A Ação do Espírito Santo na Vida do Cristão

[Um leitor nos contatou com questões relacionadas com este assunto. Segue-se nossa resposta aos pontos da mensagem dele.]

a. Como se sente a presença do espírito santo em nossa vida?

É preciso ter bem em mente qual seria o objetivo básico do envio do espírito santo. Segundo Jesus, ele seria um “ajudador” ou “guia”, que ‘faria os discípulos lembrar tudo o que ele havia dito’. O cristão conduz sua vida diária e seus relacionamentos com outros de acordo com todas as coisas que Cristo ensinou, já que acredita nas palavras dele e são esses ensinos que influenciam sua consciência. O ensino cristão é também regido por este espírito, de modo que o cristão evita conceitos sectários ou interpretações pessoais, sem qualquer base na Palavra de Deus. E se qualquer pessoa achar que está carente de espírito santo em algum momento, ela é inteiramente livre para pedir isso a Deus em oração, conforme Jesus deu todo o incentivo.

b. Quais os indícios de que ele está operante no nosso dia-a-dia?

Isso está diretamente relacionado com a fé genuína em Cristo. Se uma pessoa se deixa influenciar por esta crença, acatará os princípios divinos que resultam no melhor para a sua vida e necessariamente se sentirá intimamente motivada a realizar todo tipo de ações que resultam no bem-estar (tanto material como espiritual) do seu próximo. Desta forma, pode-se dizer corretamente que essa pessoa possui o espírito santo. Alguns imaginam que na ação desse espírito estão envolvidos necessariamente milagres e obras poderosas, espetaculares. Do ponto de vista bíblico, isso não é obrigatório. Mesmo no primeiro século a maioria dos cristãos evidentemente não possuía esses dons, mas em todos eles o espírito santo operava individualmente.  Outro ponto importante a lembrar é que a ação do espírito santo não é “em bloco”, ou seja, não é obrigatório que uma pessoa pertença a determinado grupo religioso para o espírito santo poder agir nela. A operação é individual, como diversos exemplos bíblicos comprovam.

c. A Bíblia fala sobre o cristão ser próspero, se agir de conformidade com os ensinamentos. Mas por que as Testemunhas de Jeová pregam, com base no texto que versa “tendo o que comer e com que nos vestir …”, como sendo errado ter dinheiro, possuir uma posição social melhor; ter um carro melhor ou uma casa confortável, incutindo nas pessoas mais simples que não tem direito a uma melhoria de condição social?

Não procure entender a Bíblia com base no que você vê ocorrer dentro duma instituição religiosa. Geralmente as interpretações duma religião estão atreladas ao conjunto doutrinal criado pelos líderes dela. Esse conjunto doutrinal estabelecido pelo homem geralmente impede que a Bíblia fale por si mesma e os criadores procuram muitas vezes “acomodar” o que está escrito na Bíblia às suas doutrinas particulares. Mesmo entre as Testemunhas a ideia varia nessa questão dos bens materiais e não nos parece que exista um ensino único ou uma posição única entre elas.

O importante é que a própria Bíblia não diz que seja errado ter dinheiro. O que ela adverte é contra o “amor ao dinheiro” (“materialismo”). Ela também não ensina que seja errado a pessoa ter uma boa posição social ou procurar melhorar sua qualidade de vida. Tanto diversos servos do verdadeiro Deus na antiguidade como cristãos do primeiro século eram prósperos em sentido material e pessoas respeitadas por sua condição social. O que a Bíblia ensina é que isso não deveria ser o foco prioritário na vida dum cristão. Se uma pessoa passa a vida toda preocupada exclusivamente em adquirir mais e mais bens materiais e posição no mundo, a espiritualidade dela necessariamente será sacrificada. A tendência dessa pessoa será pensar exclusivamente em si mesma e nunca estará preocupada em fazer algo pelos outros. Sem falar que ela poderá até prejudicar, ou nem se importará em “passar por cima” de qualquer um que ela imagine estar “no caminho” dela, já que sua única preocupação é com o seu próprio bem-estar e sua vantagem, em detrimento dos outros. Além de esse tipo de vida contradizer todos os princípios bíblicos conhecidos, no final não conduz à felicidade, nem a coisa alguma, já que desse mundo nada se leva, e os únicos “bens” que um cristão deixa realmente são o legado moral dele e tudo o que fez de bom em benefício do próximo. No dia do julgamento é isso o que será avaliado, não quantos bens a pessoa tinha e que nível de conforto e posição social ela usufruiu nas efêmeras décadas dessa vida.

d. Por que não vemos ações sociais das Testemunhas de Jeová? Movimentos destinados a minimizar o sofrimento humano em catástrofes ou mesmo no dia-a-dia, no combate à miséria e pobreza?

Talvez o problema que você veja é que as Testemunhas, como organização, não se destacam nisso em comparação com outras organizações religiosas. A razão desse fato pode ser que a constante ênfase da liderança delas em pregação de sua ideologia necessariamente reduz o tempo que poderia ser dedicado a outras atividades de cunho caritativo. Mas isso é tudo o que podemos dizer, nessa resposta. No mais, não nos achamos em posição de julgar as Testemunhas, como movimento, nesse aspecto particular. Pois, como indicamos acima, a Bíblia atribui essa responsabilidade ao indivíduo, não a coletividades. Entendemos que Deus julgará cada pessoa, quanto ao que ela fez ou deixou de fazer em benefício do próximo e não nos parece que Ele levará em conta a que organização religiosa ou caritativa cada pessoa pertencia. Por outro lado, não somos contra a existência dessas organizações de ajuda humanitária e cremos que cada pessoa é livre para decidir ingressar ou não nelas, independentemente de essa pessoa ser membro duma organização religiosa ou não. Geralmente os questionamentos que fazemos em nosso site relacionam-se a doutrinas religiosas, mas não temos como saber o que é que cada Testemunha individual faz em sua vida particular em benefício de outras pessoas. Isso é um assunto particular entre cada pessoa e Deus.

Imagem: Good Deeds Day (blog).

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