amor precisa da lei. Os cristãos não podem aceitar a ideia de que amor é o único absoluto, pois ele necessita da lei para guiá-lo. A lei moral não foi abolida. Ao enfatizar o amor a Deus e ao próximo como os dois grandes mandamentos, Jesus e seus apóstolos não dispensaram todos os demais mandamentos. Pelo contrário, Jesus disse: “Se vocês me amam, obedecerão aos meus mandamentos”, e Paulo escreveu: “O amor é o cumprimento [não a abolição] da lei” (João 14:15; Romanos 13:8-10).

Assim, ainda que a qualidade amorosa de um relacionamento seja essencial, ela não é, por si só, um critério suficiente para autenticá-lo. Por exemplo, se o amor fosse o único padrão de autenticidade, não haveria qualquer objeção contra a poligamia, já que um polígamo pode certamente desfrutar de um relacionamento com várias esposas. Ou, permitam-me dar uma ilustração melhor, tirada de minha própria experiência pastoral. Em várias ocasiões diferentes, um homem casado contou-me que tinha se apaixonado por outra mulher. Quando o repreendi gentilmente, ele respondeu com palavras como estas: “Sim, concordo, eu já tenho esposa e família. Mas esse novo relacionamento é a coisa verdadeira. Fomos feitos um para o outro. Nosso amor tem uma qualidade e profundeza que jamais havíamos conhecido até agora. Isso deve estar certo.” Mas não, eu tive de dizer a ele, não está certo. Homem algum tem o direito de violar sua aliança de casamento com a esposa, alegando que a qualidade de seu amor por outra mulher é mais rica. Qualidade de amor não é o único padrão para medir o que é certo e errado.

De maneira similar, não devemos negar que relacionamentos homossexuais podem ser amorosos (ainda que, a priori, eles não sejam capazes de atingir a mesma riqueza da complementaridade heterossexual que Deus ordenou). Conforme expressou o Colóquio de Ramsey, de 1994: “Até um amor distorcido retém traços da grandeza do amor.”64 Mas a qualidade do amor dos relacionamentos gays não é suficiente para justificá-los. Na verdade, devo acrescentar que eles são incompatíveis com o amor verdadeiro porque são incompatíveis com a Lei de Deus. O amor se preocupa com o mais elevado bem-estar da pessoa amada. E nosso maior bem-estar encontra-se na obediência à lei e ao propósito de Deus, não na rebelião contra eles.

Alguns líderes do Movimento Cristão de Gays e Lésbicas parecem estar seguindo a lógica de sua própria posição, pois dizem que até a monogamia poderia ser abandonada pelos interesses do “amor”. Malcolm Macourt, por exemplo, escreveu que a visão liberacionista gay é a de “uma grande variedade de padrões de vida”, cada um dos quais sendo “igualmente respeitado na sociedade”. Entre eles, Macourt inclui as seguintes alternativas: monogamia e parcerias múltiplas; parcerias vitalícias e parcerias para um período de crescimento mútuo; parceiros homossexuais e heterossexuais; viver em comunidade e viver em pequenas unidades familiares.65 Parece não haver limites para o que algumas pessoas tentam justificar em nome do amor.

O argumento sobre justiça e direitos

Se alguns argumentam em favor de parcerias homossexuais com base no amor envolvido, outros fazem isso com base na justiça. Desmond Tutu, por exemplo, ex-arcebispo da Cidade do Cabo (África do Sul) e universalmente admirado por sua corajosa postura contra o Apartheid e em favor da igualdade racial, disse várias vezes que, para ele, a questão homossexual é uma simples questão de justiça. Outros concordam. O argumento com base na justiça é o seguinte: “Assim como não podemos discriminar pessoas por conta de seu gênero, de sua cor, de sua etnicidade ou classe, também não podemos discriminar pessoas por conta de sua preferência sexual. Pois o Deus da Bíblia é o Deus da justiça, que é descrito como aquele que ama a justiça e odeia a injustiça. Assim, a busca da justiça deve ser a obrigação máxima do povo de Deus. Agora que escravos, mulheres e negros foram libertos, está mais do que na hora da libertação gay. O que os ativistas dos direitos civis foram nas décadas de 1950 e 1960, os ativistas dos direitos gays são hoje. Devemos apoiá-los em sua causa e juntar-nos a eles em sua luta.”

O vocabulário de opressão, libertação, direitos e justiça, porém, exige uma definição cuidadosa. “Libertação gay” pressupõe uma opressão da qual as pessoas homossexuais precisam ser libertas, e “direitos gays” indicam que as pessoas homossexuais estão sofrendo uma injustiça que deve ser corrigida. Mas o que é essa opressão, esse engano, essa injustiça? Se eles estão sendo desprezados e rejeitados por setores da sociedade por conta de sua orientação sexual, e são realmente vítimas de homofobia, então de fato estão sofrendo uma injustiça que deve ser corrigida. Deus se opõe a essa discriminação e exige que amemos e respeitemos todos os seres humanos sem distinção. Se, por outro lado, o que se aponta como “mal” ou “injustiça” for a recusa da sociedade em reconhecer parcerias homossexuais como alternativa legítima a casamentos heterossexuais, então falar de “justiça” é inapropriado, pois os seres humanos não podem reivindicar como “direito” algo que Deus não lhes deu.

A analogia entre escravidão, racismo, opressão das mulheres e homossexualidade é inexata e enganosa. Em cada caso, precisamos esclarecer a intenção original do Criador. Assim, apesar das tentativas mal-orientadas de justificar a escravidão e o racismo com base nas Escrituras, ambos são fundamentalmente incompatíveis com a igualdade criada dos seres humanos. De maneira similar, a Bíblia honra a feminilidade, afirmando que homens e mulheres compartilham igualmente da imagem de Deus e da administração do meio ambiente, e seu ensinamento de “liderança” ou responsabilidade masculina não pode ser interpretado como uma contradição dessa igualdade. Mas relações sexuais pertencem, segundo o claro ensinamento das Escrituras, exclusivamente ao casamento heterossexual.

Desta forma, as relações homossexuais não podem ser consideradas um equivalente permissível, muito menos um direito divino. A verdadeira libertação gay (assim como qualquer libertação autêntica) não é libertar-se do propósito revelado de Deus para construir nossa própria moralidade; é, em vez disso, libertar-se de nossa rebelião obstinada a fim de amar e obedecer a Deus.

O argumento sobre aceitação e evangelho

“Certamente”, dizem algumas pessoas, “a obrigação dos cristãos heterossexuais é aceitar os cristãos homossexuais. Paulo nos incentivou a aceitar — realmente acolher — uns aos outros. Se Deus acolheu alguém, quem somos nós para julgá-lo (Romanos 14:1 em diante; 15:7)?” Norman Pittenger diz: “Toda a essência do evangelho cristão é que Deus nos ama e nos aceita exatamente como somos.”66

Esta, porém, é uma declaração muito confusa do evangelho. Deus realmente nos aceita “exatamente como somos”, e nós não temos de nos tornar bons primeiro; de fato, nem temos como fazer isso. Mas sua “aceitação” significa que ele perdoa plena e livremente todos os que se arrependem e creem, não que ele desculpa nossa continuidade no pecado. Mais uma vez, é verdade que precisamos aceitar uns aos outros, mas só como copenitentes e coperegrinos, não como copecadores que estão determinados a persistir no pecado. Michael Vasey dá grande ênfase ao fato de Jesus ter sido chamado (e foi mesmo) de “amigo de pecadores”. Sua oferta de amizade a pecadores como nós é verdadeiramente maravilhosa. Mas ele nos acolhe com o objetivo de nos remir e transformar, e não para nos abandonar em nosso pecado. Nenhuma aceitação – por Deus ou pela igreja – é prometida a nós se endurecermos nossos corações contra a Palavra e a vontade de Deus. Só julgamento.

FÉ, ESPERANÇA E AMOR

Se, à luz de toda a revelação bíblica, a prática homossexual deve ser encarada, não como uma variante dentro da ampla gama de normalidade aceita, e sim como um desvio da norma de Deus; e se, portanto, devemos incentivar que pessoas com inclinação homossexual se abstenham de práticas e parcerias homossexuais, que conselho e ajuda podemos oferecer para encorajá-las a responder a este incentivo? Gostaria de me servir da tríade paulina de fé, esperança e amor e aplicar isso às pessoas com inclinação homossexual.

O chamado cristão para a fé

A fé é a nossa resposta humana à revelação divina: significa acreditar na Palavra de Deus. Em primeiro lugar, a fé aceita os padrões de Deus. A única alternativa para o casamento heterossexual é a vida de solteiro com abstinência sexual. Creio que conheço as implicações disso. Nada me ajudou mais a entender a dor do celibato homossexual do que o livro comovente de Alex Davidson The Return of Love [O Retorno do Amor]. Ele escreve sobre “essa tensão incessante entre lei e desejo”, “esse monstro que está à espreita nas profundezas”, esse “tormento ardente”.67

O mundo secular diz: “O sexo é essencial à realização humana. Esperar que pessoas homossexuais se abstenham da prática homossexual é condená-las à frustração e levá-las à neurose, ao desespero e até mesmo ao suicídio. É ultrajante pedir a elas que neguem a si mesmas o que é para elas seu modo normal e natural de expressão sexual. Isso é ‘inumano e desumano’.68 De fato, é positivamente cruel.”

Mas não, o ensino da Palavra de Deus é diferente. A experiência sexual não é essencial para a realização humana. Sim, ela é uma boa dádiva de Deus, mas ela não é dada a todos e não é indispensável para a existência humana. Nos dias de Paulo, as pessoas diziam que era. O lema delas era: “Alimento para o estômago e o estômago para o alimento; sexo para o corpo e o corpo para o sexo” (veja 1Coríntios 6:13). Mas isso é uma mentira do Diabo. Jesus Cristo era solteiro, mas foi perfeito em sua humanidade. Assim, é possível ser solteiro e humano ao mesmo tempo. Além disso, os mandamentos de Deus são bons, não dolorosos. O jugo de Cristo traz descanso, não inquietação; o conflito só vem para os que resistem a ele.

No próprio centro do discipulado cristão está nossa participação na morte e na ressurreição de Jesus Cristo. A Declaração de St Andrew’s Day no debate sobre homossexualidade (1995), comissionado pelo Conselho Evangélico da Igreja da Inglaterra, ressaltou isso. Somos “chamados para seguir o caminho da cruz”, pois “todos nós somos convocados para várias formas de auto-negação. A luta contra desejos desordenados ou o desvio de desejos inocentes faz parte de toda vida cristã, aceita conscientemente no batismo”. Mas depois da luta vem a vitória, da morte surge a ressurreição.69 Assim, em última análise é uma crise de fé: Em quem devemos acreditar? Em Deus ou no mundo? Devemos nos submeter ao senhorio de Jesus ou sucumbir às pressões da cultura dominante? A verdadeira “orientação” dos cristãos não é o que somos por constituição (hormônios), e sim o que somos por escolha (coração, mente e vontade).

Em segundo lugar, a fé aceita a graça de Deus. A abstinência não é boa só se Deus nos chamar para o celibato; ela é também possível. Muitos, porém, negam isso. “Vocês conhecem a força imperiosa do nosso impulso sexual”, eles dizem. “Pedir que nos controlemos simplesmente está por fora.” Isso “está tão perto de uma impossibilidade”, escreve Norman Pittenger, “que nem vale a pena falar sobre isso”.70

Será verdade? O que devemos fazer, então, com a declaração de Paulo após seu aviso aos coríntios de que prostitutos e homossexuais não herdarão o Reino de Deus? Daí ele exclama: “Assim foram alguns de vocês. Mas vocês foram lavados, foram santificados, foram justificados no nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito de nosso Deus” (1Coríntios 6:11). E o que vamos dizer aos milhões de heterossexuais que são solteiros? Sim, todas as pessoas solteiras experimentam a dor da luta e da solidão. Mas como vamos dizer que somos cristãos enquanto declaramos que a castidade é impossível? Ela é dificultada pela obsessão sexual da sociedade contemporânea. E nós dificultamos as coisas para nós mesmos se dermos ouvidos aos argumentos plausíveis do mundo, ou cairmos em autopiedade, ou alimentarmos nossa imaginação com material pornográfico e, assim, vivermos num mundo de fantasia em que Cristo não é Senhor, ou ignorarmos o mandamento dele de arrancar nossos olhos e cortar nossas mãos e nossos pés — ou seja, sermos implacáveis com as vias da tentação. Mas, qualquer que seja nosso “espinho na carne”, Cristo vem até nós, assim como veio a Paulo, e diz: “Minha graça é suficiente para você, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza” (2 Coríntios 12:9). Negar isso significa retratar os cristãos como vítimas impotentes do mundo, da carne e do Diabo, rebaixá-los a menos do que humanos e contradizer o evangelho da graça de Deus.

O chamado cristão para a esperança

Até aqui, eu nada falei sobre “cura” para pessoas homossexuais, compreendida, agora, não como autodomínio, e sim como inversão da orientação sexual delas. Nossa expectativa dessa possibilidade dependerá muito de nosso entendimento da etiologia da condição homossexual, e ainda não se chegou a um consenso final em relação a isso. Muitos estudos foram feitos, mas eles não conseguiram estabelecer uma causa única, seja herdada, seja adquirida. Assim, os estudiosos tendem a se voltar para teorias de causas múltiplas, combinando uma predisposição biológica (genética e hormonal) com influências culturais e morais, ambiente e experiências durante a infância e escolhas pessoais repetidamente reforçadas. O doutor Jeffrey Satinover concluiu sua investigação com um apelo ao senso comum: “Os traços do caráter de uma pessoa são em parte inatos, mas estão sujeitos a modificações por experiência e escolha.”71 Assim, se a homossexualidade é em parte aprendida, ela pode ser desaprendida?

Assim como as opiniões divergem quanto às causas da homossexualidade, diferem quanto às possibilidades e aos meios de “cura”. Esta questão divide as pessoas em três categorias — as que consideram a cura desnecessária, as que a consideram possível e as que a consideram impossível. Em primeiro lugar, precisamos reconhecer que muitos homossexuais rejeitam categoricamente a linguagem de “cura” e “curar”. Eles não veem qualquer necessidade e não tem qualquer desejo de mudar. A posição deles tem sido resumida em três convicções. Biologicamente, sua condição é inata (tendo sido herdada); psicologicamente, é irreversível; e sociologicamente, é normal.72 Eles consideram uma grande vitória que em 1973 os fiduciários da American Psychiatric Association (Associação Americana de Psiquiatria) tenham removido a homossexualidade de sua lista oficial de doenças mentais. Michael Vasey declara que essa decisão não foi o resultado de alguma conspiração “liberal”.73 Mas ela foi exatamente isso. Setenta anos de opinião psiquiátrica foram derrubados não pela ciência (pois nova evidência alguma foi apresentada), e sim pela política.74 Pelo menos a Igreja Católica Romana não se impressionou nem se convenceu. Os bispos norte-americanos, em sua Carta Pastoral de 1986, continuaram a descrever a homossexualidade como “intrinsecamente desordenada” (parágrafo 3).

Em segundo lugar, há os que consideram impossível a “cura”, entendida como inversão da orientação sexual. “Nenhum método de tratamento ou punição conhecido”, escreve D. J. West, “oferece esperança de se obter qualquer redução substancial do grande exército de adultos que praticam a homossexualidade.” Seria “mais realista encontrar espaço para eles na sociedade”. Ele apela à “tolerância”, ainda que não ao “encorajamento” em relação à conduta homossexual.75

Não são estes conceitos, porém, as opiniões desesperadas da mente secular? Eles nos desafiam a articular a terceira posição, que é acreditar que pelo menos algum grau de mudança seja possível. Os cristãos sabem que a condição homossexual, sendo um desvio da norma de Deus, não é um sinal da ordem criada, e sim da desordem decaída. Como, então, podemos nos conformar com isso ou declarar que é irreversível? Não podemos. A única pergunta é quando e como devemos esperar que ocorram a intervenção e a restauração divinas. O fato é que, embora cristãos aleguem que “curas” homossexuais são realizadas, seja por meio da regeneração, seja por meio de uma obra subsequente do Espírito Santo, não é fácil substanciá-las.76 

Martin Hallett, que antes de sua conversão era ativo no cenário gay, escreveu um relato muito honesto de sua experiência no que ele chama de “saída de Cristo para a homossexualidade”. Ele é honesto sobre sua vulnerabilidade contínua, sua necessidade de salvaguardas, seu desejo de amor e suas crises ocasionais de tumulto emocional. Alegro-me que ele tenha intitulado seu esboço autobiográfico de I Am Learning to Love [Estou Aprendendo a Amar] no tempo verbal presente e incluído o subtítulo A Personal Journey to Wholeness in Christ [Uma Jornada Pessoal para a Plenitude em Cristo]. Seu último parágrafo começa assim: “Aprendi; estou aprendendo; aprenderei a amar a Deus, outras pessoas e a mim mesmo. Este processo de cura só estará completo quando eu estiver com Jesus.”77 O livro mais recente dele dá continuidade ao assunto; sendo intitulado Still Learning to Love [Ainda Aprendendo a Amar].

True Freedom Trust publicou um panfleto intitulado Testimonies [Testemunhos]. Nele, homens e mulheres homossexuais cristãos dão testemunho do que Cristo fez em seu favor. Eles encontraram nele uma nova identidade e têm um novo senso de realização pessoal como filhos de Deus. Foram livrados da culpa, da vergonha e do medo, pela aceitação da misericórdia de Deus e foram libertos da escravidão ao seu antigo estilo de vida homossexual pela habitação do poder do Espírito Santo. Mas eles não foram libertos de sua inclinação homossexual, por isso alguma dor interior continua ao lado de sua nova paz e alegria.

Aqui estão dois exemplos: “Minhas orações não foram respondidas da maneira que eu esperava, mas o Senhor me abençoou grandemente ao me prover dois amigos cristãos que me aceitaram amavelmente do jeito que eu era”; “Depois de orarem por mim com a imposição de mãos, um espírito de perversão me abandonou. Eu louvo a Deus pela libertação que encontrei naquela tarde… Posso dar testemunho de mais de três anos livre da atividade homossexual. Mas não me tornei um heterossexual nesse tempo.”

Nos Estados Unidos, uma organização proeminente nesse campo é Exodus International.78 Na edição de 18 de agosto de 1989 da Christianity Today, Tim Stafford descreve sua investigação de vários casos. Sua conclusão foi de “otimismo cauteloso”. O que os ex-gays estavam alegando não era “um rápido giro de 180 graus em seus desejos sexuais”, e sim “uma reversão gradual em seu entendimento espiritual de si mesmos como homens e mulheres em relação a Deus”. Esta nova autocompreensão os estava “ajudando a reaprender padrões distorcidos de pensamento e relacionamento. Eles se apresentaram como pessoas em processo”.

Será que não há, então, qualquer esperança de uma mudança substancial na inclinação? A Dra. Elizabeth Moberly acredita que há. Suas pesquisas a levaram ao conceito de que “uma orientação homossexual não depende duma predisposição genética, de um desequilíbrio hormonal ou de um processo de aprendizado anormal, e sim de dificuldades no relacionamento entre pais e filho, principalmente nos primeiros anos da vida.” Ela prossegue: O “princípio subjacente” é “que o homossexual — masculino ou feminino — sofreu algum déficit no relacionamento com um dos pais do mesmo sexo, e que há um impulso correspondente para compensar esse déficit por meio de relacionamentos com o mesmo sexo ou ‘homossexuais’”.79 O déficit e o impulso andam juntos. O impulso reparador para o amor homossexual não é, em si mesmo, patológico, mas “pelo contrário — é a tentativa de resolver e curar a patologia”. “A condição homossexual não envolve necessidades anormais, e sim necessidades normais que, anormalmente, não foram satisfeitas no processo comum de crescimento.”

A homossexualidade “é essencialmente uma condição de desenvolvimento incompleto” ou de necessidades não satisfeitas.80 Assim, a solução correta é “a satisfação das necessidades homossexuais sem atividade sexual”, pois erotizar deficiências de crescimento equivale a confundir necessidades emocionais com desejos fisiológicos.81 Como, então, essas necessidades podem ser satisfeitas? As necessidades são legítimas, mas quais são os meios legítimos para satisfazê-las? A resposta da Dra. Moberly é que “relacionamentos substitutos para o cuidado parental estão no plano redentor de Deus, assim como relacionamentos parentais estão em seu plano criativo”.82 O que se precisa são relacionamentos profundos, amorosos, duradouros, com pessoas do mesmo sexo, mas não sexuais, especialmente na igreja. Ela conclui: O amor em oração e nos relacionamentos é a terapia básica… Amor é o problema básico, a grande necessidade e a única solução verdadeira. Se estivermos dispostos a buscar e a mediar o amor curador e redentor de Cristo, então a cura para o homossexual se tornará uma grande e gloriosa realidade.83

Mesmo assim, porém, a cura completa de corpo, mente e espírito não ocorrerá nesta vida. Algum grau de déficit ou desordem permanece em cada um de nós. Mas não para sempre. Os horizontes do cristão não estão limitados a este mundo. Jesus Cristo está voltando; nossos corpos vão ser remidos; o pecado, a dor e a morte serão abolidos; e tanto nós como o universo seremos transformados. Então, seremos finalmente libertos de tudo aquilo que corrompe ou distorce nossa personalidade. Essa garantia cristã nos ajuda a suportar qualquer que seja a nossa dor atual. Pois a dor existe em meio à paz. “Sabemos que toda a natureza criada geme até agora, como em dores de parto. E não só isso, mas nós mesmos, que temos os primeiros frutos do Espírito, gememos interiormente, esperando ansiosamente nossa adoção como filhos, a redenção do nosso corpo.” (Romanos 8:22, 23). Assim, nossos gemidos expressam as dores de parto da nova era. Sabemos que “os nossos sofrimentos atuais não podem ser comparados com a glória que em nós será revelada.” (Romanos 8:18). Esta confiante esperança nos sustenta.

Alex Davidson encontra conforto, em meio à sua homossexualidade, em sua esperança cristã. “Uma das coisas mais terríveis sobre esta condição”, escreve ele, “não é que, quando você olha para o futuro, a mesma estrada impossível parece continuar indefinidamente? Você é levado à revolta quando imagina que não há ponto final nela e ao desespero quando imagina que não existe limite para ela. É por isso que quando me sinto desesperado, ou revoltado, ou ambos, encontro conforto ao lembrar-me da promessa de Deus de que um dia isso acabará.84

O chamado cristão para o amor

Atualmente estamos vivendo “entre tempos”, entre a graça que obtemos pela fé e a glória que antecipamos em esperança. Entre elas está o amor. Mas o amor é justamente o que a Igreja tem falhado em demonstrar a pessoas homossexuais. Jim Cotter queixa-se amargamente por ser tratado como “objeto de escárnio e insulto, de medo, preconceito e opressão”.85 Norman Pittenger descreve as cartas “injuriosas” que tem recebido, em que os homossexuais são repudiados até mesmo por cristãos professos, encarados como “criaturas imundas”, “perversos repugnantes”, “pecadores malditos” ou coisa parecida.86 Rictor Norton expressa isso com mais veemência: “O histórico da Igreja em relação aos homossexuais é uma atrocidade do começo ao fim; não cabe a nós buscar perdão, mas à Igreja fazer expiação.”87 Peter Tatchell, famoso ativista britânico pelos “direitos gays”, disse: “A Bíblia é para os gays o que o Mein Kampf é para os judeus. É a teoria e a prática do holocausto homossexual.”88

A atitude de antipatia pessoal em relação aos homossexuais é atualmente chamada de “homofobia”.89 É uma mistura de medo irracional, hostilidade e até repulsa. Ignora o fato de que a maioria dos homossexuais não é responsável por sua condição (embora sejam, naturalmente, responsáveis por sua conduta). Já que não são pervertidos deliberados, eles merecem nossa compreensão e compaixão (embora muitos achem isso paternalista), não nossa rejeição. Não admira que Richard Lovelace clame por “um arrependimento duplo”, a saber, “que cristãos gays renunciem ao estilo de vida ativo” e que “cristãos heterossexuais renunciem à homofobia”.90 O doutor David Atkinson está certo ao acrescentar: “Não temos a liberdade de exigir que o homossexual cristão leve uma vida em celibato e que desista de seus relacionamentos, a não ser que apoio no primeiro caso e oportunidades no segundo caso estejam disponíveis em amor genuíno.”91 Prefiro pensar que a mera existência do Movimento Cristão de Gays e Lésbicas é um voto de censura à Igreja.

No centro da condição homossexual se encontram uma solidão profunda, a fome humana natural de amor mútuo, uma busca por identidade e um anseio de plenitude. Se o homossexual não consegue encontrar essas coisas na “família da igreja” local, não temos por que continuar usando essa expressão. A alternativa não é entre o caloroso contato físico da relação homossexual e a dor do isolamento no frio. Há uma terceira opção, um ambiente cristão de amor, compreensão, aceitação e apoio. Não creio que haja qualquer necessidade de encorajar homossexuais a revelar suas inclinações sexuais a todos; isso não é necessário e nem ajuda. Mas eles precisam de pelo menos uma pessoa confiável com quem possam aliviar seu fardo, que não os desprezará nem rejeitará, mas que os apoiará com amizade e oração; provavelmente algum conselheiro pastoral profissional, particular e confidencial; possivelmente juntando-se o apoio de um grupo de terapia com supervisão profissional; e (como todos os solteiros) muitas amizades com pessoas de ambos os sexos. Amizades entre pessoas do mesmo sexo, como as amizades mencionadas na Bíblia entre Rute e Noemi, Davi e Jônatas e Paulo e Timóteo, devem ser encorajadas. Não há qualquer indicação de que essas amizades tenham sido homossexuais no sentido erótico, mas elas eram evidentemente afetuosas e (pelo menos no caso de Davi e Jônatas) até mesmo calorosas (por exemplo, 1Samuel 18:1-4; 20:41; 2Samuel 1:26). É claro que precauções sensatas são importantes. Mas, em culturas africanas e asiáticas, é comum ver dois homens andarem pela rua de mãos dadas sem embaraço. É lamentável que nossa cultura ocidental iniba o desenvolvimento de amizades ricas entre pessoas do mesmo sexo, gerando o temor de que elas sejam ridicularizadas ou rejeitadas como “estranhas”.

A melhor contribuição do livro Strangers and Friends [Estranhos e amigos], de Michael Vasey, em minha opinião, é sua ênfase à amizade. “Amizade não é um tema secundário na fé cristã”, ele escreve, “mas integral ao seu conceito de vida.”92 Ele encara a sociedade como “uma rede de amizades mantida por laços de afeto”. Ele também aponta que as Escrituras “não limitam a noção de aliança à instituição do casamento”.93 Assim como Davi e Jônatas fizeram uma aliança um com o outro (1Samuel 18:3), nós também podemos ter amizades pactuais especiais. Estes e outros relacionamentos, tanto com o mesmo sexo como com o sexo oposto, precisam ser desenvolvidos dentro da família de Deus que, apesar de ser universal, tem sua comunidade local. Quando digo “aceitar”, não quero dizer “concordar”; assim como rejeitar a “homofobia” não quer dizer desconsiderar a adequada desaprovação cristã da conduta homossexual. Não, o amor verdadeiro não é incompatível com a manutenção de padrões morais. Pelo contrário, ele insiste neles, para o bem de todos. Existe, portanto, um lugar para a disciplina eclesiástica no caso de membros que se recusam a arrepender-se e persistem teimosamente em relacionamentos homossexuais. Mas a disciplina deve ser exercida num espírito de humildade e gentileza (Gálatas 6:1 em diante); precisamos ter o cuidado de não discriminar entre homens e mulheres ou entre ofensas homossexuais e heterossexuais; e a necessária disciplina no caso de um escândalo público não deve ser confundida com uma caça às bruxas.

Por mais perturbador e doloroso que seja o dilema do cristão homossexual, Jesus Cristo oferece-lhe (na verdade, a todos nós) fé, esperança e amor — a fé para aceitar tanto os padrões dele como sua graça para mantê-los, a esperança para visualizar além do sofrimento atual em direção à glória futura, e o amor para cuidar uns dos outros e apoiar uns aos outros. “O maior deles, porém, é o amor.” (1Coríntios 13:13).

NOTAS

1 – Faixa etária entre 18 e 55 anos. Relatada em Edward O. Laumann, John H. Gagnon, Robert T. Michael e Stuart Michaels, The Social Organization of Sexuality: Sexual Practices in the United States (A Organização Social da Sexualidade: Práticas Sexuais nos Estados Unidos) Chicago: University of Chicago Press, 1994. págs. 294, 303. Este estudo foi “a pesquisa sobre sexo mais abrangente já feita nos Estados Unidos”, segundo USA Today. Veja www.press.uchicago.edu/cgi-bin/hfs.cgi/00/12747.ct (em inglês).

2 – Ibid., pág. 296.

3 – Ibid., pág. 296. O alto índice de 9,1% levou os autores da pesquisa a sugerir dois outros fatores explicativos: em primeiro lugar, que essa pergunta específica foi feita num questionário em particular, e não face a face, e, em segundo lugar, a fraseologia mais ampla da pergunta sobre a natureza da atividade sexual. Uma pergunta similar foi feita no estudo Sexual Behaviour in Britain. (Comportamento Sexual na Inglaterra). Perguntou-se aos entrevistados se eles tiveram “algum tipo de experiência sexual” com uma pessoa do mesmo sexo, também num questionário particular. O resultado mostrou que 6,1% dos homens e 3,4% das mulheres haviam tido essa experiência. Veja K. Wellings, J. Field, A. Johnson e J. Wadsworth. Sexual Behaviour in Britain [Comportamento Sexual na Inglaterra]. (Londres: Penguin, 1994). pág. 187.

4 – Ibid., pág. 187. Amostra de 18.900 adultos com idades entre 16 e 59 anos. As respostas aqui citadas foram dadas em um questionário preenchido confidencialmente.

5 – Ibid., pág. 213; e conforme citado em C. Hart, S. Calvert e I. Bainbridge, Homosexuality and Young People (Homossexualidade e Jovens) Newcastle: The Christian Institute, 1998). pág. 32.

6 – Wellings et al., Comportamento Sexual na Inglaterra, pág. 187.

7 – Ibid., pág. 209.

8 – National Survey of Sexual Attitudes and Lifestyles [Pesquisa Nacional de Atitudes Sexuais e Estilos de Vida] (Natsal, 2000), com 11.200 entrevistados, todos com idades entre 16 e 44 anos, citado em The Lancet, Vol. 358, 1° dez. 2001, pág. 1839. É provável que, ao manter a faixa etária superior em 44 anos, a pesquisa esteja superestimando a proporção de homens homossexuais na população em geral. Veja, por exemplo, a divisão por idade em E. O. Laumann and R. T. Michael (editores). Sex, Love and Health in America [Sexo, Amor e Saúde nos Estados Unidos] (Chicago: University of Chicago Press, 2000). cap. 12, T12.2. Além disso, uma pesquisa de 1997, do National Statistics Office, envolvendo 7.560 homens com faixa etária entre 16 e 69 anos de idade, descobriu que 3,2% dos homens na Grã-Bretanha haviam tido relações sexuais com pelo menos um outro homem, e 1,7% só tiveram relações sexuais com homens. Veja Contraception and Sexual Health 1997 (Contracepção e Saúde Sexual), um relatório baseado em The ONS Omnibus Survey, produzido em nome do Departamento de Saúde (Office for National Statistics, Londres, 1999), pág. 11, e em correspondência com o ONS.

9 – Note-se, porém, que a incidência de homossexualidade é maior nos Estados Unidos do que no Reino Unido. Veja, por exemplo, Laumann e Michael, Sex, Love and Health in America (Sexo, Amor e Saúde nos Estados Unidos)págs. 442–43, e Hart et al., Homosexuality and Young People (Homossexualidade e Jovens), pág. 49.

10 – Citado em Brian Whitaker, “Government Disorientation” (Desorientação do Governo), 29 de abril 2003, Guardian Unlimited, www.Guardian.co.uk.

11 – Malcolm Macourt (ed.). Towards a Theology of Gay Liberation [Rumo a uma Teologia da Libertação Gay]. (Londres: SCM Press, 1977), pág. 3. Esta citação foi extraída da própria introdução do livro, feita pelo Sr. Macourt.

12 – www.lgcm.org.uk/

13 – A declaração completa (em inglês) pode ser encontrada em www.archbishopofcanterbury.org/releases/2003/030529.html

14 – J. I. Packer, Why I Walked [Porque Eu Andei]. Christianity Today, 21 de janeiro de 2003.

15 – Derrick Sherwin Bailey. Homosexuality and the Western Christian Tradition [A Homossexualidade e a Tradição Cristã Ocidental] (Londres: Longmans; Green, 1955), pág. 4.

16 – Robert A. J. Gagnon, The Bible and Homosexual Practice: Texts and Hermeneutics [A Bíblia e a Prática Homossexual: Textos e Hermenêutica] (Nashville: Abingdon Press, 2001), págs. 75, 76.

17 – Nas págs. 11 a 20 de A Homossexualidade e a Tradição Cristã Ocidental, Sherwin Bailey fornece referências no Livro dos Jubileus e nos Testamentos dos Doze Patriarcas. Existe uma avaliação ainda mais completa dos escritos do período intertestamentário em Peter Coleman, Christian Attitudes to Homosexuality [Atitudes Cristãs Para Com a Homossexualidade] (Londres: SPCK, 1980), págs. 58–85.

18 – Bailey, Ibid., pág. 27.

19 – Veja James D. Martin, em Macourt (ed.), Rumo a uma Teologia da Libertação Gaypág. 53.

20 – Bailey, A Homossexualidade e a Tradição Cristã Ocidental, pág. 30.

21 – Coleman, Atitudes Cristãs Para Com a Homossexualidade, pág. 49.

22 – William J. Webb, Slaves, Women and Homosexuals: Exploring the Hermeneutics of Cultural Analysis [Escravos, Mulheres e Homossexuais: Explorando a Hermenêutica da Análise Cultural] (Downers Grove: InterVarsity, 2001), págs. 250–51.

23 – Gagnon, A Bíblia e a Prática Homossexual, pág. 253.

24 – Coleman, Atitudes Cristãs Para Com a Homossexualidade, págs. 95, 96.

25 – Gagnon, A Bíblia e a Prática Homossexual, pág. 306.

26 – Coleman, Atitudes Cristãs Para Com a Homossexualidade, pág. 277.

27 – Ibid., pág. 101.

28 – Rictor Norton, em Macourt (ed.), Rumo a uma Teologia da Libertação Gaypág. 58.

29 – O livro de Sherwin Bailey não faz qualquer referência a esses capítulos. E até Peter Coleman, cujo livro Atitudes Cristãs Para Com a Homossexualidade é abrangente, só os menciona numa breve referência a 1 Coríntios 6, onde Paulo cita Gênesis 2:24.

30 – Michael Vasey, Strangers and Friends [Estranhos e Amigos] (Londres: Hodder & Stoughton, 1995), págs. 46, 82, 83.

31 – Ibid., pág. 116.

32 – Norman Pittenger, Time for Consent [Tempo Para Consentimento] (Londres: SCM, 1976), págs. 7, 73.

33 – Sobre a evidência de que a homossexualidade é ampla entre os animais, veja www.subversions.com/french/pages/science/animals.html e a obra acadêmica de Bruce Bagemihl, Biological Exuberance: Animal Hospitality and Natural Diversity [Exuberância Biológica: Hospitalidade Animal e Diversidade Natural] (Nova Iorque: St Martin’s Press, 1999).

34 – Pittenger, Tempo Para Consentimentopág. 7.

35 – Coleman, Atitudes Cristãs Para Com a Homossexualidade, pág. 50.

36 – Coleman, Ibid., pág. 71, Capítulo 3.3-5.

37 – John Boswell, Christianity, Social Tolerance and Homosexuality [Cristianismo, Tolerância Social e Homossexualidade] (Chicago: University of Chicago Press, 1981), pág. 107 em diante.

38 – Richard B. Hays, “A Response to John Boswell’s Exegesis of Romans 1” [Uma Resposta à Exegese de Romanos 1 de John Boswell], Journal of Religious Ethics, primavera de 1986, pág. 192. Veja também seu livro The Moral Vision of the New Testament [O Conceito Moral do Novo Testamento] (Edinburgh: T. & T. Clark, 1996), págs. 383–89.

39 – C. K. Barrett, Commentary on the Epistle to the Romans [Comentário à Epístola aos Romanos] (Londres: A. & C. Black, 1962), pág. 39.

40 – C. E. B. Cranfield, “Commentary on Romans”, em International Critical Commentary [Comentário Crítico Internacional] (Edinburgh: T. & T. Clark, 1975), vol. 1, pág. 126. Ele atribui o mesmo significado a physis em seu comentário sobre 1Coríntios 11:14. O que a NVI traduz como “natureza das coisas”, o professor Cranfield traduz como “a maneira como Deus nos fez”.

41 – Gagnon, A Bíblia e a Prática Homossexual, págs. 299-302.

42 – Christianity Today, 11 de novembro de 1996.

43 – The Friends’ Report, Towards a Quaker View of Sex [Rumo a Um Conceito Quaker do Sexo] (1963), pág. 21.

44 – Ibid., pág. 36.

45 – Methodist Church’s Division of Social Responsibility, A Christian Understanding of Human Sexuality [Um Entendimento Cristão da Sexualidade Humana] (1979), Capítulo 9.

46 – Veja o Capítulo 5 do relatório.

47 – David Reid et al., “Know the Score: Findings from the National Gay Men’s Sex Survey 2001” [Conheça a Contagem: Conclusões da Pesquisa Sexual Nacional de 2001 Entre Homens Gays] (Londres: Sigma Research, setembro de 2002), págs. 12, 24. Pesquisa entre homens de ampla faixa etária, sendo 32 anos a média de idade.

48 – Anne M. Johnson et al., “Sexual Behaviour in Britain: Partnerships, practices and HIV risk behaviours” [Comportamento Sexual na Inglaterra: Parcerias, práticas e comportamentos de risco para o HIV], The Lancet, Vol. 358, 1 de dezembro de 2001, pág. 1838. Homens entre 16 e 44 anos de idade. Nos Estados Unidos, a National Health and Social Life Survey [Pesquisa Nacional de Saúde e Vida Social] revelou que homens sem qualquer parceiro do mesmo sexo haviam tido, em média, cinco parceiros sexuais nos cinco anos anteriores, em comparação com entre 12 e 21 parceiros sexuais entre os homens que tinham parceiros do mesmo sexo naquele momento. Veja Laumann et al., The Social Organization of Sexuality [A Organização Social da Sexualidade], pág. 314.

49 – Thomas E. Schmidt, Straight and Narrow? [Reto e Estreito?] (Downer’s Grove: InterVarsity Press, 1995), pág. 108.

50 – F. C. I. Hickson et al., “Maintenance of Open Gay Relationships: Some strategies for protection against HIV” [Manutenção de Relacionamentos Gays Abertos: Algumas estratégias de proteção contra o HIV], AIDS Care, vol. 4, núm. 4, 1992, pág. 410. O projeto SIGMA tem base em Londres e sob o patrocínio da Universidade de Portsmouth. É abertamente simpatizante dos direitos gays. Veja http://sigmaresearch.org/ (em inglês).

51 – Thomas E. Schmidt, Straight and Narrow?, Compassion and clarity in the homosexuality debate [Reto e Estreito? Compaixão e clareza no debate sobre homossexualidade] Leicester: InterVarsity Press, 1995. pág. 122.

52 – Patrick Dixon, The Truth about AIDS, (A Verdade Sobre a AIDS), pág. 113. Veja também a pág. 88 e todo o capítulo intitulado “Condoms Are Unsafe” (Camisinhas Não São Seguras), págs. 110-122.

53 – The Many Faces of AIDS: A Gospel Response [As Muitas Faces da AIDS: Uma Resposta Evangélica] (Conferência Católica dos Estados Unidos, 1987), pág. 18.

54 – www.unaids.org/en/ (em inglês).

55 – CDC Survey Report, vol. 14, Table 7 (Relatório da Pesquisa do Centro de Controle e Prevenção de Doenças [EUA], Vol. 14, Tabela 7. www.cdc.gov.

56 – John Karon, L. Fleming, R. Skeketee, Kevin De Cock, “HIV in the United States at the Turn of the Century: An Epidemic in Transition” (HIV nos Estados Unidos na Virada do Século: Uma Epidemia em Transição”), The American Journal of Public Health (Revista Americana de Saúde Pública), Vol. 91, julho de 2001, págs. 1060–68.

57 – Centros de Controle e Prevenção de Doenças (sigla em inglês: CDC). HIV and AIDS  United States 1981–2001 (HIV e AIDS – Estados Unidos 1981-2001). MMWR n°. 50, 2001, págs. 430-434.

58 – Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC). HIV Prevention Strategic Plan through 2005. [Plano Estratégico de Prevenção do HIV até 2005], janeiro de 2001.

59 – Citado em Christianity Today, 7  de agosto de 1987, pág. 17.

60 – Por exemplo, o London Lighthouse (um asilo com 26 camas para pacientes com AIDS), 178 Lancaster Road, Londres W11 1QU, UK; e a internacionalmente conhecida ala com 32 suítes para pacientes com AIDS, no Mildmay Mission Hospital, Hackney Road, Londres E2 7NA, UK. Ambas as instituições também providenciam cuidados em casa. A ACACIA (Sigla em inglês para Tratamento da AIDS, Compaixão em Ação) cuida em média de umas 75 pessoas com HIV/AIDS em seus próprios lares, em Manchester, RU.

61 – Assim argumenta corretamente Gavin Reid, em seu livro Beyond AIDS, The real crisis and the only hope [Além da AIDS, a verdadeira crise e a única esperança]. (Eastbourne: Kingsway, 1987).

62 – A ACET (Tratamento da AIDS, Educação e Treinamento, sigla em inglês) tem uma rede internacional de projetos relacionados com a AIDS. Seu endereço é ACET International Alliance Network, 1 Carlton Gardens, Ealing, Londres, W5 2AN, RU.

63 – AIDS, A Report by the Church of England Board for Social Responsibility [AIDS, Relatório do Conselho de Responsabilidade Social da Igreja da Inglaterra]. (GS 795, 1987), pág. 29.

64 –  “The Homosexual Movement: A Response by the Ramsey Colloquium” [O Movimento Homossexual: Uma Resposta do Colóquio de Ramsey], originalmente publicado em First Things [Primeiras Coisas], março de 1994.

65 – Macourt (ed.), Towards a Theology of Gay Liberation [Rumo a uma Teologia da Libertação Gay], pág. 25.

66 – Pittenger, Time for Consent [Tempo para Consentimento].

67 – Alex Davidson, The Returns of Love [O Retorno do Amor] (Londres: InterVarsity Press, 1970), págs. 12, 16, 49.

68 – Norman Pittenger, em Macourt (ed.), Towards a Theology of Gay Liberation [Rumo a uma Teologia da Libertação Gay], pág. 87.

69 – A St Andrew’s Day Statement [Declaração do Dia de St. Andrew] (publicada em 30 de novembro de 1995) começa com três “Princípios” teológicos relacionados com o Senhor encarnado (no qual viemos a conhecer tanto a Deus como a nós mesmos), o Espírito Santo (que nos habilita a interpretar os tempos) e Deus, o Pai (que restaura a criação decaída em Cristo). A segunda metade da declaração consiste em três “Aplicações” relacionadas com questões tais como nossa identidade humana, observações empíricas, a reafirmação das boas-novas de salvação e a esperança de cumprimento final em Cristo. Dois anos depois, foi publicado The Way Forward? [O Caminho a Seguir?], com o subtítulo “Christian Voices on Homosexuality and the Church” [Vozes Cristãs Sobre a Homossexualidade e a Igreja]. Este simpósio, organizado por Tim Bradshaw, consiste em treze respostas à Declaração do Dia de St Andrew, de uma ampla variedade de pontos de vista. Aprecia-se o apelo à reflexão teológica paciente e séria. Mas é impreciso escrever sobre “diálogo” e “diatribe” como se fossem as únicas opções. Alguns de nós têm ouvido e refletido por trinta ou quarenta anos! Quanto tempo o processo deve continuar até que estejamos livres para chegar a uma conclusão? Apesar das alegações contrárias, nenhuma evidência nova foi produzida que pudesse derrubar o testemunho claro das Escrituras e a tradição de longa data da Igreja. A Declaração do Dia de St Andrew afirma que a Igreja reconhece duas vocações (casamento e estado de solteiro) e acrescenta que “não há espaço algum na Igreja para conferir legitimidade a alternativas a estes”. Além disso, os autores da declaração não consideram que “o considerável ônus de prova para apoiar uma grande mudança no ensino e na prática da Igreja, tenha sido reunido” pelos colaboradores do livro (pág. 3). Ainda assim, o livro parece ter um tom mais incerto do que a declaração. Então, de qualquer maneira, que haja uma reflexão teológica séria, mas daí que se deixe a igreja decidir.

70 – Pittenger, Time for Consent [Tempo para Consentimento], pág. 7. Contraste com The Courage to be Chaste: An Uncompromising Call to the Biblical Standard of Chastity [A Coragem de Ser Casto: Um Chamado Intransigente ao Padrão Bíblico de Castidade] (Nova Iorque, EUA: Paulist Press, 1986). Escrito por Benedict J. Groeschel, um frade capuchinho, o livro contém muitos conselhos práticos.

71 – Jeffrey Satinover, Homosexuality and the Politics of Truth [Homossexualidade e a Política da Verdade] (Grand Rapids: Baker, 1996), pág. 117.

72 – Ibid., págs. 18-19, 71.

73 – Vasey, Strangers and Friends, [Estranhos e Amigos], pág. 103.

74 – Veja Satinover, Homosexuality and the Politics of Truth [Homossexualidade e a Política da Verdade], págs. 31-40.

75 – D. J.  West, Homosexuality [Homossexualidade] (1955; 2ª ed., Londres: Pelican, 1960; 3ª ed., Londres: Duckworth, 1968), págs. 266, 273.

76 – O artigo de Nelson Gonzalez: “Exploding Ex-Gay Myths” [Derrubando Mitos Ex-Gays], em Regeneration Quarterly, vol. 1, n°. 3, verão de 1995, questionou os objetivos e as alegações do movimento ex-gay. Em 1991, Charles Socarides fundou a National Association for Research and Therapy of Homosexuality [Associação Nacional de Pesquisa e Terapia da Homossexualidade; sigla em inglês: NARTH], que investiga as possibilidades de “cura”.

77 – Martin Hallett, I Am Learning to Love [Estou Aprendendo a Amar] (Grand Rapids: Zondervan, 1987), pág. 155. A organização de Martin Hallett chama-se True Freedom Trust (TfT) e pode ser contatada em PO Box 13, Prenton, Wirral, CH43 6BY, RU. Ela oferece um ministério de ensino e aconselhamento interdenominacional sobre homossexualidade e problemas relacionados. O site (em inglês) é www.truefreedomtrust.co.uk/index.html. O livro de Martin Hallett está disponível só por meio da TfT.

78 – A Exodus International pode ser contatada em PO Box 540119, Orlando, FL 32854, EUA, ou pelo site http://exodus.to/about_exodus.shtml (em inglês).

79 – Elizabeth R. Moberly, Homosexuality: A New Christian Ethic [Homossexualidade: Uma Nova Ética Cristã] (Cambridge: James Clarke, 1983), pág. 2. Veja também Lance Pierson, No-Gay Areas, Pastoral Care of Homosexual Christians [Áreas não-Homossexuais, Cuidados Pastorais de Cristãos Homossexuais], Grove Pastoral Studies, n°. 38 (Cambridge: Grove Books, 1989) que aplica prestativamente o ensino de Elizabeth Moberly.

80 – Ibid., pág. 28.

81 – Ibid., págs. 18-20.

82 – Ibid., págs. 35-36.

83 – Ibid., pág. 52.

84 – Davidson, The Returns of Love [O Retorno do Amor], pág. 51.

85 – Macourt (ed.), Towards a Theology of Gay Liberation [Rumo a uma Teologia da Libertação Gay], pág. 63.

86 – Pittenger, Time for Consent [Tempo Para Consentimento], pág. 2.

87 – Macourt (ed.), Towards a Theology of Gay Liberation [Rumo a uma Teologia da Libertação Gay], pág. 45.

88 – www.petertatchell.net

89 – A palavra parece ter sido usada originalmente por George Weinberg, em Society and the Healthy Homosexual [Sociedade e a Saúde Homossexual] (Nova Iorque: Doubleday, 1973).

90 – Richard R. Lovelace, Homosexuality and the Church [A Homossexualidade e a Igreja] (Grand Rapids: Revell, 1978), pág. 129; compare com pág. 125.

91 – David J. Atkinson, Homosexuals in the Christian Fellowship [Os Homossexuais na Associação Cristã] (Oxford: Latimer House, 1979), pág. 118. Veja também uma abordagem mais extensiva do Dr. Atkinson em seu livro Pastoral Ethics in Practice [Ética Pastoral em Prática] (Londres: Monarch, 1989). O Dr. Roger Moss concentra-se em questões pastorais em seu livro Christians and Homosexuality [Os Cristãos e a Homossexualidade] (Carlisle, Pensilvânia: Paternoster, 1977).

92 – Vasey, Strangers and Friends, [Estranhos e Amigos], pág. 122.

93 – Ibid., pág. 233.

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