150 anos de especulações proféticas

1831: William Miller começa a pregar que a volta de Cristo ocorrerá no outono de 1843.

1842: Miller e os seus seguidores começam a publicar um jornal, The Midnight Cry [O Grito da Meia-Noite].

Fim de 1843: Miller e seguidores desapontados; a primavera de 1844.

Primavera de 1844: Miller e seguidores desapontados; fixam o retorno de Cristo no dia 22 de outubro de 1844.

Mais tarde em 1844: Miller e seguidores antecipam desapontamento.

21 de outubro de 1844: Miller diz: “Eu disse a alguns dos meus irmãos que Cristo não viria amanhã” porque a Segunda Vinda ocorreria “numa hora em que eles não pensam”. Ele não se responsabiliza pelo engano: “Ninguém pode dizer honestamente que foi enganado por mim. O meu conselho tem sido sempre que cada um estude por si mesmo a evidência da sua fé.” Deus pode ter planejado a demora para que as pessoas se voltem para a Bíblia, para estudarem mais e se reconciliarem com Deus. De qualquer forma, o fato de terem errado a data exata não reduziu a urgência dos tempos. Cada dia que passa é um dia mais perto do fim.

10 de novembro de 1844: Miller reexamina cuidadosamente a data e neutraliza qualquer possibilidade de desapontamento: “Fixei minha mente em outro tempo, e é aqui que pretendo ficar até que Deus me dê mais luz. – E isso é Hoje, HOJE, e HOJE, até que Ele venha.”

1845: Miller admite o seu erro: “Confesso abertamente que estava errado quanto ao tempo, e não tenho qualquer desejo de defender o meu proceder senão dizendo que agi com motivação pura, e isso resultou em glória para Deus. Confio que Deus perdoará os meus enganos e erros.”

1845: George Storrs, um dos principais seguidores de Miller, declara que Deus não estava presente no movimento do “tempo específico” e que eles foram “hipnotizados” por mera influência humana, e que “a Bíblia não ensina de modo algum o tempo específico.”

Fim da década de 1840: Adventistas do Sétimo Dia, Segundo Adventistas e muitos outros grupos formam-se a partir de ramificações do movimento de Miller, elaborando novas especulações proféticas. Alguns decidem que Miller afinal tinha razão, ele tinha “esperado a coisa errada no tempo certo”.

1860: Nelson H. Barbour descobre que certos cálculos cronológicos mostram que 6.000 anos de história humana terminam em 1873; ele começa a pregar que a Segunda Vinda do Senhor ocorreria em 1873.

1869: Barbour publica a primeira edição do panfleto Evidences for the Coming of the Lord in 1873; or the Midnight Cry [Evidências da Vinda do Senhor em 1873; ou o Grito da Meia-noite].

1871: Barbour publica a segunda edição de Evidências.

1873: Barbour começa a publicar um jornal mensal, The Midnight Cry and Herald of the Morning [O Grito da Meia-noite e Arauto da Manhã].

Mais tarde em 1873: Barbour muda sua predição para o outono de 1874; encerra a publicação do jornal The Midnight Cry, and Herald of the Morning [O Grito da Meia-noite e Arauto da Manhã].

1875: Barbour e os seus seguidores decidem que Cristo tinha retornado invisivelmente em 1874, e dizem que tinham simplesmente “esperado a coisa errada no tempo certo”; em junho Barbour reinicia o seu jornal, agora com o título Herald of the Morning [Arauto da Manhã] e lança a base para futuras profecias; na edição de setembro ele prediz que “os Tempos dos Gentios” terminariam em 1914; em edições posteriores ele amplia esse tema.

Década de 1870: Charles Taze Russell forma classes de estudo da Bíblia, adopta muitos ensinos de ex-Milleritas, incluindo George Storrs, e vários especuladores proféticos.

Janeiro de 1876: Russell lê o jornal de Barbour, convida-o para que Barbour lhe ensine tudo sobre cronologia bíblica.

Início de 1876: Russell convence Barbour a parar a publicação da revista Herald of the Morning [Arauto da Manhã], para que possam trabalhar num livro que seria uma compilação de artigos que de outra forma teriam sido publicados na revista de Barbour.

Mais tarde em 1876: Na edição de outubro do periódico The Bible Examiner [O Examinador da Bíblia], de George Storrs, Russell reafirma a predição de Barbour de que os “Tempos dos Gentios” terminarão em 1914.

1877: Russell e Barbour publicam o livro Three Worlds, and the Harvest of this World [Os Três Mundos e a Colheita Deste Mundo], predizem que “os santos” seriam ressuscitados em 1878 e ensinam que a parábola das “Dez Virgens” começou a se cumprir em 1844 pelos seguidores de Miller; Russell publica o seu folheto Object and Manner of Our Lord’s Return [O Objetivo e a Maneira da Volta de Nosso Senhor].

1878: Russell e Barbour recomeçam a publicação do Herald of the Morning [Arauto da Manhã]; “os santos” não aparecem e assim Russell espiritualiza a “ressurreição” deles, dizendo que de fato isso tinha ocorrido mas invisivelmente, e que ele tinha esperado “a coisa errada no tempo certo”, já que Cristo tinha voltado invisivelmente em 1874; Russell e Barbour discordam na questão de saber se “os santos” já tinham sido ressuscitados, e isso gera o primeiro grande desacordo entre eles.

1879: Russell e Barbour separam-se; em julho Russell começa a publicar o seu próprio jornal, intitulado Zion’s Watch Tower and Herald of Christ’s Presence [A Torre de Vigia de Sião e Arauto da Presença de Cristo]; Russell continua a proclamar que Cristo tinha voltado em 1874 e que “os Tempos dos Gentios” terminariam em 1914; Russell reafirma o seu ensino de que o movimento de Miller em 1844 deu início ao cumprimento “moderno” das profecias do tempo do fim.

Fins de 1880 e início de 1881: Russell prediz que em outubro de 1881 ocorrerá outra “ressurreição dos santos” na terra.

Mais tarde em 1881: Russell espiritualiza a “ressurreição” de outubro, dizendo que ela encerrou o período da “chamada do alto”.

Década de 1880: Russell refina as suas crenças, incluindo exatamente o que ocorreria em 1914.

1889: Russell publica o volume 2 da série The Millennial Dawn [A Aurora do Milênio], intitulado The Time Is At Hand [O Tempo Está Próximo], prediz que em 1914 “o Reino de Deus” terá obtido controle total no céu e na terra, que Cristo estaria reinando visivelmente, que todos “os santos” seriam ressuscitados, que a cidade de Jerusalém seria mais uma vez altamente honrada, que “a Batalha do Armagedom” (que tinha começado em 1878) culminaria em anarquia mundial e daria lugar a “novos céus e uma nova terra” com bênçãos pacíficas, e que o “Reino de Deus” estaria “na terra e então derrubaria e esmagaria a imagem gentia” e “consumiria completamente o poder destes reis”.

1904: Russell decide que afinal 1914 não era necessariamente a data apropriada para “os Tempos dos Gentios” terminarem, que talvez seria 1915 e que outras coisas que ele predissera poderiam ocorrer de maneira diferente.

Início de 1914: Russell hesita sobre a certeza do seu esquema de datação e se pergunta se tinha estado “esperando a coisa errada no tempo certo”.

Fins de 1914: Russell e seguidores decidem que o irrompimento da “Grande Guerra” é um cumprimento das predições de Russell e que a guerra culminaria na Batalha do Armagedom.

1916: Russell escreve que algumas das suas predições de fato não se cumpriram mas, assim como William Miller disse, “certamente elas tiveram um efeito muito estimulante e santificador sobre milhares, que por essa razão podem louvar o Senhor – até pelo erro. Muitos, de fato, podem expressar-se como estando gratos ao Senhor devido à culminação das esperanças da Igreja não ter sido atingida no momento em que esperávamos; e por nós, como o povo do Senhor, termos oportunidades adicionais de aperfeiçoar a santidade e de ser participantes com o nosso Mestre na apresentação adicional da Sua Mensagem ao Seu Povo.”

1917: O livro The Finished Mystery [O Mistério Consumado] prediz que a Guerra terminaria em breve na Batalha do Armagedom.

1918: A Sociedade Torre de Vigia começa a dar discursos públicos intitulados “Milhões Que Agora Vivem Podem Nunca Morrer”, título que foi rapidamente mudado para “Milhões Que Agora Vivem Jamais Morrerão”.

1920: No folheto “Milhões Que Agora Vivem Jamais Morrerão”, a Torre de Vigia começa a predizer que 1925 veria a ressurreição dos fiéis profetas da antiguidade e o começo da Batalha do Armagedom.

1925: O Armagedom não vem.

Fins da década de 1920: Os Estudantes da Bíblia perdem 3/4 dos seus membros; os que ficam começam a esquecer de 1925.

1940: A revista A Sentinela informa o público que o Armagedom está só alguns meses à frente.

1942: Depois da morte de J. F. Rutherford, Nathan Knorr anuncia que afinal o término da Guerra não resultará na Batalha do Armagedom, mas que ele virá em breve.

Década de 1950: A Sociedade diz aos seus seguidores para esperar a vinda do Armagedom muito em breve.

1961: No livro Santificado Seja o Teu Nome, Fred Franz diz às Testemunhas de Jeová que em 1942, quando Rutherford, no seu leito de morte, designou Franz e Knorr para liderarem a Sociedade, o trabalho de “Elias” estava terminado e o de “Eliseu” começou. Este trabalho, escreveu Franz, começou na década de 1870 com Russell. Juntando isso com os ensinos de Russell a respeito das “Dez Virgens”, chega-se à conclusão de que foi William Miller quem realmente começou este trabalho moderno de Elias e é ele o pai espiritual das Testemunhas de Jeová. É claro que Miller tem muitas outras “filhas”.

1966: No livro Vida Eterna – na Liberdade dos Filhos de Deus, Fred Franz diz às Testemunhas de Jeová que 6.000 anos de história humana terminariam em 1975 e que seria bem apropriado o Armagedom vir nessa data.

1967: A Sociedade instrui os Superintendentes de Circuito a fazerem discursos em assembleias de circuito anunciando que o Armagedom viria definitivamente por volta de 1975.

1968: A Sociedade institui uma campanha de Estudos Bíblicos com a duração de seis meses, em antecipação ao grande afluxo de novos convertidos nos poucos anos antes do Armagedom.

Fim da década de 1960 e início da década de 1970: As Testemunhas de Jeová informam o mundo que é extremamente provável que o Armagedom virá por volta de 1975.

1975: A Sociedade informa os seus seguidores que o Armagedom não veio.

1976: Fred Franz lança a culpa sobre a comunidade das Testemunhas de Jeová: “não veio porque VOCÊS esperavam que viesse”. A revista A Sentinela lança a culpa sobre a comunidade das Testemunhas de Jeová por ter sido desapontada em resultado de ter dado ouvidos a isso.

Fim da década de 1970: Muitas Testemunhas de Jeová abandonam o barco.

1980: A Sociedade admite ter tido alguma culpa pelo desapontamento.

Década de 1980: A comunidade das Testemunhas de Jeová e os líderes da Torre de Vigia esquecem de 1975; alguns esperam o Armagedom em 1984 ou em 1994, com base nos 70 ou 80 anos da geração de 1914; algumas publicações da organização dão a entender ou declaram abertamente que “tudo estará terminado” por volta do ano 2000.

Década de 1990: Muitas Testemunhas de Jeová esperam quietamente “o fim” por volta do ano 2000; a liderança da organização mantém as expectativas delas com declarações vagas do tipo “agora muito próximo”.

1995: A Torre de Vigia muda o seu ensino sobre a “geração” mas mantém o tema do “agora muito próximo”.

A cronologia resumida apresentada acima documenta uns 170 anos em que se gritou “lobo'” através de especulações proféticas. Nem uma única dessas predições se cumpriu. Contraste isto com o que ocorreu quando Deus falou através de Moisés – “tudo se cumpriu.” (Josué 21:45)

Ainda que alguma das predições dos especuladores proféticos de hoje se cumprissem, seria puramente acidental, assim como quando o lobo vem depois de o rapaz ter “gritado “lobo” todos os dias, durante anos. Isso não traz qualquer crédito para o rapaz.

Na verdade, visto que Jesus disse que “o Filho do homem vem numa hora em que não esperais”, qualquer pessoa que “prediga” taxativamente o momento da vinda dele não pode ser seu seguidor. Da mesma forma, ninguém que seja verdadeiro seguidor de Jesus terá a presunção de fazer essas predições.

William Miller por fim aprendeu da maneira difícil a ter a atitude correta: “Fixei minha mente em outro tempo, e é aqui que pretendo ficar até que Deus me dê mais luz. – E isso é Hoje, HOJE, e HOJE, até que Ele venha.”

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