Dias Criativos de 7000 Anos?

“Visto que cada um dos “dias” ou períodos criativos foi evidentemente de sete mil anos de duração, toda a “semana” criativa abrange 49.000 anos. Se este período for comparado a um relógio de doze horas, então as árvores e outra vegetação apareceram entre as três e trinta e as cinco e quinze horas. E o homem? Muito mais tarde — depois das dez horas! Sim, as árvores, já na terra por entre vinte e sete mil e trinta e quatro mil anos, excedem em muito os quase seis mil anos da existência do homem.” (A Sentinela de 1 de agosto de 1973, artigo “Serão os seus dias ‘como os dias da árvore’?”)

Será esta mais uma contradição da Torre de Vigia (JW.org) ou realmente cada dia criativo teve a duração de 7000 anos?

RESPOSTA

Esta afirmação era encontrada em publicações das Testemunhas de Jeová das décadas de 1950, 1960 e 1970 e foi, aliás, crucial para toda a especulação criada em torno do ano de 1975 como sendo o momento “apropriado” para Deus agir e para começar o “Reinado de Mil Anos” de Cristo. (Veja o Apêndice). Isso criou muita expectativa e conduziu a muito desapontamento entre as Testemunhas de Jeová que estavam na organização na época. Algumas falhas dessa teoria são:

1 – Não há maneira de sabermos qual foi a duração de cada “dia” criativo usando apenas a informação contida na Bíblia. Para começar, há elementos duvidosos na contagem do tempo. Por exemplo, para o período que vai da Criação ao Dilúvio, simplesmente somam-se idades de pessoas, como se tais números fossem exatos. (Um leitor chamou a atenção para isso, e a Torre de Vigia deu uma resposta evasiva. Veja A Sentinela de 15 de maio de 1981, página 31). Além disso, usam-se diferentes calendários para fazer a contagem; um calendário lunar para os períodos antigos e um calendário solar para outros períodos. Isto, é claro, gera outras discrepâncias.

2 – A tentativa de marcar alguma data ou período específico para o Fim com base nesta informação desconsidera o que Cristo disse em Mateus 24:36. Se fosse verdade que Deus só agiria no momento exato do fim de 6.000 anos de existência do homem na Terra, os anjos e o Filho teriam como saber antecipadamente que momento é esse, já que eles também estavam presentes na criação do homem e sabem em que momento exato o homem passou a existir. Mas Jesus disse que esta informação sobre “o dia e a hora” só é conhecida pelo Pai, e por mais ninguém. Isso argumenta contra a ideia de Deus estar se baseando nessa cronologia humana para cumprir o propósito dele.

3 – Transmite-se a ideia de que tanto a atividade criativa como outras ações de Deus são regidas pelo movimento do planeta Terra como uma espécie de “relógio”, como se o Todo-Poderoso e Soberano Universal fosse obrigado a criar e agir esperando a passagem de algum período de translação dum planeta insignificante em torno do sol (uma estrela também insignificante em meio a um incontável número de galáxias e constelações no universo físico), até completar 7.000 anos terrestres! Esta ideia é absurda em si mesma.

E existem outros problemas que poderiam ser mencionados. Atualmente, até mesmo as publicações das Testemunhas de Jeová não fazem mais esta afirmação, embora o ensino não tenha sido rejeitado oficialmente. Este é mais um dos muitos ensinos que foram simplesmente deixados de lado e esquecidos, como nada mais que o produto das ideias de algum escritor influente da organização, já falecido.

Apêndice

Entre as muitas publicações que enfatizavam o meio da década de 1970 como o momento em que provavelmente viria o fim, encontra-se a revista Despertai! de 22 de abril de 1972. Reproduzimos abaixo a maior parte do artigo das páginas 26 a 28 (com grifos acrescentados):

NOSSA geração presenciará o fim da atual ordem assolada de pressões. Com efeito, há até boa razão para se esperar que uma nova ordem de Deus possa começar na presente década. Por que isto?

Desde o ano de 1914, as pressões sobre a humanidade aumentaram dramaticamente, chegando quase a um ponto explosivo. Conforme indicado antes neste número, a profecia bíblica cumprida assinala o ano de 1914 como sendo o início do predito “tempo do fim” para esta ordem atual, cheia de pressões. Mas, ao mesmo tempo, torna a geração que então vivesse uma geração ‘marcada’. Como assim?

Jesus mostrou isto em sua grande profecia registrada em Mateus 24, Marcos 13 e Lucas 21. Na verdade, grande parte dessa profecia teve cumprimento no primeiro século. Predisse o colapso da ordem judaica e a desolação de Jerusalém e de seu templo. As próprias palavras de Jesus, porém, tornam claríssimo que essa profecia teria outro cumprimento, um cumprimento maior, no tempo de sua ‘segunda presença’. Esse cumprimento maior ocorre neste “tempo do fim” que se iniciou em 1914. — Mat. 24:27, 30.

A geração judaica que ouviu essa profecia no primeiro século viu o cumprimento da profecia de Jesus sobre Jerusalém menos de quatro décadas mais tarde, quando Jerusalém foi destruída no ano 70 E. C. Podemos estar certos de que o cumprimento maior dessa profecia em nossos próprios tempos não se provará menos fidedigno.

A geração que vivia em 1914, quando ‘estas coisas principiaram a ocorrer’ já envelheceu agora. No mais de meio século que já passou, o número de pessoas daquela geração já diminuiu consideravelmente. No entanto, “todas estas coisas” preditas por Jesus para os nossos dias têm de ocorrer plenamente antes de ‘esta geração passar por completo’. Isto significa que o devido tempo para a sua plena ocorrência tem de estar às portas, muito perto.

Todas as demais modalidades da profecia de Jesus agora se tornaram verdadeiras com surpreendente exatidão. Não precisamos duvidar de que falou a verdade inspirada quando disse que a geração que visse o início deste “tempo do fim” também veria o seu desfecho. Isso significará o fim da atual velha ordem insatisfatória, egoísta, opressiva, e a introdução da nova ordem justa e revigorante de Deus.

Mas, por que há razão de se esperar que tal mudança talvez ocorra até mesmo na presente década?

A Bíblia mostra que nos aproximamos do fim de 6.000 anos da história humana. A cronologia bíblica revela que a vida humana se iniciou com a criação de Adão há uns 4.058 anos antes da morte de Jesus (na primavera setentrional do ano 33 E. C.). Por adicionar isto aos anos desde a morte de Jesus até agora, verificamos que o término de 6.000 anos da existência do homem chegará perto da metade desta década de 1970. Isto é significativo. Por quê?

A resposta se encontra no pacto da Lei que Deus forneceu ao antigo Israel mediante Moisés, seu mediador. A Bíblia nos assegura que essa Lei tinha “uma sombra das boas coisas vindouras”. (Heb. 10:1) Siga uma sombra e por fim chegará à realidade, a coisa substancial da qual a sombra é apenas um esboço. As coisas prefiguradas pelo pacto da Lei nos levam à realidade do reino de Deus às mãos de seu Filho, Cristo Jesus.

Colossenses 2:16, 17 mostra que o arranjo sabático se acha incluído entre tais ‘sombras das coisas vindouras’. Segundo aquele arranjo sabático, todo sétimo dia era um dia de descanso de todo o trabalho. Também, cada sétimo ano era um ano de descanso para a terra, não se ceifando nem se semeando. Destarte, não só a terra tinha a oportunidade de renovar sua força produtiva, mas também as pessoas. — Êxo. 20:8-11; Lev. 25:1-8.

Que “boas coisas” prefigurou isto? Aquele arranjo sabático prefigurou grandiosas bênçãos e alívio para toda a humanidade por meio do reino de Cristo. O livro de Revelação mostra que, com o fim da atual ordem injusta, o reino de Cristo trará uma regência milenar de paz e de bênçãos divinas. Isto resultará num descanso sabático para a terra e todos os seus habitantes. Verá a humanidade receber os plenos benefícios do resgate de Cristo, levando-a por fim à plena liberdade do pecado. Também presenciará o abismar de Satanás e de suas forças demoníacas, libertando o gênero humano de sua regência opressiva. — Rev. 20:1-6; 21:1-4.

Se aplicarmos a declaração bíblica de que, para Jeová Deus, ‘mil anos são como um dia’, isto significaria que os seis mil anos da existência do homem são como apenas seis dias à vista de Deus. (Sal. 90:2; 2 Ped. 3:8) O vindouro reinado milenar de seu Filho seria então um sétimo “dia” após aqueles seis. Seria perfeitamente apropriado ao padrão profético de um período sabático de descanso seguir seis períodos de trabalho e labuta. Assim, ao nos aproximarmos do término de seis mil anos de existência humana, durante esta década, há emocionante esperança de que um grandioso Sábado de descanso e alívio se acha deveras às portas. Então, as pressões frustradoras e cansativas terminarão. Em seu lugar haverá revigorante liberdade e usufruto do que é bom.

Na página 27 desta revista aparecia o diagrama que segue, indicando claramente o último milênio do período de 7000 anos coincidindo com o “Reinado Milenar de Cristo”, acompanhado pela seguinte declaração:


Imagem em destaque: Diagrama apresentado na revista Despertai! de 22 de abril de 1969, pág. 15.

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