Jesus e os primitivos cristãos usavam o nome próprio de Deus?
Introdução
Temos o maior respeito pelo nome IAVÉ (ou JEOVÁ, a pronúncia escolhida pelas Testemunhas de Jeová), o nome próprio de Deus no Antigo Testamento. Mas, deve-se fazer a pergunta: Jesus e os primitivos cristãos usavam este nome hebraico de Deus? Aparecia o nome de Deus nos manuscritos originais do Novo Testamento, como a JW.org afirma? Será que os cristãos de hoje têm de usar este nome? Devido à enorme importância que a liderança das Testemunhas dá a este nome, apresentaremos fatos importantes sobre este assunto, fatos esses que a maioria das Testemunhas de Jeová desconhece.
Qualquer pessoa que tenha entrado em contato com as Testemunhas de Jeová sabe que elas atribuem um significado ao nome de Deus no Antigo Testamento que a maioria dos outros grupos religiosos não atribui. O uso frequente do nome Jeová é considerado uma marca do verdadeiro cristianismo. Segundo as Testemunhas, qualquer pessoa que não pronuncie este nome não tem a verdadeira fé. Um dos livros delas, intitulado Poderá Viver Para Sempre no Paraíso na Terra (publicado originalmente em 1982) disse o seguinte nas págs. 44 e 185:
“… é correto usar o nome de Deus, que é revelado na Bíblia, quer o pronunciemos “Javé”, quer “Jeová”, quer de outra forma comum na nossa língua. O que é errado é deixar de usar esse nome. Por quê? Porque os que não o usam não podem ser identificados junto com aqueles que Deus tira para serem “um povo para o seu nome”.”
“… se você falar a seus vizinhos e amiúde referir-se a Jeová, usando Seu nome, com que organização acha que eles o associarão? Existe apenas um povo que realmente segue o exemplo de Jesus neste respeito. Seu propósito principal na vida é servir a Deus e dar testemunho do Seu nome, como Jesus fez. De modo que adotaram o nome bíblico “Testemunhas de Jeová”.”
Mas, será que Jesus e os apóstolos enfatizaram o nome de Deus dessa maneira que a organização das Testemunhas de Jeová faz hoje? Esta é a questão crucial. Para compreendermos isso plenamente, temos de determinar primeiro como é que a comunidade judaica encarava o Nome naquela época.
O Nome no Judaísmo da Época de Cristo
A combinação de letras JHVH, que corresponde ao Tetragrama hebraico, é o pano de fundo das formas de pronúncia Iavé, Javé e Jeová. O Tetragrama aparece mais de 7.000 vezes no texto hebraico padrão do Antigo Testamento. Entretanto, nos séculos imediatamente anteriores à época de Jesus, os judeus em geral haviam deixado de pronunciar esse nome sagrado. Só os sacerdotes tinham permissão de pronunciar o Nome, e unicamente no Templo. O famoso escritor judeu Filo, contemporâneo de Jesus, deu as seguintes informações importantes ao descrever a roupagem do sumo sacerdote:
“Também era feita uma placa de ouro na forma de uma coroa com quatro entalhes indicando um nome, que somente aqueles com ouvidos e línguas purificados podem ouvir ou pronunciar no santuário, e nenhum outro homem, nem em qualquer outro lugar. Esse nome tem quatro letras”. (Philo with an English Translation [Filo com uma Tradução em Inglês] de F. H. Colson, Vol. VI, Londres e Nova Iorque, 1935, págs. 503-505).
A Míxena judaica, escrita por volta de 200 DC, afirma em dois lugares (Sotah 7:6 e Tamid 7:2) que era só no Templo que os sacerdotes pronunciavam o Nome. Isso acontecia em conexão com o pronunciamento da Bênção Aarônica, conforme prescrito em Números 6:24-26:
“Nas províncias, era pronunciada como três bênçãos, mas no templo como uma só bênção. No templo, eles pronunciavam o Nome como está escrito, mas nas províncias com uma palavra substituta”. (The Mischna Translated from the Hebrew [A Míxena Traduzida do Hebraico], Herbert Danby, Oxford 1933, págs. 301, 588).
O livro apócrifo A Sabedoria de Jesus, o Sírio, escrito por volta de 180 AC, descreve o privilégio do sumo sacerdote Simão de pronunciar o nome de Deus ao conferir essa bênção sacerdotal. Eis o que diz em 50:20:
“Então o sumo sacerdote desceu e levantou as mãos sobre toda a congregação dos israelitas para pronunciar a bênção do Senhor e pronunciar seu nome com orgulho”. (Apokryferna till Gamla Testamentet [Os Apócrifos do Antigo Testamento] na tradução de 1986, Proprius e Sv. Bibelsällskapet 1987, pág. 333).
Era uma ocasião particularmente solene quando o sumo sacerdote pronunciava o nome de Deus no Dia da Expiação anual. Sobre isso, a Míxena diz o seguinte em Yoma 6:2:
“Quando os sacerdotes e o povo que estavam no pátio do templo ouviam o Nome pronunciado pela boca do sumo sacerdote, costumavam ajoelhar-se, curvar-se e prostrar-se sobre seus rostos e dizer: ‘Bendito seja o nome de seu glorioso reino, para todo o sempre'” (Míxena, Dandy, pág. 169).
A exatidão dessas informações foi confirmada pela descoberta dos Rolos do Mar Morto, com 2000 anos de idade. De acordo com o Pergaminho da Disciplina (uma norma congregacional da comunidade judaica de Qumran, anterior ao cristianismo), pronunciar o Nome era motivo de exclusão:
“Se um homem proferir o Nome Mais Venerável, ainda que seja por descuido, ou por choque, ou por qualquer outro motivo, enquanto estiver lendo o Livro ou orando, ele será mandado embora e nunca mais voltará ao Conselho.” (Geza Vermes, Os Manuscritos do Mar Morto em Inglês, Penguin Books, 3ª edição 1987, págs. 70, 71).
O pai da igreja, Orígenes (185-254 D.C.), destacou que os judeus consideravam o tetragrama indizível, que o pronunciavam Adonai, embora isso não corresponda ao que está escrito, mas que os judeus de língua grega o pronunciavam Kyrios.
É por isso que o nome de Deus, ao contrário de outros nomes bíblicos, não foi escrito em uma forma grega ou mesmo em letras gregas na Septuaginta (LXX), a tradução da Bíblia feita para o grego séculos antes da morte de Jesus. Em vez disso, os manuscritos preservados da LXX apresentam a palavra substituta kyrios, “Senhor”, ou o Tetragrama hebraico não traduzido. É interessante notar que as traduções judaicas modernas publicadas pela Jewish Publication Society nos Estados Unidos em 1917 e 1985 também usam o tetragrama hebraico em Êxodo 6:3 – no meio do texto em inglês! Essa prática está, portanto, relacionada ao conceito de que o Nome não deve ser pronunciado. Isso é atualmente reconhecido pela liderança das Testemunhas de Jeová, que agora reconhece também que os judeus da época de Jesus geralmente não pronunciavam o Nome (veja o livro O Homem em Busca de Deus, Sociedade Torre de Vigia, 1990, págs. 225 [nota de rodapé], 228, 229 e 259).
Na época do aparecimento de Jesus, os judeus usavam – além do solene Adonai, “Senhor”, que era usado na leitura das Escrituras – uma série de outras palavras substitutas e paráfrases do nome de Deus. O Novo Testamento, em particular, fornece evidências claras disso. Termos tais como “o Poderoso” (Lucas 1:49), “o Bendito” (Marcos 14:61) e “céu” (Lucas 15:18) eram comuns no discurso cotidiano.
Segundo a liderança das Testemunhas de Jeová, porém, Jesus rompeu com essa abordagem do judaísmo em relação ao nome de Deus. Ao longo dos anos, eles sempre afirmaram taxativamente em suas publicações que Jesus pronunciava o nome de Deus:
Há ampla razão para se crer que Jesus e seus discípulos usavam o nome de Deus no seu ministério. (Revista A Sentinela de 1° de janeiro de 1961, pág. 6)
“Embora outros, naqueles dias, evitassem supersticiosamente usar o nome pessoal de Deus, Jesus não se refreou de divulgá-lo. (Livro A Verdade Que Conduz à Vida Eterna, 1968, pág. 49)
Jesus nunca se refreou de tornar conhecido o nome e o reino de Deus. (Livro Poderá Viver Para Sempre no Paraíso na Terra, 1982, pág. 61)
“Apesar da tradição judaica de então, Jesus certamente usava o nome.” (Livro O Homem em Busca de Deus, 1990, pág. 259)
Estão corretas essas declarações?
Jesus não foi acusado de pronunciar o Nome
Segundo a liderança das Testemunhas de Jeová, os judeus acusaram Jesus “séculos após a sua morte” de realizar seus milagres “apenas porque fizera de si mesmo um mestre do ‘secreto’ nome de Deus.” Argumenta-se que isso confirma que Jesus usou o nome de Deus. (O Homem em Busca de Deus, página 259).
A verdade, porém, é que não há qualquer testemunho antigo sobre isso. A alegação de que Jesus realizou milagres ao usar o nome de Deus não aparece na Míxena. Um erudito judeu, o Dr. Joseph Klausner, mostrou que essa alegação encontra-se na coleção medieval e anticristã de mitos, Tol’doth Yeshu, que, embora judaica, é completamente inútil como fonte de conhecimento sobre Jesus. (Jesus of Nazareth [Jesus de Nazaré], Londres, 1929, págs.47-54).
Além disso, essa afirmação é contrária ao testemunho da Bíblia. De acordo com o Novo Testamento – a única fonte real de conhecimento sobre Jesus – os judeus contemporâneos criticavam Jesus em demasia, mas nunca por pronunciar o Nome Sagrado. Como isso era um tabu na época, eles não teriam deixado de acusá-lo de pronunciar o Nome, com a intenção de pegá-lo “em alguma palavra”, como faziam (Mat. 22:15).
Os fariseus não explicaram os milagres de Jesus por afirmar que ele havia se tornado o mestre do ‘secreto’ nome de Deus. Em vez disso, eles diziam, conforme mostra Mat. 12:24, que Jesus estava sendo ajudado por “Belzebu, príncipe dos demônios”.
Os líderes judaicos não foram acusados de negligenciar o Nome
O que é ainda mais notável, porém, é que o próprio Jesus, que tinha tantas críticas a fazer aos seus oponentes judeus, nunca os acusou de não pronunciarem o nome de Deus. Nem mesmo em seu longo e detalhado confronto com os escribas e fariseus, registrado em Mateus 23, Jesus fez essa acusação. Há apenas uma conclusão a ser tirada disso: Jesus não tinha a mesma atitude em relação ao Nome sagrado que as Testemunhas de Jeová tem atualmente.
Jesus não pronunciava o Nome
De fato, Jesus não pronunciava o nome de Deus exatamente da mesma maneira que os judeus em geral. Uma das palavras substitutas mais comuns nessa época era “céu”. É o nome mais proeminente para Deus no Primeiro Livro dos Macabeus, que foi escrito por volta de 100 A.C. (Os Apócrifos do Antigo Testamento, 1986, págs. 97-159) Em uma contenda com os “principais sacerdotes e os anciãos do povo”, Jesus usou esse eufemismo popular para o nome de Deus quando fez a pergunta: “O batismo de João, de onde se originou? Do céu ou dos homens?” (Mat. 21:23, 25, TNM)
Também no centro de sua mensagem, Jesus usou a palavra substituta “céu” em vez de usar o Nome. Quando ele proclamava que “o reino dos céus está próximo” (Mat. 4:17), essa era uma maneira de não dizer “o reino de Iavé está próximo”. O Dr. Joseph Klausner explica: “Os judeus daquela época tinham o hábito de usar “céu” para não pronunciar o nome de Deus, de modo que “reino dos céus” significava “reino de Deus”.” (Jesus of Nazareth [Jesus de Nazaré], pág.245) De fato, a liderança das Testemunhas de Jeová já reconheceu isso. Em um comentário sobre Mat. 3:1, 2, eles escreveram no livro Vida Eterna na Liberdade dos Filhos de Deus (1966), página 94:
“A expressão “céus” representava a Jeová Deus e é por esta razão que, segundo Marcos 1:15, Jesus pregava: “Tem-se cumprido o tempo designado e o reino de Deus se tem aproximado.””
Todavia, o exemplo mais claro de como Jesus não pronunciava o nome de Deus foi a resposta dele à pergunta do sumo sacerdote quando foi preso e se apresentou perante o tribunal judaico, o Sinédrio. O sumo sacerdote perguntou a Jesus: “Você é o Cristo, o Filho do Bendito?” Ele usou o substituto “Bendito” em vez do nome de Deus. Jesus respondeu: “Sou; e vocês verão o Filho do Homem sentado à direita de poder e vindo com as nuvens do céu.” (Marcos 14:61, 62) Aqui Jesus estava claramente fazendo alusão ao Salmo 110:1, um texto que no hebraico usa o Tetragrama! Mas Jesus não pronunciou o nome de Deus! Assim como o sumo sacerdote, ele usou uma palavra substituta! O Dr. Klausner, o estudioso judeu, observou corretamente em seu comentário: “Como um judeu consciencioso, Jesus disse ‘Poder’ em vez de ‘Iavé’”. (Jesus de Nazaré, pág.343) A Bíblia de Jerusalém traduz este trecho da seguinte forma: “És tu o Messias, o Filho do Deus Bendito?” Jesus respondeu: “Eu sou. E vereis o Filho do Homem sentado à direita do Poderoso e vindo com as nuvens do céu.”. Num comentário sobre o termo “Bendito”, esta versão diz: “Qualificativo que substitui o nome de Iahweh, que os judeus evitavam pronunciar. O mesmo se dá com “o Poderoso”, no v. 62.”
“Exaltado e Santificado Seja o Seu Grande Nome no Mundo”
Embora os judeus da época de Jesus não pronunciassem mais o Nome sagrado de Deus, eles ainda falavam e escreviam sobre ele, sem mencionar o próprio Nome. Entre os Rolos do Mar Morto havia um “rolo de hinos” composto pouco antes da época de Jesus. Embora o Nome como tal não seja usado no contexto, um trecho desse pergaminho diz: “Que seu Nome seja louvado pela boca de todos os homens!” (G. Vermes, Os Manuscritos do Mar Morto em Inglês, pág. 196) Da mesma forma, Maria, a mãe de Jesus, falou em oração sobre o “nome” de Deus, embora no contexto ela tenha usado o eufemismo “o Poderoso” (Lucas 1:49).
Talvez o exemplo mais claro disso seja a Kadish, a mais conhecida de todas as orações judaicas. Ela se encontra em todos os livros de oração judaicos e considera-se que seja usada há uns 2.000 anos (Devocional Diário, traduzido por Philip Birnbaum, Nova Iorque, 1977, pág. 47). Ela apresenta semelhanças com a oração do “Pai Nosso” de Jesus e é citada aqui com base na pág. 28 de uma publicação intitulada Kadish (Sociedade Cemitério Israelita de São Paulo, Brasil, 2006):
Exaltado e santificado seja o Seu grande Nome (Amen), no mundo que Ele criou por Sua Vontade. Queira Ele estabelecer o Seu Reino e determinar o ressurgimento da Sua redenção e apressar o advento do Seu Ungido (AMEN), no decurso da vossa vida, nos vossos dias e no decurso da vida de toda Casa de Israel, prontamente e em tempo próximo; e dizei AMEN.
SEJA O SEU GRANDE NOME BENDITO ETERNAMENTE E PARA TODO O SEMPRE; seja bendito, louvado, glorificado, exaltado, engrandecido, honrado, elevado e excelentemente adorado o Nome do Sagrado, Bendito seja Ele, (AMEN) acima de todas as bênçãos, hinos, louvores e consolações que possam ser proferidos no mundo: e dizei AMEN.
Essa oração mostra claramente a preocupação dos judeus com o “nome” de Deus e, ao mesmo tempo, evidencia que essa preocupação, no conceito judaico, não significa a pronúncia do Tetragrama. Observe que o Nome não é pronunciado na oração e que uma paráfrase, “o Sagrado”, é usada em seu lugar. Ninguém pode razoavelmente afirmar que essa oração pelo nome de Deus mostra que os judeus pronunciaram o Tetragrama em sua adoração nos últimos 2000 anos! Isto nos ajuda a avaliar um dos principais argumentos usados pela liderança das Testemunhas de Jeová para provar que Jesus deve ter pronunciado o nome de Deus.
“Santificado Seja o Teu Nome“
Em sua oração-modelo, o “Pai Nosso” (Mateus 6:9-13), Jesus ensinou seus seguidores a orar: “Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome.” A liderança das Testemunhas de Jeová diz o seguinte sobre isso: Sim, Jesus tornou o nome de Deus, Jeová, conhecido a outros. Não deixou de usar tal nome. (Livro Poderá Viver Para Sempre no Paraíso na Terra, pág. 184).
Mas, como mostram os exemplos acima, as palavras “santificado seja o teu nome” em um contexto judaico não significam, por si só, que o Nome em si deva ser usado. Se Jesus quisesse enfatizar que o Nome deveria ser pronunciado, suas formulações no “Pai Nosso” não teriam sido suficientes para convencer os judeus da época sobre isso. É um fato que o próprio Nome está ausente tanto na oração do Pai Nosso quanto na Kadish! Nenhum judeu teria se oposto à oração-modelo de Jesus com relação ao Nome! McClintock e Strong dizem o seguinte sobre a oração do Pai Nosso em sua Cyclopedia of Biblical, Theological and Ecclesiastical Literature:
“A oração é, sem dúvida, baseada em expressões e concepções já familiares aos judeus. De fato, frases paralelas a quase todo o seu conteúdo foram descobertas no Talmude (veja Schöttgen e Lightfoot). Isso, porém, não tira nada de sua beleza ou originalidade como um todo.” (Baker Reprint, Grand Rapids, 1981, Vol. V, pág. 509)
Jesus não ensinou seus discípulos a usar o Nome nessa oração. Em vez disso, ele os ensinou a orar ao “Pai nosso que está nos céus”, o único nome de Deus usado na oração modelo! Todas as orações de Jesus registradas no NT não contêm o Nome de Deus! Nem na Tradução do Novo Mundo das próprias Testemunhas de Jeová o nome de Deus aparece uma única vez em qualquer uma dessas orações! Na revista A Sentinela de 15 de maio de 1990, página 17, a liderança das Testemunhas de Jeová reconhece o seguinte em um comentário sobre a oração do Pai Nosso: “A palavra “nome” às vezes denota a própria pessoa, e “santificar” significa “tornar santo, colocar à parte ou ter como sagrado”. (Compare com Revelação [Apocalipse] 3:4.)”.
“Eu tornei o teu nome conhecido“
Um dos textos citados mais frequentemente pelas Testemunhas de Jeová para mostrar que “Jesus tornou o nome de Deus, Jeová, conhecido a outros. Não deixou de usar tal nome” é João 17:6, 26. (Livro Poderá Viver Para Sempre no Paraíso na Terra, pág. 184) Jesus diz ali em sua oração a Deus: “Tornei o teu nome conhecido aos homens que me deste do mundo… Eu tornei o teu nome conhecido a eles, e o tornarei conhecido”.
Deve-se observar, porém, as seguintes circunstâncias: Embora João 17:1-26 contenha a oração mais longa de Jesus no Novo Testamento e embora nessa longa oração Jesus tenha falado de “teu nome” quatro vezes (17:6, 11, 12, 26), ele consistentemente – mesmo de acordo com a Tradução do Novo Mundo das Testemunhas de Jeová – não pronunciou o próprio nome de Deus Yahweh ou Jeová! Esse nome não aparece uma vez nessa longa oração de Jesus!
Os eruditos bíblicos, portanto, sempre reconheceram que Jesus quis dizer algo muito maior do que o uso real do Nome sagrado, o Tetragrama. A Sentinela de 1º de novembro de 1973, na página 643, citou com aprovação as palavras do conhecido comentarista bíblico Albert Barnes sobre João 17:6:
“A palavra nome [em João 17] inclui os atributos ou o caráter de Deus. Jesus dera a conhecer seu caráter, sua lei, sua vontade, seu plano de misericórdia. Ou, em outras palavras, revelara-lhes Deus. A palavra nome é muitas vezes usada para designar a pessoa.” — Notes, Explanatory and Practical, on the Gospels, de Albert Barnes (1846).
Albert Barnes de modo algum quis dizer que Jesus pronunciou ou enfatizou o nome literal YHVH do Antigo Testamento. A essa citação do comentário dele sobre o NT, a liderança das Testemunhas de Jeová acrescentou seu próprio comentário na mesma página, com o qual concordamos plenamente:
Portanto, ao passo que Jesus ‘explicava o Pai’ por todo o seu próprio proceder perfeito na vida, na terra, ele realmente ‘dava a conhecer o nome de Deus’. Demonstrava que falava com o pleno apoio e a autoridade de Deus. Jesus podia por isso dizer: “Quem me tem visto, tem visto também o Pai.” O “nome” de Deus assim assumiu um significado maior para seus primitivos seguidores.
João 17:6, 26 indica, portanto, “um significado maior” do nome de Deus do que o mero uso das letras YHVH, o Tetragrama sagrado do AT. O Illustrerat Bibellexikon de Hugo Odeberg e Thoralf Gilbrant, Estocolmo, 1967, diz: “Particularmente no Evangelho de João, todo o evento de Cristo é apresentado como uma proclamação do nome de Deus.”(Artigo “Nome”)
Portanto, João 17:6, 26 não prova de forma alguma que Jesus pronunciou o Nome e que, dessa forma, os cristãos também devam fazer isso. Pelo contrário! Quando o “nome” de Deus assumiu um “significado maior”, a função original perdeu seu significado. Portanto, em vez do nome de Deus, Jesus usou o termo “Pai” nessa longa oração, até mesmo seis vezes! (João 7:1, 5, 11, 21, 24, 25)
O nome de Deus não aparece nas orações de Jesus
Em seu livreto O Nome Divino Que Durará Para Sempre (1984), a liderança das Testemunhas de Jeová diz na página 5: “O nome de Deus era claramente de capital importância para Jesus, visto que ele o mencionou repetidas vezes em suas orações.” A verdade, porém, é que Jesus não usou o nome Yahweh ou Jeová nas orações preservadas para nós no Novo Testamento. Ele não se encontra uma vez sequer nessas orações, nem mesmo na própria tradução da Bíblia das Testemunhas de Jeová!
Portanto, quando a revista A Sentinela de 15 de janeiro de 1970, página 31, afirmou que é “vital que usemos o nome de Deus nas nossas orações hoje em dia” como foi o caso quando Salomão, Elias, Ezequias e Jeosafá fizeram isso no AT, o autor dessa matéria ignorou o exemplo de Jesus e menosprezou o “significado maior” dado ao nome de Deus pelo “proceder perfeito na vida” de Cristo. Para que o leitor possa verificar por si mesmo que Jesus consistentemente não pronunciava o Tetragrama em suas orações, apresentamos aqui todos os textos do NT que reproduzem essas orações.
As Orações de Jesus no Novo Testamento
1) Mat. 6:9-13 (= Lucas 11:2-4)
2) Mat. 11:25,26 (= Lucas 10:21)
3) Mat. 26:39 (= Marcos 14:36; Lucas 22:42)
4) Mat. 27:46 (=Marcos 15:34)
5) Lucas 23:34
6) Lucas 23:46
7) João 11:41,42
8) João 12:27,28
9) João 17:1-26.
“Um povo para o seu nome”
As Testemunhas de Jeová também fazem referência às palavras “um povo para o seu nome” em Atos 15:14 para determinar que os cristãos devem usar o nome Yahweh ou Jeová e até mesmo “torná-lo conhecido em toda a terra” (Poderá Viver Para Sempre no Paraíso na Terra, 1982, págs. 44, 185).
Aqui é importante lembrar que a palavra “nome” na Bíblia às vezes pode significar “a própria pessoa”. Como a revista A Sentinela de 15 de maio de 1990, página 17, reconheceu com uma referência a Apocalipse 3:4. As traduções da Bíblia Nova Versão Internacional (1984), Uma Tradução Americana, de W. F. Beck (1976), O Novo Testamento. Uma Nova Tradução, de William Barclay (1976) e O Novo Testamento do Tradutor (1973), todas dizem “um povo para si mesmo”. A popular Bíblia Boas Novas conhecida antes como Versão em Inglês Atual (1979) diz “um povo para pertencer a ele”.
O fato de este ser o entendimento correto é confirmado por várias circunstâncias. Em Jeremias 25:29, Jerusalém é chamada de “a cidade que leva o meu nome” (veja também Dan. 9:18, 19). No entanto, o nome da cidade, “Jerusalém”, não tem nada que ver com o nome real de YHWH. De acordo com o Dicionário Bíblico Ilustrado, Jerusalém provavelmente significa “o fundamento da paz ou a morada da paz”. Segundo a enciclopédia da JW.org Estudo Perspicaz das Escrituras (1988), Jerusalém significa “Posse (Alicerce) da Paz Dupla”.
Se formos ao contexto de Atos 15:14, também é digno de nota o fato de que Tiago, que usou a expressão “um povo para o seu nome”, não pronunciou o nome de Deus em Atos 15:14, 19. Como também fica evidente na própria tradução da Bíblia das Testemunhas de Jeová, ele usou a palavra geral “Deus”, e esse é o nome dominante de Deus em todo o capítulo, onde ocorre sete vezes. (Atos 15:4, 7, 8, 10, 12, 14, 19)
O fato de que a expressão “um povo para o seu nome” não significava que se deveria dar grande ênfase ao nome de Deus em si também é comprovado pelo fato de que a congregação cristã nunca é chamada no Novo Testamento de “congregação de Jeová” ou “povo de Jeová” – nem mesmo na tradução da Bíblia das Testemunhas de Jeová. Esses termos eram comuns no Antigo Testamento, mas o Novo Testamento faz referência somente à “igreja de Deus” (Atos 20:28; 1Co 1:2; 10:32; 11:22; 15:9; Gal 1:13; 1Tim 3:5) e ao “povo de Deus” (Heb 4:9; 11:25; 1Pe 2:10) – mesmo na tradução das Testemunhas de Jeová!
O Nome de Deus Não Consta no Texto do Novo Testamento
Até agora, estabelecemos que Jesus e os apóstolos claramente não usaram o nome sagrado de Deus, Yahweh ou Jeová. Constatamos que no início do cristianismo o Nome assumiu uma dimensão nova e espiritual, o que significa que o nome literal YHWH não era mais usado da mesma maneira que no AT. Vimos que isso também é evidente na própria tradução da Bíblia das Testemunhas de Jeová, a Tradução do Novo Mundo.
Todavia, a Tradução do Novo Mundo apresenta o nome Jeová em 237 lugares no Novo Testamento. (Veja o livreto das Testemunhas de Jeová intitulado O Nome Divino que Durará Para Sempre, 1984, pág. 23.) Então, por que as traduções convencionais da Bíblia não usam o nome Iavé ou Jeová no Novo Testamento?
A resposta a isso é simples, mas, devido à má-vontade das Testemunhas de Jeová em reconhecer isso, ela deve ser escrita e repetida com destaque:
A razão é que o nome está completamente ausente no texto padrão do Novo Testamento.
Repetimos:
O Tetragrama, o nome IAVÉ ou JEOVÁ não aparece uma única vez no texto padrão do Novo Testamento!
A liderança das Testemunhas de Jeová está plenamente ciente disso. A revista A Sentinela de 1º de março de 1991, página 28, admite:
“É verdade que nenhum primitivo manuscrito grego existente do “Novo Testamento” contém o nome pessoal de Deus.”
Observe esse reconhecimento! A liderança das Testemunhas de Jeová às vezes faz referência a fragmentos de manuscritos gregos que contêm o Tetragrama hebraico. (Veja, por exemplo, A Sentinela de 1º de novembro de 1978, págs. 7, 8.) Mas essas referências são invariavelmente à LXX, a Septuaginta, uma tradução pré-cristã do Antigo Testamento do hebraico para o grego. Elas nunca se aplicam ao Novo Testamento! Repetimos: Os fragmentos do manuscrito grego que contém o Tetragrama mencionados pela JW.org aplicam-se unicamente à Septuaginta, não ao Novo Testamento! Embora existam milhares de manuscritos antigos e fragmentos do NT, não podemos encontrar o Nome uma única vez sequer! Os manuscritos gregos do Novo Testamento usam KYRIOS (“Senhor”) e THEOS (“Deus”), jamais o Tetragrama ou qualquer outra forma do Nome.
Tradução Fiel da Bíblia
Essa é a razão pela qual muitas traduções da Bíblia usam o Nome de Deus no AT, onde ele ocorre mais de 7.000 vezes no texto padrão, mas nenhuma vez no NT. Podemos mencionar aqui algumas Bíblias em inglês às quais a liderança das Testemunhas de Jeová optou por fazer referências: A Versão Americana Padrão de 1901, que tem “Jeová” em todo o AT, a Bíblia Enfatizada de J. B. Rotherham de 1902 e a Bíblia de Jerusalém de 1966, ambas as quais usam consistentemente “Yahweh” no AT. Nenhuma dessas três traduções usa o nome de Deus no Novo Testamento!
Byington e a Fidelidade ao Texto Original
Em 1972, a Sociedade Torre de Vigia publicou The Bible in Living English [A Bíblia em Inglês Vivo] de Steven T. Byington. O motivo foi o fato de essa tradução reproduzir o Tetragrama hebraico como “Jeová” em todo o AT. (Veja o Anuário das Testemunhas de Jeová de 1976, pág. 221.) Mas, note-se o seguinte: Byington não usou o nome Jeová uma única vez no NT! Em vez disso, ele seguiu o texto grego padrão e escreveu “Senhor” e “Deus”. Em resenhas e em um debate amigável com a Comissão de Tradução do Novo Mundo publicado no início da década de 1950, Byington enfatizou que “é dever de um tradutor reproduzir seu original”. Portanto, ele julgou favoravelmente o uso do Nome no AT pelas Testemunhas de Jeová, mas rejeitou as razões para introduzi-lo no NT como “inadequadas”. Ele argumentou que é preciso “traduzir ‘Senhor’ onde o grego diz ‘Senhor'”. (Veja The Christian Century, 1º de novembro de 1950; 9 de maio de 1951 e 7 de outubro de 1953. [A transcrição em inglês do debate pode ser vista no Apêndice 1 deste artigo].
A Liderança das Testemunhas de Jeová Trai o Texto Padrão
Os líderes das Testemunhas de Jeová admitiram que em alguns lugares introduziram o nome Jeová na Tradução do Novo Mundo do NT “Para ajudar o leitor a saber se se fala de Jeová Deus ou de Jesus Cristo quando no texto grego aparece “Senhor” [Kyrios].” (Veja A Sentinela de 15 de setembro de 1982, pág. 27.) Isto é, conforme Byington sugeriu, uma negligência do dever como tradutor do texto padrão. E os próprios líderes da organização articularam com maestria os princípios de tradução traídos ao introduzir o nome Jeová no NT, embora no grego apareça “Senhor”. Cita-se aqui o artigo “O Fascinante Mundo do Tradutor” na Despertai! de 8 de março de 1982, página 23:
“… o tradutor deve lembrar a regra básica: Ele não é o autor; assim sendo, não está autorizado a “melhorar” o original. Seu trabalho é transmitir a idéia, o sentimento e o clima do original tão fielmente quanto possível. Mas, se a mensagem do original não for clara, o que irá ele transmitir? Ainda assim, não deve sucumbir à tentação de aclarar o que está obscuro, de reforçar o que está fraco ou de aprimorar o que é desajeitado… Falando-se em termos do que é ideal, uma tradução deve ser tão fiel ao original quanto possível.”
Portanto, a JW.org não tem o direito de “melhorar” o texto padrão do Novo Testamento para que sua tradução ‘aclare o que está obscuro’. Uma tradução nunca pode ser mais clara do que o texto que está sendo traduzido. Se o original não ajuda “o leitor a saber se se fala de Jeová Deus ou de Jesus Cristo”, é nosso humilde dever aceitar isso, mesmo em uma tradução moderna! E não se trata de um texto antigo qualquer, mas da inspirada Palavra de Deus! Apocalipse 22:18,19 adverte severamente contra “acrescentar” ou “tirar” coisas no texto bíblico!
A Confiabilidade do Texto Padrão é Questionada
Ciente do fato de que os manuscritos do NT, a base do texto padrão, NÃO contêm o nome de Deus, a liderança das Testemunhas de Jeová faz uma coisa bem surpreendente! Eles simplesmente rejeitam a confiabilidade do texto! Em sua publicação O Nome Divino Que Durará Para Sempre, eles enfatizam que “os manuscritos das Escrituras Gregas Cristãs que temos hoje não são os originais” (página 23). Eles desenvolvem o assunto da seguinte forma (página 24):
”Existem hoje milhares de cópias das Escrituras Gregas Cristãs, mas a maioria foi feita durante e após o quarto século de nossa Era Comum. Isso sugere uma possibilidade: Aconteceu algo com o texto das Escrituras Gregas Cristãs antes do quarto século que resultou na omissão do nome de Deus? Os fatos provam que sim.”
Esta é uma afirmação totalmente fraudulenta e desonesta. Não há ‘fato’ algum que mostre que o texto foi falsificado “antes do quarto século” de maneira que “resultou na omissão do nome de Deus”.
Manuscritos do Segundo Século e Anteriores
Em primeiro lugar, os melhores e mais antigos testemunhos textuais do NT datam do século II e até antes disso – e nenhum deles contém o nome de Deus! Um artigo na Despertai! de 22 de julho de 1988 aponta que o P45, que contém partes dos Evangelhos e Atos, é “datado como do início do terceiro século EC.” Também menciona o P46, que contém nove das cartas de Paulo, e diz que esse manuscrito “data de cerca de 200 EC.”. (Página 21) Esse manuscrito em particular só recentemente foi redatado com base em dados paleográficos. Agora ele se mostra muito mais antigo do que se pensava! O pesquisador Y. K. Kim demonstrou que ele deve ter sido escrito “algum tempo antes do reinado do imperador Domiciano”, ou seja, em algum momento antes de 81 D.C.! (Veja o artigo de Kim “Paleographical Dating of P46 to the Later First Century” [Datação Paleográfica do P46 no Final do Primeiro Século] em Biblica, Vol. 69, Fasc. 2, 1988, págs. 248-257).
Assim, não adianta fazer referência a manuscritos feitos “durante e após o quarto século” e daí dizer que isso “sugere uma possibilidade” de que o nome de Deus tenha sido falsificado por copistas posteriores! Estamos absolutamente convencidos de que Deus cuidou de Sua Palavra de modo que o texto NÃO foi corrompido!
A Liderança das Testemunhas de Jeová Usa Conversa Dupla
O que é notável é que essa é também a opinião publicada pela JW.org! Observe a seguinte declaração no livro Poderá Viver Para Sempre no Paraíso na Terra, pág. 53:
“Jeová Deus cuidou de que sua Palavra fosse protegida não só contra os erros dos copistas, mas também contra as tentativas de outros de fazerem acréscimos a ela. A própria Bíblia contém a promessa de Deus, de que sua Palavra seria mantida numa forma pura para nós, hoje.”
Na realidade, as milhares de cópias que a JW.org cita para desacreditar o texto do NT são uma garantia de que nada foi perdido. O artigo “Precisamos mesmo dos originais?” em A Sentinela de 15 de julho de 1990 afirma apropriadamente (página 29):
“Deveras, os copistas judeus e os posteriores copistas cristãos não eram infalíveis. Introduziram-se erros, mas as muitas cópias que ainda existem ajudam-nos a constatar esses erros. Como? Bem, diferentes copistas cometiam diferentes erros. Assim, comparando o trabalho de diferentes copistas, podemos identificar muitos dos seus enganos.”
Assim, o artigo conclui corretamente na mesma página: “… realmente não precisamos dos originais”. A enciclopédia da JW.org de 1988, Estudo Perspicaz das Escrituras, Vol. II, página 287, afirma corretamente o seguinte sobre o trabalho dos eruditos nas variantes textuais do NT: “As colações eruditas têm corrigido os erros de importância, de modo que hoje temos um texto autêntico e fidedigno.”
Esse texto “autêntico e fidedigno” do NT NÃO contém o nome de Deus, Iavé ou Jeová. Agora devemos escolher se queremos acreditar nesse texto autêntico ou se queremos acreditar nos líderes da JW.ORG quando eles desacreditam o texto e dizem que devemos lembrar que “os manuscritos das Escrituras Gregas Cristãs que temos hoje não são os originais” (Livreto O Nome Divino Que Durará Para Sempre, página 23). Se o texto foi corrompido de modo que coisas importantes se perderam na transcrição, Deus dificilmente poderia ter cuidado do texto. Neste caso, o NT se torna apenas um livro comum. No entanto, optamos por aceitar o que é óbvio – a confiabilidade do NT – mesmo que isso signifique rejeitar as afirmações da liderança das Testemunhas de Jeová.
O Apelo à Exclamação “Aleluia” Como Evidência
Conforme já declaramos, a liderança das Testemunhas de Jeová tem plena consciência de que o nome sagrado de Deus no Antigo Testamento, Iavé ou Jeová, não aparece no texto padrão do Novo Testamento. Constatamos que eles tentaram lidar com esse fato embaraçoso simplesmente rejeitando a confiabilidade do texto padrão – uma solução de desespero.
Mas eles usaram também outras abordagens. Depois de reconhecer que “até agora não se encontrou nenhum manuscrito antigo do texto original das Escrituras Gregas Cristãs que contivesse o nome divino na sua plena forma”, argumentaram na revista A Sentinela de 15 de dezembro de 1971, págs. 741 e 742, da seguinte forma: “Mas, por outro lado, o nome de Deus ocorre na sua forma abreviada tanto nos antigos manuscritos gregos como nas traduções delas. Já observou na sua leitura da Bíblia, em Apocalipse (Revelação) 19:1, 3, 4, 6, a expressão “aleluia”. Segundo o Dicionário Contemporâneo de Caldas Aulete, “aleluia”, do hebraico Alleluia, significa: “Louvai a Jeová”, ou: “Louvai a Iá (Jeová)”. — Webster’s New Collegiate Dictionary. Constar assim o nome de Deus na forma abreviada revela que o uso do nome não estava obsoleto entre os primitivos cristãos.”
O mesmo argumento foi apresentado na enciclopédia Estudo Perspicaz das Escrituras. No Vol. 2, pág. 41, eles chegam a afirmar que a expressão “Aleluia” em Apocalipse 19 “torna claro que o nome divino não era obsoleto” e que “era tão vital e pertinente como no período pré-cristão.”. É válido esse raciocínio?
Os Judeus não Deixaram de Usar a Expressão “Aleluia”
Na verdade, os judeus continuaram a usar a forma abreviada “Jah” quando pararam de pronunciar o Tetragrama, JHVH. Isto era especialmente verdadeiro no louvor “Aleluia”, que ocorre 23 vezes nos Salmos. Na versão Septuaginta, ele não estava oculto em letras hebraicas. Ele foi escrito em letras gregas para que todos pudessem pronunciá-lo. (Veja, por exemplo, Encyclopedia Judaica, Vol. 7, Jerusalém 1971, colunas 1199, 1200).
A forma abreviada independente “Jah” também continuou a ser usada. Isso fica evidente nos manuscritos do primeiro século encontrados nas cavernas próximas ao Mar Morto. O pesquisador Patrick W. Skehan ressalta que foi feita uma distinção entre o Tetragrama, JHVH, e a forma abreviada “Jah”. No manuscrito 11QPsa, o Tetragrama foi escrito com caracteres hebraicos antigos, enquanto a forma abreviada Jah foi escrita com as letras aramaicas normais. Skehan faz referência particularmente ao Salmo 135 e conclui que Jah “era obviamente pronunciável” (veja o artigo de Patrick W. Skehan “The Divine Name at Qumran, in the Masada Scroll, and in the Septuagint” [O Nome Divino em Qumran, no Rolo de Massada e na Septuaginta], no Bulletin of the International Organization for Septuagint and Cognate Studies, nº 13, 1980, págs. 23,24).
“Jah” e “Aleluia” Ainda São Usados no Judaísmo
É bem conhecido que até hoje os judeus evitam pronunciar o nome Iavé ou Jeová. Como enfatizado pela liderança das Testemunhas de Jeová, de acordo com o judaísmo esse nome é “sagrado demais para ser pronunciado” (O Homem em Busca de Deus, 1990, pág. 225).
Mas os judeus ainda pronunciam o louvor “Aleluia” e também o nome curto “Jah” de maneira independente! O livro de orações publicado pela comunidade judaica em Malmö (Suécia) em 1950 usa tanto “Jah” quanto “Aleluia” várias vezes na tradução sueca. O mesmo se aplica ao livro de orações judaico em inglês conhecido como The Hirsch Siddur, publicado em Jerusalém e Nova Iorque em 1978.
As traduções modernas da Bíblia judaica também merecem menção nesse contexto. A tradução do AT para o inglês conhecida como Nova Versão Judaica [em inglês], publicada em 1985 pela Jewish Publication Society nos Estados Unidos, usa a exclamação “Aleluia” em todos os pontos dos Salmos. E não é só isso. Em Isaías 12:2 e 26:4, ela também usa a forma do nome “Jah” de maneira independente. E em Isaías 28:11 essa forma é usada duas vezes:
“”I thought, I shall never see Yah, Yah in the land of the living.”. (“Eu pensei, eu nunca verei Jah, Jah na terra dos viventes.”).
Todavia, o nome YHVH é sempre traduzido como “SENHOR” nessa tradução – exceto em Êxodo 6:3, onde o Tetragrama hebraico é usado sem tradução, evidentemente para não ser pronunciado.
A Exclamação “Aleluia“ Não Comprova o Uso do Tetragrama
Portanto, deve ser óbvio que a argumentação da JW.org baseada na expressão “Aleluia” em Apocalipse é insustentável. Se fosse verdade que o uso de “Aleluia” quatro vezes no livro de Apocalipse “torna claro que o nome divino não era obsoleto” e que “era tão vital e pertinente como no período pré-cristão”, então a continuidade no uso da expressão “Aleluia” no Judaísmo até hoje também deveria mostrar que o nome era e ainda é “tão vital e pertinente” no Judaísmo “como no período pré-cristão”!
Qualquer pessoa pode perceber que isso é completamente irracional! Qualquer pessoa também deve ser capaz de perceber que não é razoável afirmar que a ocorrência da expressão “Aleluia” no Livro do Apocalipse prova que o uso do Tetragrama “era tão vital e pertinente como no período pré-cristão”! O nome Iavé ou Jeová não se encontra no Apocalipse, do mesmo modo como não se encontra em qualquer outra parte do Novo Testamento!
Além disso, quem afirmaria que o uso abundante do louvor “Aleluia” em canções e hinos cristãos prova que o nome Iavé tem o mesmo significado no cristianismo que tinha para os judeus no Antigo Testamento?
Invocada a Teoria do Professor Howard
Em 1977, o professor George Howard, da Universidade de Athens, Georgia, EUA, publicou um artigo intitulado “The Tetragram and the New Testament” (O Tetragrama e o Novo Testamento) em Journal of Biblical Literature [Revista de Literatura Bíblica], Vol. 96, págs. 63-83. Howard apresentou o que chamou de “uma teoria” (pág. 63) de que o NT, assim como a Septuaginta, originalmente continha o Tetragrama hebraico, e que ele foi substituído por copistas posteriores que não entendiam os caracteres hebraicos. A liderança das Testemunhas de Jeová recebeu de bom grado esse artigo e achou que agora havia sido provado que o NT originalmente continha o Nome. (A Sentinela de 1° de novembro de 1978, págs. 9-11) No livro Raciocínios à Base das Escrituras, o artigo do professor Howard é citado como fato nas págs. 205 e 396.
“Conjectura, Interpretação, Especulação e Formulação de Hipóteses”
No entanto, esse não é o caso. A TEORIA de Howard não foi reconhecida como fato por nenhum erudito textual. Seu artigo não tira nenhuma conclusão de longo alcance; a conclusão apenas faz algumas perguntas!
O fato de que se trata de uma teoria e não de um fato indiscutível permeia todo o artigo. Observe as seguintes ambiguidades, que revelam a natureza especulativa do artigo:
“essa teoria” (pág. 63), “pode explicar” (pág. 63), “se for assim” (pág. 73), “com toda a probabilidade” (pág. 74), “é muito mais provável que” (pág. 76), “provavelmente” (pág. 76 – duas vezes), “pode ter sido” (pág. 76), “pode haver boas razões para acreditar” (pág. 77), “é razoável acreditar” (pág. 77), “podemos imaginar que” (pág. 77 – duas vezes), “é possível que” (pág. 77), “se nossa teoria estiver correta” (pág. 78), “provavelmente” (pág. 78 – duas vezes), “a teoria que propomos” (pág. 78), “se presumirmos” (pág. 79), “outra explicação é possível se presumirmos” (pág. 80), “uma confusão poderia ter ocorrido” (pág. 80), “uma mudança … poderia ter acontecido” (pág. 80), “a explicação mais provável” (pág. 80), “se presumirmos” (pág. 81), “Esses exemplos apóiam a teoria” (pág. 81), “Portanto, é possível” (pág. 82).
Os leitores da literatura da JW.org podem reconhecer a escolha incerta de palavras da teoria da evolução, a qual, segundo o livro Veio o Homem a Existir Por Evolução ou Por Criação? (1967 em inglês), página 11, reconhece que ela se baseia em “conjectura, interpretação, especulação e formulação de hipóteses”. De fato, podemos até recordar aqui o julgamento sobre o livro de Darwin, A Origem das Espécies, publicado pela liderança das Testemunhas de Jeová na mesma página 11:
“Estimou-se que nada menos do que 800 expressões no modo subjuntivo (tais como ‘presumamos’ ou ‘suponhamos’, etc.) podem ser encontradas só entre as capas de A Origem das Espécies, de Darwin.”
O Manuscrito P46 Contradiz a Teoria de Howard
A teoria de Howard pressupõe que o texto foi alterado por copistas no segundo século. Todavia, desde que Howard publicou seu artigo, o erudito textual Young Kyo Kim redatou o importante manuscrito P46, que antes se pensava ter sido escrito por volta de 200 D.C., para antes do reinado do imperador Domiciano, ou seja, antes de 81 D.C.! (Consulte o artigo “Paleographical Dating of P46 to the Later First Century” [Datação Paleográfica de P46 para o Final do Século I] na revista Biblica, 1988, págs. 248-257.) Para obter a manifestação do professor Howard a isso, escrevemos e perguntamos a ele sobre a nova datação do P46 feita por Kim. Em sua resposta de 8 de julho de 1988, o professor Howard escreveu:
“Se a datação de Kim estiver correta, isto mostraria que o Tetragrama não foi usado em um manuscrito paulino do primeiro século, como sugeri. Isso enfraquece minha teoria, pelo menos no que diz respeito às cartas paulinas. Se os manuscritos do primeiro século dos Evangelhos e de outros escritos seguiram o padrão do P46 ainda é uma questão em aberto. Só podemos esperar que os manuscritos do primeiro século desses escritos também venham à tona. Um exame cuidadoso de P75 e P66 mostra que eles não estão muito atrás do P46 no tempo”.
Pode-se acrescentar que os manuscritos P75 e P66 contêm grandes porções de dois dos Evangelhos, Lucas e João.
Em um PS, Howard escreveu:
“As Testemunhas de Jeová deram muita importância aos meus artigos. Eu não apoio as teorias delas”.
A Pesquisa Textual Refuta a Teoria de Howard
Bruce M. Metzger foi um dos maiores nomes da erudição textual contemporânea do Novo Testamento. Ele foi um dos cinco eruditos responsáveis pela última edição do texto grego do NT da Sociedade Bíblica. Sua reação à teoria de Howard está publicada em seu livro Manuscripts of the Greek Bible [Manuscritos da Bíblia Grega], Nova Iorque e Oxford, 1981, página 35, nota de rodapé 70:
“Se o apóstolo Paulo seguiu uma cópia da Septuaginta com o Tetragrama escrito em letras hebraicas, ele sem dúvida o teria substituído por kyrios (ou talvez ocasionalmente por theos) ao ditar uma carta a ser enviada a congregações cristãs compostas por gentios. Nenhum manuscrito do Novo Testamento contém o Tetragrama em citações do Antigo Testamento (ou em qualquer outro lugar, nem é preciso dizer)”.
Quando a JW.org continua a citar o artigo de Howard em apoio à sua posição, é isso válido? Como é que uma “teoria” frágil pode ser usada para anular o testemunho dos manuscritos do texto do NT?
“Este é o Meu Nome Por Tempo Indefinido“
Para mostrar que o nome Jeová não era meramente “um nome temporário para ser usado por algum tempo e então ser desbancado por um título tal como ‘Senhor’”, a publicação O Nome Divino Que Durará Para Sempre (1984) citou Êxodo 3:15 nas páginas 28, 29 de acordo com a Tradução do Novo Mundo (NM): “‘Jeová…’ Este é o meu nome por tempo indefinido e esta é a recordação de mim por geração após geração.” Assim, acredita-se que esse texto prova que Deus sempre seria chamado de Jeová ou Iavé por seus servos. É verdade isso?
Não! Observe que aqui se menciona apenas “por tempo indefinido”! A edição brasileira da publicação da JW.org segue a edição de referência da própria Tradução do Novo Mundo (1984), que usa a expressão “por tempo indefinido”. A edição de referência em alemão da mesma tradução (de 1986) tem o texto correspondente: “auf unabsehbare Zeit”. A edição dinamarquesa Ny Verdenoversættelsen af De hellige Skrifter (1985) tomou a liberdade de se desviar dessa expressão e – erroneamente – escrever “para sempre” (“for altid”).
A enciclopédia Estudo Perspicaz das Escrituras, 1988, Vol. 2, pág. 1101, afirma corretamente: “A palavra hebraica ʽoh·lám transmite a ideia de tempo indefinido ou incerto. … No entanto, a expressão hebraica ʽoh·lám não significa, em si mesma, “para sempre”. Muitas vezes se refere a coisas que têm fim, mas se pode dizer que o período de existência dessas coisas é de ‘tempo indefinido’, porque o tempo de seu fim não se acha então especificado.”
A Svenskt Bibliskt Uppslagsverk [Enciclopédia Bíblica Sueca], publicada pelos professores Egnell e Fridrichsen, também diz: “O significado básico dessa palavra hebraica parece ser ‘tempo oculto e distante’, seja passado ou futuro”. (Volume 1, 1948, pág. 495)
Essa palavra é usada no AT em relação à circuncisão (Gênesis 17:13), o cordeiro da Páscoa (Êxodo 12:14, 17, 24), o sacerdócio aarônico (Êxodo 40:15) e os pães da proposição (Êxodo 24:8, 9), e nesses lugares a Tradução do Novo Mundo diz corretamente “por tempo indefinido”. Em nenhum dos casos a liderança das Testemunhas de Jeová concordaria que “para sempre” é uma interpretação correta.
Um exemplo que realmente estabelece isso é Êxodo 31:16,17, em que o sábado é descrito como “um pacto por tempo indefinido… um sinal entre mim e os filhos de Israel por tempo indefinido” (TNM, 1986). No livro “Seja Deus Verdadeiro” (edição de 1955 em português), páginas 183-185, a liderança das Testemunhas de Jeová abordou esse texto, que, segundo alguns leitores da Bíblia, significa que o mandamento do sábado é válido eternamente, mesmo para os cristãos. Observe como o livro elimina todas as possibilidades de forçar a palavra olám a significar “para sempre” e como, ao mesmo tempo, sem os escritores se darem conta, descarta-se Êxodo 3:15 como prova de que o Nome seria usado para sempre:
Quanto tempo então significam as palavras perpétuo e para sempre, conforme empregadas em Êxodo 31:16, 17, citadas acima? Não significam uma eternidade, de maneira a estarem além de abolição. A palavra no hebraico para perpétuo é oh.láhm e a que corresponde a para sempre é l’oh.láhm. Estas palavras hebraicas são também usadas com relação ao sacerdócio judeu, o sacerdócio pela linhagem do irmão de Moisés, Aarão… Vemos então que as Bíblias portuguesas usam as palavras perpétuo, para sempre, sempiterno e eterno aplicadas ao sacerdócio aarônico e seu deveres oficiais. Nesta base se poderia imaginar que este continuaria em vigor por toda a eternidade. Todavia, hoje, o sacerdócio levítico ou aarônico desapareceu. Não mais opera. Acrescentando mais, o apóstolo Paulo explica que Deus, quem primeiro estabeleceu o sacerdócio aarônico ou levítico, promoveu sua abolição. Não mais o reconheceu após a morte e ressurreição de Cristo…
A palavra hebraica oh.láhm foi empregada em conexão com o Quarto Mandamento relativo ao sábado semanal e foi ali traduzida por perpétuo e para sempre. Mas não pode ser utilizada como argumento contra a abolição dos Dez Mandamentos da mesma maneira que não argumenta contra a abolição do sacerdócio levítico. Oh.láhm (de ah.lám, significando envolver, ocultar ou esconder) quer dizer um período indefinido ou incerto de tempo que pode ser tanto uma eternidade como um tempo restrito, o limite do qual é oculto e desconhecido de antemão ao homem.”
Ora, se a circuncisão, o cordeiro da Páscoa, os pães da proposição, o sacerdócio arônico e até a guarda do sábado semanal puderam chegar ao fim, ainda que, de acordo com o AT, deveriam ser aplicados “por um período indefinido ou incerto de tempo”, vale o mesmo para o nome sagrado de Deus. O fato de que ele deveria ser usado “por tempo indefinido” certamente admite isso, e o NT mostra indiscutivelmente que essa mudança ocorreu.
“Todo Aquele Que Invocar o Nome do Senhor Será Salvo”
No livreto O Nome Divino Que Durará Para Sempre, a JW.org também aponta para Rom. 10:13 como um texto que deveria conter o nome Jeová. De acordo com as versões bíblicas em geral, ele diz: “porque ‘todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo’”.
A liderança das Testemunhas de Jeová argumenta da seguinte forma (página 26):
O nome de quem devemos invocar a fim de sermos salvos? Visto que Jesus é amiúde mencionado como “Senhor”, e um texto até mesmo diz: “Crê no Senhor Jesus, e serás salvo”, devemos concluir que Paulo ali falava a respeito de Jesus? — Atos 16:31, versão Almeida, atualizada.
Não, não devemos. Uma referência de Romanos 10:13, na mesma versão Almeida, indica Joel 2:32, nas Escrituras Hebraicas. Se verificar essa referência, verificará que Paulo realmente citava as palavras de Joel na sua carta aos romanos; e o que Joel disse no hebraico original foi: “Todo aquele que invocar o nome de Jeová salvar-se-á.” (Tradução do Novo Mundo) Sim, Paulo queria dizer ali que devemos invocar o nome de Jeová.
Esse raciocínio é totalmente incorreto. É verdade que Paulo citou Joel 2:32 e que o nome Iavé ou Jeová aparece ali. Mas Paulo usa kyrios, “o Senhor”, em vez de usar o Tetragrama! Não há sequer um fragmento de um manuscrito que tenha o Tetragrama em Rom. 10:13! A liderança das Testemunhas de Jeová está bem ciente de que as citações no NT não são estritamente literais. Na revista A Sentinela de 1° de fevereiro de 1988, pág. 5, eles dizem bem corretamente:
Citações de escritos anteriores podem ser levemente alteradas da declaração original, para atingir as necessidades e o objetivo do novo escritor, ainda assim retendo o sentido e o pensamento básicos.
Na Despertai de 22 de maio de 1969, reconheceu-se que “as citações nas Escrituras Gregas Cristãs talvez difiram um tanto nas fontes das Escrituras Hebraicas” e que os escritores “ocasionalmente substituíram palavras ou frases sinônimas” e que “as mudanças talvez tenham sido intencionais” (págs. 29, 30). Nunca é demais enfatizar que isso já havia sido feito pelos escritores inspirados do NT, não por copistas posteriores que queriam confundir algo do NT! Não há nenhum nome para “restaurar” em Rom. 10:13. Insistir em tal coisa é adulterar as Escrituras Sagradas para seus próprios fins!
Quando se trata de estabelecer quem é o “Senhor” de Rom. 10:13, a liderança das Testemunhas de Jeová desorienta os leitores com sua referência a Atos 16:31, porque o contexto do texto é completamente obscurecido. Rom. 10:13 não “paira no ar”, por assim dizer, mas é parte de um argumento maior que identifica claramente o “Senhor” como Jesus Cristo! O versículo começa com um importante “porque” [ou “pois”] (grego, gar), que é encontrado na tradução das Testemunhas, bem como em outras versões. Esse “porque” liga a citação com a anterior. E fala de Jesus Cristo como “Senhor” (kyrios) – duas vezes! Esse título de autoridade é usado em Rom. 10:9,12,13 e em todos os três lugares menciona-se a mesma pessoa. Há uma conexão entre esses três “Senhores” que seria perdida se Rom. 10:13 usasse o Tetragrama. Essa é outra razão pela qual a expressão claramente estabelecida “kyrios” no texto básico de Rom. 10:13 está correta.
Para começar, é a Jesus que se refere como “Senhor” em Rom. 10:9, como qualquer um pode ver no texto. O interessante é que ele também fala de confessar isso “com a sua boca”, e que 10:10, o versículo seguinte, diz que alguém é salvo pela “confissão da boca”. É a isso que Paulo retorna em 10:13, quando escreve que “todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo”. Se Cristo é mencionado em 10:9, ele também é mencionado em 10:13!
Em Rom. 10:11 cita a profecia messiânica sobre “ele” em Isaías 28:16 e que Paulo aplicou a Cristo já em 9:33. Imediatamente após a citação, Paulo escreve sobre o “mesmo Senhor” que todos têm sobre si em Rom. 10:12 e acrescenta que esse “Senhor” “abençoa ricamente todos os que o invocam”. Qualquer pessoa que tenha lido até aqui ainda deve pensar no Cristo que acabamos de mencionar. Ele também é chamado de “Senhor de todos” em Atos 10:36. Às palavras “invocando-o”, Paulo acrescenta em Rom. 10:13, com um explicativo “Pois”, a citação de Joel 2:32, que novamente fala de invocação. O contexto após Rom. 10:13 confirma que é a Cristo que se faz referência. Pois certamente deve ser a Cristo que alguém viria “à fé” e “invocaria” de acordo com Rom. 10:14! Foi por meio da “crença de coração” em Cristo que a pessoa se tornou justa, de acordo com Rom. 10:10! E certamente era de Cristo que o evangelho ou as boas novas falavam, de acordo com Rom. 10:16!
Inúmeros comentaristas bíblicos apontaram esse fato. O livro Notes on the New Testament (Notas Sobre o Novo Testamento), de Albert Barnes, frequentemente citado pela JW.ORG, diz o seguinte sobre Rom. 10:13:
“Essa ideia é amplamente encontrada em Joel 2:32: ‘E acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo’. Fica claro pelo que se segue que o apóstolo aplica isso a Jesus Cristo, e esse é um dos muitos lugares em que os escritores do Novo Testamento aplicam a ele expressões que no Antigo Testamento são aplicadas a Deus.”
“Todos os que, em toda a parte, invocam o nome do nosso Senhor Jesus Cristo”
Os cristãos da atualidade não precisam se esquivar da ideia de que Jesus Cristo deve ser chamado de Senhor. Atos. 9:14 e, mais ainda, 1 Coríntios 1:2 mostram que era uma característica dos primeiros cristãos “invocar o nome de nosso Senhor Jesus Cristo”. As Notas de Albert Barnes dizem o seguinte sobre 1 Cor. 1:2:
“Invocar o nome de qualquer pessoa significa, na linguagem das Escrituras, invocar a própria pessoa. Compare com João 3:18. … A expressão ‘invocar o nome’… invocar o nome, implica adoração e oração, e prova (1) que o Senhor Jesus é o objeto de adoração, e que (2) o que caracterizava os primeiros cristãos, pelo qual eles se tornaram conhecidos e se distinguiram de seus arredores, era que eles invocavam o nome do Senhor Jesus ou o adoravam. O fato de envolver adoração, ver nota sobre Atos. 7:59 … também Atos 2:21; 9:14; 22:16; 2 Tim. 2:22.”
A palavra grega traduzida como “invocar” em Rom. 10:13 e 1 Coríntios 1:2 é epikaleo, que é frequentemente usada na Septuaginta em conexão com a adoração do próprio Iavé, por exemplo, em Gênesis 12:8, 1 Reis 18:24 e Joel 2:32. De acordo com João 5:23, a mesma honra mostrada ao Pai também deve ser mostrada ao Filho. Portanto, é bem natural que 2 Pedro 3:18 dedique a Cristo o mesmo louvor que, por exemplo, Romanos 16:27 dedica ao Pai. E embora esteja claro que o Pai deve ser invocado de acordo com 1 Pedro 1:17, a invocação do Senhor Jesus Cristo é vital para a salvação, de acordo com Atos 22:16 e Rom. 10:12-14.
Os primitivos cristãos usavam o Nome de Deus?
Conforme demonstrado várias vezes aqui, o nome de Deus no Antigo Testamento, Jeová ou Javé, não aparece nem uma única vez no Novo Testamento. Nenhum dos muitos manuscritos antigos do NT tem o Tetragrama ou o nome Iavé impresso em grego.
Em vez disso, os manuscritos apresentam “o Senhor” e “Deus” em citações do Antigo Testamento. Em muitos outros contextos, o Nome é claramente substituído por paráfrases como “Céu”, “Poder”, “Majestade”, etc. Um termo completamente novo para Deus que, na prática, substitui o nome de Deus no NT é “Pai”. Em duas orações que enfatizam particularmente o “nome” de Deus (Mateus 6, João 17), Jesus chama Deus de “Pai”e nada mais.
Estes fatos são totalmente devastadores para a ênfase das Testemunhas de Jeová no nome de Deus do Antigo Testamento, Iavé, e, portanto, para a autoridade de sua organização. Portanto, eles tiveram até mesmo de contradizer sua própria opinião publicada de que Deus supervisionou a transcrição da Bíblia, de modo que o texto bíblico é confiável. Eles afirmam que o texto original do NT foi corrompido de modo que o Nome de Deus foi removido do NT. O Nome deve ter estado lá desde o início, dizem elas.
Contradizer dessa maneira o que foi dito sobre a confiabilidade do texto bíblico é, obviamente, um ato de desespero. Não há um vestígio de evidência para essas afirmações. Como se percebesse isso, a liderança das Testemunhas de Jeová chegou ao ponto de se agarrar desesperadamente a uma nova tábua para construir suas afirmações. Eles buscaram apoio entre as “fábulas”.
Em um artigo publicado na revista A Sentinela de 1º de novembro de 1993, intitulado “Usavam os primitivos cristãos o nome de Deus?” a liderança das Testemunhas de Jeová diz que eles “parece haver apoio para a Tradução do Novo Mundo numa fonte inesperada: o Talmude da Babilônia.” (pág. 30). A Testemunha mediana que lê o artigo provavelmente não se dá conta da péssima avaliação do Talmude que sua liderança tem expressado ao longo dos anos.
No livro “Equipado Para Toda Boa Obra” (1946), o Talmude foi chamado de “um mar de obscuridade e lama” (pág. 82) e os muitos mitos e lendas do Talmude são destacados (págs. 80 a 82). Também no artigo “Turn Down the False Histories” (Rejeite as Fábulas), publicado na Despertai! de 22 de janeiro de 1964 (em inglês), a liderança da organização rejeita o Talmude. Afirma-se no artigo que ele é “nada mais que o produto da imaginação humana” e consiste de “fábulas religiosas tais como as contadas por mulheres velhas, e não podem ser aceitas como verdadeiras”. A Sentinela de 1° de outubro de 1976 chama o Talmude de “mitologia do judaísmo”. Cita-se aqui um parágrafo inteiro das páginas 595 e 596 (parágrafo 18):
Até mesmo os judeus, com sua herança bíblica, conseguiram ‘desviar-se da verdade’ e inventar suas próprias “fábulas judaicas”. Estas foram compiladas por eles no “Talmude”. (Tito 1:14) Nathan Ausubel, autoridade judaica, escreveu no Livro de Conhecimento Judaico (em inglês), que o Talmude contém “uma grande coleção de ingenuidades sem sentido, tabus, superstições, lendas demoníacas, mitos”, e assim por diante. Como que para justificar tal mitologia, Ausubel argumenta que as coisas “que maculam o Talmude também podem ser encontradas nos escritos religiosos e filosóficos dos gregos e dos romanos, dos Padres da Igreja e dos Letrados cristãos, medievais”. Mas, em vez de justificar a mitologia do judaísmo, não condena seu argumento também todos os outros, porque “trocaram a verdade de Deus pela mentira”? — Rom. 1:25, A Bíblia de Jerusalém.
Portanto, a JW.org se voltou, em desespero, para uma fonte que já rejeitou como “lendas demoníacas”, “fábulas religiosas” e até “um mar de obscuridade e lama”. Se esses julgamentos estiverem corretos, o Talmude deve ser completamente inútil como fonte histórica, pelo menos como fonte para o cristianismo.
Os cristãos judeus usavam o Nome de acordo com o Talmude?
No artigo da já citada A Sentinela de 1º de novembro de 1993, a JW.org cita uma tradução do Talmude que afirma que os “Livros dos Minim” deveriam ser queimados juntamente com os “Nomes Divinos que eles contêm”. A liderança das Testemunhas ressalta que a palavra “minim” significa “sectários” e que, portanto, há estudiosos que acreditam ser “provável que se refira aos cristãos judeus”. Daí, eles concluem:
“Fala esta parte do Talmude realmente sobre os primeiros cristãos judeus? Em caso afirmativo, então há forte evidência de que os cristãos de fato incluíam o nome de Deus, o Tetragrama, nos seus Evangelhos e escritos… Foi somente mais tarde, quando o cristianismo apóstata se desviou dos ensinos simples de Jesus que o nome de Deus deixou de ser usado pelos professos cristãos e até foi tirado de cópias da Septuaginta, bem como dos Evangelhos e de outros livros bíblicos.” (pág. 31)
Mas essa é uma conclusão bem exagerada, se quisermos atribuir qualquer valor histórico às declarações do Talmude, de qualquer maneira. Mesmo que os “minim” fossem cristãos judeus e seus livros contivessem o Tetragrama, isso não significa que os evangelhos e outros livros da Bíblia se refiram a eles. O NT foi escrito em grego, e os escritos que se acredita terem sido de autoria de judeus-cristãos teriam sido escritos em hebraico ou aramaico. Os escritos destinados a um mercado local limitado não podem ser prontamente comparados aos escritos do NT em grego. E o testemunho de todos os manuscritos – nos quais confiamos plenamente – mostra que o Nome não foi usado no Novo Testamento grego.
Mas está longe de ser certo que o Talmude esteja se referindo aos judeus-cristãos quando nos diz que os “livros dos minim” seriam queimados “junto com seus Nomes Divinos”.
Como os próprios líderes das Testemunhas de Jeová apontam, a palavra “minim” “poderá referir-se aos saduceus ou aos samaritanos”. É por isso que eles têm de se contentar em dizer que “é muitíssimo provável que o Talmude aqui se refira mesmo aos cristãos judeus”. Eles não se atrevem a afirmar que esse é de fato o caso! De fato, muitos eruditos negam que os “minim” sejam os cristãos judeus. Queira o leitor interessado consultar, por exemplo, Morris Goldstein, Jesus in the Jewish Tradition [Jesus na Tradição Judaica], Nova Iorque, 1950, págs. 45-51.
O proeminente erudito judeu Samuel S. Cohon argumenta que “minim”, nesse contexto, refere-se aos gnósticos, que eram muito ativos nos primeiros séculos A.C. e que eram conhecidos por seu interesse no nome de Deus. Em seu artigo “The Name of God, a Study in Rabbinic Theology” [O Nome de Deus, um Estudo em Teologia Rabínica] (Hebrew Union College Annual, 1951, págs. 579-604), ele afirma: “O uso do Tetragrama e de outros epítetos divinos pelos gnósticos para fins mágicos levou à halakha (= lei religiosa) de que os escritos dos Minim não poderiam ser poupados de serem queimados, apesar das azkarot, os nomes divinos, que apareciam neles. R. José ensinou que, nos dias de semana, era possível cortar os Nomes Divinos contidos neles e esconder ou queimar o restante. R. Tarfon recusou indignado e disse que se os livros de Minim caíssem em suas mãos, ele os queimaria junto com os Nomes Divinos”. (págs. 593-4)
Os manuscritos originais do Talmude não foram preservados
Como todos os manuscritos preservados do NT não contêm o nome Jeová ou Javé, a liderança das Testemunhas de Jeová recorreu à solução emergencial de que o texto foi corrompido. Eles se baseiam muito no fato de que não temos os manuscritos originais do NT. Esses, dizem eles, devem ter contido o Nome. Eles recorrem a essa solução desesperada, embora haja apenas uma lacuna de algumas décadas ou algumas centenas de anos entre os originais e os manuscritos mais antigos.
O interessante é que não há esse problema com o Talmude e seus manuscritos! E isso apesar do fato de que a diferença entre os originais e os manuscritos é muito maior do que no caso do NT!
No artigo de A Sentinela de 1993 não se informa aos leitores que o Talmude Babilônico foi criado séculos depois da época de Jesus, no século 5 D.C. Tampouco os informa sobre a pobre evidência documental que existe hoje. Segundo McClintock e Strong, a cópia completa mais antiga do Talmude Babilônico data de 1343 DC! (Cyclopedia, edição de 1981, Vol. X, pág. 185)
Há alguns fragmentos que são um pouco mais antigos, mas a base rica e antiga de manuscritos que o NT tem, o Talmude não tem. Se a liderança das Testemunhas de Jeová estiver correta ao sugerir que falsificações foram introduzidas nos manuscritos do NT que temos agora, isso não é nada comparado ao que seria possível no Talmude!
É razoável que uma fonte tão pobre como o Talmude possa “derrubar” o testemunho de massas de manuscritos antigos e coerentes do Novo Testamento? Nenhum erudito consciente aceitaria isso! Nenhum erudito textual credenciado consideraria sequer o testemunho do século 14, quando há um testemunho esmagador desde os primeiros séculos. Fábulas não dão apoio para a posição da liderança das Testemunhas de Jeová!
APÊNDICE 1: Transcrição da interação entre Steven T. Byington e a Sociedade Torre de Vigia (EUA) na década de 1950
O que segue foi extraído da The Christian Century de 1° de novembro de 1950, pág. 1296:
N. W. T.
New World Translation of the Christian Greek Scriptures. Rendered from the Original Language by the New World Bible Translation Committee. Watchtower Bible and Tract Society, Brooklyn, $1.60.
JEHOVAH’S Witnesses have made their own translation of the book for which they consider “New Testament” an illegitimate name. It is well supplied with faults and merits.
In accordance with human nature, the reader will first notice faults. The first to catch his eye will be the unwise typographical trick of distinguishing the second person plural from the singular by printing the word in small capitals when the meaning is plural. Possibly he may notice next that instead of “cross” we have everywhere “torture stake,” in favor of which translation something can be said, and instead of “crucify” always “impale,” in favor of which nothing can be said, for “impale” has in English the settled meaning of thrusting the stake through the vitals, not of fastening the body to a stake outside the body. An appendix says very positively that Jesus was fastened to a simple upright pole, not to a pole with a crosspiece. This agrees with Fulda’s book Das Kreuz but is against the weight of evidence, though the appendix says there is no evidence at all for the crosspiece.
The specialty which the book itself most emphasizes is the use of the name Jehovah instead of “the lord” in 237 places, besides 72 more in the margin. Fifteen pages of the preface present the arguments to justify this. I think the justification insufficient; but the “Jehovah” does not shock a reader.
The version purports to be modern in idiom. Actually this is the most uneven thing about it. Archaic expressions like “minister” (usually as verb) and “tribulation” are not rare in it. Along with them we find homely current idiom which sometimes comes with a Moffatt-like vividness. Luke 14: 18, “. . . they all in common started to beg off.” Acts 16: 15, “And she just made us come.” Rev. 18: 16, “Too bad, too bad, as great a city as she was.” The verb “resurrect” is used freely.
Conjunctions are treated loosely; de in particular is commonly rendered as an adverb, and becomes a surprisingly wide variety of adverbs.
The main fault is overtranslation. I mean that, where a Greek word may he found to carry an implication in addition to its rough meaning, this implication is made explicit, frequently by an added word. This fault is common to various translators, who usually claim it as a merit, but the New World Translation goes rather far. The tenses of verbs are rendered not only by such forms as “would say” or “was saying” but also by inserting “begin to” or “continue to” where the tense is deemed to be inceptive or continuative. Other words have an extra word added to “bring out the meaning”; a bad case is the regular insertion of “undeserved” or the like before whatever translation is given for “grace.” Compound verbs suffer especially by overtranslation of the prefix, in which (as in other distinctions of synonyms) an imaginary meaning is sometimes brought in. The translators trusted their dictionary too much, not realizing that dictionaries are uninspired. What may happen to the words for “go” is seen in Luke 9:56-57, “So they traveled to a different village . . . I will follow you to wherever you may depart.” Yet a little work with the Greek concordance to examine the renderings elsewhere given to these same words for “go” will decidedly increase your respect for the skill and good taste of the translators.
Another aspect of “bringing out the meaning” is exemplified by the occasional substitution of “means” for “is.” This is commentary rather than translation.
Of course where there is controversy over the exegesis of a text the translators have used their own judgment, sometimes radical, sometimes conservative. And of course, where a traditional mistranslation is not customarily pointed out by commentators, the translators have not usually corrected it. Yet sometimes they have done so. They have inserted “is,” required by both Hebrew and Greek grammar, in the translation of “Immanuel.” They have recognized that birds lodge not in nests but on roosts, and that the Greek word is the conventional biblical Greek equivalent for the Hebrew word for roost. In the parable of the mustard seed they have recognized the importance of the definite article, “the seeds” (i.e., those that men plant), “the vegetables” (the botanists’ “herb” is, in the usage of Greek botanists, a different word).
“Bishop,” as the designation of a functionary not over the local church but within it, has become “overseer” (trusting to the uninspired dictionary again). Would not “church visitor” have corresponded better to the meaning of episkeptomai? Or is that a delusive argument?
The arrangement of verse numbers is that of the Revised Standard Version. But where the hasty eye confuses the R.S.V. verse numbers with quotation marks, the N.W.T. escapes this confusion by making its verse numbers much lighter. The use of a cheap quality of paper enables the publishers to cut the price below the already low price of the R.S.V.
The book does not give enjoyable continuous reading; but if you are digging for excellent or suggestive renderings, this is among the richer mines.
STEVEN T. BYINGTON.
O que segue foi extraído da The Christian Century de 9 de maio de 1951, págs. 587–589:
How Bible Translators Work
Behind the Scenes in the Preparation of a New Version of the New Testament
A NEW VERSION of the New Testament in English was published last year by the Watchtower Bible and Tract Society (Jehovah’s Witnesses).
This translation, prepared by the New World Bible Translation Committee with evident intent to achieve faithfulness to the precise meaning of the Greek text, contained a number of variations from the familiar translations of so striking a nature as to arouse the interest of scholars everywhere. It was reviewed for The Christian Century on November 1 by Steven T. Byington, himself a noted translator. Later, the New World Bible Translation Committee prepared an extended comment on points raised by Mr. Byington in his review, and at the request of The Christian Century Mr. Byington has written a reply to this comment. The exchange between the committee and Mr. Byington gives such an illuminating glimpse into the way in which translators of the Bible work that we are sure it will prove of great interest to the readers of this paper. -THE EDITORS
SIR: The Nov 1, 1950, issue of your magazine has come to our attention, as its Survey of Books takes under review the New World Translation of the Christian Greek Scriptures. The criticism on this translation which you published gives evidence of being made by a Greek scholar who has given the work no cursory examination but has delved into it deeply with an appreciation of values, being himself a Bible translator. We value his criticism and respect the standards of judgment by which he is guided.
Theories of Translation
When entering upon such a responsible task and exacting work as translating the Scriptures into modern English, the translator has to choose between two schools of thought, that which believes the koine Greek of apostolic times had lost much of its fine classical distinctions between words and hence only the rough meaning of the words should be used and rendered into the English; and that school which believes the Christian writers wrote with still a sense of the precise meaning and usage of words indicated by various prefixes to words which have a common root. Out of regard for Christian feelings toward the Holy Scriptures the New World Bible Translation Committee leaned toward the literal translation of the Greek text and this inclined it to the latter school of thought. The translation it produced was meant not merely for good, enjoyable reading but more particularly for use of searching students of God’s Word who do not have ready access to Greek dictionaries and exhaustive Bible concordances.
This accounts, for instance, between gnosis and epignosis, for the renderings “knowledge” and “accurate knowledge,” the prefix epi denoting a distinction between the two Greek words. (See Rom. 1:28; 2:20.) Turning to page 787 of the appendix of the translation you note the “Chain of Outstanding Bible Subjects and Proper Bible Names,” by use of which you can follow the same English word or the basic Greek word straight through its appearances from first to last. You note the list contains kindness, lovingkindness and undeserved kindness. These three English expressions represent three different unrelated Greek words, the last one being charis which many translators render grace. But the proper meaning of grace is not clear to readers in general. In Scripture it has many times the meaning the New World Translation gives it, undeserved kindness, so that using the qualifying adjective “undeserved” is not to be viewed as needless or an overtranslation of the Greek word charis. It differentiates charis from other forms of kindness represented by other Greek words. Correspondingly the verb charizomai contains the element of kindness and this is retained in translating it kindly or freely forgive, to distinguish it from merely forgive which renders the verb aphiemi, as in the Lord’s Prayer.
“YOU” is rendered in all capitals when it is in the plural, in the same way that in some other translations “LORD” is put in all capitals to indicate to the eye that it stands for “Jehovah,” in contrast with “Lord” which means merely “master” or “sir” or which applies to Jesus. How valuable this feature is can be appreciated, for instance, in the Sermon on the Mount where Jesus swings back and forth between singular you meaning an individual there and plural YOU meaning the people. The plurality is sometimes pointed up by rendering it “YOU men” or “YOU people” (Luke 16:26; 22:31,32).
Why ‘Jehovah’?
The name “Jehovah” is not put in the English text arbitrarily or according to whim. Why it is authorized the foreword explains. Every time the name occurs the footnotes show which of the 19 Hebrew translations from the 14th century onward agree with the New World Translation. The foreword gives a brief history of each of these Hebrew translations, as well as a table of 38 different modern missionary translations which use 20 different vernacular forms of “Jehovah” in the Christian Greek Scriptures. This helps readers instantaneously to distinguish between the Father and the Son. Why “Jehovah” is preferred to “Yahweh” is explained in the foreword.
The Hebrew words Hosanna and Hallelujah are not transliterated as though they were some ritualistic formula but are translated, respectively, “Save, we pray,” and “Praise Jah, YOU people.” At Rom. 9:17 concerning Pharaoh the translation says “let you remain” to agree with the Hebrew text and Greek Septuagint, instead of “made you stand” according to the usual rendering.
Since “hell” is such a controversial subject, the three Greek words which the King James Version renders by this one old English word are transliterated “Hades” “Gehenna” and “Tartarus,” and the historical and scriptural explanation of each is given in the appendix. Psyche is rendered soul in each of its 102 occurrence; which serves to give the reader a revealing insight into what it is.
Was There a Cross?
Whether Jesus was suspended on an upright post or the traditional cross has long been a mooted question. When the Jews called out for him to he suspended, they properly cried “Impale him!” as they were not privileged to dictate to the Roman governor what form Jesus’ impalation should take. The textual and historical bases for rendering stauroo “impale” and stauros “torture stake” are supplied in the appendix.
The endeavor to show up the tense of the Greek verb and indicate the form and not merely the time of the action results in many clarifying idiomatic expressions that give vividness to the English verb.
All in all, the New World Translation shows nothing loose, careless or indifferent about it. It commends itself to those who want to attain a more precise understanding of the inspired writings of Christ’s disciples, and thereby to delight themselves more in God’s life-giving Word.
NEW WORLD BIBLE TRANSLATION COMMITTEE
Brooklyn, N.Y.
Mr. Byington Comments
SIR: I agree that precise meanings and fine discriminations existed in biblical Greek, and that the authors are to be credited with saying what they meant. I agree that it is a proper translator’s business to be conscious of the fine shades of meaning and, so far as the language he has to use permits, to make his readers conscious of them. Of course the historical changes of any language interfere with synonyms: a distinction may be lost, as in English the distinction between “enow” and “enough,” or a new distinction may be created, as in heathen Greek brucho and trizo are of identical meaning, “to set the teeth hard,” but in biblical Greek trizo keeps this meaning while brucho means “to grind the teeth” in anger or pain. And styles may depend on personal habit, as the evangelist Mark is continually saying euthus where another writer might more probably have said eutheos or sometimes parachrema or exautes; yet Mark means the same as the other man might have meant. And pedants may allege differences of meaning that never existed in actual use, as in English “each other” and “one another,” or “further” and “farther,” or may persistently echo each other in giving a false account of a difference, as in the statement that in English “between” is properly used only of two things and should be changed to “among” where more than two are in question. But a language does not lose its fineness of meaning by any of these phenomena.
More Accuracy Needed
So I do not object because the New World Translation wants to recognize distinctions. I would sometimes have had it go farther. For instance (just now my copy of the New World Translation is lent to the public library, but I think my memory is right) in Matt. 17:22 I would have had it recognize that the verb given by the best manuscripts carries the implication of assembling for an insurrectionary or riotous purpose, so we have here the record that a group tried to get up an insurrection to be headed by Jesus, and “took it very hard” when he squelched their plan by declaring that if it came to violence he would take a passive part. Correct translation at this point would be a useful wet blanket to those fiction-mongers who nowadays claim that Jesus’ movement was in fact a plan of armed insurrection.
But I did object that the New World Translation, usually following dictionaries (which, as I remarked, are not inspired), sometimes gives a false “special sense” and sometimes gives a false emphasis, which to my mind is as much a mistranslation as any other falsity.
A Mistake in Emphasis
The committee’s letter makes a point which well illustrates the first objection. It says, with support from dictionaries and from the revisers of 1881, that in epignosis the prefix has the force of “accurately” or “fully”. In other words, the prefix is a mere intensive. But it is not so; see the note on this word at the end of J. Armitage Robinson’s commentary on Ephesians. (I noticed the point for myself before I found it in Robinson, therefore it is obvious enough to strike different students working independently; but Robinson has collected much fuller evidence than I did.) Epiginosko, epignosis, are the ordinary scriptural words for “recognize” (Acts 4:13) and “recognition”; this carries the translator some distance, for instance over Rom. 1 :28, the committee’s citation. But apart from this, the compound word has the sense of knowledge by direct observation and not by intellectual process. I Cor. 13:12 is easier to understand when you know the sense of the verb than to translate; I felt driven to translate “I shall be aware in the same way as he was aware of me,” sacrificing the passive voice to avoid sacrificing the special meaning of the verb. It will be noted that this interpretation, based on evidence, gives a much more special sense than “know accurately,” which appears to be based on some past scholar’s hasty guess.
What the Apostle Meant
My second objection is illustrated by the committee’s next example, charis (on which see another note by the same Robinson in the same book). They talk as if undeservedness were part of the essential sense of the word. But it is not so; this is the regular word for our thanks to God, which are never undeserved. Paul uses the word frequently of cases where there is in fact no desert, but not because this word says so. In texts like Rom. 4:4; 11:6, the essential point is that this benefit comes from an act, attitude or quality of God, not from an act or status of the man; by making “undeserved” the emphatic word we are making the man’s status the prominent thought. James 1:5 says that God gives generously and does not keep throwing his gifts in our faces by ungenerously reminding us how much in his debt we are; to keep translating “undeserved kindness” with labored persistency makes on me the impression that the writer who writes on God’s behalf is in fact throwing up to us how generously we have been treated. I should feel that the proper meaning of “grace,” associated as it naturally is with “gracious,” “gratis,” “gratuitous,” was clear to readers in general. If in this respect I am not sufficiently conscious of the difference between past and present usage, I would sooner try either “favor” or “graciousness” than load a three-syllable adjective on the back of the noun.
Capitalisation Can Mislead
It is a notorious evil that the foremost languages of modern Europe do not distinguish singular from plural “you.” A leading Spanish grammarian-Salva, I think, devotes a subsection of his grammar to boasting of the superiority of his language in that its ordinary “you” has a distinctive plural form. The evil is felt especially in translation. So everybody will agree that the New World Translation’s capitalized plural YOU has a worthy purpose. My objections are, first, that to the ordinary reader it does not serve this purpose: unless he has given himself special training in the use of the New World Translation, the capitals will not suggest plurality to him, nor their absence singularity. And second, that the capitals inevitably do suggest emphasis, an emphasis which is not usually given by the original and which in many cases is inappropriate.
Consider the effect of these capitals in the 16th chapter of Matthew or the 2nd chapter of James, with their implication that every second person plural in these chapters is more emphatic than any second person singular. These capitals seem to combine two of the failures of the King James Version. One is that that version undertook to discriminate the plural imperative by arbitrarily adding a pronoun subject to the imperative when it was plural, at least very generally. The reader does indeed get the idea that “go ye,” “come ye,” “know ye” are plural; but he does not get the idea that the omission of “ye” makes imperatives presumptively singular. The other is that King James’ committee in their black-letter edition put words that are “not in the original” in smaller roman type, not very black, with a note in their preface explaining the purpose. Subsequent printers, often having available no distinctive type except italics, have put such words into italics, with the result that today the usual reader takes them to be emphasized words, commonly misemphasized. My father’s stock example of the consequence was 1 Kings 13:27. The New World Translation capitals, I charge, combine these two old-time failures.
If we need to argue the point of translating “the Lord” where the Greek says “the Lord,” my argument would be that when Jesus and the apostles and their friends spoke an Old Testament text aloud, they said “the Lord” for “Jehovah” even in so careful a quotation as Mark 12:29 (the newly found manuscript of Isaiah may be cited as fresh evidence that the custom of saying “the Lord” began before the time of Christ, for it has cases of wavering between the readings “Jehovah” and “the Lord,” and the explanation of such wavering is that the two were pronounced alike), and we cannot presume that the apostles wrote otherwise than they spoke. And it is a translator’s business to reproduce his original.
‘The Lord’ and ‘Jehovah’
This is the same principle that requires keeping the proper name in translating the Old Testament. I understand that among the Old Testament Revision Committee there is afloat a theory that their version will be more acceptable to the public by saying “the Lord.” The theory is erroneous. For there are on the American market two standard revised versions of the complete Bible, one published by Nelson with the name “Jehovah” and one published by the Oxford University Press with “the Lord”; and the one that everybody buys is the one from Nelson.
On some points, as “hell,” I agree with the committee so far as its position is made clear in its letter. “Soul” is a hard nut for the translator; but where the word designates the animal life and bodily appetite, as in Matt. 2:20; 6:25; 10:39; 20:28; Luke 12:19; 14:26; John 10:1!; 1 Cor 15:45, I am not sure that the translation “soul” gives best insight into what it is, For some of these texts I propose the noun “self.”
‘Impale’ Erroneous
All we know about the form of Jesus’ cross is the presumption that it was such a cross as the Romans most commonly used. The question whether to say “impale” for “crucify” is a question not of Greek nor of archaeology, but of English. The committee will hardly deny that in Jesus’ case the stake was outside his body; and I should like to see their evidence that “impale” can refer to a stake that does not go into or through the body.
I grant that vividness is sometimes profitably gained by marking the special force of a Greek tense, perhaps even when this is done with exaggerated specificness. But when one translates the Greek imperfect often by “began” and often by “continued,” it is hard to see how the fact that the tense is imperfect tells us which of these two exactly opposite meanings to take; and where the most natural English is a simple past, and the Greek is the best representation the Greek language could give for a simple English past, to carry the English beyond the simple past may be a gratuitous bother not only for the translator but for the reader.
STEVEN T. BYINGTON
Ballard Vale, Mass.
O que segue foi extraído da The Christian Century de 7 de outubro de 1953, págs. 1133–1134
Jehovah’s Witnesses’ Version of O.T.
New World Translation of the Hebrew Scriptures,Rendered from the Original Languages by the New World Translation Committee. Watchtower Bible and Tract Society, $1.50.
The fact that this volume (from Genesis to Ruth) is the first of three volumes, the second to end with the Song of Solomon, is not indicated on the title page but only on the contents page. I presume the volumes will come at intervals of a year or two. The third volume is to contain certain helps to systematic study. If you want to buy a copy, I suggest that you consult the nearest available active member of Jehovah’s Witnesses. They do not seem to me to be especially eager to have their publications carried by ordinary booksellers; if I am wrong, let them correct me. But a bookstore can furnish it, perhaps at a slightly higher price.
It is a matter of course in any publication of Jehovah’s Witnesses that the name of Jehovah is used as a proper name. The translators also announce their intention of restoring this name in the passages where recorded Jewish tradition says that the scribes have removed it from the text. This is sound scholarship (at least so far as the tradition appears to be truthful), and will be accepted as such even by those who think it an unwise policy for practical translation into English. For my part I think it a wise policy for that purpose. If in their second volume the translators should in the second part of the book of Psalms (Pss. 42 to 83) restore the name of Jehovah where it was cut out by some scribe too ancient to be recognized by Jewish tradition, they would thereby restore to sundry texts, as commentators have remarked, a vigor and intelligibility of which the scribe’s unwisdom has robbed the words.
Those who speak to Jehovah use the pronoun “you” to him. This is undoubtedly faithful translation. The use of the religious “thou” in addressing God is an artificial element in 20th century language; and the founders of Israelite religion addressed God without artificiality. In some of the latest and most formal chapters, e.g. Psalm 119 and Daniel 9, “thou” might be appropriate translation; but Abraham and Moses, Elijah and Jeremiah, spoke to God as they spoke to men, and Psalm 119 and Daniel 9 may as well follow the analogy of the earlier texts.
The plural is typographically distinguished from the singular by using small capitals for “you” and “your” when they refer to more than one person, and for plural imperative verbs. I have not changed my opinion, already expressed (The Christian Century, May 9, 1951) on occasion of the New World translation of the Christian Greek Scriptures, that the purpose is highly laudable but the method used to accomplish it atrociously unwise.
As to the diction of the translation, it reads more smoothly than did its predecessor the New Testament work of the same translators, but its characteristics are that it is padded and bookish. Even the street toughs in Genesis 19 and Judges 19 talk more bookishly than colloquially. A bit of colloquialism may be noticed in this passage:
Next he said: “Throw it on the earth.” So he threw it on the earth, and it became a serpent, and Moses began to flee from it. Jehovah now said to Moses: “Put your hand out and grab hold of it by the tail.” So he put his hand out and grabbed hold of it and it became a rod in his palm. “In order that,” to quote him, “they may believe,” etc.
But the colloquialism here is not a sample of what the book is like; not so much as is the padding which acute readers may have noted.
In their preface, the translators defend this padding on the ground that a literal rendering lacks the color implicit in the terse original Hebrew. “Hence auxiliary words that lengthen the expression are at times required to bring out the vividness, picturesqueness and dramatic action of the verb, and the point of view and the idea of time of the Bible writer.” Of these “auxiliary words,” those that most dominate the style are such verbs as “began,” “proceeded,” “continued,” “went,” “kept.” Examples: “And he put faith in Jehovah, and be proceeded to count it to him as righteousness” (Gen. 15:6); “The surging waters proceeded to cover them” (Ex. 15:5).
But there are other auxiliary words, as the preface says again:
To avoid such monotony we have resorted to various English conjunctions to show the transition of the thought and to indicate whether the verb shows an action or state that is beginning, becoming or still keeping on and hence not yet come to completion. So in many cases at or toward the beginning of the sentence or clause we have used the following conjunctions or phrases, (a) to indicate temporal sequence: after a while, after that, after which, afterward, at length, at once, eventually, finally, further, furthermore, gradually, immediately, in time, in turn, later, later on, meantime, meanwhile, moreover, next, now, once, promptly, subsequently, then, when; (b) to indicate logical result: accordingly, and so, at that, at this, at which, consequently, hence, so, thus, to this, to which, upon that, well, with that; (c) to indicate logical cause: because, for, since; and (d) to indicate logical contrast: but, however, nevertheless, still.
Bear in mind that the above is avowedly a list of translations used for the Hebrew word “and.”
Obviously this sort of translation leaves a great deal to the personal judgment of the translator, while it puts no trust in the personal judgment of the reader. This work is not really translation, making the text say to the English reader just what it had said to the Hebrew reader, but a concise running commentary. When the verb is given the auxiliary “began” in Exodus 14:10-11 and the auxiliary “continued” in Numbers 14:1, in each case supposedIy to show the force of the grammatical form of the Hebrew verb, but the grammatical form of the Hebrew verb is the same in Numbers as in Exodus, obviously this is not because the grammatical form (which was identical) told the translators to say “began” here and “continued” there, but because the translators, acting as rewriters at their own discretion, thought “began” would be a good word to use here and “continued” there. The committee is substituting itself for the author.
A striking passage will, besides having its own interest, be a peg to hang one or two more remarks on:
Nevertheless, Moses said to God: “Suppose I am now come to the sons of Israel and I do say to them, ‘The God of your forefathers has sent me to you,’ and they do say to me, ‘What is his name?’ What shall I say to them?” At this God said to Moses: “I shall prove to be what I shall prove to be.” And he added: “This is what you are to say to the sons of Israel, ‘I shall prove to be has sent me to you.’ “
There is much to be said for “I shall prove to be.” The only fault I would find with it is that the insertion of “prove to” sacrifices terseness where terseness is very necessary. And I think I would say “will” for “shall.”
But “your” and “you” are in small capitals because they are plural, without emphasis, while “I shall prove to be” in both sentences is in small capitals for the reverent emphasis of a most notable statement. The use of the same typographical device for two utterly different purposes side by side is always confusing. The “do say” stands in accordance with these words of the preface: “When we show the emphasis of the perfect verb in the present time, we prefix ‘do’ or ‘does’ to the English verb, as, ‘I do say,’ ‘I do make, ‘he does do.’ ” That is, the translators have read in a school grammar that “do” gives the “emphatic” form of the verb. But if they had looked in a grammar of higher grade they would have seen that this is true only when “do” is to be pronounced with a marked stress of voice. If “do” is spoken as an unstressed syllable, as in “Nor did she seem to be much displeased,” it does not make the verb emphatic. But I think the translators will agree with me that if “they do say” is read with a special emphasis of voice on “do,” it will pervert rather than express the meaning of the Hebrew. Consequently this “do” is an awkwardness that fails to accomplish its purpose. And so with “do” on many pages.
STEVEN T. BYINGTON
PARA SABER MAIS
Uma consideração adicional sobre este assunto encontra-se no artigo Um Povo Para o Seu Nome
IMAGEM EM DESTAQUE: O Tetragrama Hebraico, no portal da catedral de São Nicolau em Stralsund, Alemanha.