Como posso ter certeza de minhas decisões?

Como eu gostaria de poder me sentir livre de tudo e poder certeza de que não estou errada, que ao deixar a organização não serei destruída, e o pior de tudo: que eu posso estar desagradando ao Criador Jeová, e isso tem me preocupado muito. Afinal são 22 anos como Testemunha de Jeová. Não se esquece assim. Tudo o que eu aprendi está ainda na minha mente e coração. Realmente não sei mais o que pensar sobre tudo.

Muitas vezes pergunto a Deus o que é certo, o que é errado, “me instruí ó Jeová, nos seus caminhos, nas suas leis o que o Senhor quer de mim?” Mas as respostas não vêm, ou talvez eu não dê lugar para elas! Não sei. Quem sabe algum dia terei todas as respostas para as minhas dúvidas! Se puderem me ajudar, agradeço.

RESPOSTA

Transcrevemos abaixo um trecho dum livro. Cremos que as palavras deste trecho serão encorajadoras para você. Existem mais artigos no site que tratam de certos aspectos desse problema que você menciona. Recomendamos sua leitura.

Que a paz de Deus esteja com você.

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Enfrentar a incerteza

Nossa tendência humana é querer resolver todas as questões de crença, a fim de nos livrarmos de qualquer incerteza. O que é “a verdade”? Em que cremos exatamente? Por gostarmos de fugir à dor que a incerteza traz, a maioria de nós fica feliz de ter alguém que nos diga isto, que nos alivie de termos de lidar nós mesmos com as questões, traçando um caminho preciso para nós. Uma organização que afirma ter respostas para todas as perguntas atrai a muitos. Como pessoas maduras, precisamos reconhecer que nenhum humano tem todas essas respostas, e que tampouco deve a falta delas impedir nosso progresso espiritual. Como afirma de modo perspicaz o autor do livro The Road Less Traveled:

“Há muitos que, em virtude de passividade, dependência, medo e preguiça, buscam quem lhes mostre cada polegada do caminho e quem lhes prove que cada passo será seguro e proveitoso. Isto é impossível, pois a jornada do crescimento espiritual exige coragem, iniciativa e independência de pensamento e ações.”

O cristianismo representa uma jornada que envolve tudo ao longo de nossas vidas. Não é realista pensar que se pode fazê-la totalmente livre de dúvidas ou incertezas. Todavia, o alvo, e a garantia de que estamos na direção desse alvo, jamais precisa estar em dúvida. Abraão é chamado de “pai” de todos os que partilham uma fé como a dele. Quando na Mesopotâmia, ele vivia entre pessoas conhecidas de longa data, em ambiente familiar, onde a vida seguia um padrão básico, e tudo isso ajudava a minimizar as dúvidas e a incerteza. Mas então Deus o chamou para que deixasse sua terra e seu povo e fosse para uma terra estranha, para viver entre pessoas que até então ele desconhecia. Desse ponto em diante Abraão enfrentou muitas dúvidas e incertezas, e algumas destas não foram plenamente respondidas durante sua vida. Todavia, o que se escreve sobre ele com relação ao nascimento de seu filho Isaque se aplica a toda a sua vida:

“Não duvidou da promessa de Deus, por incredulidade; mas, pela fé, se fortaleceu, dando glória a Deus, estando plenamente convicto de que ele era poderoso para cumprir o que prometera.” – Romanos 4:20,21.

Ele nos serve de exemplo, e somos exortados a fazer uma jornada semelhante, caminhando na fé, confiando na orientação de Deus à medida que surge cada necessidade, sem temer as dores que as incertezas de nossa jornada possam trazer. Nossa natureza humana pode preferir outra coisa, e podemos decidir simplesmente nos “assentarmos”, adotando um conjunto pré-decidido e pré-empacotado de crenças e relaxando no esforço de ir adiante. A maioria dos professos cristãos parece ter feito esta opção, preferindo “acomodar-se” em sua religião, que aparente e convenientemente provê suas necessidades, em vez de se esforçarem em crescer no conhecimento, na compreensão e na capacidade de lidar com os problemas. Mas é este esforço pessoal que contribui imensamente para fortalecer a fé e o amor. A pessoa talvez não perceba, assim como eu não percebia, que a atividade intensa não é, em si mesma, garantia contra a estagnação. Não, se estiver restrita aos limites de um “sistema fechado”. Embora provendo muito exercício, toda a intensa atividade realizada deixa a pessoa, no final, exatamente onde começou. A consciência da realidade da sua situação talvez só venha quando ela começa realmente a mover-se, a continuar avante na jornada cristã, e então, talvez pela primeira vez, ela pode perceber a natureza capenga e restritiva de sua religião, perceber até que ponto a inércia e a inanição de fato caracterizavam e definiam sua vida religiosa.

Refletindo tendência similar, ao se desligar de um sistema que oferecia uma suposta certeza e livrar-se das crenças impostas, a pessoa talvez sinta o desejo de resolver todas as questões bíblicas rapidamente, de substituir cada crença rejeitada por uma nova, a “correta”. Mas em todos os setores a pressa é imprudente, e muitas vezes leva ao erro, envereda por uma tangente. Velhos erros podem simplesmente ser substituídos por novos, e quando se descobre isto os passos têm de ser reavaliados, no que se perde um tempo valioso. O que se precisa não é de pressa, e sim de constância e determinação de coração. O autodomínio, um dos frutos dos que têm o Espírito de Deus, pode habilitar-nos a exercer paciência, calma e persistência em nossa jornada da fé, entendendo que estas qualidades nos ajudarão mais a obter progresso no entendimento e na sabedoria do que a pressa.

Extraído do capítulo 17 do livro Em Busca da Liberdade Cristã.

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