Um Homem Sem Igual – O Último Adão

As Escrituras traçam a linhagem de Jesus Cristo por meio de José, conforme foi registrado por Mateus. Lucas, porém, dá mais detalhes em seus escritos e, sobre este tema, isto é o que ele tem a dizer sobre a genealogia de Jesus (em Lucas 3:23): “Ora o mesmo Jesus, ao começar o seu ministério, tinha cerca de trinta anos, sendo filho (como se julgava) de José.” Daí, Lucas passa a traçar a ascendência de Jesus até chegar a Deus. Naturalmente, o escritor Mateus também testifica que Jesus é filho de Deus. (Mateus 1:18).

Adão foi criado diretamente por Deus, tornando-se seu filho e, por sua vez, o pai humano da humanidade. Jesus Cristo veio à existência como ser humano, por ter nascido de uma virgem, mas, ao contrário de outros seres humanos, ele não descendeu de Adão. Ele era, diretamente, filho de Deus, porque Jeová Deus era seu verdadeiro Pai. O apóstolo Paulo, escrevendo aos Coríntios, disse (1 Coríntios 15:45): “Assim está escrito: O primeiro homem, Adão, foi feito em alma vivente; o último Adão em espírito vivificante.” O “último Adão” é Cristo Jesus, e nossa consideração aqui será em torno das palavras de Paulo, a saber, que o “último Adão” tornou-se “espírito vivificante”. Como tal, Jesus Cristo é verdadeiramente único!

Em relação ao nascimento de Jesus, Lucas (1:30-33) escreveu: “Mas o anjo lhe disse: Não tenha medo, Maria; você foi agraciada por Deus! Você ficará grávida e dará à luz um filho, e lhe porá o nome de Jesus.” (Note bem o que Lucas nos diz em seguida) “Ele será grande e será chamado Filho do Altíssimo. O Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi, e ele reinará para sempre sobre o povo de Jacó; seu Reino jamais terá fim.”

Maria, então, explicou ao anjo, por meio de uma pergunta, dizendo: “Como acontecerá isso, se sou virgem?” O anjo respondeu: O Espírito Santo virá sobre você, e o poder do Altíssimo a cobrirá com a sua sombra. Assim, aquele que há de nascer será chamado Santo, Filho de Deus. (Lucas 1:34,35).

No relato de Mateus somos informados que José ficou preocupado quando soube que Maria estava grávida, (pois ele sabia que o filho não era dele). Então o anjo lhe apareceu num sonho e disse: “José, filho de Davi, não tema receber Maria como sua esposa, pois o que nela foi gerado procede do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, e você deverá dar-lhe o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos seus pecados.”

O relato prossegue dizendo: “Tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que o Senhor dissera pelo profeta: “A virgem ficará grávida e dará à luz um filho, e o chamarão Emanuel”, que significa “Deus conosco”. (Mateus 1:20-23, Isaías 7:14). A declaração “Deus conosco” (“Deus está conosco”, A Bíblia na Linguagem de Hoje), indica a iniciativa de Deus para permitir que a humanidade retomasse sua amizade com Ele, por meio de seu Filho Amado, Jesus Cristo, a quem foi concedido esse privilégio exclusivo.

Conforme já mencionado, ao contrário de todos os outros seres humanos, o nascimento de Jesus foi excepcionalmente sem igual. Este foi planejado, pois Deus determinou que o nascimento dele ocorresse desse modo. Enquanto todos os descendentes de Adão estão sob a condenação da morte, conforme Paulo explica em sua carta aos romanos (Romanos 5:12), a vida humana de Jesus veio diretamente de seu Pai Celestial. Por essa razão, a Bíblia nos informa que Jesus era sem pecado. Este fator foi extremamente decisivo para Jesus se tornar “o último Adão”, um “espírito vivificante”. Assim, quando João Batista viu Jesus se aproximando, ele corretamente o identificou como “o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”. (João 1:29) Em Romanos 5:18 Paulo disse: “Conseqüentemente, assim como uma só transgressão resultou na condenação de todos os homens, assim também um só ato de justiça resultou na justificação que traz vida a todos os homens.”

Com referência a Jesus, Isaías profetizou (Isaías 9:6,7): “Porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado, e o governo está sobre os seus ombros. E ele será chamado Maravilhoso Conselheiro, Deus Poderoso, Pai Eterno, Príncipe da Paz. Ele estenderá o seu domínio, e haverá paz sem fim sobre o trono de Davi e sobre o seu reino, estabelecido e mantido com justiça  e retidão, desde agora e para sempre. O zelo do Senhor dos Exércitos fará isso.”

Isaías mostra quão singular seria Jesus por meio dos títulos pelos quais ele seria chamado, ou seja, o que ele se tornaria, tais como “Maravilhoso Conselheiro”, “Deus Poderoso”, “Pai Eterno” e “Príncipe da Paz”. Até mesmo o reinado de Cristo seria único, pois seria “estabelecido e mantido com justiça  e retidão.” Quão diferente isso é do domínio do homem!

Conforme vemos nas Escrituras, Jesus era judeu, nascido na nação de Israel. E a história confirma este fato. Entretanto, seu próprio povo não o reconheceu como seu Messias prometido. Apenas um grupo muito pequeno, ou remanescente, reconheceu-o como o libertador prometido. Mas como pode ter acontecido isso? Afinal, eles tinham as Escrituras Sagradas, portanto, a identidade de seu Messias estava divulgada claramente a eles. Havia muitas profecias distintas sobre o Messias, revelando o que ele seria, o que ele faria, e o que ocorreria com ele. É interessante que alguns eruditos bíblicos estimam que há mais de 450 referências específicas nas Escrituras Hebraicas, identificando a Cristo Jesus como o único homem que cumpriu todas as profecias. Há evidências demais de que ele era a pessoa que eles estavam esperando. Todavia, apesar de terem as Escrituras, e estarem bem cientes dos milagres que Jesus realizou, eles simplesmente não reconheceram quão ímpar Jesus Cristo era, quando ele apareceu. De fato, até o dia de hoje, a nação de Israel continua não reconhecendo Jesus como o Messias. Por que isso? Na verdade, existem várias razões. Vamos considerar algumas.

A Encyclopaedia Judaica [Enciclopédia Judaica] diz: “Os judeus do período romano acreditavam que (o Messias) seria suscitado por Deus para quebrar o jugo dos pagãos e governar sobre um reino restaurado de Israel.” (Jerusalém, 1971, Vol. 11,. col. 1407) A história judaica mostra que eles baseavam suas suposições e expectativas nas palavras de Daniel 9:24-27 sobre o perfil do Messias.

Naturalmente, a profecia também associa a vinda do Messias com “dar fim ao pecado”, e Isaías capítulo 53 mostra claramente que o Messias teria de morrer para fazer isso acontecer. Bem, eles não só desconsideraram esta parte muito importante da profecia de Daniel, como também desperceberam totalmente a profecia de Isaías. Uma vez que eles eram os guardiões da lei de Deus, como puderam não perceber a natureza sem igual do perfil do Messias?

A razão para a incapacidade deles de ver o que Deus estava fazendo é que os judeus em geral não viam necessidade de alguém morrer pelos pecados deles. Eles acreditavam que tinham uma posição justa perante Deus, por serem descendentes de Abraão. O livro, A Rabbinic Anthology [Antologia Rabínica], afirma: “Tão grande é o (mérito) de Abraão que ele pode expiar todas as vaidades cometidas e mentiras proferidas por Israel neste mundo.” (Londres, 1938, C. Montefore e H. Loewe , pág. 676).

É bem apropriado mencionar neste momento que os judeus não só ignoraram a profecia de Isaías sobre a maneira da morte do Messias, como também, em anos posteriores, depois de as traduções das Escrituras revelarem que o Messias foi “transpassado por causa das nossas transgressões, foi esmagado por causa de nossas iniqüidades” (Isaías 53:5), este texto foi realmente modificado em cópias judaicas do livro de Isaías. Sem dúvida, esta mudança foi influenciada pelas acusações de que os antepassados deles tinham causado a morte de Jesus. Ainda assim, os Manuscritos do Mar Morto, (encontrados em 1948 e por alguns anos depois), que incluem o livro de Isaías, confirmam a exatidão na tradução de Isaías 53:5, ou seja, que o Messias seria “ferido por causa das nossas transgressões, e esmagado por causa das nossas iniqüidades.”

Entretanto, mesmo com as idéias errôneas que eles tinham, que em circunstâncias normais poderiam ter sido corrigidas, neste caso particular isso era completamente impossível. Por que isso? Por que eles não foram capazes de verificar as Escrituras novamente, só para ter certeza de que não estavam errando em alguma coisa? Jesus nos dá a resposta.

Como sabemos, Jesus sempre falava por meio de parábolas ou ilustrações. Em certa ocasião, ele tinha acabado de contar a parábola do semeador, registrada no capítulo 13 de Mateus. “Os discípulos aproximaram-se dele e perguntaram: “Por que falas ao povo por parábolas?” Ele respondeu: A vocês foi dado o conhecimento dos mistérios do Reino dos céus, mas a eles não. A quem tem será dado, e este terá  em grande quantidade. De quem não tem, até o que tem lhe será tirado.” Daí, Jesus acrescentou: “Por essa razão eu lhes falo por parábolas: “Porque vendo, eles não vêem e, ouvindo, não ouvem nem entendem”. Neles se cumpre a profecia de Isaías: “Ainda que estejam sempre ouvindo, vocês nunca entenderão; ainda que estejam sempre vendo, jamais perceberão. Pois o coração deste povo se tornou insensível; de má vontade ouviram com os seus ouvidos, e fecharam os seus olhos. Se assim não fosse, poderiam ver com os olhos, ouvir com os ouvidos, entender com o coração e converter-se, e eu os curaria”. (Mateus 13:10-15, Isaías 6:9,10).

O exemplo dos judeus ilustra uma verdade muito básica que nunca devemos perder de vista. Simplesmente possuir as Escrituras e lê-las, não vai, por si só, dar-nos a compreensão exata do que Deus está fazendo. De modo algum! Se alguém, incluindo os judeus naturais, deseja entender o que Deus está fazendo por meio de seu Filho, Jesus Cristo, deverá ser sensível e receptivo a Deus, pois só assim Deus nos concede seu espírito santo. Isso é fundamental, pois sem o espírito santo de Deus, é impossível entender qualquer coisa que Ele nos diz. Não importa quão inteligentes sejamos, quão grande seja o nosso nível de educação, ou quanto tenhamos lido ou estudado as Escrituras. Conforme Jesus mostrou tão claramente com base na profecia de Isaías, um coração insensível e não receptivo permanecerá na escuridão. Isso aconteceu com os judeus, e continua a acontecer com as pessoas hoje. E por esta mesma razão, deve-se acrescentar.

Conforme se mostra no livro de Atos 3:22, 23, Jesus é o profeta distintivo sobre o qual Moisés falou em Deuteronômio 18:10. Para os que se recusassem a ouvir este profeta, Moisés disse que Deus traria julgamento adverso. Esse julgamento deixa as pessoas não receptivas na escuridão e, conseqüentemente, conforme Jesus declarou, elas não obtêm a cura.

Os judeus, assim como grande parte do mundo hoje, não conseguiram perceber que os seres humanos pecaminosos não podem se redimir. Eles não podem se libertar do pecado nem da morte. É como o salmista disse: “Homem algum pode redimir seu irmão ou pagar a Deus o preço de sua vida, pois o resgate de uma vida não tem preço. Não há pagamento que o livre para que viva para sempre e não sofra decomposição.” (Sal. 49:7-9).

Por outro lado, Jesus Cristo foi designado de maneira exclusiva por Deus para curar a humanidade, para salvá-la do pecado e da morte. Além disso, Jesus é o único equipado para fazer isso, pois, diferente da raça humana que descende de Adão, Jesus nasceu sem pecado, pois seu pai é Jeová Deus, o Criador Celestial. A singularidade de Jesus Cristo e a singularidade da posição dele, são atestadas pelo apóstolo Pedro em Atos 4:12. Pedro estava falando com os líderes do povo de Israel e, de fato, com todo o povo de Israel, quando ele falou sobre Cristo Jesus, dizendo: “Não há salvação em nenhum outro, pois, debaixo do céu não há nenhum outro nome dado aos homens pelo qual devamos ser salvos.”

Conforme já consideramos, o apóstolo Paulo disse: “… um só ato de justiça  resultou na justificação que traz vida a todos os homens.” (Romanos 5:18) No livro de Atos (2:21) Pedro citou a profecia de Joel 2:32 e disse: “E todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo!”. O centurião italiano, Cornélio, fez exatamente isso. Ele orou a Deus, e enquanto ele estava orando, um homem com vestes brilhantes apareceu, informando a Cornélio que a súplica dele tinha sido ouvida pelo verdadeiro Deus. Daí, o anjo instruiu Cornélio a entrar em contato com Pedro, que o ajudaria a aprender sobre Jesus Cristo e tudo o que Deus queria que ele fizesse.

Em outra ocasião, quando Paulo e Silas foram presos, ocorreu um grande terremoto no meio da noite e os grilhões que os prendiam se soltaram milagrosamente. O carcereiro pensou que eles tivessem escapado. Quando ele estava prestes a acabar com sua vida, Paulo gritou: “Não faça isso! Estamos todos aqui!” Com isso, o carcereiro, tomado pela emoção e tremor, caiu aos pés de Paulo e Silas, dizendo: “Senhores, que devo fazer para ser salvo?” Resposta dele: “Creia no Senhor Jesus, e serão salvos, você e os de sua casa” (Atos 16:30,31).

Com base no exposto, está bem claro que a salvação só vem por meio da crença em Cristo Jesus. Ademais, como resultado de nossa crença, nossa fé em Cristo Jesus, “Deus nos declara justos para a vida.” Só o caráter sem igual de Jesus Cristo, e seu sacrifício de resgate, pode tornar possível isso para nós, pois “não há outro nome debaixo do céu pelo qual possamos ser salvos”. As Escrituras são muito claras neste ponto: O primeiro aparecimento de Jesus como Messias, foi para dar a sua vida em sacrifício, para que os que crêem nele tenham vida. Mas o que dizer de seu governo do reino, que os judeus, e até mesmo seus próprios discípulos, tinha previsto para aquela época? Quando seria isso?

Assim como os judeus não entenderam o propósito da vinda do Messias há uns 2.000 anos, situação que persiste até hoje, da mesma forma muitos crentes em Cristo não compreendem totalmente o verdadeiro propósito do retorno dele.

Durante seu ministério terrestre, Jesus falou com um israelita chamado Zaqueu, que mostrou um espírito contrito. Jesus disse a ele: “Hoje houve salvação nesta casa! Porque este homem também é filho de Abraão. Pois o Filho do homem veio buscar e salvar o que estava perdido.” O relato continua: “Estando eles a ouvi-lo, Jesus passou a contar-lhes uma parábola, porque estava perto de Jerusalém  e o povo pensava que o Reino de Deus ia se manifestar de imediato. Ele disse: Um homem de nobre nascimento foi para uma terra  distante para ser coroado rei e depois voltar.”  (Lucas 19:11-27) Não devemos desperceber a razão desta ilustração! Jesus a fez por uma razão específica, ou seja, para ressaltar o fato de que seu governo do reino ainda estava distante daquela época.

É óbvio que Jesus estava falando sobre si mesmo. Estava falando sobre o momento em que voltaria como governante, com poder régio. Ademais, isso está em harmonia com o que as Escrituras nos dizem sobre o seu governo. Depois de sua morte e ressurreição, Jesus ascendeu ao céu, para aguardar o tempo em que esse reino subjugaria os inimigos. Por exemplo, o Salmo 110:1,2 profetiza que Jesus iria se sentar à direita de Deus, até que Deus coloque seus inimigos como escabelo de seus pés, ou seja, eles seriam subjugados a ele. Mas, como Jesus foi preparado exclusivamente para isso?

Voltemos ao tempo de seu nascimento como humano. As Escrituras nos dizem que Jesus aceitou a designação de surgir como o Messias, tanto de bom grado como humildemente. Leiamos o relato em Filipenses 2:5-8, e examinemos cuidadosamente a singularidade do Filho de Deus, Jesus Cristo. O relato diz:

“Tende em vós o mesmo sentimento de Cristo Jesus: Ele tinha a condição divina, e não considerou o ser igual a Deus como algo a que se apegar ciosamente. Mas esvaziou-se a si mesmo, e assumiu a condição de servo, tomando a semelhança humana. E, achado em figura de homem, humilhou-se e foi obediente até a morte, e morte de cruz!” (BJ)

Jesus Cristo foi verdadeiramente único, pois “ele tinha a condição divina.” E, no entanto, ele foi muito humilde. Ele não pensou em ser igual a Deus. Sua atitude de humildade dirigiu sua vida totalmente. Continuamente, ele deu louvor a Deus, e disse que ele não fazia nada de sua própria iniciativa, mas tudo o que ele fazia era o que seu Pai queria que ele fizesse. Ele sempre deu a Deus, seu Pai, o louvor e a honra que lhe é devido.

Embora Cristo Jesus tivesse “a condição divina”, ele “esvaziou-se a si mesmo”. Jesus Cristo foi notavelmente humilde. Podemos apreciar isso especialmente se considerarmos que ele realmente existia em forma de Deus, e que de uma posição tão gloriosa ele, “assumiu a condição de servo, tomando a semelhança humana”. Que exemplo notável de modéstia! Não admira que o escritor bíblico, Paulo, admoesta os cristãos a ter “o mesmo sentimento de Cristo Jesus”, uma atitude de humildade.

A recompensa que Deus concedeu a Jesus por sua fidelidade foi a glória. Em Filipenses 2:9-11, Paulo prossegue dizendo: “Por isso Deus  o exaltou à mais alta posição e lhe deu o nome  que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus  se dobre todo joelho, nos céus, na terra  e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai.” Que singularidade notável é atribuída a Jesus Cristo!

Vimos que Jesus herda o trono de Davi, como futuro rei. Ele recebeu esse direito legal por meio de seu pai adotivo, José, que descendia da tribo de Judá. Porém, mais do que isso, por meio de sua mãe, que descendia da tribo de Levi, ele também herdou o direito de ser sacerdote. É por isso que o escritor aos Hebreus (5:6), referindo-se a Jesus, escreveu: “Tu és sacerdote  para sempre, segundo  a ordem de Melquisedeque” No capítulo 7:1,2, temos a descrição do cargo de Melquisedeque. Ele diz: “Esse Melquisedeque, rei de Salém e sacerdote do Deus Altíssimo,… em primeiro lugar, seu nome significa ‘rei de justiça’; depois, ‘rei de Salém’ quer dizer ‘rei de paz’”. É muito apropriado que Jesus tenha sido prefigurado por Melquisedeque.

Entretanto, o que é notável acerca da nomeação de Jesus como rei-sacerdote, é que em Israel os cargos de rei e sacerdote sempre foram mantidos separados. Por esta razão, um rei israelita era proibido de cumprir deveres sacerdotais. E, no entanto, Jesus herdou ambas as funções, a de rei e a de sacerdote. Isto é verdadeiramente ímpar! Naturalmente, tinha de ser assim, pois Jesus ofereceu sua própria vida em sacrifício, a fim de redimir a humanidade do pecado e da morte. Conforme Hebreus 9:24 diz: Pois Cristo… entrou nos céus, para agora se apresentar diante de Deus em nosso favor.” Um dever sacerdotal. Além disso, ele governa como rei.

Ainda mais notável é que Jesus compartilha sua realeza e seu sacerdócio com seus irmãos, seus co-herdeiros (Romanos 8:17). Apocalipse 20:6 diz: “Felizes e santos os que participam da primeira ressurreição! A segunda morte não tem poder sobre eles; serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com ele durante mil anos.”

Em Apocalipse 2:26, faz-se a nós a seguinte promessa: “Àquele que vencer e fizer a minha vontade até o fim darei autoridade sobre as nações. Ele as governará com cetro de ferro e as despedaçará como a um vaso de barro.” Assim como Paulo pergunta retoricamente em 1 Coríntios 6:2: “Vocês não sabem que os santos hão de julgar o mundo?”

O Salmo capítulo 2 nos diz essencialmente a mesma coisa. O sentido disso é que viria o tempo em que se diria, “O reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará para todo o sempre”. (Apocalipse 11:15). O mesmo que lemos em Daniel 2:44, que o reino deste mundo será substituído pelo reino de Deus. Em Efésios 1:9,10, o apóstolo Paulo fala desse reino como uma administração, isto é, uma nova administração para a era vindoura.

As Escrituras têm muito a dizer sobre esta administração, e o anúncio duma era completamente nova, conforme somos lembrados em Apocalipse 21:5, que diz: “Aquele que estava assentado no  trono disse: “Estou fazendo novas todas as coisas!” E acrescentou: “Escreva isto, pois estas palavras são verdadeiras e dignas de confiança”. Bem, então como é que isso acontecerá?

O mesmo capítulo de Apocalipse, começando com o primeiro versículo, afirma: Então vi novos céus (isto é, uma nova administração) e nova terra (ou nova cultura, sociedade), pois o primeiro céu  e a primeira terra  tinham passado; e o mar (isto é, a humanidade em seu estado de agitação) já não existia. Vi a Cidade Santa, a nova Jerusalém (isto é, a congregação cristã que se manteve fiel a Deus e a Cristo), que descia dos céus, da parte de Deus, preparada como uma noiva adornada para o seu marido.” (Estou sugerindo que o que está sendo dito é que a origem desta nova administração é o próprio Deus).

João prossegue: “Ouvi uma forte voz que vinha  do trono e dizia: Agora o tabernáculo de Deus (isto é, o templo espiritual, composto pelos membros leais da congregação de Cristo, e com Cristo como Cabeça) está com os homens, com os quais ele viverá. Eles serão os seus povos; o próprio Deus estará com eles e será o seu Deus. Ele enxugará dos seus olhos toda lágrima. Não haverá mais morte, nem tristeza, nem choro, nem dor, pois a antiga ordem já passou.”

Há inúmeras profecias que descrevem adicionalmente essas novas condições. Por exemplo, Miquéias 4:3,4 faz a seguinte promessa: “Ele julgará entre muitos povos e resolverá contendas entre nações poderosas e distantes. Das suas espadas farão arados, e das suas lanças, foices. Nenhuma nação erguerá a espada contra outra, e não aprenderão mais a guerra. Todo homem poderá sentar-se debaixo da sua videira e debaixo da sua figueira, e ninguém o incomodará, pois assim falou o Senhor dos Exércitos.”

O profeta Isaías também falou sobre esta nova administração e disse: “Pois vejam! Criarei novos céus e nova terra, e as coisas passadas não serão lembradas. Jamais virão à mente!” (Isaías 65:17) O Reino de Jesus será pacífico, em todos os sentidos da palavra. Não é à toa que ele é chamado de “Príncipe da Paz”. No entanto, a paz mais importante que Jesus trouxe aos seus seguidores é a paz com Deus. Durante seu governo do reino, ele continuará a trazer essa paz para aqueles da humanidade que escolherem se submeter ao seu reinado. Devemos ter em mente que, sem essa paz, os seres humanos não podem viver e agir, pois o Deus Todo-Poderoso, nosso Criador Celestial, é a própria origem da vida. (Efésios 2:17,18).

Quando esteve na Terra, Jesus ensinou a sabedoria de seu Pai Celestial, e para os seus discípulos, ele era um “Maravilhoso Conselheiro”. Durante seu vindouro governo do reino, porém, esse conselho tão maravilhoso não passará despercebido a ninguém, “pois a terra se encherá do conhecimento do Senhor [Jeová, o Pai Celestial]  como as águas cobrem o mar.” (Isaías 11:9).

Isaías prediz também que Jesus seria chamado de “Deus Poderoso”. Sim, Jesus deve ser chamado por esse título. Por quê? Porque a função dele exige grande autoridade. Note-se, porém, que ele não será chamado de “Deus Todo-Poderoso”, pois este título pertence exclusivamente a Jeová Deus, o Governante Soberano do Universo. É precisamente por esta razão que, no final do seu reinado, Jesus irá reverter o reino para seu Deus e Pai “a fim de que Deus seja tudo em todos.” (Gênesis 17:1, Apocalipse 4:8; 11:17; 1 Coríntios 15:28).

O que dizer do título restante pelo qual Cristo Jesus deve ser chamado, ou seja, “Pai Eterno”? Como se pode dizer isso sobre ele?

Na verdade, Jesus Cristo torna-se o Pai Eterno de várias maneiras. Lembremo-nos de que ele é o último Adão, que “salva o seu povo dos pecados deles.” Cristo fez isso por depositar sua vida como sacrifício de resgate para que possamos ter a perspectiva de vida eterna. Foi assim que Jesus se tornou o último Adão “um espírito vivificante”.

Além disso, ele restaura à vida os que morreram e estão agora na sepultura, pois, conforme ele disse: “haverá uma ressurreição de justos e de injustos.” Também neste caso, ele se torna “um espírito vivificante”, e é corretamente chamado de Pai Eterno. É igualmente correto chamá-lo assim porque Jesus abriu o caminho para a humanidade obediente se reconciliar com o nosso Pai celestial, Jeová Deus. É exatamente como Paulo escreveu aos romanos (Rom. 5:19): “Logo, assim como por meio da desobediência de um só homem [Adão] muitos foram feitos pecadores, assim também, por meio da obediência de um único homem [Jesus] muitos serão feitos justos.”

Por fim, tendo anulado o prejuízo causado à raça humana por meio da desobediência de Adão, ou seja, o pecado e, conseqüentemente, a morte, Jesus Cristo tornou-se o último Adão, “o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.” Desta forma, ele se torna um “dador da vida” e, uma vez que essa vida é eterna, Jesus é identificado corretamente por Isaías como “Pai Eterno”.

Nesta era, Jesus Cristo já se tornou o Pai Eterno de todos os que exercem fé nele, ou seja, da congregação cristã. Além disso, “os que estão mortos em união com Cristo ressuscitarão primeiro”. (1 Tessalonicenses 4:16, Apocalipse 20:4-6). Após a ressurreição, juntamente com os vivos que também estiverem em união com o Senhor, eles formarão a nova administração (os “novos céus”) para esta terra. A estes será concedida a vida eterna primeiro, pois eles são identificados como as “primícias” (Apocalipse 14:4, veja também 1 Tessalonicenses 4:14-17 e 1 Coríntios 15:35-56.).

Para os que estão em união com Ele, Cristo Jesus faz esta promessa: “darei [a eles] autoridade sobre as nações”, ou seja, eles  governarão com ele (Apocalipse 2:26,27). Por sua vez, essas nações são exortadas a ‘beijar o filho, para que ele não se ire e vocês não sejam destruídos de repente, pois num  instante acende-se a sua ira. Como são felizes todos os que nele se refugiam!” (Salmo 2:10-12). Isto significa que Jesus ainda virá a se tornar o Pai Eterno de incontáveis milhões, sim, talvez bilhões de todos os que escolherem exercer fé nele durante o seu governo. As Escrituras nos dizem, em termos inequívocos, que “todas as coisas” (toda a humanidade obediente), deverão ser ajuntadas sob Cristo. Depois de tudo isso estar cumprido, ele vai reverter o reino ao seu Deus e Pai, o Todo-Poderoso, “a fim de que Deus seja tudo em todos.” (1 Coríntios 15:24-28).

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