Os Tempos dos Gentios Reconsiderados – Apêndice ao Capítulo 5

O “TERCEIRO ANO DE JEOIAQUIM” (DANIEL 1:1, 2)

Daniel 1:1 em diante data a primeira deportação de prisioneiros judaicos por Nabucodonosor no “terceiro ano do reinado de Jeoiaquim”. Conforme se mostrou no apêndice ao capítulo dois (“Métodos de Contagem de Anos de Reinado”), neste trecho Daniel parece seguir o método babilônico de contar anos de reinado, atribuindo um ano de ascensão até mesmo para os reis fora de Babilônia, incluindo Jeoiaquim. Isto faz o quarto ano de Jeoiaquim (Jeremias 46:2) ser o terceiro ano dele no sistema de ano de ascensão, e este terceiro ano de Jeoiaquim por sua vez corresponder ao ano de ascensão de Nabucodonosor.

Desse modo, pode-se constatar que esta primeira deportação ocorreu no mesmo ano da famosa Batalha de Carquemis, e evidentemente logo depois dessa batalha, no ano 605 A.E.C. Assim, Daniel 1:1 em diante apóia fortemente a conclusão de que Judá se tornou um vassalo de Babilônia dezoito anos antes da destruição de Jerusalém em 587 A.E.C., confirmando a conclusão de que os setenta anos (Jeremias 25:11; 29:10) devem ser entendidos como um período de servidão, não de desolação.

Reinterpretações do “terceiro ano de Jeoiaquim”

Para minar a força de Daniel 1:1, vários argumentos foram propostos nas publicações da Sociedade Torre de Vigia contra uma leitura natural deste texto. Já em 1896 o Pastor Charles T. Russell, escrevendo na Torre de Vigia de Sião de 15 de maio, página 106 (Reimpressões, págs. 1975-76) pronunciou-se contra aqueles que citavam Daniel 1:1 em defesa das datas seculares para o reinado de Nabucodonosor:

Por exemplo, eles adotam a data secular incerta para o início do reinado de Nabucodonosor; e recorrendo então a Dan. 1:1, fixam assim a data do reinado de Jeoiaquim e alteram outros assuntos para que se adaptem a isso. Daí novamente, eles aplicam os “setenta anos” como sendo anos de cativeiro e os iniciam no terceiro ano de Jeoiaquim; considerando que a Bíblia declara inequivocamente, e de modo repetido, que esses foram anos de “desolação da terra”, “sem habitante”. (Jer. 25:11, 12;  29:10; 2 Crôn. 36:21; Dan. 9:2.)

Vários anos depois, dois membros proeminentes do movimento de Russell, os irmãos escoceses John e Morton Edgar, publicaram a obra de dois volumes As Passagens da Grande Pirâmide (em inglês).58 Na página 31 do Volume II, eles resumem seus argumentos contra uma leitura natural de Daniel 1:1:

[1] Não se pode admitir que os 70 anos de desolação de Jerusalém e da terra começaram no 3º ano de Jeoiaquim, pois, segundo as Escrituras, “desolação” significa “sem habitante”, e Jerusalém e a terra só ficaram sem habitantes depois do destronamento de Zedequias. . . .

[2] [Uma leitura natural de Daniel 1:1] entra em conflito com Daniel 2:1. A leitura do 1º capítulo de Daniel faria parecer que os filhos dos hebreus foram levados cativos por Nabucodonosor no 3º ano de Jeoiaquim. Eles foram treinados na erudição e na língua dos caldeus por três anos (versículos 4 e 5), e ainda, segundo Dan. 2:1, 25, eles foram trazidos à presença de Nabucodonosor no segundo ano dele ou antes, embora o versículo 18 do 1º capítulo mostre que os três anos haviam expirado definitivamente.

Como, então, Daniel 1:1 deveria ser entendido? Os irmãos Edgar enfatizaram que “vários comentaristas sugerem que o 3º ano de Jeoiaquim em Daniel 1:1 deve ser entendido como significando o 3º ano da vassalagem dele a Nabucodonosor”, o que na realidade foi o décimo primeiro e último ano do reinado dele.59 Deste modo a deportação de Daniel e de outros cativos hebreus foi igualada com a deportação de Joaquim no sétimo ano de Nabucodonosor.

Mas esta explicação não elimina o evidente conflito com Daniel 2:1, que data o sonho da imagem que Nabucodonosor teve no segundo ano dele; na realidade aumenta esse conflito. Se Daniel só foi deportado para Babilônia no sétimo ano de Nabucodonosor, como ele poderia estar na corte babilônica, interpretando os sonhos do rei no segundo ano dele, cinco anos antes?

Assim, além da interpretação atribuída a Daniel 1:1 para explicar sua referência ao terceiro ano de Jeoiaquim, era necessário também outra interpretação de Daniel 2:1 para explicar sua referência ao segundo ano de Nabucodonosor. Os irmãos Edgar sugeriram que o número “2” era um erro que “originou-se evidentemente do número 12”.60 Posteriormente estes argumentos foram adotados pela Sociedade Torre de Vigia. Eles foram incorporados, por exemplo, na edição de 1922 do folheto O Que Diz a Bíblia Sobre o Retorno de Nosso Senhor, páginas 84-88 (em inglês).

Mas a explicação de que Daniel 1:1 se refere ao terceiro ano da vassalagem de Jeoiaquim a Nabucodonosor, correspondendo ao sétimo ano do reinado de Nabucodonosor, gera ainda outro problema.

Se esta vassalagem terminou no sétimo ano de Nabucodonosor, ela deve ter começado três anos antes conforme 2 Reis 24:1, ou no quarto ano de Nabucodonosor, que foi o oitavo ano de Jeoiaquim. Conforme se declara em 2 Reis 23:34-37, Jeoiaquim era um rei tributário do Egito antes de se tornar um vassalo de Babilônia. Se aceitarmos a explicação da Torre de Vigia, isto significaria que a vassalagem dele ao Egito continuou até seu oitavo ano. Mas tanto Jeremias 46:2 como a crônica babilônica B.M. 21946 indicam que a vassalagem de Jeoiaquim mudou do Egito para Babilônia no mesmo ano da Batalha de Carquemis, ou seja, no quarto ano de Jeoiaquim.

No livro Equipado Para Tôda Boa Obra (publicado em português pela Sociedade Torre de Vigia em 1952), os argumentos contra uma leitura natural de Daniel 1:1 são repetidos nas páginas 225 a 228. Mas de forma interessante, a vassalagem egípcia é agora abordada:

Jeoiaquim fora pôsto no trono por um decreto egípcio e foi por vários anos tributário do Egito, mas quando Babilônia derrotou o Egito Jeoiaquim passou ao contrôle babilônico e permaneceu assim por três anos, depois do qual período de três anos como tributário de Babilônia o rei judeu se rebelou.61

Aqui se admite que a vassalagem de Jeoiaquim mudou do Egito para Babilônia no momento em que Babilônia derrotou o Egito. Porém, o verdadeiro problema é escondido, pois não se menciona que o Egito foi derrotado no quarto ano de Jeoiaquim (Jeremias 46:2), e não no oitavo ano dele, como a explicação de Torre de Vigia exigiria!

Pode-se notar também outra mudança interessante no Equipado Para Tôda Boa Obra. Em vez de defender a suposição anterior de que o “segundo ano” em Daniel 2:1 rezava originalmente “décimo segundo ano”, apresenta-se a seguinte interpretação:

O tempo dêste sonho e sua interpretação é declarado como sendo o segundo ano do reinado de Nabucodonosor. . . . No ano dezenove do seu reinado Nabucodonosor foi usado como executor de Deus para destruir a infiel Jerusalém e terminar a história de Israel como nação teocrática independente. Nabucodonosor começou então a reinar duma maneira única, ou seja, como o primeiro dos regentes mundanos dos tempos dos gentios . No segundo ano do seu reinado nesta capacidade especial Nabucodonosor teve o sonho que mostrava o fim da organização e regência de Satanás e a tomada do poder pelo reino de Cristo, conforme registado no capítulo 2.62

De acordo com esta explicação, o “segundo ano” de Daniel 2:1, ou o segundo ano dos tempos dos gentios, contados a partir de 607 A.E.C., foi de fato o vigésimo ano do reinado de Nabucodonosor! Por que usaria Daniel esta maneira estranha de contar os anos de reinado somente neste trecho do livro dele? Não se propõe qualquer outro argumento em favor desta nova posição, a não ser a seguinte declaração:

Aqui de novo, como em Daniel 1:1, demonstra-se o modo peculiar do escritor do livro de fazer uma contagem secundária dos anos do reinado dum rei. Êle faz o cálculo começando a contar dum evento destacado durante o reinado que coloca o rei numa nova relação.63

Dificilmente poderia haver um exemplo mais óbvio de raciocínio circular.

A data da rebelião de Jeoiaquim

A mais recente consideração destes problemas encontra-se no dicionário bíblico da Sociedade Torre de Vigia, Estudo Perspicaz das Escrituras, Vol. 2 (1991), página 489. Daniel 1:1 é ainda interpretado como significando o terceiro ano da vassalagem de Jeoiaquim a Babilônia, começando no final de seu oitavo ano de reinado e terminando no décimo primeiro e último ano dele. Na página 53 do Vol. 3 da mesma obra, faz-se uma tentativa de encontrar apoio para isto na Crônica Babilônica B.M. 21946. Depois de registrar a Batalha de Carquemis no ano de ascensão de Nabucodonosor, esta crônica faz referência a várias campanhas sucessivas que Nabucodonosor empreendeu na área de Hatu, no seu primeiro, segundo, terceiro e quarto anos. Ao mencionar estas campanhas, o dicionário da Sociedade diz que “evidentemente, no quarto ano, fez do rei Jeoiaquim, de Judá, seu vassalo. (2Rs 24:1)”

Todavia, esta conclusão não é apoiada pela Crônica Babilônica. Pelo contrário, esta crônica indica que a vassalagem de Jeoiaquim a Babilônia começou no ano de ascensão de Nabucodonosor, ou possivelmente no primeiro ano dele, e que no quarto ano Jeoiaquim já estava em franca revolta contra Babilônia. Para demonstrar isto, é necessário citar as partes importantes da Crônica Babilônica, desde o ano de ascensão até o quarto ano de Nabucodonosor:

Eventos de c. setembro/outubro de 605 a janeiro/fevereiro de 604 A.E.C.:

“Em (seu) ano de ascensão Nabucodonosor (II) voltou a Hatu. Até o mês de sebate ele marchou vitoriosamente em Hatu. No mês de sebate ele levou o enorme despojo de Hatu para Babilônia.”

De maio/junho a novembro/dezembro de 604:

“Primeiro ano de Nabucodonosor (II): No mês de sivã ele reuniu seu exército e marchou para Hatu. Até o mês de quisleu ele marchou vitoriosamente por Hatu. Todos os reis de Hatu vieram à sua presença e ele recebeu deles o vasto despojo”.

De abril/maio de 603 em diante:

“Se[gundo ano]: No mês de iyyar o rei de Acade fortaleceu seu grande exército e [marchou para Hatu]. Ele se acampou [  . . . ]  . . . grandes torres de sítio ele se moveu atr[avés… … do mês]  de iyyar até o mês [  . . . ele marchou vitoriosamente por Hatu].”

Em 602:

“[Terceiro ano:  No mês. . ., no dia]  treze Nabu-shumu-lishir [  . . . ]  [No mês … o rei de Aca]de reuniu seu exército e [marchou] para Hatu. [  . . . . . . ]  Ele trouxe o vasto [despojo] de Hatu para Acade.”

Em 601 (marcha contra o Egito em quisleu = novembro/dezembro):

“Quarto ano:  O rei de Acade reuniu seu exército e marchou para Hatu. [Ele marchou vitoriosamente por]  Hatu. No mês de quisleu ele assumiu o comando de seu exército e marchou para o Egito. [Quando] o rei do Egito ouviu (as notícias) ele r[euniu] seu exército. Eles lutaram um contra o outro no campo de batalha e ambos os lados sofreram severas perdas (literalmente, eles infligiram uma grande derrota um ao outro). O rei de Acade e seu exército [voltaram] para  Babilônia.”64 

À base desta crônica pode-se ver que o inteiro território de Hatu (que abrangia primariamente a Síria-Líbano, mas se estendia à Fenícia e Palestina) veio a ser tributário de Nabucodonosor a partir de seu ano de ascensão. E no primeiro ano de Nabucodonosor declara-se explicitamente que “todos os reis de Hatu” eram seus tributários, o que não pode ter razoavelmente excluído Jeoiaquim.

Muitos eruditos concluem que o quarto ano de Nabucodonosor no qual o livro Estudo Perspicaz das Escrituras supõe que a vassalagem babilônica de Jeoiaquim teve início, foi provavelmente o ano no qual Jeoiaquim se rebelou contra Nabucodonosor, porque nesse ano Nabucodonosor lutou contra o Egito, e ambos parecem ter sofrido grandes perdas. Nabucodonosor teve de voltar a Babilônia onde permaneceu no quinto ano e “reequipou seus numerosos cavalos e carros de guerra”.65 Esta malograda batalha contra o Egito pode ter encorajado Jeoiaquim a romper com o jugo babilônico, terminando assim seus três anos de submissão a Babilônia.66 

O texto de 2 Reis 24:1-7 parece apoiar à conclusão acima. O versículo 1 declara que “nos seus dias (de Jeoiaquim) subiu Nabucodonosor, rei de Babilônia, e Jeoiaquim tornou-se assim seu servo por três anos. No entanto, recuou e se rebelou contra ele.”. Em resultado disso, Jeová (por meio de Nabucodonosor) “começou a enviar contra ele guerrilhas de caldeus, e guerrilhas de sírios, e guerrilhas de moabitas, e guerrilhas dos filhos de Amom, e continuou a enviá-las contra Judá para o destruir, segundo a palavra de Jeová, que ele falara por intermédio dos seus servos, os profetas.” – 2 Reis 24:1, 2, TNM.

O teor desta passagem indica que estas guerrilhas continuaram invadindo o território de Judá por um bom tempo, evidentemente durante alguns anos. Jeová “começou” a enviá-las, e, segundo a Tradução do Novo Mundo, “ele continuou a enviá-las” contra Judá. Este não foi apenas um ataque, como o mencionado em Daniel 1:1, mas evidentemente veio contra Judá em ondas sucessivas. Por conseguinte, elas não poderiam ter iniciado estes ataques no último ano do reinado de Jeoiaquim, o que também requer logicamente que a rebelião de Jeoiaquim tenha se iniciado tempos antes disso.

As três deportações para Babilônia

Outra linha de evidência que apóia uma leitura natural de Daniel 1:1, é que, conforme 2 Crônicas, capítulo 36, versículos 7, 10 e 18, os utensílios do templo foram levados para Babilônia em três episódios sucessivos:

(1) Na primeira vez, durante o reinado de Jeoiaquim, “alguns” dos utensílios foram levados para Babilônia. (Versículo 7)

(2) Na segunda vez, juntamente com Joaquim, os objetos “desejáveis” (TNM) ou “de valor” (NVI) foram levados para Babilônia. (Versículo 10)

(3) Na terceira vez, juntamente com Zedequias, “todos” os utensílios foram levados para Babilônia. (Versículo 18)

À base destes textos podemos ver que alguns dos utensílios foram levados para Babilônia durante o reinado de Jeoiaquim, os utensílios valiosos foram levados na deportação de Joaquim, e todo o resto dos utensílios foi levado para Babilônia no fim do reinado de Zedequias. Das três deportações de utensílios, a primeira é mencionada claramente em Daniel 1:1, 2, uma vez que este texto declara que durante o terceiro ano de Jeoiaquim uma “parte” dos utensílios foi levada para Babilônia.67 

Mais uma vez, isto indica que Daniel 1:1, 2 faz referência a uma deportação diferente e anterior à que ocorreuiferente abilase para antes ao término do curto reinado de Joaquim. Isto dá apoio adicional à conclusão de que a frase “terceiro ano do reinado de Jeoiaquim” significa exatamente o que diz — o terceiro ano do reinado de Jeoiaquim, não seu décimo primeiro ano.

Por fim, se a deportação mencionada em Daniel 1:1-4 for igualada àquela que ocorreu ao término dos três meses de reinado de Joaquim, por que diz Daniel que “Jeová entregou-lhe na mão Jeoiaquim”, em vez de Joaquim? (Daniel 1:2) Quando Joaquim foi levado cativo, Jeoiaquim já tinha morrido há mais de três meses. (2 Reis 24:8-17; 2 Crônicas 36:9-10) Há até mesmo evidência mostrando que Jeoiaquim já estava morto quando Nabucodonosor, em seu sétimo ano, saiu de Babilônia para fazer o sítio de Jerusalém que resultou na deportação de Joaquim. A evidência é a seguinte:

O sítio de Jerusalém por Nabucodonosor durante o reinado de Joaquim é também descrito na Crônica Babilônica B.M. 21946. Sobre o sétimo ano de Nabucodonosor esta crônica diz:

De dezembro de 598 (ou janeiro de 597) a março de 597 A.E.C.:

“Sétimo ano:  No mês de quisleu, o rei de Acade reuniu seu exército e marchou para Hatu. Ele se acampou contra a cidade de Judá e no dia dois do mês de adar ele capturou a cidade (e) aprisionou (seu) rei. Um rei de sua própria escolha ele designou na cidade (e) tomando o vasto tributo ele o levou para Babilônia.”68 

O exército de Nabucodonosor partiu de Babilônia “no mês de quisleu” que era o nono mês e capturou Joaquim “no dia dois do mês de adar”, isto é, o décimo segundo mês.69 Isto quer dizer que mesmo que o exército tivesse partido de Babilônia no início de quisleu (que naquele ano começou no dia 18 de dezembro de 598 A.E.C., segundo o calendário juliano), o intervalo entre o dia da partida de Babilônia até o momento em que a cidade foi tomada e seu rei (Joaquim) capturado, em dois de adar (correspondente a 16 de março de 597), foi de três meses no máximo.70 

Como Joaquim reinou por “três meses e dez dias” (2 Crônicas 36:9), ele evidentemente já estivera reinando por alguns dias quando Nabucodonosor partiu de Babilônia no mês de quisleu! Se o sítio de Jerusalém descrito em Daniel 1:1 em diante refere-se a este sítio durante o reinado de Joaquim, como é que se pode dizer que ele ocorreu durante o reinado de Jeoiaquim (Daniel 1:1), que Nabucodonosor veio “contra ele” (2 Crônicas 36:6), e que “Jeová entregou-lhe na mão Jeoiaquim” (Daniel 1:2), se Jeoiaquim já estava morto quando Nabucodonosor partiu de Babilônia?

Igualar o sítio descrito em Daniel 1:1 em diante com o que ocorreu durante o reinado de Joaquim (2 Reis 24:10-12; 2 Crônicas 36:10) é claramente impossível. Tanto Daniel como o cronista em 2 Crônicas 36:6 descrevem um sítio anterior e uma deportação anterior, obviamente durante o reinado de Jeoiaquim. Não há qualquer razão para acreditar que o “terceiro ano” de Daniel 1:1 significa outra coisa senão o terceiro ano de reinado dele. Não há absolutamente qualquer evidência, seja no livro de Daniel, seja nos outros livros da Bíblia ou nos textos históricos neobabilônicos contemporâneos, de que anos de reinado tenham sido contados a partir do momento da vassalagem de um rei, ou da elevação de Nabucodonosor ao domínio mundial. Tais teorias são nada mais que suposições sem fundamento, adotadas apenas como tentativa de defender uma aplicação errônea dos setenta anos de servidão preditos por Jeremias.

Os três anos de treinamento

Mas o que dizer dos três anos de treinamento mencionados em Daniel 1:5, 18, que parecem estar em conflito com uma leitura natural de Daniel 1:1 e 2:1? Será que não há algum modo mais simples de resolver este conflito a não ser supor que em Daniel 1:1 o profeta tenha contado os anos de reinado de Jeoiaquim desde o princípio de sua vassalagem a Babilônia, e os anos de reinado de Nabucodonosor em Daniel 2:1 a partir do ano da ascensão dele ao domínio mundial? Por que deveria Daniel contar os anos de reinado destes dois reis dessa maneira confusa e anormal se sabia que seus leitores com certeza o entenderiam mal? E por que ele não contou os anos de reinado desta maneira estranha em qualquer outra parte do livro dele, como por exemplo nos versículos 7:1, 8:1, 9:1, e 10:1, onde ele segue o método habitual de contar anos de reinado? Antes de adotar tais explicações forçadas, não seria melhor buscar uma solução mais simples e mais natural?

Já se demonstrou no apêndice ao capítulo dois (“Métodos de Contagem de Anos de Reinado”) que não há qualquer discrepância real entre o terceiro ano de Jeoiaquim em Daniel 1:1, e o quarto ano dele em Jeremias 25:1 e 46:2. Quando se leva em conta a existência dos sistemas ascensional e não-ascensional, esta diferença de um ano é facilmente compreensível.71 

Esta solução tem também relevância no aparente conflito entre os três anos de treinamento e Daniel 2:1. Se Daniel 1:1 se refere ao ano de ascensão de Nabucodonosor (em harmonia com a Crônica Babilônica), o “segundo ano” dele mencionado em Daniel 2:1 pode ser considerado como o terceiro ano de treinamento dos cativos judaicos. Segundo o modo hebraico de contar períodos de tempo, pelo qual períodos fracionários eram considerados como unidades completas, isto daria três anos.72 Os três anos não são necessariamente três anos completos. O Dr. Young apresenta a seguinte tabela:73

Anos de treinamento:Nabucodonosor:
Primeiro anoAno de ascensão
Segundo anoPrimeiro ano
Terceiro anoSegundo ano

A aplicação deste método simples e bíblico resolve o aparente conflito, sem necessidade de se recorrer a teorias infundadas e explicações estranhas. Muitos eruditos bíblicos modernos que consideram autêntico o livro de Daniel adotaram esta solução simples. Um deles, Gerhard F. Hasel, diz:

Não é mais necessário explicar a dificuldade entre Dan. 2:1 e 1:1, 18 através de emenda textual (H. Ewald, A. Kamphausen, J. D. Prince, K. Marti, e J. Jahn) ou contagem dupla (C. B. Michaelis, G. Behrmann). A prática da contagem inclusiva, juntamente com o reconhecimento da prática babilônica de não contar o ano de ascensão do rei, elimina todas as dificuldades.74

TABELAS CRONOLÓGICAS QUE ABRANGEM OS SETENTA ANOS

As tabelas que seguem foram desenvolvidas para facilitar o exame dos argumentos apresentados neste trabalho. Os anos de reinado babilônicos e persas, de nisã a nisã, e os anos de reinado judaicos, de tisri a tisri foram ajustados ao nosso calendário moderno. Foram também devidamente levados em consideração os anos de ascensão babilônicos e os anos não-ascensionais judaicos. O princípio básico foi considerar as datas bíblicas conforme estão expressas, se nada mais for indicado pelo contexto. O objetivo das tabelas é demonstrar como as diferentes datas bíblicas se harmonizam naturalmente entre si e também com as crônicas babilônicas. Alguns pontos requerem comentários especiais:

A. A morte de Josias em Megido, no verão de 609 (2 Reis 23:29)

Conforme se relatou no Capítulo 5 deste livro (seção G-2), a cidade de Harã, o último baluarte assírio, foi capturada e saqueada por forças babilônicas e medas, em fins de 610 ou no início de 609 A.E.C. Assur-Ubalit, o último rei assírio, fugiu. No verão de 609 uma grande força egípcia comandada pelo Faraó Neco marchou até o Eufrates para ajudar Assur-Ubalit a recapturar Harã. Por alguma razão desconhecida, o rei judaico Josias tentou deter as forças egípcias em Megido, mas foi derrotado e ferido mortalmente. — 2 Reis 23:29-30; 2 Crônicas 35:20-25. 

Certa vez se debateu se a morte de Josias ocorreu em 609 ou 608 A.E.C.75 Esta questão está agora resolvida, pois a crônica babilônica B.M. 22047 (publicada originalmente por D. J. Wiseman, em 1956) mostra que a malograda tentativa de recapturar Harã ocorreu entre tamuz e elul (aproximadamente entre julho e setembro) no décimo sétimo ano de reinado de Nabopolassar (609/08).76 Como o exército egípcio precisou de quase um mês para viajar de Megido até o Eufrates, a batalha em Megido e a morte de Josias ocorreram no início do verão setentrional de 609 A.E.C.77 

Como se pode ver à base das tabelas, esta data está em boa harmonia com o método judaico de contar anos de reinado de tisri a tisri.

B. Os três meses de reinado de Jeoacaz e a sucessão de Jeoiaquim

Depois da morte de Josias, os judeus fizeram seu filho Jeoacaz rei em Jerusalém. (2 Crônicas 36:1) Depois de apenas três meses de reinado, o Faraó Neco, ao retornar do Eufrates, afastou Jeoacaz e pôs seu irmão Jeoiaquim no trono em Jerusalém. Dali em diante Judá era um reino vassalo do Egito. Como a fracassada tentativa egípcio-assíria de recapturar Harã terminou em elul (agosto-setembro) e a retirada egípcia de Harã para Jerusalém levou quase um mês, a remoção de Jeoacaz e entronização de Jeoiaquim devem ter ocorrido no mês seguinte, tisri (setembro-outubro).

Segundo o sistema judaico não-ascensional, o primeiro ano de reinado de Jeoiaquim, deve então ser contado a partir de 1º de tisri de 609 A.E.C. Os três meses de reinado de Jeoacaz foram evidentemente incluídos no reinado de 31 anos de Josias, em vez de serem contados como um ano de reinado à parte. (Os três meses de reinado de Joaquim, que terminaram em 16 de março de 597 A.E.C., foram evidentemente tratados de modo similar, sendo contados como parte do primeiro ano do reinado de Zedequias.)

C. O primeiro ano de Zedequias, 598/97 A.E.C.

Conforme se mostrou na primeira seção do Apêndice ao Capítulo 5, “O ‘terceiro ano de Jeoiaquim’ (Daniel 1:1-2)”, a Crônica Babilônica B.M. 21946 data a remoção de Joaquim do trono no dia dois de adar do sétimo ano do reinado de Nabucodonosor, que corresponde a 16 de março de 597, segundo o calendário juliano, depois do qual Zedequias foi empossado como rei. Seguindo o sistema não-ascensional, o primeiro ano de Zedequias, foi então contado de tisri de 598, a tisri de 597 A.E.C. O primeiro ano do reinado de Zedequias coincidiu com o primeiro ano do exílio de Joaquim, como se pode ver através de uma comparação de Ezequiel 24:1-2 (as datas em Ezequiel referem-se às do exílio de Joaquim) com 2 Reis 25:1.

Isto é muito natural, uma vez que os três meses de reinado de Joaquim começaram depois de tisri de 598. Desse modo, seu primeiro ano de reinado teria sido contado a partir de 1º de tisri de 598, caso ele não tivesse sido removido do trono. Assim, os três meses dele tiveram de ser incluídos no primeiro ano do reinado de Zedequias.

D. A “profecia” de Hananias em julho-agosto de 594 A.E.C. (Jeremias 28:1)

No décimo ano de Nabucodonosor irrompeu uma rebelião no exército dele, do mês de quisleu até o mês de tebete (c. novembro de 595 – janeiro de 594 A.E.C.), segundo a Crônica Babilônica B.M. 21946.78 Se esta rebelião motivou os planos de revolta entre os exilados judaicos, os quais se espalharam também em Judá, conforme se reflete em Jeremias, capítulos 27 a 29, tais planos devem ter se desenvolvido logo após a rebelião babilônica. A “profecia” de Hananias de que o jugo de Babilônia seria quebrado e os exilados retornariam dentro de dois anos, é datada no quinto mês do quarto ano de Zedequias. (Jeremias 28:1-4) Este quinto mês (ab, que corresponde a julho-agosto), deve ter caído, então, em julho-agosto de 594 A.E.C., alguns meses depois que Nabucodonosor esmagou a rebelião. Um exame da tabela mostra que o quinto mês do quarto ano de Zedequias caiu de fato em julho-agosto de 594 A.E.C., indicando assim que o esquema cronológico apresentado nas tabelas está correto.

E. O sítio de Jerusalém, 589-587 A.E.C.

Tem sido debatido se o sítio durou dezoito meses, ou cerca de dois anos e meio.79 Segundo a contagem de anos de reinado de nisã a nisã, o sítio durou dezoito meses (2 Reis 25:1-4), mas isto está em conflito com a declaração em Ezequiel 33:21, que diz que um fugitivo da destruição de Jerusalém chegou até Ezequiel “no décimo segundo ano, no décimo mês, no quinto dia do mês”. Isto significaria que o fugitivo veio a Ezequiel com a mensagem de que a cidade tinha sido golpeada cerca de um ano e meio depois da destruição de Jerusalém. Isto parece incrível.

Desse modo, argumenta-se frequentemente que Ezequiel 33:21 rezava originalmente “décimo primeiro ano”, o que é apoiado pela Versão Siríaca, pela Versão Septuaginta grega, e por alguns manuscritos hebraicos.80 Mas se for aplicada a contagem de anos de reinado de tisri a tisri, pode-se manter a bem confirmada versão “décimo segundo ano”, com o fugitivo vindo a Ezequiel cerca de seis meses depois da captura de Jerusalém, o que parece mais natural. Ademais, esta contagem mostra que o sítio durou cerca de dois anos e meio, em vez de dezoito meses.

F. O 37º ano de exílio de Joaquim, 562/61 A.E.C.

Em 2 Reis 25:27 (= Jeremias 52:31), o 37º ano do exílio de Joaquim é igualado ao ano de ascensão de Evil-Merodaque. Temos aqui uma excelente confirmação da conclusão que os reis judaicos aplicavam uma contagem de anos de reinado de tisri a tisri.

Evil-Merodaque ascendeu ao trono no outono de 562 A.E.C., e seu ano de ascensão durou até nisã de 561 A.E.C. A libertação de Joaquim da prisão ocorreu no décimo segundo mês do ano de ascensão de Evil-Merodaque (Jeremias 52:31), no vigésimo quinto dia. Isto correspondeu a 30 de março de 561 A.E.C. (calendário juliano).

Se forem aplicados anos de reinado de nisã a nisã ao exílio de Joaquim, o 37º ano deste exílio não pode ser contado a partir de nisã de 561 A.E.C., pois este mês caiu depois de sua libertação da prisão. Mas se o 37º ano do exílio dele for contado a partir de 562 A.E.C. para manter o sincronismo com o ano de ascensão de Evil-Merodaque, seu primeiro ano de exílio tem de ser contado de nisã de 598 a nisã de 597 A.E.C. É isto provável?

Uma vez que a deportação dele ocorreu por volta de 1º de nisã de 597 A.E.C. (2 Reis 24:10-17; 2 Crônicas 36:10, e a Crônica Babilônica B.M. 21946: 11-13), isto significaria que seu primeiro ano de exílio caiu quase exatamente um ano antes de ele ter sido deportado! Como isto é impossível, os anos do exílio dele devem ter sido contados conforme os anos de tisri a tisri.

A CRONOLOGIA DOS SETENTA ANOS

Notas

58 – As Passagens da Grande Pirâmide, John e Morton Edgar (em inglês – Londres: The Marshall Press, Ltd., 1923-24). A primeira edição foi publicada em 1912 e 1913 e foi distribuída pela Sociedade Torre de Vigia. Ela foi reeditada com algumas adições em 1923 e 1924 por Morton Edgar que também acrescentou um Vol. III. (O irmão dele, John Edgar, morreu em 1910.) As citações aqui são da edição de 1924 do Vol. II.

59 – Ibid., Vol. II, págs. 29 (nota de rodapé 4) e 31. Esta “solução”, que já se encontrava em Antiguidades X, 6:1-3 de Josefo, foi adotada por vários escritores posteriores. O Dr. E. W. Hengstenberg faz referência a ela em sua obra Die Authentie des Daniel und die Integrität des Sacharjah (Berlim, 1831), pág. 54. Hengstenberg rejeita a idéia porque (1) não há qualquer evidência indicando que os anos de reinado de Jeoiaquim tenham sido contados desta maneira curiosa, (2) a idéia de que o primeiro sítio de Jerusalém por Nabucodonosor ocorreu no oitavo ano de Jeoiaquim é uma hipótese infundada, sem qualquer apoio na Bíblia ou em parte alguma, e (3) a “solução” está em conflito insolúvel com Daniel 2:1.

60 – John e Morton Edgar, op. cit., Vol. II, pág. 32. Esta é também uma idéia antiga, sugerida, por exemplo, por Crisóstomo no quarto século. Um manuscrito antigo da versão LXX de Daniel (o Papiro 967), datado do início do terceiro século E.C. também reza “décimo segundo” em Dan. 2:1. Explica-se cuidadosamente que o registro é uma “correção” de escrita. — Daniel, John J. Collins (em inglês – Mineápolis: Fortress Press, 1993), pág. 154.

61 – Equipado Para Tôda Boa Obra (Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados, publicado em português em 1952), pág. 226.

62 – Ibid., pág. 227. Esta era também uma idéia antiga, já sugerida no Talmude judaico (Seder ‘Olam Rabbah; veja John J. Collins, op. cit., pág. 154). Hengstenberg (op. cit., pág. 54) rejeita isso porque “não há o menor indício” desse tipo de contagem dos anos de reinado de Nabucodonosor em parte alguma.

63 – Equipado Para Tôda Boa Obra, págs. 227 e 228.

64 – Crônicas Assírias e Babilônicas, A. K. Grayson (em inglês – Nova Iorque: J.J. Augustin Publisher, 1975), págs. 100-101. Os colchetes indicam áreas danificadas no texto.

65 – Ibid., pág. 101.

66 – “Esta batalha”, diz J. P. Hyatt, “deve ter motivado a mudança na submissão de Jeoiaquim, quando ele reteve tributo de Babilônia, fazendo provavelmente uma aliança com o Egito”. (“Nova Luz Sobre Nabucodonosor e a História Judaica”, Revista de Literatura Bíblica, Vol. 75, 1956, pág. 281 em inglês.) É possível também que esta mudança de submissão tenha ocorrido algum tempo antes da guerra de Nabucodonosor contra o Egito. A decisão de Nabucodonosor de marchar para o Egito em 601 A.E.C. pode ter sido motivada pela aliança entre os egípcios e Jeoiaquim. – Veja “Daniel 1:1 e os três anos da servidão de Jeoiaquim”, Mark K. Mercer, Estudos Seminaristas da Universidade de Andrews, Vol. 27:3 (outono de 1989), págs. 188-191 em inglês.

67 – É interessante notar que nesta primeira deportação Nabucodonosor só trouxe “alguns” dos utensílios do templo de Jerusalém para Babilônia, e estes não eram nem mesmo os utensílios “de valor”. Isto apóia fortemente a conclusão de que o sítio de Jerusalém nesta ocasião não terminou com a captura da cidade. Se tivesse sido assim, por que ele não levou os utensílios valiosos do templo? Por outro lado, se o sítio foi interrompido porque Jeoiaquim se rendeu e pagou um tributo a Nabucodonosor, é bem compreensível que Jeoiaquim não tenha incluído os utensílios mais valiosos no tributo.

68 – A. K. Grayson, op. cit., pág. 102. A crônica está de pleno acordo com a descrição que a Bíblia faz deste sítio. (2 Reis 24:8-17; 2 Crônicas 36:9-10.)

69 – Os babilônios tiveram um segundo ululu (um mês intercalar) no sétimo ano de Nabucodonosor, desse modo fazendo de quisleu e adar o décimo e o décimo terceiro dos meses do ano, respectivamente, embora eles normalmente fossem o nono e o décimo segundo meses civis. Este fato não afeta a discussão acima.

70 – Se o exército babilônico partiu de Babilônia algum tempo depois que Joaquim tinha ascendido ao trono, o sítio foi de muito curta duração, dois meses no máximo e provavelmente menos, pois o tempo necessário para o exército marchar de Babilônia a Jerusalém tem de ser subtraído dos três meses de quisleu a adar. Essa marcha levou pelo menos um mês. Todavia, é possível que uma parte do exército tenha partido de Babilônia antes, uma vez que 2 Reis 24:10-11 indica que Nabucodonosor chegou a Jerusalém algum tempo depois de o sítio ter começado. O motivo da curta duração do sítio foi a rendição de Joaquim a Nabucodonosor no dia 2 de adar ou 16 de março de 597 A.E.C., calendário juliano. (2 Reis 24:12) Para uma excelente abordagem deste sítio, veja “A Crônica de Nabucodonosor e a Data da Destruição de Laquis III”, William H. Shea, em Publicação Trimestral de Exploração da Palestina, No  111 (1979), págs.  113 e seguintes, em inglês.

71 – Uma brilhante abordagem deste problema pode ser encontrada no artigo do Professor Albertus Pieters, “O Terceiro Ano de Jeoiaquim”, em Das Pirâmides a Paulo, uma miscelânea em honra do Dr. G. L. Robinson (em inglês – Nova Iorque:  Thomas Nelson e Filhos, 1935), págs. 180-193. Pieters conclui: “O ‘terceiro ano’ de Jeoiaquim em Dan. 1:1 equivale ao ‘quarto ano’ de Jeoiaquim em Jer. 25:1 e 46:2, sendo o primeiro contado de acordo com o método babilônico e o segundo de acordo com o método palestino de computar os anos de reinado do rei.” — Ibid., pág. 181.

72 – Este modo de contar períodos de tempo é freqüentemente denominado “contagem inclusiva”. O melhor exemplo é o período da morte de Jesus, da tarde de sexta-feira até a ressurreição dele no domingo de manhã. Embora, cronologicamente, este período tenha sido de pouco mais de duas noites e um dia, os escritores da Bíblia se referem a ele como “três dias” (Mat. 27:63; Mar. 10:34), e até mesmo como “três dias e três noites”. (Mat. 12:40) A Sociedade Torre de Vigia o aplica corretamente como significando “partes de três dias”. (Estudo Perspicaz das Escrituras, Vol. 1, pág. 709) Outro exemplo é o período do sítio de Samaria, que 2 Reis 18:9, 10 declara ter durado do sétimo ao nono ano de Oséias; dizendo ao mesmo tempo que o sítio durou “três anos”. Para exemplos adicionais, veja Os Misteriosos Números dos Reis Hebreus, Edwin R. Thiele, nova edição revisada (em inglês – Grand Rapids: Editora Zondervan, 1983), pág. 52, nota de rodapé 12.

73 – A Profecia de Daniel, Edward J. Young (em inglês – Grand Rapids: Wm. B. Eerdmans Publishing Co., 1949), págs.  55-56; cf.  págs.  267-70.

74 – Gerhard F. Hasel em Estudos de Seminaristas da Universidade de Andrews (em inglês), Vol. XV, Nº. 2, 1977, pág. 167.

75 – Os Misteriosos Números dos Reis Hebreus, Edwin R. Thiele, Nova Edição Revisada em inglês (Grand Rapids, Michigan: The Zondervan Corporation, 1983), págs. 205-206.

76 – Crônicas dos Reis Caldeus, D. J. Wiseman, (em inglês – Londres: Curadores do Museu Britânico, 1961; publicado originalmente em 1956), págs. 63-67. Veja também o artigo de Hayim Tadmor “A Cronologia dos Últimos Reis de Judá” na Revista de Estudos do Oriente Próximo, Vol. XV (1956), pág. 228 em inglês.

77 – “O Crepúsculo de Judá: No Redemoinho Egípcio-Babilônico”, A. Malamat, em Supplements to Vetus Testamentum, Vol. XXVIII (Leiden: E.J. Brill, 1975), pág. 125, nota de rodapé 5.

78 – Wiseman, op. cit., pág. 73. Cf. Crônicas Assírias e Babilônicas, A. K. Grayson, (em inglês – Locust Valley, Nova Iorque: J.J. Augustin Publisher, 1975), pág. 102.

79 – “As Nações Terão de Saber Que Eu Sou Jeová” — Como? (Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados, publicado em português em 1973), págs. 263-265, argumenta em favor de um sítio de dezoito meses.

80 – Ibid., pág. 264.

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