Mudanças de Condições Após o Dilúvio de Noé?

Um leitor perguntou:

Com relação ao artigo “O Dilúvio dos Dias de Noé – Sua Cronologia e Extensão”, o que dizer da mudança entre verão e inverno que começou depois do Dilúvio e o que se pode dizer sobre a decisão de se permitir que os humanos comessem carne (se, como vocês dizem, o dilúvio foi local)?

RESPOSTA:

Se lermos Gênesis 8:22, notaremos que se fala não só das estações do ano, mas também do dia e da noite e do frio e do calor. Nada se diz na Bíblia que dê margem à ideia de que estes só começaram depois do Dilúvio. Na realidade, Gênesis 1:14 mostra que não só o dia e a noite, como também as estações do ano estavam em vigor desde o início da criação da Terra.

Com relação ao próprio fenômeno da chuva, antigamente a liderança das Testemunhas de Jeová ensinava que isso não tinha ocorrido de maneira alguma antes do Dilúvio. Depois, esta ideia foi abandonada discretamente, e hoje eles admitem que a Bíblia não obriga a esse entendimento. O ciclo da água na natureza existe desde tempos imemoriais e não há evidência de que isso tenha começado só depois do Dilúvio.

Até mesmo com relação à ideia de o consumo de carne animal só ter sido permitido após o Dilúvio, pode-se mencionar o seguinte: Gênesis 4:20 menciona que um dos filhos de Lameque, um homem chamado Jabal “mostrou ser o fundador dos que moram em tendas e têm gado.” Este homem nasceu vários séculos antes do Dilúvio e morreu antes deste evento. Pode-se perguntar: qual seria o objetivo da criação de gado? Não é um destes objetivos justamente o consumo da carne? Por que razão este homem e outros manteriam criação de animais antes do Dilúvio?

É verdade que a Bíblia não afirma diretamente que Deus tenha autorizado isso antes, mas ela não diz que Ele proibia, e não há razão para insistirmos que ninguém havia consumido carne antes desse pronunciamento divino. Deus também não havia especificado coisa alguma acerca de sacrifícios de animais antes do relato do Dilúvio e nem mesmo logo após o Dilúvio. Mas não se poderia afirmar, por causa disso, que esses sacrifícios não eram feitos antes de Deus especificá-los formalmente na Lei Mosaica (que só foi dada vários séculos depois de Noé), pois o relato bíblico conta que Noé ofereceu sacrifícios logo que saiu da arca e Abel, o “pastor de ovelhas” (Gênesis 4:2), também fizera o mesmo lá nos primórdios da história humana. Assim, o fato de Deus só ter se pronunciado sobre o consumo da carne animal depois do Dilúvio (estabelecendo certas restrições, tais como a do consumo do sangue) não significa, obrigatoriamente, que os homens não consumiam carne antes do Dilúvio.

Porém, ainda que existisse uma prova bíblica que nos permitisse afirmar de maneira categórica que ninguém da humanidade consumiu carne antes do Dilúvio, este fato obviamente não teria relevância alguma na questão de o Dilúvio ter sido mundial ou regional. O artigo mencionado não descartou a possibilidade de as águas do Dilúvio terem coberto o planeta inteiro. Ele simplesmente mostrou que as referências bíblicas a este assunto não nos obrigam ao entendimento de que o Dilúvio foi global.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *