Reuniões e Pregação das Testemunhas de Jeová- JW
Segue-se uma troca de comunicações com um leitor Testemunha de Jeová sobre as reuniões e a pregação feita por sua religião:
Leiam Mateus 28:19, 20 e Êxodo 3:10. Jeová usou Moisés para libertar o seu povo do Egito. É verdade que muitos se rebelaram contra Moisés e sua liderança, mas os que fizeram isso, como mostra a Bíblia, não foram bem sucedidos. Um exemplo foi o de Corá e de todos os que tomaram o lado dele. Adorar a Deus individualmente não é errado, mas a Bíblia também não nos aconselha a nos reunirmos? Leiam Hebreus 10:23-25. À luz desse texto com quem, então, iremos fazer isso? Se as Testemunhas de Jeová não são essa irmandade, então quem é?
Resposta sobre reuniões
Não somos contra homens ajudarem outros homens, sendo usados desta maneira por Jeová. Isto é bíblico, realmente. O que discordamos é de alguns homens afirmarem que são o “canal exclusivo” de ajuda e de representação de Deus.
Também não somos contra os cristãos se reunirem e compartilharem sua fé, nem diríamos que só a adoração individual é que é a certa. O que está errada é a alegação de que que estas reuniões só devem acontecer num lugar específico (como o Salão do Reino, uma catedral católica ou um templo de culto evangélico) e se for em outros lugares, tais como as casas dos cristãos, estaria errado.
Além disso, não negamos que as Testemunhas de Jeová usufruem uma irmandade. Mas não são só elas que usufruem isso. Muitos outros cristãos que estão dentro e fora das igrejas também usufruem. Se você insistir em dizer que são apenas as Testemunhas de Jeová, está se esquecendo que antes de 1870 esta religião não existia. Você diria, então, que durante 1.800 anos (do fim do primeiro século até fins do século 19) não havia irmandade cristã alguma na terra? Como devemos entender, então, as palavras de Cristo de Mateus 28:20, que você mesmo citou?
Esperamos ter esclarecido suas dúvidas, e agradecemos por acessar o site e que a paz de Deus esteja sobre você e os seus familiares.
Nova comunicação do leitor
Entendo também que muitos de nós temos pontos de vista e opiniões diferentes em muitos assuntos. Não concordo com tudo. Por exemplo, as perguntas feitas para o batismo, que chegam a mais de 100 e a não participação nos emblemas da comemoração da morte de Cristo. Entendo diferente a parábola do “escravo fiel e prudente” e também não concordo em dizer que somos a única religião verdadeira, até porque quanto a isso só poderemos ter certeza quando vier o fim. A Bíblia diz que aquele que tiver perseverado até o fim é que será salvo, não uma religião. (Mateus 24:14) Discordo de previsões de datas para futuros acontecimentos, etc.
Mas vejamos agora outro ponto da Bíblia. Ela não diz que os cristãos deveriam falar de acordo, não haver divisão entre eles, que devemos ser obedientes aos que tomam a dianteira, e que Deus não é um Deus de desordem? Então, embora eu não concorde com tudo o que eu falei acima, procuro deixar as coisas para Jeová julgar. (Mateus 7:12)
Respeito os procedimentos organizacionais, tais como essas perguntas para o batismo, pois na Bíblia Deus não dá detalhes sobre como devemos nos organizar. Se os que tomam a dianteira acham que deve ser assim, procuro cooperar para que eles não façam isso com suspiros, ou seja, como fardos pesados (Hebreus 13:17) De uma coisa tenho certeza: falar sobre o Reino de Deus temos de falar, e sinceramente não vejo outro grupo de pessoas fazendo isso de casa em casa (Atos 20:20) ensinando as pessoas. Eles falam em suas igrejas, quem quiser que vá. Só que não foi essa a ordem de Jesus, ele disse para procurar os merecedores (Mateus 10:11-15, 24:14, 28:19, 20; Atos 20:20)
Então queridos, por que vocês agem assim? Tenho um exemplo de um ancião que certa vez me disse que não concordava com a venda das publicações, que na sua adolescência ele tinha de fazer no serviço de campo. Mas, embora não concordasse com isso, ele esperou em Jeová. Resultado: hoje as publicações não são mais vendidas aos moradores, mas é aceito um donativo voluntário (2 Coríntios 9:7)
Muitos se afastam, às vezes, por causa de membros da congregação. Acho isso falta de maturidade. Faço minhas as palavras desse mesmo ancião: não estou ali por causa deles e nem vou ao serviço de campo por causa de ancião ou do Corpo Governante ou de algum irmão. Procuro focalizar nos pontos positivos. Por exemplo, quantas verdades aprendi com a ajuda desse povo, sim desse povo? Porque nunca outro grupo dedicou seu tempo, paciência e disposição para me ajudar como este.
Assim me despeço, e que a paz de Deus que excede todo pensamento nos guarde com as nossas faculdades mentais por meio de Cristo Jesus.
[Nota: O “serviço de campo”, referido por ele, é como as Testemunhas de Jeová chamam o trabalho de pregação que fazem de porta em porta.]
Resposta sobre pregação
Agradecemos por mais este contato, e também por sua sinceridade em nos expressar os pontos com os quais discorda dos ensinos oficiais da organização. Logicamente, como você bem sabe, deve manter esses entendimentos diferentes com você. Jamais poderá expressá-los audivelmente dentro do ambiente da organização. Sua postura de manter o foco nos pontos positivos é também elogiável. Nós, cristãos, não temos porque ficar enfatizando pontos negativos e provocando confrontos desnecessários em cima de pequenas questões.
Respondendo a uma das perguntas que você nos fez (“por que vocês agem assim?”):
A Bíblia autoriza, com muitos exemplos, a não nos abstermos de apontar as falhas graves dum sistema religioso, desde que isso seja feito com a motivação correta, visando ao bem-estar dos nossos irmãos. Se apontar falhas graves num sistema ou numa doutrina de maneira respeitosa fosse sempre errado, os profetas bíblicos estariam todos errados, pois foi isso o que eles fizeram o tempo todo. Nós, os cristãos de hoje, não somos profetas, mas somos incentivados a seguir o exemplo deles.
Quanto à obra de pregação de casa em casa, não somos absolutamente contra isso. O que está errado é dizer que se um cristão não faz isso e prega de outras maneiras, então ele está necessariamente errado e é um cristão inferior, ou talvez nem seja cristão.
Mais uma vez, não há evidência de que isso era feito nos séculos anteriores da história do cristianismo. E, no entanto, como você mesmo reconheceu, “os verdadeiros seguidores de Cristo sempre existiram”, apesar de não ter como você provar que eles participavam em algum trabalho de pregação de porta em porta, aos moldes da organização hoje.
Se você achasse que o trabalho de pregação de porta em porta é uma condição obrigatória para alguém ser considerado um verdadeiro cristão, você não poderia dizer jamais que existiram seguidores verdadeiros de Cristo em todos esses 1.800 anos da história do Cristianismo, antes do surgimento das Testemunhas de Jeová. Ou seja, no final das contas, você está de acordo com o que dizemos em nossas matérias sobre isso.
Despedimo-nos cordialmente, e fique à vontade para acessar o site sempre que quiser. Que a paz de Deus e de Cristo esteja sobre você e os seus.
Imagem: Livro Poderá Viver Para Sempre no Paraíso na Terra (Watch Tower Bible and Tract Society of Pennsylvania), 1982, pág. 201.
