O Único Deus Verdadeiro – Um Estudo Bíblico Sobre a Trindade

“Pai,… a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.” – João 17:1-3

Introdução

A Bíblia revela que existe apenas um Deus:

Marcos 12:29: “Respondeu Jesus: ‘O principal é: Ouve, ó Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor!’” (Aqui Jesus citou Deuteronômio 6:4).

1 Timóteo 2:5: “Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem.”

Uma crença quase universal entre os cristãos é que este “um só Deus” é uma Trindade de três Pessoas divinas, chamadas Deus, o Pai, Deus, o Filho e Deus, o Espírito Santo, sendo cada Pessoa distinta e ainda assim totalmente Deus, co-iguais, co-eternas e possuindo todas os mesmos atributos de deidade. Mesmo assim, não há três Deuses, e sim um Deus. A maioria dos que creem na Trindade sentem-se inadequados para compreender este Mistério e explicá-lo a outros. Assim, um exame bíblico desta doutrina é com o objetivo de esclarecer o relacionamento entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Tendo em vista este propósito, este folheto considerará 26 proposições estabelecidas pelos trinitaristas para provar e explicar a Trindade. Esta informação é de importância vital. Cada cristão deveria examinar esta evidência cuidadosamente e com oração.

Proposições e respostas

Proposição # 1: Embora Deuteronômio 6:4 diga que Deus é um (ou único), a palavra hebraica traduzida como “um” indica uma unidade composta. De modo que o Deus único deve ser múltiplo em algum sentido, sendo isso revelado em outras passagens bíblicas como uma Trindade.

Resposta: A língua na qual isso foi escrito originalmente era a língua nativa dos judeus e eles não têm, e nunca tiveram, o conceito de um Deus múltiplo ou trino. Então qual era o entendimento deles de “um” Deus? O Deus de Israel não era como os deuses das nações vizinhas. Estas nações tinham um deus para isso e um deus para aquilo; mas Israel tinha um Deus para todas as coisas. Neste sentido podemos dizer que Ele é muitos deuses em Um; e só neste sentido podemos dizer que Ele é uma unidade composta e ainda estar de acordo com as crenças históricas judaicas. Note-se que Jesus disse à mulher samaritana: “Vós [samaritanos] adorais o que não conheceisnós [judeus] adoramos o que conhecemos, porque a salvação vem dos judeus.” Se Deus fosse trino ao mesmo tempo em que os judeus não tinham esse conceito, não tornaria isso incorreta a declaração de Jesus à mulher samaritana? – João 4:22

O próprio Jesus identificou claramente quem é o ‘único Deus’. Em João 17:3 registra-se que Cristo orou, “Pai,… a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.” A linguagem na qual isso foi registrado possui tanto a forma singular como a plural para o pronome “ti”. Aqui é usada a forma singular. Jesus dirigiu sua oração a seu Pai, usando a forma singular do pronome e descreveu esse “ti” singular como “único Deus verdadeiro.” Assim, segundo Jesus, apenas o Pai é Deus. 1Os trinitaristas argumentam que o Pai era o único Deus verdadeiro naquela ocasião porque Jesus tinha se despojado de alguns atributos divinos devido à sua encarnação; mas mesmo assim ele não tinha se despojado de sua identidade como Deus. Então, ele era ou não era Deus quando disse isso? Se Jesus não era realmente Deus quando disse isso, ele não era realmente Deus poucas horas depois, quando morreu.

Paulo está de acordo com isso; ele escreveu em 1 Coríntios 8:6, “… para nós, porém, há um único Deus, o Pai, de quem vêm todas as coisas e para quem vivemos...” e em Efésios 4:4-6: “Há … um só Deus e Pai de todos, que é sobre todos, por meio de todos e em todos.”

Proposição # 2: Porém, a Bíblia também diz que Jesus é Deus.

Resposta: É verdade que há alguns versículos que se referem a Jesus como Deus. Os trinitaristas presumem – incorretamente – que existem apenas duas opções: Jesus deve ser o Deus verdadeiro ou ele é um deus falso. No entanto, a Bíblia revela uma terceira opção. Na NET Bible, uma tradução feita por trinitaristas, Êxodo 7:1 diz: “Então o SENHOR disse a Moisés: ‘Vê, eu te fiz como Deus para Faraó, e seu irmão Arão será teu profeta’.” No texto hebraico a palavra “como” não aparece nesse versículo, então aqui o SENHOR está chamando Moisés de “Deus”. A nota de rodapé para esse versículo diz:

A palavra “como” é adicionada para maior clareza, tornando explícita a comparação implícita na declaração “eu te fiz Deus para Faraó.” A palavra ‘elohim’ é usada algumas vezes na Bíblia em referência a humanos (por exemplo, Salmos 45:6; 82:1), e sempre claramente no sentido de um subordinado a DEUS – eles são seus representantes na terra. A explicação aqui remete ao [Êxodo] 4:16. Se Moisés é como Deus de modo que Arão é seu profeta, então Moisés é certamente como Deus para Faraó. Só Moisés, então, pode falar a Faraó com tanta autoridade, dando-lhe ordens. – www.netbible.com [Ênfase acrescentada.].

Em Salmos 82:6 o próprio Deus [Elohim] refere-se aos juízes israelitas como deuses [Heb., elohim]. Em relação a este versículo Walter C. Kaiser, Jr., um trinitarista, escreveu,

[Deus] se dirige a juízes terrestres e administradores de sua lei aos quais ele estabeleceu para representá-lo… Mas não há qualquer indício de uma crença em muitos deuses e deusas. Dessa forma, nem Deus quer dizer que eles têm a natureza divina exclusiva da Trindade. É simplesmente um caso em que um termo, elohim, deve ter uma dupla função, referindo-se não só a Deus, mas também aos seus servos especiais designados para as tarefas exclusivas descritas nestes contextos. – HARD SAYINGS OF THE BIBLE [Pronunciamentos Difíceis da Bíblia] [Grifo acrescentado].

No entendimento do relacionamento de Jesus com Deus seria incorreto dizer que ele, pessoalmente, é Deus, ou que ele é literalmente um Deus. Mas Jesus é Deus em sentido representativo. Um governante pode comissionar um representante com autoridade executiva total. Faraó fez isso com José. Dar a ele seu anel de sinete era o mesmo que dar a ele o poder de assinar por Faraó. Nabucodonosor fez o mesmo com Daniel. (Gênesis 1:39-44; Daniel 2:47-49) E Deus fez isso com seu Filho. Isto é provado pelas palavras de Mateus 28:18, onde Jesus disse: “Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra.” 2Se a autoridade “foi dada” a Jesus, isso mostra que ele nem sempre a teve e, portanto, ele não poderia ter sido Deus. E este é o sentido em Colossenses 2:9, onde se diz que em Cristo “habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade.” O significado deste versículo é mais bem demonstrado por uma ilustração: Suponhamos que o presidente de um país torne-se temporariamente incapacitado e não possa cumprir os deveres de seu cargo, a presidência. O vice-presidente assumiria estes deveres e teria o poder total da presidência à sua disposição. Todavia, quando a história registra a lista dos presidentes, o nome do vice-presidente não seria incluído porque ele nunca foi realmente o presidente. Similarmente, foi concedido a Jesus o poder total de divindade, o cargo de Deus, mas ele não é literalmente Deus. 3Efésios 3:19 fala dos cristãos serem “tomados de toda a plenitude de Deus.” Aqui usa-se a palavra mais pessoal “Deus” (não o termo impessoal “divindade” – ou “deidade” – usado em Colossenses 2:9.) Quando um cristão é “tomado de toda a plenitude de Deus” será que ele se torna Deus? Se não, por que deveríamos concluir que em Jesus ‘habitar corporalmente toda a plenitude da divindade’ significa que ele é Deus literalmente? Colossenses 2:9 quer dizer que ele é como Deus em sentido funcional; não significa que ele seja Deus pessoalmente.

Dentro do conceito judaico de agência, o agente de alguém é como se fosse o próprio. Para entender este conceito, comparemos Lucas 7:2-10 com Mateus 8:5-13. Lucas relata o fato como ele ocorreu literalmente: Os representantes judaicos de um centurião abordaram Jesus com o pedido dele. Mateus narra o fato como se o próprio centurião tivesse vindo falar com Jesus, mas na verdade o centurião não fez isso. 4Na maneira hebraica de pensar, pode-se falar do agente de uma pessoa como se fosse a própria pessoa, e essa substituição não seria considerada falsa. Compare com Lucas 10:16 e Mateus 25:40,45. Este conceito de agência é conhecido por alguns trinitaristas. Isto é mencionado no capítulo 7 do livro de Lee Strobel The Case For Christ [O Caso de Cristo], debaixo do subtítulo “Eu e o Pai Somos Um”, onde Strobel cita o professor Ben Witherington, III. Tanto Strobel como Witherington são trinitaristas. A falha em reconhecer a aplicação deste conceito a Jesus explica um bom número de mal-entendidos dos trinitaristas. Como representante principal de Deus, apto a ‘assinar Seu nome’, Jesus pode figurativamente ser chamado de “Deus”. Mas isto não significa que Jesus seja literalmente Deus.

É Jesus igual a Deus? Voltemos à nossa comparação com José e Faraó: José era funcionalmente igual a ele, não era igual em sentido posicional. As pessoas tinham de obedecer a José como se ele fosse Faraó, mas ele não era Faraó. Da mesma forma, Jesus é funcionalmente igual a seu Pai, mas não é posicionalmente igual. (Considere João 5:23.) Qualquer versículo que chame Jesus de Deus deve ser entendido em sentido representativo.

Será que o fato de quase todos os cristãos aceitarem a doutrina da Trindade prova que ela seja verdadeira? Considere: Dois mil anos atrás a vasta maioria dos judeus rejeitou Jesus como seu Messias. Prova isso que ele não era o Messias? Não, não prova. O que é importante é o que a Bíblia diz – ou não diz – e não o que a maioria das pessoas escolhe crer. A Bíblia declara explicitamente que o Pai é um Deus; e Jesus identificou explicitamente seu Pai como nosso Pai e seu Deus como nosso Deus. 5João 20:17, “Jesus disse: …Vá, porém, a meus irmãos e diga-lhes: Estou voltando para meu Pai e Pai de vocês, para meu Deus e Deus de vocês”. Os trinitaristas dizem que o Deus de Jesus é o Pai, mas que o nosso Deus é o Pai-Filho-Espírito Santo. Esta afirmação contradiz o que Jesus disse aqui. Ele também disse explicitamente que o Pai é o “único Deus verdadeiro”. Em parte alguma a Bíblia diz explicitamente que Deus é uma Trindade. – 1 Coríntios 8:6, Efésios 4:6, João 20:17, 17:1-3.

Proposição # 3: Se Jesus Cristo não é literalmente Deus, então a morte dele não pode salvar-nos; nenhum mero humano pode prover expiação pelos pecados de outro. 6Deus é inerentemente imortal, o que significa que ele não pode morrer. Portanto, mesmo que Jesus fosse 100% Deus e 100% humano, como os trinitaristas ensinam, apenas a parte humana dele teria morrido na cruz. Portanto, se o argumento deles fosse verdadeiro, a teologia trinitária também ofereceria expiação insuficiente. Além disso, Atos 20:28 fala da “igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue.” (ARC)

Resposta: Deve-se notar que Jesus não era um “mero humano”; Deus é, literalmente, seu Pai. Um anjo disse a Maria: “O Espírito Santo virá sobre você, e o poder do Altíssimo a cobrirá com a sua sombra. Assim, aquele que há de nascer será chamado santo, Filho de Deus.” Com sua concepção sendo causada pelo espírito santo de Deus, sem qualquer intervenção dum pai humano, Jesus é o Filho unigênito de Deus. 7Note-se que de acordo com este versículo “Descerá sobre ti [Maria] o Espírito Santo” o que ocasionaria a gravidez dela. Então quem é o Pai de Jesus? É a primeira pessoa da trindade (o Pai) ou a terceira pessoa da trindade (o Espírito Santo)? Devido a esta concepção milagrosa, Jesus nasceu sem a mancha do pecado, assim como Adão havia sido criado sem pecado. Portanto, Deus poderia interagir com ele, dotando-o com espírito santo, de uma forma que Ele não poderia fazer com qualquer outro ser humano. – Lucas 1:35; João 3:34

Paulo traçou uma correspondência entre Adão e Jesus em 1 Coríntios 15:21: “Visto que a morte veio por um homem, também por um homem veio a ressurreição dos mortos.” Com respeito ao Cristo que ressuscitou e ascendeu aos céus, note o que Paulo escreveu em 1 Timóteo 2:5: “Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem.” Hebreus 2:14-17 diz: “Visto, pois, que os filhos têm participação comum de carne e sangue, destes também ele, igualmente, participou, para que, por sua morte, destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo. / Por isso mesmo, convinha que, em todas as coisas, se tornasse semelhante aos irmãos, … para fazer propiciação pelos pecados do povo.”

Estes versículos mostram que o valor do sacrifício de Cristo assenta-se em sua natureza humana. Portanto, insistir que Jesus tinha de ser Deus como condição para que seu sacrifício tivesse valor cai por terra diante dos escritos de Paulo. Isaías 55:8, 9 diz: “Com efeito, os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, e os vossos caminhos não são os meus caminhos, oráculo de Iahweh. 8Uma tradução moderna do Nome Divino יהוה , mais comumente vertido como Iavé, Jeová, ou SENHOR (grafado em letras maiúsculas). Quanto os céus estão acima da terra, tanto os meus caminhos estão acima dos vossos caminhos, e os meus pensamentos acima dos vossos pensamentos.” (Bíblia de Jerusalém) Se está dentro dos propósitos de Deus prover a salvação por meio de seu Filho humano, como podemos nós, cujos pensamentos são inferiores aos dele, questionar ou desafiar a maneira dele de fazer as coisas?

Devemos considerar também que o livro de Atos apresenta nove sermões principais para os incrédulos, sendo que nenhum destes revela que Deus é uma trindade ou que Jesus é literalmente Deus encarnado. Se este ensino fosse uma verdade cristã fundamental e um pilar da salvação, com certeza Pedro o teria mencionado em seu sermão no Pentecostes e no seu sermão para Cornélio e os amigos. 9Se os apóstolos estivessem pregando aos judeus que Jesus era Deus encarnado, teria havido enormes controvérsias acerca do assunto. Os escritos cristãos não registram qualquer argumento sobre o assunto. (A título de contraste, a circuncisão para os crentes gentios foi debatida acaloradamente.). – Atos 2:14-40; 10:34-43; 3:12-26; 7:2-56; 13:16-41; 17:22-31; 22:1-21; 24:10-21; 26:2-23

Os tradutores trinitaristas têm dificuldade em traduzir Atos 20:28. O texto principal da Bíblia na Linguagem de Hoje diz: “da Igreja de Deus, que ele comprou por meio do sangue do seu próprio Filho.” Admite-se que a palavra “Filho” foi inserida pelos tradutores. Mas a nota de rodapé desta mesma tradução diz: “do sangue do seu próprio Filho; ou do seu próprio sangue.” Será que devemos rejeitar declarações claras das Escrituras com base em passagens que até mesmo os tradutores trinitaristas reconhecem haver dupla possibilidade de tradução?

Proposição # 4: A palavra hebraica usada com mais frequência para Deus é Elohim, que é um substantivo plural, denotando assim a pluralidade de Deus. Além disso Deus [Elohim] usou pronomes na primeira pessoa do plural, como em Gênesis 1:26: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança.”

Resposta: Mais uma vez, a língua em que isto foi escrito originalmente era a língua nativa dos judeus, mas eles não se sentiram compelidos ao uso do substantivo ou pronome plural para acreditar em um Deus múltiplo ou trino. É verdade que em uns poucos versículos usa-se o pronome na primeira pessoa do plural, mas na vasta maioria dos versículos usa-se o pronome na primeira pessoa do singular, mesmo quando o seu antecedente está no plural! Esta é uma anomalia gramatical significativa.

Com quem Deus poderia estar falando em Gênesis 1:26? Observemos o que dois comentaristas trinitários têm a dizer sobre este versículo. The Wycliffe Bible Commentary [Comentário da Bíblia de Wycliffe] diz:

“26. Façamos o homem. O momento supremo da criação chegou quando Deus criou o homem. A narrativa apresenta Deus convocando a corte celestial, ou os outros dois membros da Trindade, para concentrar toda a atenção neste evento. Alguns comentaristas, porém, interpretam o plural como um ‘plural majestático’, indicando dignidade e grandeza. A forma plural da palavra para Deus, Elohim, pode ser explicada um tanto do mesmo modo. O SENHOR é representado dando incomum deliberação a um assunto cheio de muita significância.” [Ênfase acrescentada.]

International Bible Commentary [Comentário Bíblico Internacional]de F. F. Bruce diz:

“… há um ato de Deus para o qual ele chama a atenção: Façamos o homem (26). Leupold ainda argumenta em favor do conceito cristão tradicional de que o plural refere-se à Trindade. Isto não deveria ser completamente rejeitado, mas em tal cenário este conceito não transmite convicção. A interpretação rabínica de que Deus está falando com os anjos é mais atraente, pois a criação do homem os afetou (Sal 8:5; 1 Cor 6:3), cf. Jó 38:7. Mas não há qualquer sugestão de cooperação angélica. Provavelmente o plural tem a intenção de, acima de tudo, chamar a atenção para a importância e solenidade da decisão de Deus.” [Ênfase acrescentada.]

Naturalmente estes comentaristas trinitários não rejeitam o ponto de vista trinitário do uso deste pronome. Mas eles realmente mostram pontos de vista alternativos, e o conceito trinitário é apresentado como secundário, ou mesmo terciário.

Note-se que depois de dizer “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança.”, o versículo 27 diz: “Criou Deus [Elohim], pois, o homem à sua [não “deles”] imagem, à imagem de Deus o criou [não “criaram”]; homem e mulher os criou [não “criaram”].” Note-se também que Isaías 45:5 diz: “Eu sou o SENHOR, e não há outro; além de mim [pronome singular] não há Deus [Elohim (plural)].” Este é um versículo onde se deveria esperar o uso do pronome no plural [ou seja, ‘além de NÓS não há Deus’] se o sentido do texto tivesse de incluir ramificações teológicas.

Recordemos o Wycliffe Bible Commentary [Comentário da Bíblia de Wycliffe]já citado:

“Alguns comentaristas, porém, interpretam o plural como um ‘plural majestático’, indicando dignidade e grandeza. A forma plural da palavra para Deus, Elohim, pode ser explicada um tanto do mesmo modo.”

Desta forma, Elohim, a palavra hebraica para Deus, é usada porque a palavra expressa dignidade e majestade. Arão chamou o bezerro fundido que fez de elohim, associando a ele dignidade e majestade, suscitando desta forma a reverência nas mentes de seus adoradores. Pela mesma razão, os filisteus chamavam seu ídolo Dagom de elohim. Cada um dos ídolos, Quemós, Milcom, Baal-Zebube e Nisroque é chamado de elohim, embora cada um destes nomes próprios seja singular. Esses adoradores de ídolos atribuíam o plural a seus ídolos particulares por causa da suposta dignidade, majestade e excelência destes. (Êxodo 32:4,8; Juízes 16:23,24) Gênesis 24:9, 10 refere-se a Abraão como adonim, a forma plural da palavra hebraica para “senhor” ou “mestre”, e Potifar é chamado de adonim de José. Em todos estes lugares usa-se o plural para algo singular com o fim de expressar domínio, dignidade e grandeza. – Gênesis 39:20

Proposição # 5: A Primeira Carta de João 5:20 diz: “Sabemos também que o Filho de Deus veio e nos deu entendimento, para que conheçamos aquele que é o Verdadeiro. E nós estamos naquele que é o Verdadeiro, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna.” Com respeito a este versículo, o renomado comentarista bíblico Albert Barnes escreveu:

“Tem havido muita divergência de opinião com relação a esta importante passagem, se ela se refere ao Senhor Jesus Cristo, o antecedente imediato, ou a um antecedente mais remoto – referindo-se a Deus, como tal… Sem entrar num extensivo exame da passagem, as seguintes considerações parecem-me tornar moralmente correto que com a frase “este é o verdadeiro Deus”, etc. ele se referiu ao Senhor Jesus Cristo. (1.) A construção gramatical favorece isso. Cristo é o antecedente imediato do pronome “este”. Isto seria considerado como a construção óbvia e certa do ponto de vista gramatical, a menos que houvesse algo nas declarações feitas que nos movesse a procurar algum antecedente mais remoto e menos óbvio… Não há qualquer exemplo nos escritos de João, no qual o título “VIDA”, e “VIDA eterna” sejam aplicados ao Pai, para designá-lo como o autor da vida espiritual e eterna; e uma vez que isto é aplicado a Cristo com tanta frequência nos escritos de João, as normas da exegese requerem que tanto a frase “o verdadeiro Deus” como “a vida eterna” sejam aplicadas a ele.” (Barnes’ Notes on the New Testament[Notas Sobre o Novo Testamento de Barnes], Volume 1, pág. 1497) [A ênfase é dele].

Isto prova que Jesus não era só ‘Deus em sentido representativo’, e sim o “verdadeiro Deus”.

Resposta: Barnes está errado. Existe algo que nos moveria a “procurar um antecedente mais remoto e menos óbvio”? Sim, existe. O versículo em questão nos diz que “o Filho de Deus… nos deu entendimento, para que conheçamos aquele que é o Verdadeiro...” A quem o pronome “aquele” se refere como “o verdadeiro”? Mateus 11:27; Lucas 10:22; e João 1:18; 17:4, 6, 25, 26 mostram que Jesus veio para tornar o Pai conhecido. As normas de exegese requerem que apliquemos ao Pai este pronome “aquele”. 10N.T.: Diferente das versões em inglês, que usam um pronome oblíquo (“Son of God… has given us understanding, to know Him who is true…”), a maioria das versões bíblicas em português inclui a expressão “o verdadeiro”. Isso, porém, não elimina a margem para o entendimento de que a referência é ao Pai, não ao Filho. A Nova Tradução na Linguagem de Hoje, por exemplo, verte o texto assim: “Sabemos também que o Filho de Deus já veio e nos deu entendimento para conhecermos o Deus verdadeiro. A nossa vida está unida com o Deus verdadeiro, unida com o seu Filho, Jesus Cristo. Este é o Deus verdadeiro, e esta é a vida eterna.”

As regras gramaticais permitem que um pronome seja substituído pelo nome ao qual ele se refere sem mudar o sentido. 11N.T.: No caso das versões em português, basta substituir a expressão “o verdadeiro” (ou “o Deus verdadeiro”) pela expressão “o Pai”. Façamos isso com 1 João 5:20: “Sabemos também que o Filho de Deus veio e nos deu entendimento, para que conheçamos o Pai que é o Verdadeiro. E nós estamos no Pai que é o Verdadeiro, no Pai do Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna.

Por meio desta substituição, podemos ver que o antecedente correto da frase “Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna” é o Pai. O que dizer da alegação de que “não há qualquer exemplo nos escritos de João, no qual o título “VIDA”, e “VIDA eterna” sejam aplicados ao Pai”? Mais uma vez Barnes está errado. Em João 17:3 Jesus orou, “Pai… a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.” Claramente, este erudito bíblico está errado em seu comentário sobre este versículo.

Proposição # 6: Cristo demonstrou atributos que só Deus pode ter.

Resposta: Deus tem o direito, a autoridade e o poder de dotar qualquer pessoa que Ele escolher com os atributos que Ele quiser que essa pessoa tenha. Um desses atributos é a capacidade de Cristo de perdoar pecados. É interessante que os trinitaristas desejam apoiar sua alegação de que Cristo só poderia perdoar pecados se ele fosse Deus, por indicarem as palavras dos inimigos de Jesus, que raciocinaram: “Por que fala ele deste modo? Isto é blasfêmia! Quem pode perdoar pecados, senão um, que é Deus?” (Marcos 2:5-7) Em João 5:30, Cristo disse: “Eu nada posso fazer de mim mesmo; na forma por que ouço, julgo. O meu juízo é justo, porque não procuro a minha própria vontade, e sim a daquele que me enviou.” Assim, quando Cristo perdoou pecados, era ele mesmo que estava concedendo o perdão, ou era na verdade Deus? Que os judeus que não se opuseram a Jesus não concluíram que ele era literalmente Deus devido à sua capacidade de perdoar pecados é provado pelo relato paralelo de Mateus 9:2-8, que conclui com o seguinte comentário: “Vendo isto, as multidões, possuídas de temor, glorificaram a Deus, que dera tal autoridade aos homens.” Novamente, se está dentro dos propósitos de Deus dar esta autoridade a Jesus, quem somos nós para questionar ou desafiar a maneira dele de fazer as coisas? Simplesmente não podemos fazer isso!

O mesmo vale quando Jesus realizou milagres. Pedro ressuscitou Dorcas, foi capaz de ler o coração de Ananias e curou um homem coxo de nascença. (Atos 9:36-41; 5:1-5; 3:2, 6, 7) Nós compreendemos automaticamente que Pedro não poderia fazer essas coisas por sua própria habilidade. Note-se que 1 Reis 17:1 diz: “Então, Elias… disse a Acabe: Tão certo como vive o SENHOR, Deus de Israel, perante cuja face estou, nem orvalho nem chuva haverá nestes anos, segundo a minha palavra.” Nenhum orvalho nem chuva, exceto pela palavra de Elias! Será que deveríamos concluir que Elias era também uma pessoa num Deus múltiplo? Em João 5:19, cita-se Jesus dizendo as seguintes palavras: “Em verdade, em verdade vos digo que o Filho nada pode fazer de si mesmo, senão somente aquilo que vir fazer o Pai; porque tudo o que este fizer, o Filho também semelhantemente o faz.” Conforme Pedro explicou a Cornélio e àqueles reunidos com ele, Jesus era capaz de fazer as coisas que fazia porque “Deus era com ele” (“estava com ele”, Bíblia na Linguagem de Hoje) Nada se falou sobre Jesus ser Deus. – Atos 10:38

Proposição # 7: João 5:18 diz: “Por isso, pois, os judeus ainda mais procuravam matá-lo [a Jesus], porque… dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus.” E em João 10: 30, 38 Jesus disse: “Eu e o Pai somos um.” e “o Pai está em mim, e eu estou no Pai.” Isto mostra que ele está com o Pai e compõe um Deus trino.

Resposta: Note-se que Jesus estava chamando Deus de “seu próprio Pai”; ele não estava alegando ser Deus. Paulo nos ajuda a compreender o sentido de João 5:18 em Gálatas 4:1, onde ele escreveu: “… o herdeiro é … senhor de tudo.” Os judeus entenderam que essa alegação de Jesus quanto a ser Filho de Deus era uma alegação de ser herdeiro de Deus e, desta maneira uma alegação de sua autoridade. Mas eles não concluíram que isso significava que Jesus fosse Deus, literalmente.

Quanto a Jesus estar no Pai e o Pai estar nele e eles serem um, consideremos a oração de Jesus em João 17:20, 21: “Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra; a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós.” Assim, se João 10:38 significasse que o Filho é uma pessoa num Deus múltiplo, então João 17:20, 21 significaria que os crentes são também parte desse Deus múltiplo, uma conclusão que contradiria a declaração de Jesus de que o Pai é o único Deus verdadeiro. Ser “um” significa estar em harmonia, unido em pensamento e propósito. 12Os trinitaristas gostam de aplicar esta definição da palavra um a todo versículo que diz que Deus é um só, de modo que estes versículos não contradigam a crença num Deus trino. Há versículos onde se faz referência à unidade e harmonia, conforme demonstramos, mas na maioria das vezes a palavra um significa simplesmente um. – Romanos 15:5, 6; 1 Coríntios 1:10.

Ademais, note-se o que Jesus alegou ser no contexto destes versículos. As palavras em João 10:30-36 são: [Jesus disse] “Eu e o Pai somos um. Novamente, pegaram os judeus em pedras para lhe atirar. Disse-lhes Jesus: Tenho-vos mostrado muitas obras boas da parte do Pai; por qual delas me apedrejais? Responderam-lhe os judeus: Não é por obra boa que te apedrejamos, e sim por causa da blasfêmia, pois, sendo tu homem, te fazes Deus a ti mesmo. Replicou-lhes Jesus: … daquele a quem o Pai santificou e enviou ao mundo, dizeis: Tu blasfemas; porque declarei: sou Filho de Deus?

Esta teria sido uma oportunidade perfeita para Jesus se declarar como  Deus Filho, se ele o fosse realmente. Será que ele fez isso? Não, ele declarou ser o Filho de Deus!

Proposição # 8: Em João 14:9 Jesus prova que é Deus quando diz a Filipe: “Quem me vê a mim vê o Pai.”

Resposta: Se este versículo prova algo relacionado com a linha de raciocínio trinitarista, ele prova que Jesus é o Pai; algo que eles não ensinam. Em vez disso, eles fazem uma distinção clara entre as pessoas do Deus trino. Isto mostra a inconsistência da lógica trinitarista.

Há pelos menos três maneiras de se encarar algo. A primeira é, naturalmente, a maneira literal, a percepção visual de algo que é fisicamente tangível. Na segunda maneira, algo pode ser visto em visão, como assistir a um filme. Em Atos 10:9-12 Pedro viu “um objeto como se fosse um grande lençol” contendo vários animais. Havia um lençol com animais descendo do céu? Não, isto era uma visão; ele percebeu visualmente algo que não era fisicamente tangível ou presente de maneira literal.

Por fim, algo pode ser visto de modo representativo. Deus foi visto representativamente em Juízes 13:21, 22: “Nunca mais apareceu o Anjo do SENHOR a Manoá, nem a sua mulher; então, Manoá ficou sabendo que era o Anjo do SENHOR. Disse Manoá a sua mulher: Certamente, morreremos, porque vimos a Deus.” À base do contexto é claro que Manoá sabia que tinha visto literalmente um anjo, não Deus. Ainda assim ele falou de ter visto Deus porque este anjo estava agindo como representante de Deus.

Os trinitaristas sugerem que este anjo e outras teofanias (aparições de Deus aos homens) eram na verdade visitações da segunda pessoa do Deus trino. Mas João disse que “ninguém jamais viu a Deus.” Ele está falando sobre ver Deus literalmente. Se pessoas viram a segunda pessoa da Trindade, especialmente numa forma pré-encarnada, então elas viram Deus literalmente. Os trinitaristas desejam limitar o que João disse ao Pai, mas se o trinitarismo fosse a verdade João deveria ter falado apenas no Pai, especificamente, para ser exato. – João 1:18.

Proposição # 9: O uso que Jesus fez do título divino “EU SOU” [grego: ego eimi] em João 8, versículos 24 e 58 prova sua deidade.

Resposta: Em João 8:58 Jesus diz: “Em verdade, em verdade eu vos digo: antes que Abraão existisse, EU SOU.” Os trinitaristas relacionam esta declaração com o relato de Êxodo 3:14, que diz: “Disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós outros.” É interessante que outros além de Jesus usam precisamente esta mesma frase grega apenas dez versículos depois. Em João 9:9 um homem a quem Jesus curou também disse “Eu sou13Diversas versões nos idiomas modernos dizem “sou eu mesmo” neste versículo. Mas a palavra “mesmo” não aparece no texto grego. [ego eimi, em grego]. Devemos concluir então que este homem é parte de um Deus trino? Portanto, a simples declaração “Eu sou” não é realmente uma prova de deidade. O título EU SOU não foi revelado a Abraão, o ancestral mencionado por Jesus, e sim a Moisés, centenas de anos depois da morte de Abraão. Por dizer “eu sou” Jesus estava simplesmente expressando sua preeminência sobre Abraão no plano de Deus. Por que, então, os judeus quiseram apedrejá-lo pelo que ele disse? Para os judeus, esta auto exaltação por parte duma pessoa que eles consideravam um joão-ninguém era uma blasfemadora degradação da posição de Abraão como profeta num pacto especial com Deus, e era por isso que eles queriam apedrejá-lo. (Compare com a situação descrita em Atos 6:11.).

Em João 8:24 Jesus proclamou: “Se não crerdes que EU SOU, morrereis nos vossos pecados.” Estava ele fazendo uma alusão ao título divino? Doze versículos antes ele havia dito: “Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará nas trevas; pelo contrário, terá a luz da vida.” Portanto, o que Jesus quis dizer no versículo 24 foi simplesmente: “Se não crerdes que EU SOU [quem digo que sou, a saber, a luz do mundo], morrereis nos vossos pecados.”

Proposição # 10: João 18:3-6 relata que quando vieram prender Jesus, ele lhes perguntou a quem estavam procurando. Eles responderam, “A Jesus, o Nazareno.” O versículo 6 diz que quando Jesus respondeu “EU SOU [ele]” eles recuaram e caíram por terra. Isto mostra que Jesus estava usando o título divino, o EU SOU das Escrituras Hebraicas; caso contrário por que razão aqueles homens teriam recuado e caído no chão?

Resposta: Se este fosse um caso no qual o poder do título divino derrubou a turba que veio prendê-lo, por que será que nas outras ocasiões em que Jesus supostamente usou o título divino as pessoas não foram derrubadas? Será que essa turba entendeu que Jesus estava usando um título divino enquanto que outros, incluindo líderes religiosos, não conseguiram entender isso? E por que essa turba continuaria no seu mesmo intento após ter sido derrubada por algum poder invisível invocado pelo uso do título divino por Jesus? Não teria sido mais provável que eles se retirassem de lá, deixando Jesus em paz?

Para entendermos porque a turba recuou e caiu no chão, devemos discernir o que eles esperavam que poderia acontecer quando encontrassem Jesus. Em Mateus 16:13, 14 Jesus “perguntou a seus discípulos: Quem diz o povo ser o Filho do Homem? E eles responderam: Uns dizem: João Batista; outros: Elias; e outros: Jeremias ou algum dos profetas.” Note-se que os discípulos não disseram nada que indicasse sua crença de que ele era Deus encarnado, mas havia rumores de que ele poderia ser um dos profetas trazido de volta à vida! Quando os soldados vieram prender Elias, ele invocou fogo do céu para matá-los. (2 Reis 1:9-12) Assim os que vieram prender Jesus esperavam isso, que se ele fosse realmente um profeta, especialmente Elias, ele poderia invocar fogo dos céu para consumi-los. Não é de admirar que eles se encolheram de medo quando ele respondeu “Eu sou [Jesus].”! Sentindo-se, porém, livres de qualquer ameaça de morte, a turba se encorajou no seu intento, prendendo-o e entregando-o aos seus inimigos.

Proposição # 11: Jesus é chamado de Deus em Hebreus 1:8, onde lemos: “mas acerca do Filho: O teu trono, ó Deus, é para todo o sempre.”

Resposta: Hebreus 1:8 é uma citação do Salmo 45:6. 14Muitas versões modernas em inglês fornecem uma leitura alternativa para estes versículos em suas notas de rodapé: “Seu trono é Deus para todo o sempre.” Com referência a este salmo, F. F. Bruce escreveu em seu comentário:

É impossível, porém, identificar o rei para quem esta canção de louvor específica foi composta originalmente – provavelmente por um poeta ou profeta da corte… [A versão] ‘O teu trono, ó Deus’ é apoiada pelas versões antigas (cf. Heb. 1:8). Embora o rei judaico não fosse considerado como divino (como os reis egípcios eram), é possível que as pessoas se referissem a ele como ‘Deus’, ou numa forma de expressão hiperbólica oriental ou como um representante de Deus. (Cf. Êxodo 21:6; 22:8, 9, 28; Sal 82:6). [Ênfase acrescentada.]

Assim, aqui Jesus está sendo chamado de Deus em sentido representativo.

Proposição # 12: Em João 20:28 Tomé, um dos doze apóstolos, chamou Jesus de “Deus”. Para um judeu isso seria blasfêmia, a menos que Jesus fosse realmente Deus.

Resposta: Imagine que você fosse Tomé: você seguiu um homem que ensinara como ninguém jamais tinha ensinado; viu milagres ocorrerem em abundância, a cura dos doentes, a ressurreição de mortos, a expulsão de demônios, etc.; e chegou à conclusão de que este homem deveria ser o Messias prometido nas Escrituras, o qual se esperava que libertaria Israel da dominação dos gentios. Então, de repente, num período de 24 horas este homem é preso pelas autoridades religiosas judaicas, entregue justamente às autoridades gentias de quem você esperava que ele libertasse o povo e então executado! Teria você sido iludido; era este só mais um falso messias?

Tomé, cuja fé em Jesus havia sido abalada por essa reviravolta dos acontecimentos, começou a ter suas dúvidas sobre Deus! Depois de ver o ressuscitado Jesus, a fé de Tomé não só foi restaurada em seu Messias como também em seu Deus. (Considere João 14:1) É de se admirar que ele tenha exclamado “Meu Senhor e meu Deus!”? Que Tomé não considerava Jesus como Deus, literalmente, é mostrado três versículos depois, onde o escritor do evangelho explica, “estas coisas foram escritas para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus.” Se Tomé ou João queria dizer que Jesus era literalmente Deus, por que João não disse isso aqui? – João 20:31

Em certa ocasião Jesus foi acusado de blasfêmia por ter chamado a si mesmo de Filho de Deus. Em resposta Jesus citou o Salmo 82:6 onde Deus se refere aos juízes israelitas como “deuses” [elohim, em hebraico]. Se Deus pode chamar juízes humanos, os quais se supunha que atuavam como Seus representantes de “deuses” sem estar falando isso em sentido literal, por que não poderia Tomé chamar de “Deus” a alguém que tinha sido designado como representante de Deus para julgar a terra, sem estar querendo dizer isso em sentido literal? – João 10:33-36.

Proposição # 13: Os trechos de Tito 2:13 e 2 Pedro 1:1 chamam claramente Jesus de “Deus”.

Resposta: Consideremos o trecho inteiro de Tito 2:11-13: “Porquanto a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens, educando-nos para que, renegadas a impiedade e as paixões mundanas, vivamos, no presente século, sensata, justa e piedosamente, aguardando a bendita esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus.

O que “se manifestou salvadora a todos os homens”? Não “Deus”, como muitos supõem, e sim a “graça 15O uso de letra maiúscula ou minúscula e a pontuação são decisões do tradutor, já que os escritos originais não contêm tamanhos diferentes de letras, nem pontuação. de Deus”, cuja personificação é Jesus Cristo. Além disso ele é chamado em seguida de “glória do nosso grande Deus e Salvador”. Em Tito 3:4 ele é chamado de “benignidade de Deus, nosso Salvador”. Em 2 Pedro 1:1 ele e chamado de “justiça do nosso Deus e Salvador”. Portanto, Jesus não está sendo chamado de Deus nestes trechos.

Proposição # 14: Filipenses 2:6 fala de Jesus “subsistindo em forma de Deus” e Colossenses 1:15 o chama de “a imagem do Deus invisível”.

Resposta: Se Paulo quisesse dizer que Jesus era Deus em Filipenses 2:6, ele poderia ter escrito simplesmente que Jesus ‘era Deus’, e omitido a frase ‘subsistindo em forma de’. O que Paulo quis dizer com esta expressão?

Em Êxodo 4:16 Deus disse a Moisés que Arão “te será por boca, e tu lhe serás por Deus” e em Êxodo 7:1: “Vê que te constituí como Deus sobre Faraó, e Arão, teu irmão, será teu profeta.” Deus até mesmo concedeu a Moisés poderes miraculosos para provar que Ele o tinha enviado. Jesus foi enviado por Deus como seu principal representante, sendo ele maior do que Moisés. A ele também foram concedidos poderes miraculosos, e autoridade para controlar o tempo e comandar legiões de anjos. Assim, ele estava “em forma de Deus16O texto grego não contém o artigo definido em qualquer frase. Os textos poderiam ter sido traduzidos como “em uma forma de Deus” e “é uma imagem do Deus invisível”. enquanto viveu na terra; ainda que tenha ‘se esvaziado’, isto é, deixado de usar estes poderes e autoridade para se salvar do tratamento degradante e duma morte horrível às mãos de pecadores. Tendo tomado “a forma de servo”, Jesus submeteu-se à vontade de Deus, glorificando desta forma a seu Pai e comprando a salvação para nós, mesmo ao custo de si mesmo. – Mateus 8:26, 27; 26:53, 54; Filipenses 2:7, 8; Mateus 20:28

Ser Jesus uma imagem do Deus invisível não o torna uma pessoa duma trindade assim como Adão ter sido criado à imagem e semelhança de Deus não o tornou parte dum Deus trino. Quando nós olhamos nossa imagem num espelho, estamos vendo realmente nosso corpo ou estamos vendo simplesmente um reflexo de nosso corpo? Colossenses 3:10-15 mostra que a ‘imagem de Deus’ se refere a certas qualidades entre as quais estão compaixão, bondade, humildade, mansidão, paciência, leniência, disposição de perdoar e “acima de tudo… o amor, que é o vínculo da perfeição.” Jesus refletiu perfeitamente estas qualidades de Deus.

Proposição # 15: Jesus compartilha títulos com Deus. Entre tais estão “Rei dos reis e Senhor dos senhores” e “O Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último.” A Bíblia chama Jesus de nosso Salvador e diz que além de Deus não há Salvador. (Atos 5:31; Isaías 43:11) Há também trechos bíblicos que são aplicados a Deus nas Escrituras Hebraicas, mas são aplicados a Cristo nos Escritos Cristãos.

Resposta: Daniel, um profeta de Deus, chamou Nabucodonosor de “rei de reis”. (Daniel 2:37) Será que isto faz com que Nabucodonosor seja uma pessoa dum Deus trino? Nos impérios da antiguidade era comum que um imperador tivesse reis vassalos sob ele. Herodes o Grande era um dos reis vassalos sob César. Desta forma, César era um rei de reis. Revelação 20:4 fala daqueles que ‘reinam com Cristo’. Não é ele então um Rei de reis? O rei Davi de Israel chamou a Deus de seu rei. Não é também Deus um Rei de reis? Na verdade Deus era o Rei sobre todos os reis de Israel e Judá, incluindo o descendente de Davi, o Rei Jesus Cristo. – Salmo 5:2

O que dizer da expressão “Senhor dos senhores”? Em inglês americano a palavra “senhor” veio a ter uma quase exclusiva conotação religiosa que outros idiomas não têm. 17Por exemplo, tanto “lord” como “mister” são traduzidos em português como “senhor”. A palavra grega poderia ser também traduzida como mestre. Sara referiu-se a Abraão, seu marido, como “senhor” e em Revelação o apóstolo João chamou um dos anciãos de “meu senhor”. 18Do grego literal. A versão Almeida Revisada e Atualizada, bem como outras versões em português traduzem esta frase como “senhor”. Muitos despercebem que kyrios (a palavra grega traduzida como “Senhor”) também era um título de respeito usado no primeiro século. Jesus é o único a quem Deus fez Senhor 19Se Jesus fosse Deus, literalmente, não seria necessário Deus fazê-lo Senhor (isto é, alguém com autoridade), uma vez que ele já teria essa autoridade. sobre todos os demais, mas Deus é Senhor acima dele. – 1 Pedro 3:6; Revelação 7:14; Atos 2:36; 1 Coríntios 11:3; 15:27

Com relação ao uso do título “O Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último”, Deus se comparou com a primeira e a  última letra do alfabeto grego, enfatizando desta forma que ‘antes dele deus nenhum se formou, e depois dele nenhum haverá’, um Deus que é capaz de ‘desde o princípio anunciar o que há de acontecer e desde a antiguidade, as coisas que ainda não sucederam’. Ele tem a primeira e a última palavra – sendo as palavras compostas por letras – acerca do que vai acontecer. Consequentemente, o Pai é Deus e ‘era’ – ou seja, sempre foi – Deus e ‘há de vir’ para executar o julgamento contra todos os falsos deuses e seus seguidores. – Isaías 43:10; 46:10; Revelação 1:8

É apropriado que Jesus se refira a si mesmo pelas letras gregas Alfa e Ômega porque ele é ‘o Verbo que se fez carne’, a personificação da Palavra profética e o principal porta-voz de Deus, representando-o completamente perante o mundo. – Revelação 22:13; João 1:14,18; Revelação 19:13

Jesus foi o primeiro a ser ressuscitado da morte para a vida imortal e o último a ser ressuscitado pelo próprio Deus; todos os outros são ressuscitados por meio dele. Jesus foi o princípio das promessas de Deus para o mundo, a Semente destinada a esmagar a cabeça da velha serpente. E ele é o fim de todas as promessas de Deus,  pois é através dele que todas elas se cumprem. – João 11:25; Gênesis 3:15; 2 Coríntios 1:19, 20

Quanto ao título Salvador, consideremos Neemias 9:26, 27: “Como cometessem grandes ultrajes para convosco, vós [Deus] os abandonastes [isto é, Israel] às mãos de seus inimigos, que os oprimiram. Mas quando, no tempo de sua miséria, clamaram a vós, vós os ouvistes do alto do céu, e, em vossa grande misericórdia, enviastes-lhes salvadores que os livraram das mãos dos seus inimigos.” (CBC)

Será que devemos concluir que estes salvadores eram pessoas dum Deus múltiplo? Ou será que devemos entender que Deus proveu liberdade por meio destas pessoas? Da mesma forma, Judas 25 fala do “único Deus, nosso Salvador, mediante Jesus Cristo, Senhor nosso.”

Os trinitaristas cruzam referências tais como 1 Pedro 2:4, 7, 8 com Isaías 8:13, 14. Isaías fala de Deus como uma “pedra de tropeço e rocha de ofensa” e Pedro fala de Cristo como uma “pedra que vive, rejeitada pelos homens” e uma “pedra de tropeço e rocha de ofensa”. Os judeus tropeçaram em coisas que Cristo ensinou e em coisas que ele fez. Mas observemos as palavras de Jesus em João 12:49: “Porque eu não tenho falado por mim mesmo, mas o Pai, que me enviou, esse me tem prescrito o que dizer e o que anunciar” e em João 5:19: “Em verdade, em verdade vos digo que o Filho nada pode fazer de si mesmo, senão somente aquilo que vir fazer o Pai; porque tudo o que este fizer, o Filho também semelhantemente o faz.” Então, será que os judeus estavam tropeçando nas palavras e nas obras de Cristo ou estavam na verdade tropeçando nas palavras e obras do Pai? (Ainda assim, os trinitaristas não deduzem que o Filho é o Pai, à base disso.)

Há, de fato, diversos trechos nas Escrituras Hebraicas que falam de Iavé Deus, embora o trecho seja reconhecido como messiânico. Os trinitaristas tiram a conclusão de que Jesus é Iavé porque falharam em compreender o modo de pensar dos hebreus, particularmente o conceito de “agência”, já mencionado.

Proposição # 16: Mateus 1:22, 23 aplica a Jesus o termo Emanuel, que significa “Deus conosco”. Compare com Isaías 7:14.

Resposta: Os judeus tinham esperado muito tempo pelo aparecimento do Messias, o qual, segundo eles pensavam, libertaria a nação da dominação pelos gentios. Quase seiscentos anos antes de Cristo os judeus haviam perdido seu reino davídico, quando foram conquistados por Babilônia. Eles retornaram à sua terra depois da queda de Babilônia, mas o trono de Davi não foi restaurado e nem foram eles libertados de seus senhores gentios. Aproximadamente 160 anos antes de Cristo, eles estabeleceram temporariamente sua liberdade, mas o trono davídico não foi restaurado nessa ocasião também. Para piorar as coisas, até o tempo de João Batista não tinha aparecido nenhum profeta verdadeiro de Deus desde Malaquias, um período de aproximadamente 400 anos. Será que Deus tinha esquecido os judeus? Tinha Deus esquecido todas as promessas messiânicas? Com o aparecimento de Jesus Cristo a resposta a estas perguntas tornou-se evidente por si mesma, Deus ainda estava com eles! Compare isso com Lucas 7:16, onde o surgimento de um grande profeta é igualado a uma visitação de Deus.

Proposição # 17: A Bíblia fala de orações sendo dirigidas a Jesus e até mesmo de Jesus sendo adorado. Isto prova que ele é Deus.

Resposta: Quando os discípulos de Jesus lhe pediram para ensiná-los a orar, ele instruiu: “Quando orardes, dizei: ‘Pai…’” (Lucas 11:2) Assim, normalmente as orações devem ser dirigidas ao Pai. Em Atos 7:59, a Nova Versão Rei Jaime (em inglês) diz que “apedrejavam Estêvão, enquanto ele invocava a Deus e dizia: Senhor Jesus, …”. Em primeiro lugar deve-se notar que a palavra “Deus” não se encontra no texto grego, mas foi inserida pelos tradutores. 20N.T.: Em muitas versões, tanto em inglês como em português, a palavra “Deus” não aparece neste texto. Temos aqui realmente um caso de oração? É uma oração quando alguém pode ver a pessoa com quem ela está falando? Os versículos 55 e 56 mostram que Estevão pôde ver Jesus até o ponto que, no que lhe dizia respeito, Jesus estava presente pessoalmente.

Em 2 Coríntios 12:8 Paulo escreveu: “três vezes pedi ao Senhor que o afastasse de mim [ou seja, seu espinho na carne, conforme o versículo 7].” Paulo pode ter querido dizer Deus, usando a palavra “Senhor”; e Cristo, como o mediador entre Deus e o homem, deu a resposta registrada no versículo 9. Mas já que Paulo teve a experiência pessoal com Cristo na estrada de Damasco, além de outras revelações nas quais Jesus pode ter aparecido pessoalmente a ele, pode também ter sido o caso de ele sentir a presença de Jesus de um modo muito pessoal. Ou ainda seus pedidos podem ter sido feitos durante estes encontros pessoais. Nestas situações, o caso dele é similar ao de Estevão. – 1 Timóteo 2:5

Sahah [Concordância de Strong (em inglês) # 7812] é a palavra hebraica mais comumente traduzida como “adorar”. Mas este não é o único modo de verter essa palavra nos idiomas modernos. A palavra também significa ‘curvar-se’ e é usada em referência a reis e outros em posição de autoridade superior. (Veja 1 Samuel 24:8; 25:23, 41.) Proskuneo [Concordância de Strong # 4352] é a palavra grega usada para sahah na Versão Septuaginta, uma tradução grega das Escrituras Hebraicas feita antes da época de Cristo. Assim, ela também tem um significado mais abrangente do que adorar, muito embora a maioria das versões use apenas esta palavra onde o termo grego aparece no Testamento Cristão. 21Na página 479 de DAYS Of VENGEANCE [DIAS DE VINGANÇA], David Chilton, um trinitarista, escreveu: “… o termo adorar (em grego, proskuneo) significa simplesmente o costume de prostrar-se perante uma pessoa e beijar-lhe os pés, a orla de sua veste, o solo, etc., e pode ser usado não só para a homenagem prestada a Deus (ou pecaminosamente, a um falso deus), mas também para a reverência própria devida a superiores (veja, por exemplo, o uso em Gênesis 18:2; 19:1; 23:7, 12; 33:3, 6-7; 9-10; 42:6; 43:26, 28; 49:8, na Versão LXX). Foi completamente apropriado Ló adorar os anjos que o visitaram e os filhos de Israel adorarem José. Mateus usa esta palavra para descrever a obediência dum escravo diante de seu senhor. (Mateus 18:26), e S. João a emprega para registrar a promessa de Cristo aos filadelfianos fiéis, de que os judeus seriam obrigados a vir e curvar-se (proskuneo) aos pés deles (Revelação 3:9)” [Itálicos no original, sublinhado acrescentado para ênfase.] Jesus disse: “Ninguém vem ao Pai senão por mim.” Assim, não podemos render adoração a Deus se não reconhecermos o lugar que o Filho ocupa em seu arranjo de coisas. Além disso, João 5:23 diz “a fim de que todos honrem o Filho do modo por que honram o Pai. Quem não honra o Filho não honra o Pai que o enviou.” Portanto, os que fazem disso uma questão de o Filho ser adorado – porque ele deve ser Deus 22Sobre Jesus, Hebreus 1:6 diz: “Que todos os anjos de Deus o adorem.” Os anjos certamente saberiam se Jesus fosse a segunda pessoa da Trindade; então por que eles precisam ser instruídos a adorá-lo? – ou de o Filho não ser adorado – por ele não ser Deus – não estão entendendo bem sua Bíblia.

Proposição # 18: Ao citar Joel 2:32, Paulo escreveu em Romanos 10:13 sobre Jesus: “Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.” Mas Joel estava falando sobre Iavé Deus. Isto prova que Jesus é Deus.

Resposta: Pedro também citou Joel 2:32 em Atos 2:21 num sermão aos judeus que não tinham aceitado Jesus como o Cristo (Messias). Neste ponto de seu sermão ele ainda não tinha mencionado Jesus; assim sua assistência teria entendido “o Senhor” como Iavé Deus. Em sua primeira referência a Jesus no versículo 22, Pedro o chamou de “varão aprovado por Deus diante de vós com milagres, prodígios e sinais, os quais o próprio Deus realizou por intermédio dele entre vós, como vós mesmos sabeis”. Em seguida Pedro os acusou dizendo: “vós o matastes [a Jesus], crucificando-o por mãos de iníquos”. A assistência de Pedro teria entendido que sua ação de crucificar um profeta de Deus era o mesmo que rejeitar Deus, o contrário de invocar o seu nome. Aqueles que foram convencidos pelas palavras de Pedro entenderam que estavam em perigo de julgamento e se arrependeram de suas más ações, aceitando a Jesus como Senhor e Cristo. – Atos 2:14-36

Diferente de Pedro, o apóstolo Paulo não estava se dirigindo a descrentes, e sim a cristãos romanos. Estes já compreendiam que ‘invocar o nome do Senhor’ Deus incluía aceitar a Jesus como Senhor e Cristo. 23Atos 4:12 diz: “E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos.” Jesus havia dito que “ninguém vem ao Pai senão por mim.” Desta forma, as pessoas teriam de invocar Jesus (cujo nome significa Iavé Salva) para invocarem a Iavé Deus. Assim, embora seja verdade que parece haver uma aplicação confusa da passagem bíblica de Romanos 10:13, ela não dá qualquer base para as conclusões trinitaristas. – João 14:6

Proposição # 19: João 12:41 diz que Isaías viu a glória de Jesus e falou a respeito dele. Isto nos remete a Isaías 6, que começa dizendo: “No ano da morte do rei Uzias, eu vi o Senhor assentado sobre um alto e sublime trono, e as abas de suas vestes enchiam o templo.”. E no versículo 5 Isaías diz: “os meus olhos viram o Rei, o SENHOR dos Exércitos!”. Isto prova que Jesus é Deus.

Resposta: Uma vez que ninguém pode ver Deus literalmente, esta visão deve ter sido em sentido não literal. (João 1:18) No momento em que viu Deus, Isaías sentiu-se amedrontado, já que ele era de “homem de lábios impuros”. Um dos serafins purificou os lábios de Isaías com uma brasa viva do altar. Daí Deus perguntou: “A quem enviarei, e quem há de ir por nós?” Tendo sido purificado, Isaías qualificou-se para responder ao chamado de Deus. (Os versículos restantes de Isaías capítulo 6 falam sobre a reação ao ministério de Isaías e, conforme João mostra, profeticamente ao ministério de Jesus Cristo.). – Isaías 6:1-8

O que isso tem que ver com Isaías ver a glória de Jesus? Hebreus 2:14, 17 mostra que Jesus teve de nascer dentro duma família humana para cumprir seu ministério. Contudo, a fim de responder ao chamado de Deus para ser seu representante incomparável e nosso Salvador, ele teve de nascer sem pecado. Isto é o que se retrata pela purificação dos lábios de Isaías: por um ato especial de Deus, a pecadora Maria (Romanos 3:23) foi capaz de conceber 24A conexão poderia ser percebida mais facilmente se considerarmos que a palavra em latim para “lábios” é labia, que se refere também aos órgãos genitais externos femininos. Se o mesmo é verdadeiro para as palavras em hebraico e grego na Bíblia, eu não sei, mas isso ilustra a conexão de conceitos que o leitor pode ter percebido. um filho sem pecados, Jesus, ‘o Verbo que se fez carne’. – Hebreus 4:15; João 1:14

Proposição # 20: Colossenses 1:16, 17 diz que Jesus criou o universo, porém em Isaías 44:24 Deus diz que criou tudo “sozinho” e “por mim mesmo”. (ACR)

Resposta: O apóstolo Paulo, o escritor de Colossenses 1:16, 17, certamente não tinha o entendimento de que Jesus era o Criador. Em seu discurso no Areópago ele falou do “Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe”. No fechamento do discurso ele disse: “não levou Deus em conta os tempos da ignorância; agora, porém, notifica aos homens que todos, em toda parte, se arrependam; porquanto estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça, por meio de um varão que destinou e acreditou diante de todos, ressuscitando-o dentre os mortos.” À base deste trecho é evidente que Paulo acreditava que o Deus que fez tudo o que existe é alguém distinto do homem a quem Ele ressuscitou dos mortos e designou. 25No entanto, o que Deus disse em Isaías 44:24 não exclui a participação de outros (Jesus ou anjos) nos eventos criativos. A nação de Israel caiu em idolatria com frequência e repetidamente. Isso não quer dizer necessariamente que eles pararam totalmente de adorar Iavé, e sim que eles acrescentaram outros deuses à sua vida religiosa. O trecho anterior do capítulo 44 (versículos 9-20) explica a futilidade da adoração de ídolos. Começando no versículo 21 as qualidades e as atividades de Iavé são elogiadas. Dentro deste contexto devemos compreender que no versículo 24 Ele rejeita compartilhar suas realizações com falsos deuses, ídolos. – Atos 17:24, 30, 31

Colossenses 1:16, 17 diz que “nele [o Filho], foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra… Tudo foi criado por meio dele e para ele. Ele é antes de todas as coisas. Nele, tudo subsiste.” Qual é o sentido do texto, quando diz que todas as coisas foram criadas “em”, “por meio de” ou “para26As preposições usadas nestes versículos pela versão Almeida Revista e Atualizada são “em”, “por meio de” e “para”. A Nova Versão Internacional usa “em”, “por” e “para”. A Nova Tradução na Linguagem de Hoje usa “por meio de”, “por meio de” e “para”. No texto grego aparecem as preposições “en”, “dia” e “eis”. Com exceção da Rei Jaime, todas as versões que verifiquei traduzem dia como “por meio de”; e todas traduzem eis como “para”. Como se deve traduzir en, se as versões bíblicas divergem neste ponto? Neste mesmo versículo aparece a frase “nos céus”. A preposição grega usada aqui é en e todas as versões a traduzem como “em”, incluindo a Nova Tradução na Linguagem de Hoje (NTLH). Assim, a NTLH* verte a mesma preposição de duas maneiras diferentes no mesmo versículo. Se “em” é a tradução correta para a preposição grega en, o apóstolo Paulo não escreveu que ‘tudo foi criado’ por Jesus. [*Nota do tradutor: No artigo original o autor faz referência às influentes KJV e NKJV (Versão Rei Jaime e Nova Versão Rei Jaime, em inglês), nas quais a preposição grega en é, de fato – e erroneamente – traduzida como “por”, transmitindo ao leitor a ideia de que tudo foi criado por Jesus.]. Jesus? E qual é o sentido deste contexto ao dizer que ele é “antes de todas as coisas”? Deus criou outras formas de vida inteligentes, como agentes dotados de liberdade moral; isto é, que podem pensar de maneira independente dos Seus caminhos, caso desejem. Que em algum momento esses seres inteligentes e livre-pensantes poderiam agir de forma contrária aos Seus padrões de moral era altamente provável. Sabendo que uma desobediência poderia ocorrer dentro da ordem criada, Deus estabeleceu um modo de restaurá-la à qualidade de Seus padrões corretos. Este meio de restauração, ou plano de salvação, tem o Salvador Jesus Cristo como fundação. Desse modo, ele existia dentro do plano de Deus “antes” da criação, e o plano de criação existia “nele”, e veio à existência “por meio” [por causa] dele, embora ele não tenha “criado” o universo pessoalmente. Como recompensa pela fidelidade dele, Deus planejou dar-lhe o controle completo sobre a criação, de modo que neste sentido tudo foi criado “para” ele. – 1 Coríntios 3:11; 1 Pedro 1:19, 20.

Proposição # 21: Atos 5:3 diz que Ananias mentiu para o Espírito Santo e o versículo 5 diz que ele mentiu para Deus. Assim o Espírito Santo deve ser uma Pessoa na Divindade. 27Consideremos o seguinte: Pedro disse também: “Ananias, por que encheu Satanás teu coração, para que mentisses… Como, pois, assentaste no coração este desígnio?” Será que, em razão das palavras paralelas de Pedro aqui, os trinitaristas ensinam que Ananias é uma pessoa dum Satanás trino? – Atos 5:3, 4.

Resposta: Jesus chamou o espírito santo de “dedo de Deus”; assim o espírito santo é o instrumento da atividade de Deus, e a Bíblia associa o espírito de Deus com Seu poder. 28Compare Mateus 12:28 com Lucas 11:20; e compare Gênesis 1:2 com Jeremias 32:17; considere Lucas 24:49 e Atos 1:8. De modo que o espírito santo não deve ser considerado como uma pessoa, seja essa pessoa parte duma trindade ou uma pessoa totalmente à parte; e sim como um reflexo da Personalidade, e essa Personalidade é Deus (o Pai). Existe um ponto expresso no Credo Atanasiano, a declaração da crença trinitarista, com o qual os paterteístas 29Paterteísmo: a posição doutrinária de que o Pai é o único Deus verdadeiro. Das palavras gregas pater (Pai) e theós (Deus). podem concordar: “O Espírito Santo procede do Pai…, não feito, nem criado, nem gerado, mas procedente.” Uma vez que o espírito santo é uma parte de Deus, mentir para ele é o mesmo que mentir para Deus.

Ademais, tendo Jesus recebido de seu Pai toda a autoridade no céu e na terra, foi-lhe concedido exercício sobre o espírito santo. Jesus pode usá-lo, dirigi-lo, distribui-lo, e comunicar-se à vontade por meio dele. De modo que o espírito santo pode ser um reflexo da personalidade de Jesus também.

Proposição # 22: Em Atos 13:1-5, o Espírito Santo age como uma Pessoa. Ele fala aos líderes da igreja em Antioquia. Ele os instrui dizendo: “Separai-me, agora, Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho chamado.” (versículo 2). Notem-se as referências pessoais “me” e “[eu]”. O Espírito Santo, juntamente com os líderes em Antioquia, enviaram os missionários (versículos 3 e 4). Há muitos outros contextos nos quais se apresenta o Espírito Santo como uma Pessoa.

Resposta: Aqui o espírito santo está sendo usado pelo Senhor como um meio de comunicação. Poderíamos dizer: “O rádio anunciou que vai chover hoje.” Será que alguém concluiria que o rádio é uma pessoa? Ou foi uma pessoa que fez uso deste meio de comunicação?

No incidente do espinheiro ardente, o texto diz em Êxodo 3:2, 4, 6: “Apareceu-lhe [a Moisés] o Anjo do SENHOR numa chama de fogo, no meio de uma sarça… Deus, do meio da sarça, o chamou e disse:… Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó.” Aqui o anjo está pronunciando as palavras “Eu sou o Deus”, etc. como representante de Deus, não é que ele seja pessoalmente Deus. Consideremos também o relato de Moisés recebendo a Lei. (Êxodo 20) Aparentemente era Deus quem estava falando pessoalmente com ele. Todavia, Atos 7:53 diz que a Lei foi transmitida pelos anjos. De modo que retratar o espírito santo falando na primeira pessoa em nome do Senhor é consistente com o uso bíblico.

Os trinitaristas podem argumentar que se os anjos que falaram em nome de Deus são pessoas, então o espírito santo também deve ser uma pessoa. Mas será que os trinitaristas acham que os anjos constituem um Deus multi-pessoal? Com relação à tentativa de provar a personalidade do espírito santo devido à sua capacidade de falar e o seu uso do pronome pessoal, consideremos Lucas 11:49: “Por isso, também disse a sabedoria de Deus: Enviar-lhes-ei profetas e apóstolos, e a alguns deles matarão e a outros perseguirão.” A sabedoria de Deus é aqui retratada como falando e usando o pronome “[Eu]”. Devemos concluir então que há uma quarta pessoa no Deus Supremo, a saber, Deus a Sabedoria?

Proposição # 23: Um relacionamento essencial é indicado pelo fato de que o Pai, o Filho e o Espírito Santo são mencionados juntos no mandado do batismo, dado por Jesus em Mateus 28:19, à maneira de e sob a mesma designação singular de autoridade. Há também outras passagens da Bíblia onde o Pai, o Filho e o Espírito Santo são mencionados juntos.

Resposta: Que existe o Pai, o Filho e o espírito santo, não contestamos. Que existe um importante relacionamento entre eles, não contestamos também. Mas que este relacionamento é trinitário, contestamos. 1 João 5:8 diz: “E três são os que testificam na terra: o Espírito, e a água e o sangue; e estes três concordam num.” Será que os trinitaristas concluem que há uma entidade triúnica aqui, composta por espírito, água e sangue? Ou os três são mencionados aqui porque estão unidos num só propósito?

Com relação aos três serem mencionados juntos em algumas passagens, consideremos Mateus 24:36 e 25:31-45, dos quais só uma pequena parte é citada aqui:

(24:36): “Mas a respeito daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, senão o Pai.” /  (25:31): “Quando vier o Filho do Homem na sua majestade e todos os anjos com ele, então, se assentará no trono da sua glória… (34) então, dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo…”

Aqui se menciona o Filho, os anjos, o Pai, e até mesmo os crentes. Por que o espírito santo nunca é mencionado nestes versículos, se ele é uma co-igual e co-eterna pessoa da Trindade?

Note-se também João 5:23, que diz: “Para que todos honrem o Filho, como honram o Pai. Quem não honra o Filho, não honra o Pai que o enviou.” Se o espírito santo é uma pessoa co-igual e co-eterna da trindade divina, porque é ele deixado de fora? Em Revelação 7:10 a grande multidão clama: “Ao nosso Deus, que se assenta no trono, e ao Cordeiro, pertence a salvação.” Por que eles não atribuem salvação ao espírito santo se ele também é uma pessoa da trindade? Nos versículo 15 a 17 deste mesmo capítulo, fala-se tanto de Deus como do Cordeiro [Jesus Cristo], mas o espírito santo não é mencionado. Em Revelação 14:1 os “cento e quarenta e quatro mil” têm “na fronte escrito o seu nome [do Cordeiro] e o nome de seu Pai.” Por que eles não têm o nome do espírito santo escrito nas suas testas? Em Revelação 21:22, 23 Deus e o Cordeiro são mencionados duas vezes, mas não se fala no espírito santo. Por que não, se ele é uma pessoa da Divindade?

Proposição # 24: 1 Coríntios 12:11 diz que o Espírito Santo distribui dádivas espirituais a todos os cristãos “como lhe apraz”.

RespostaConsidere-se o versículo 6, juntamente com o versículo 11: “Há diversidades de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos. / mas todas estas coisas [mencionadas nos versículos 7 a 10], opera um só e o mesmo Espírito, distribuindo a cada um particularmente como lhe apraz. (SBB) O “lhe” remete a Deus [o Pai], que havia sido mencionado no versículo 6, e não ao espírito santo.
Conforme já foi declarado, o espírito santo é o reflexo duma Personalidade, e essa Personalidade pode tanto ser a do Pai como a do Filho. Este princípio se aplica em todo e qualquer contexto usado para provar a personalidade do espírito santo. Uma vez que o espírito santo é o meio de comunicação e inspiração de Deus, nós podemos contristá-lo ou insultá-lo quando agimos contrário à sua liderança. Mateus 14:24 relata que o barco dos discípulos estava sendo “açoitado pelas ondas”. A palavra grega usada aqui é basanizo e é traduzida em outros versículos por atormentadovexado ou castigado. (Mateus 8:6; 2 Pedro 2:8; Revelação 12:2) Se podemos dizer que um barco pode ser atormentado, vexado ou castigado, deveríamos concluir que o barco é uma pessoa? Se não, por que seríamos obrigados a concluir que o espírito santo é uma pessoa pelo fato de ele poder ser contristado?

Proposição # 25: Jesus fez referência ao Espírito Santo como “outro [grego: allos] Consolador”. (João 14:16) O erudito em grego Joseph Thayer declara: “Em geral, allos denota simplesmente uma distinção de indivíduos.” / “Heteros envolve a ideia secundária de diferença de tipo.” Assim, uma vez que Jesus é uma Pessoa, o Espírito Santo deve ser Uma também, senão Jesus teria usado heteros, em vez de allos em João 14:16.

Resposta: Note-se que em João 14:16, 18 Jesus disse: “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro [allos] Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco / Não vos deixarei órfãos, voltarei para vós outros.” Em Mateus 28:20, Jesus disse: “E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século.” É por meio da vinda deste prometido consolador (ou ajudador), o espírito santo, que Jesus vem a eles e permanece com eles (embora esteja ausente fisicamente), daí o uso do termo allos. Conforme já foi dito, o espírito santo é o reflexo duma Personalidade, neste caso, a de Jesus Cristo. 30Sob o Pacto da Lei, a nação de Israel era retratada como a esposa de Deus, e Ele, seu Marido. (Jeremias 31:32; Isaías 54:5, 6). Consideremos o que Paulo escreveu em Romanos 7:1-4: “Porventura, ignorais, irmãos (pois falo aos que conhecem a lei), que a lei tem domínio sobre o homem toda a sua vida?… Assim, meus irmãos, também vós morrestes relativamente à lei, por meio do corpo de Cristo, para pertencerdes a outro [heteros], a saber, aquele que ressuscitou dentre os mortos, a fim de que frutifiquemos para Deus.” Aqueles de quem se fala aqui “morreram relativamente à lei” – não mais estando, portanto, casados para Deus – para que possam “pertencer a outro [heteros]”, a saber, Jesus “aquele que ressuscitou dentre os mortos”. Segundo as definições acima, usadas pelos trinitaristas, estes “irmãos” não poderiam “pertencer a outro” componente da Divindade, uma vez que heteros “envolve a ideia secundária de diferença de tipo”. Se Jesus fosse a segunda pessoa dum Deus trino, o apóstolo Paulo deveria ter usado a palavra allos nesta passagem.

Proposição # 26: Usam-se pronomes masculinos em referência ao Espírito Santo, apesar do fato de que a palavra “espírito” [grego: pneuma] é neutra. Isto prova a personalidade do Espírito Santo. – João 14:26; 15:26; 16:8, 13

Resposta: Algumas línguas têm o que é chamado de gênero gramatical, o qual não tem nada que ver com personalidade ou gênero sexual. Por exemplo, em português a palavra “mesa” é uma palavra feminina. Mas isto não quer dizer que os falantes desse idioma a considerem como uma pessoa ou como fêmea. O mesmo vale para o hebraico e o grego bíblicos. Estas línguas têm três gêneros: masculino, feminino e neutro. A palavra grega paracleto (ou paráclito; traduzida como ajudadoradvogado ou confortador) é masculina. Nos versículos citados acima, o pronome masculino remete ao seu substantivo masculino. – João 14:26; 15:26; 16:7

Na Versão Rei Jaime (em inglês), Romanos 8:16 usa o pronome neutro, em referência ao espírito santo. O texto diz: “O próprio Espírito testifica com o nosso espírito…” 31N.T.: Em inglês: “The Spirit itself beareth witness with our spirit.” Embora em português isso não seja evidente, pelo fato de esta língua não ter pronome neutro, note-se que em inglês usa-se realmente o pronome neutro – “itself” – em referência ao espírito santo. Ao tratar de versículos tais como este, um documento trinitarista diz:

“E em grego um pronome deve concordar com seu antecedente em gênero e número. De modo que isto é só uma questão de gramática grega, não de teologia.”

Se os trinitaristas podem entender este argumento, quando o pronome neutro “ele” é usado para se referir ao espírito santo, por que eles não podem entendê-lo quando o pronome masculino “ele” é usado em referência ao paracleto?

Conclusão

Não negamos a tríplice revelação de Deus, o Pai por meio da criação (Salmos 19:1-6; Romanos 1:19, 20), por meio da inspiração (1 Coríntios 2:10; 2 Timóteo 3:15-17), e por meio de seu Filho unigênito (Hebreus 1:1, 2; João 1:14, 18). Porém, negamos convictamente que Deus seja uma trindade! Não há uma única simples e clara declaração da trindade na Bíblia. Essa doutrina só pode ser apoiada por se montar uma “colcha de retalhos” de “textos que provam”. Por outro lado, podemos facilmente encontrar nas Escrituras uma declaração sucinta expressando a doutrina paterteísta. A posição ímpar do paterteísmo é que ele admite o fato de que Jesus disse a verdade, toda a verdade e nada mais que a verdade em João 17:1-3: o Pai é “o único Deus verdadeiro”. Os trinitaristas são obrigados a ignorar essas palavras de Jesus ou argumentar que ele não quis dizer realmente isso que ele disse! Por que os cristãos acham tão difícil de acreditar nessa declaração de Jesus?

Jesus proclamou-se como o Filho de Deus e Seu representante mais especial; mas ele nunca alegou ser Deus, pessoalmente. A questão vital que Jesus propõe a toda pessoa é: “E vós, quem dizeis que eu sou?” Nossa resposta deve estar de acordo com a de Pedro, que disse: “Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo!” Jesus então lhe disse: “Feliz és, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que te revelou isto, mas meu Pai que está nos céus.” – Mateus 16:16,17, CBC

Que por meio de Seu espírito santo, o único Deus verdadeiro, o Pai de Jesus Cristo, revele aos que buscam a verdade em toda parte, que Jesus é verdadeiramente o Cristo, Seu Filho. Que todas estas pessoas possam, por acreditar nessa verdade, ter vida por meio de seu nome!  – João 20:31.

Apêndice

Como Pode a Morte de Jesus Cristo Salvar Bilhões de Pecadores?

Muitos se perguntam: “Como pode a morte de uma pessoa, Jesus Cristo, salvar bilhões de pessoas de seus pecados?” Antes de respondermos biblicamente a esta questão, examinemos primeiramente como a raça humana veio a estar numa condição inerentemente pecaminosa. Há um princípio ilustrado no livro de Hebreus que nos ajuda a entender isso. Hebreus 7:4, 9 e 10 diz:

Considerai, pois, como era grande esse [Melquisedeque] a quem Abraão, o patriarca, pagou o dízimo tirado dos melhores despojos [de guerra]. / E, por assim dizer, também Levi, que recebe dízimos, pagou-os na pessoa de Abraão. Porque aquele ainda não tinha sido gerado por seu pai, quando Melquisedeque saiu ao encontro deste.”

O princípio ilustrado acima é que podemos dizer que uma pessoa ainda não nascida fez algo por meio das ações de um ancestral. Desta forma, quando Adão pecou por desobedecer ao mandamento de Deus, em princípio a inteira raça humana, ainda não nascida e nos lombos dele, pecou juntamente com ele e foi condenada à morte. Assim o apóstolo Paulo escreveu: “Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram. / pela desobediência de um só homem, muitos se tornaram pecadores.” – Gênesis 2:16, 17; 3:6, 17-19; Romanos 5:12, 19

Deus criou Adão sem pecados; mas devido à desobediência ele tornou-se um pecador. De modo que o Adão sem pecados, criado por Deus, não mais vivia, mas tinha, com efeito, sido assassinado por um Adão desobediente. A Lei dada por Deus à nação de Israel refletiu vários princípios divinos. Entre estes, um relevante para nossa discussão é que um assassino deve ser morto, “alma por alma” ou vida por vida. (Êxodo 21:12, 23, 24) O Adão sem pecados eventualmente morreu por seu pecado; mas a vida de um homem totalmente pecaminoso não serviria para restituir a vida sem pecado que havia sido perdida. O princípio da ‘vida por vida’ precisava ser satisfeito, mas não havia ninguém para pagar o preço. – Salmo 49:7-10

Por meio de intervenção divina, outra vida humana sem pecados veio ao mundo como descendente de Adão. Mas, como poderia a morte dessa pessoa aliviar a humanidade de sua sentença de morte, sem nenhuma esperança de ressurreição? Para ilustrar, façamos uma analogia:

Suponhamos que seu pai tomou emprestado um bilhão de reais. Depois de ter tomado emprestado esse valor, ele sofreu reveses financeiros que o deixaram completamente sem recursos. Sem nenhum dinheiro em caixa e tendo perdido o bilhão de reais, ele ficou irremediavelmente endividado. Daí ele morreu e você, seu filho, herdou a dívida dele. Um homem rico e compassivo fica sabendo de sua situação aflitiva e quita sua dívida. No que se refere à instituição que emprestou, você pagou e não está mais em débito. Mas na verdade você está endividado com o seu benfeitor.

Analogamente, de acordo com os princípios divinos, nosso antepassado, o desobediente Adão, passou a estar em débito, por ficar devendo uma vida humana sem pecados. Nós, os descendentes dele, herdamos esse débito. 32E quanto à vida humana sem pecado que Eva perdeu? A humanidade herdou esse débito também? 1 Timóteo 2:14 diz: “E Adão não foi iludido, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão.” Embora ela tenha morrido por seus próprios pecados, quem a enganou foi, em última análise, o responsabilizado e ficou devendo esse valor de uma vida humana sem pecado. Mas nenhum de nós, nem mesmo todos juntos, poderíamos quitá-lo. (Romanos 3:23) Por meio duma concepção miraculosa, Jesus nasceu no mundo da humanidade como uma pessoa sem pecados, descendente de Adão. (Hebreus 2:14, 17; 4:15), herdando desta maneira o mesmo débito, o qual ele, sozinho era capaz de pagar. Jesus explicou isso desta maneira: “o Filho do Homem,… não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos.” Com este pagamento, nós fomos libertos dessa dívida perante o Juiz Universal. – Mateus 20:28; João 3:17, 18.

Jesus viveu toda a sua vida sem cometer nem sequer um pecado. Embora ele nunca tenha se casado ou tido filhos, ele era, teoricamente, capaz de gerar uma raça humana inteira de pessoas sem pecados, exatamente como Adão gerou uma raça humana inteira de pessoas pecaminosas. Assim, Paulo pôde chamar Jesus de “o último Adão” em 1 Coríntios 15:45. Ora, aplicando-se o princípio encontrado em Hebreus 7:9, 10, que discutimos acima, quando Jesus morreu na cruz, poderíamos até dizer que a raça humana em potencial de pessoas sem pecados estava ainda nos lombos dele, sendo morta com ele! É por isso que Paulo pôde escrever: “Visto que a morte veio por um homem, também por um homem veio a ressurreição dos mortos. Porque, assim como, em Adão, todos morrem, assim também todos serão vivificados em Cristo.” – 1 Coríntios 15:21, 22

Ocultos em Cristo, ficamos mortos para com a lei, mas vivificados para com Deus por meio dele, e livres de dívida. (Colossenses 3:3; Gálatas 2:19-21) De modo que Jesus tem o direito de estabelecer padrões para nós, 33Em João 15:10 Jesus disse: “Se vocês obedecerem aos meus mandamentos, permanecerão no meu amor, assim como tenho obedecido aos mandamentos de meu Pai e em seu amor permaneço.” perdoar nossos erros quando decaímos de seus padrões, mas requerer de qualquer um de nós o pagamento se falharmos em reconhecer a autoridade dele em nossas vidas. Sim, virá o dia em que haverá um ajuste de contas, incluindo a “vingança contra os que não conhecem a Deus e contra os que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus”, um dia no qual eles “sofrerão penalidade de eterna destruição, banidos da face do Senhor e da glória do seu poder.” Sobreviverá você a esse dia? – 2 Tessalonicenses 1:8, 9.

Jay Dicken

(Revisado em Outubro de 2014)

Para recursos online (em inglês) acesse:
www.christianmonotheism.com

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2 thoughts on “O Único Deus Verdadeiro – Um Estudo Bíblico Sobre a Trindade

  • janeiro 26, 2021 em 7:20 pm
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    Perfeito! 100% correto! Parabéns, sensacional!

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