A Celebração Continuará Para Sempre?

Olá. É a primeira vez que escrevo para vocês e gostaria que comentassem esse argumento da A Sentinela de 15 de março de 2010, pag. 27, parágrafo 16 

QUEM DEVE TOMAR DOS EMBLEMAS?

Paulo também nos ajuda a entender que os que têm esperança terrestre não tomam dos emblemas na Comemoração. Ele disse a cristãos ungidos: “Todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este copo, estais proclamando a morte do Senhor, até que ele chegue.” (1 Cor. 11:26) Quando é que o Senhor ‘chegará’? Quando vier para levar ao seu lar celestial o último membro de sua ungida classe da noiva. (João 14:2, 3) Assim, fica claro que a celebração anual da Refeição Noturna do Senhor não é para continuar indefinidamente. “Os remanescentes” do descendente da mulher que ainda estão na Terra continuarão a tomar dos emblemas na Comemoração até que todos eles tenham recebido a sua recompensa celestial. (Rev. 12:17) Se os que ganharão a vida eterna na Terra fossem elegíveis para tomar dos emblemas, essa Comemoração teria de continuar para sempre.

RESPOSTA:

O que diz 1 Cor. 11:26 constitui, na realidade, um argumento favorável à participação de todos os seguidores de Cristo no pão e no vinho simbólicos, não contrário, como defende A Sentinela. Segundo Paulo, quem faz isso está “proclamando” (ou anunciando) a morte de Cristo, desta forma declarando publicamente sua fé no sacrifício dele pelo mundo da humanidade. Abster-se de participar na refeição equivale a não ‘proclamar’ a morte de Cristo. 

Como é que a liderança das Testemunhas de Jeová consegue usar estas palavras de Paulo como um argumento contrário à participação geral? Eles fazem isso por desconsiderar, passar por cima da mensagem principal do texto, ou seja, o que ele disse sobre o objetivoda participação, focalizando apenas a última sentença (‘até que ele chegue’). Daí aplicam a definição particular deles sobre isso. Assim, A Sentinela diz: 

“Quando é que o Senhor ‘chegará’? Quando vier para levar ao seu lar celestial o último membro de sua ungida classe da noiva. (João 14:2, 3)”

Este conceito quanto ao que Jesus fará, exatamente, quando chegar é sectário, pois está totalmente à mercê da estrutura doutrinal duma organização religiosa. Entre as referências bíblicas diretas a este assunto temos as seguintes (citações da Tradução do Novo Mundo): 

“Quando o Filho do homem chegar na sua glória, e com ele todos os anjos, então se assentará no seu trono glorioso. E diante dele serão ajuntadas todas as nações, e ele separará uns dos outros assim como o pastor separa as ovelhas dos cabritos.” (Mateus 25:31, 32) 

“Porque todo aquele que ficar envergonhado de mim e das minhas palavras, nesta geração adúltera e pecaminosa, deste o Filho do homem também se envergonhará, quando chegar na glória de seu Pai, com os santos anjos.” (Marcos 8:38) 

E eu vi o céu aberto, e eis um cavalo branco. E o sentado nele chama-se Fiel e Verdadeiro, e ele julga e guerreia em justiça… e o nome pelo qual é chamado é A Palavra de Deus. Seguiam-no também os exércitos que havia no céu, [montados] em cavalos brancos, e eles se trajavam de linho fino, branco [e] puro. E da sua boca se estende uma longa espada afiada, para que golpeie com ela as nações, e ele as pastoreará com vara de ferro… E sobre a sua roupa exterior, sim, sobre a sua coxa, ele tem um nome escrito: Rei dos reis e Senhor dos senhores.(Revelação 19:11-16)

O conteúdo acima é o que qualquer pessoa pode ler nas Escrituras, sem necessidade de outras divagações. A chegada ou retorno de Cristo em glória (e acompanhado pelos anjos do céu, inclusive) é apresentado como algo discernível claramente para todas as pessoas da Terra e os objetivos são julgamento e guerra. Ninguém encontrará lá uma palavra sequer sobre Jesus chegar “para levar ao seu lar celestial o último membro de sua ungida classe da noiva”, nem qualquer sugestão que dê margem a uma ideia parecida com essa. 

Não há dúvida de que Jesus cumprirá o que disse aos apóstolos (em João 14:3) sobre ‘acolher’ pessoas nas “muitas moradas” da casa do Pai. Mas isto ele fará depois de sua chegada, tanto no caso daqueles apóstolos como no caso de quaisquer outros que ele desejar – na ressurreição dos fiéis. A Bíblia jamais diz que esta ressurreição ocorrerá no momento do retorno de Cristo, e muito menos antes disso. Esta é outra grave falha na doutrina da Torre de Vigia e de outras organizações religiosas, que insistem em ensinar que a ressurreição de pessoas destinadas à vida celestial já teve início[1] (compare isso com o que diz 2 Timóteo 2:18). Se fosse assim, os homens a quem Jesus fez diretamente esta promessa já estariam com ele nas “moradas” celestiais – antes da chegada dele em glória com os anjos! 

Tudo considerado, nunca houve dúvida de que a celebração “não é para continuar indefinidamente”. O texto de 1 Cor 11:26 admite a conclusão de que ela será realizada só até a chegada do Senhor. É este evento, e não outro, que marcará o término da necessidade de celebrar com fé. Nada nas Escrituras sugere que a continuidade ou não desta celebração tem alguma relação com a questão de ‘quem toma dos emblemas ou não’, ou ‘quem vai para o céu ou não’. Estes nada mais são que falsos dilemas criados na matéria da revista acima, só para manter a todo custo a proibição da participação geral dos cristãos. Todos os seguidores fiéis de Cristo são livres para participar da refeição, desta forma ‘proclamando a morte do seu Senhor até a chegada dele’, o momento em que a expectativa cristã começará a se cumprir. 

 [1] Nos primórdios, os líderes da organização ensinavam que a ressurreição para a vida celestial ocorreu secretamente a partir de 1878. Esse ensino foi mantido por décadas e depois foi abandonado – só para ser substituído por outra data. No momento em que se escreve isso, eles ainda ensinam que esta ressurreição teve início a partir do ano de 1918 (e aplica-se exclusivamente a pessoas que são da organização deles). Os mutantes ensinos sobre o significado dos 144.000, bem como as mutantes datas para o início da ressurreição são decorrentes da estrutura doutrinal particular criada por eles. Nenhum cristão conseguiria inferir as diversas ideias que são (ou já foram alguma vez) ensinadas sobre isso com base unicamente na informação contida na Bíblia. Além de essas marcações arbitrárias de datas estarem em conflito direto com o aviso de Paulo em 2 Timóteo 2:18, contradizem também o que Jesus disse em João 14:2, 3 – justamente o texto que foi usado nessa revista A Sentinela como base para desencorajar a participação geral dos cristãos no pão e no vinho.

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