O Desrespeito à Lei Numa Perspectiva Histórica
Introdução
Nunca antes na história veicularam-se tantas notícias. E os meios noticiosos – TV, rádio, jornais, revistas e internet – parecem estar preocupados com as más notícias. Todos os dias, a mente das pessoas é inundada com uma dose concentrada das mais recentes misérias e males em diferentes partes do mundo.
“Depois de absorver as notícias do momento”, observou a historiadora Barbara Tuchman, “a pessoa fica na expectativa de enfrentar um mundo que consiste inteiramente em greves, crimes, falta de energia, falta de água, trens descarrilados, distúrbios escolares, assaltantes, viciados em drogas, neonazistas e estupradores… Isto me levou a formular a Lei de Tuchman, que é a seguinte: ‘A informação multiplica a extensão aparente de qualquer ocorrência deplorável por cinco – por dez.’” [1]
Sem dúvida esta “Lei de Tuchman” explica, pelo menos em parte, o sentimento de muitos de que o mundo é hoje pior do que nunca antes e a humanidade enfrenta hoje um aumento mundial sem precedentes do que é contra a lei.
O aumento da criminalidade é outra característica retratada graficamente como evidência dos últimos dias, por certos expositores de profecias. Em Good-bye, Planet Earth [Adeus, Planeta Terra], o autor adventista Pierson diz:
… estamos testemunhando a pior epidemia de criminalidade que a raça humana já experimentou. Nossas cidades são assediadas com estupro, assassinato, tumultos, pilhagem, e incêndio premeditado. (Página 3)
Depois, na mesma publicação (página 50) o autor cita a obra Testimonies [Testemunhos], da falecida líder adventista Ellen G. White, na qual ela escreveu:
A condição das coisas no mundo mostra que tempos turbulentos vêm em nossa direção… Furtos audaciosos ocorrem com frequência. As greves são comuns. Roubos e assassinatos são cometidos em toda parte. Homens possuídos por demônios estão tirando as vidas de homens, mulheres e criancinhas. Os homens tornam-se obcecados pelo vício, e toda espécie de mal prevalece. (Vol. 9, pág. 11)
O detalhe interessante aqui é que Ellen White escreveu estas palavras lá em 1910 – e o quadro que ela esboça do crime naquela época é certamente, em todos os aspectos, tão sombrio quanto o retratado pelos atuais protagonistas de declarações sobre o fim dos tempos.
O tema do crime é frequentemente abordado nas publicações da JW.ORG, que tentam dar a ele a maior proporção possível, já que a organização explica as palavras de Jesus sobre um futuro “aumento do que é contra a lei” (Mateus 24:12, NM) como descrevendo mais uma característica do suposto “sinal composto”, cujo cumprimento foi visto só a partir de 1914.
Assim A Sentinela de 1º de dezembro de 1983, páginas 5 a 7, declara que depois da Primeira Guerra Mundial “o cenário estava pronto para um aumento da violação da lei numa magnitude nunca vista antes”, e a humanidade desde 1914 presenciou “um aumento do que é contra a lei numa magnitude dessemelhante de qualquer outro período da História!”.
É evidente que a liderança das Testemunhas de Jeová está confiante de que o leitor não terá qualquer dificuldade em aceitar estas declarações, pois não se faz qualquer discussão sobre a extensão da criminalidade no passado, e não se cita um só historiador, criminalista, ou qualquer outra autoridade em defesa da alegação. A organização parece ter certeza que a violação da lei no passado era algo bem trivial em comparação com nossa época.
A Sentinela de 15 de janeiro de 1984, por exemplo, indica que os incidentes relatados de roubo combinado com assassinato caracterizam quase que unicamente a nossa época:
Houve tempo em que o assaltante ou o ladrão levava apenas valores. Agora eles também tiram vidas. (Página 5)
É claro que uma declaração desse tipo é nada mais que uma idealização do passado com o fim de colocar uma ênfase especial na criminalidade de hoje. Na verdade, roubo acompanhado por assassinato pode ser encontrado em todas as eras, e isso foi particularmente desenfreado em épocas de fomes e pestilências. Quando a sífilis assolou a Europa no século dezesseis, a criminalidade e a imoralidade aumentaram grandemente em toda parte. Em Roma, por exemplo, “assassinato e roubo eram ocorrências bem comuns.” [2] Similarmente, a geração que sobreviveu à Peste Negra no século quatorze testemunhou um aumento acentuado do desrespeito à lei e da violência:
Uma característica marcante da segunda metade do século quatorze é a grande quantidade de violação da lei prevalecente então, e o número de rebeliões contra a autoridade, tanto populares como intelectuais.[3]
A verdade simples é que a violência, tanto coletiva como individual, sempre foi parte integrante da história da humanidade.
Na obra Violence in America [A Violência nos Estados Unidos] o professor de sociologia Charles Tilly declara que a “a civilização ocidental e as várias formas de violência coletiva sempre foram companheiras íntimas.” [4] Sobre o período que se seguiu à Revolução Francesa, por exemplo, ele diz:
A história ocidental a partir de 1800 é uma história violenta, bem cheia de revoluções, golpes e guerras civis, mas absolutamente repleta de conflitos em escala menor. O estranho é como nos esquecemos disso rapidamente.[5]
O que dizer de hoje? Muitos peritos da última metade do século passado aparentemente concordaram que os crimes graves aumentaram nitidamente em muitos países. Mas será que esta circunstância é realmente algo novo e peculiar à nossa época? Poderia ser o caso de muitos terem esta impressão só por causa da memória curta da humanidade, ou sua ignorância em relação ao passado?
A industrialização, a urbanização e o crime
A Revolução Industrial que teve início perto do fim do século 18 mudou profundamente a sociedade ocidental. Novas máquinas e o uso de técnicas de produção em massa geraram uma prosperidade crescente em muitos países. Uma consequência disto foi um crescimento rápido da população das cidades (urbanização). Muitas pessoas no século 19, incluindo sociólogos, advogados, juízes, e assim por diante, temiam que estas mudanças destruíssem a moral tradicional e os padrões sociais do comportamento humano, causando a crescente violação da lei por parte da sociedade. De modo que um conceito prevalecente no século 19 era que a industrialização e a urbanização eram necessariamente seguidas pelo aumento da criminalidade.
Para reforçar sua tese de um aumento sem paralelo da violação da lei, a organização JW.ORG usou bastante esta suposta conexão entre industrialização, urbanização e aumento do crime. Presumindo evidentemente que esta ideia é uma verdade estabelecida, A Sentinela de 1º de dezembro de 1983, página 5, declarou que “a Revolução Industrial e as cidades em desenvolvimento” prepararam “o caminho para o aumento da violação da lei no nosso século 20”, chegando mesmo a afirmar que
“Esses acontecimentos, peculiares à nossa era moderna, contribuíram para a maior violação da lei em toda a História.”
Todavia, os fatos não apoiam esta explicação. Embora pareça ser impressionante e convincente, ela foi, não obstante, refutada por estudos críticos mais recentes.
No século 19, os dois principais países industriais eram a Inglaterra e a França. Para testar a teoria de que a industrialização e a urbanização aceleraram o aumento da violação da lei, a taxa da criminalidade destes dois países no século 19 foi cuidadosamente estudada. Em 1973 os historiadores de criminologia A. Q. Lodhi e C. Tilly publicaram seu estudo sobre o crime e a violência na França do século 19. A pesquisa deles demonstrou claramente que o aumento do crime não acompanhou o crescimento da industrialização e da urbanização daquele país. Na verdade, alguns tipos de crime até mesmo diminuíram durante o período! Os autores concluíram:
Associar crime, violência e desordem ao crescimento urbano cai na categoria das coisas que as pessoas simplesmente querem crer, pois essa crença não tem qualquer base sólida em fatos concretos ou em análise sistemática.[6]
O CRIME NA FRANÇA, 1826-1962
Indivíduos acusados de crimes contra a pessoa e contra a propriedade: França 1826-1962.
(“A Urbanização, o Crime, e a Violência Coletiva”, A. Q. Lodhi e C. Tilly, American Journal of Sociology [Revista Americana de Sociologia], Vol. 79, 1973, pág. 301. Gráfico usado por cortesia da Editora da Universidade de Chicago.)
Os estudos das taxas da criminalidade no século 19 na Inglaterra, a sociedade industrial mais avançada da época, mostram resultados similares. “Os dados britânicos mostram de modo bem claro a diminuição nas taxas oficiais de crime na última metade do século 19”, diz o sociólogo canadense Lynn McDonald no resumo que fez destes estudos.[7]
Que a criminalidade não aumenta automaticamente com a expansão da vida industrial urbana foi também demonstrado pelo professor de história Roger Lane, em seu estudo da violência criminal do Massachusetts no século 19. Em vez de aumentar, o crime tende a diminuir com o crescimento da industrialização e da urbanização. Lane explica:
Toda a evidência aponta para um padrão de queda em longo prazo na atividade criminal, em associação com a urbanização. Mas o processo não era completo sem o acompanhamento do rápido desenvolvimento industrial também. Era isto que fornecia os meios de absorver os migrantes inexperientes, ajustando-os num “sistema” que os socializava e adaptava a hábitos mais cooperativos de vida.[8]
Assim, a alegação de que a industrialização e a urbanização crescentes do século 19 prepararam o caminho para uma elevação sem precedentes da violação da lei no século 20 é contradita pelos fatos. A alegação baseia-se numa teoria que, ao ser examinada atentamente, revela-se como nada mais que um mito do século 19.
A atual “onda de crimes”
A História demonstra a natureza flutuante das ondas de crime, seu surgimento e declínio, e ressurgimento. O padrão raramente é constante ou uniforme em todos os países.
Quão nova é, então, a recente “onde de crime”? É ela nova ou única, como alguns dos expositores do fim dos tempos deduzem?
Tentando provar quão incomum é o aumento do crime atualmente, A Sentinela de 1º de dezembro de 1983, página 7, citou os criminologistas britânicos Sir Leon Radzinowics e Joan King como dizendo no livro deles, intitulado The Growth of Crime [O Aumento do Crime] que “a coisa que o atinge em cheio quando examina o crime em escala mundial é o aumento alastrante e persistente em toda a parte. As exceções a isso destacam-se em esplêndido isolamento, e podem ser em breve tragadas pela maré crescente”.
É verdade que quando estes autores escreveram isso, em 1977, argumentaram que o crime vinha realmente aumentando em muitos países por algumas décadas. Todavia, eles não disseram que este aumento era sem precedentes na história. Ao comentarem a teoria proposta por certos criminologistas modernos de que ‘não é que haja mais violência por aí, e sim que somos muito mais sensíveis à violência do que eram nossos antepassados menos civilizados’, os autores admitiram também:
Está tudo muito bem se a comparação abranger um bom período no passado… Uma pesquisa em prazo mais longo, olhando com atenção para a Idade Média, ou mesmo para o século dezoito, bem que poderia dar uma mais base à teoria. Com toda a criminalidade que existe, nossa sociedade está como um todo mais segura, menos selvagem, que a deles.
… O mero fato de que as cidades tinham de ser cercadas, que os castelos tinham de prover refúgio para os aldeões circunvizinhos e seus pertences, que os viajantes tinham de levar junto sua própria proteção, acrescenta testemunho à constante ameaça de bandidos bem como às necessidades de guerra. Na realidade as duas situações eram com frequência difíceis de distinguir.[9]
Os expositores do fim dos tempos que citamos neste livro vivem nos Estados Unidos. Sem dúvida, a visão que eles têm do mundo é influenciada pela situação daquele país. Todavia, dificilmente os Estados Unidos representam o mundo como um todo. Quer estes proclamadores do fim dos tempos se apercebam disso, quer não, há poucos países desenvolvidos atualmente que se comparam com os Estados Unidos em termos de crimes violentos:
Em termos de assassinatos políticos, revoltas, ataques de grupos armados politicamente influentes e manifestações, os Estados Unidos estão, desde 1948, entre as 6 nações mais tumultuadas do mundo. [10]
Num artigo sobre homicídios, o número de dezembro de 1984 da revista Science [Ciência] observou que as estatísticas americanas de assassinatos são mais altas do que as da maioria dos outros países. Por exemplo, o número de homicídios com arma de fogo é “50 vezes maior” que o número combinado da Inglaterra, Alemanha, Dinamarca e Japão! [11] Não admira, então, que essas expectativas religiosas empolgantes acerca da proximidade do “fim” focalizem sobretudo a criminalidade nos EUA.
Lá em 1970 Hal Lindsey, por exemplo, viu no aumento da criminalidade americana um importante sinal dos tempos. Em seu livro, The Late Great Planet Earth [O Extinto Grande Planeta Terra], páginas 100 e 101, ele escreveu:
Há pouco tempo vimos um gráfico numa revista noticiosa que indicou o aumento dos crimes graves nos Estados Unidos de 1960 a 1968. Se você fosse uma formiga naquela página teria tido uma escada muito íngreme para subir em cada um daqueles oito anos. Enquanto o número de crimes nos Estados Unidos tenha aumentado 122 por cento, a população aumentou apenas 11 por cento. Muitos pararam de falar sobre ‘taxa de criminalidade.’ Eles se referem agora a uma ‘epidemia de crime.’
Similarmente, nas publicações da JW.ORG, o crime no EUA ocupa um lugar central. Na verdade, este é o único país para o qual a organização publicou estatísticas de crime e gráficos de criminalidade para uma década ou mais.[12]
Todavia, poucos expositores dizem honestamente aos seus leitores que no que se refere ao crime – assim como também no caso de muitas outras coisas – os Estados Unidos não são representativos do mundo inteiro. Mas mesmo considerado isoladamente, quão real é a alegada enormidade do aumento do crime naquele país? Quão confiável é a evidência na qual se baseia essa alegação?
As Estatísticas Criminais do FBI
Afirma-se que a maioria dos números e gráficos publicados pela JW.ORG baseia-se nas Estatísticas Criminais publicadas pelo FBI, o Departamento Federal de Investigação dos Estados Unidos. A revista da qual o livro The Late Great Planet Earth [O Extinto Grande Planeta Terra] citou com referência ao crime (U.S. News and World Report [Notícias dos Estados Unidos e Informe Mundial]), também baseou seus números nesta mesma fonte. (Veja a nota de rodapé 3 do Capítulo 9 do livro mencionado acima.) Estes relatórios do FBI vêm sendo publicados anualmente desde 1933 e incluem estatísticas de “crimes graves”, a saber, assassinato, estupro, roubo, assalto violento, arrombamento, furto e roubo de carros, com incêndio premeditado tendo sido acrescentado em 1979.
Isto poderia parecer uma fonte ideal, inatacável, de evidência na qual basear abordagens sobre estatísticas americanas de crimes. Assim, pode ser uma surpresa para muitos descobrir quão embaraçosamente baixa é a cotação que a confiabilidade dessas estatísticas do FBI tem para muitas autoridades.
Na realidade, durante pelo menos as primeiras três décadas depois de 1933 as estatísticas do FBI estão muito longe de serem confiáveis. Até recentemente, e especialmente antes de 1967, sociólogos e criminologistas frequentemente as desmascaravam, apontando numerosas falhas nos métodos usados para coletar os dados.
Assim Thornstein Sellin, “o decano dos estatísticos americanos”, foi citado como descrevendo a qualidade das estatísticas de crime dos Estados Unidos como ‘pior que qualquer país importante do mundo ocidental’, enquanto o perito em crime de Harvard, Lloyd E. Ohlin descreveu os dados estatísticos como “quase inúteis – mas são os únicos que existem.” [13] São as estatísticas realmente tão ruins assim? Que efeito tem sua confiabilidade – ou falta dela – nos gráficos e comparações com o crime em períodos anteriores?
“A maior fonte de erro”, observa o famoso sociólogo Charles E. Silberman, “vem do fato de as Estatísticas de Crime incluírem apenas aqueles que são informados à polícia e que a polícia, por sua vez, registra e passa adiante para o FBI.” [14] O problema aqui é que a maioria dos crimes nunca é notificada à polícia. Além disso, a polícia frequentemente não transmitiu ao FBI todos os crimes dos quais tomou conhecimento. Até que ponto isto permite a manipulação da evidência, junto com o efeito enganoso que isto pode criar, é explicado por Ramsey Clark, ex-Procurador Geral dos Estados Unidos:
A maioria dos crimes nunca é notificada à polícia. E muitos crimes são relatados de forma inexata. Estatísticas errôneas de crime são frequentemente usadas para criar a impressão de que o novo comandante está fazendo um bom trabalho, ou para apoiar um movimento para aumentar o efetivo da polícia. Com frequência, um aumento aparente da criminalidade reflete realmente uma melhoria na efetividade da execução da lei, ou no registro do crime em si. [15]
Portanto, alterações nas informações sobre o crime podem gerar um aumento nas estatísticas do crime que não corresponde aos fatos. Como um exemplo, em 1973 e 1974 notificou-se à polícia duas vezes mais roubos do que em 1971 e 1972 em Portland, Oregon. Isto significaria que houve um aumento acentuado dos roubos durante o período. Porém, uma pesquisa revelou que os roubos tinham na verdade diminuído durante aqueles anos! [16] Muitos outros casos semelhantes poderiam ser citados. [17]
Devido à constante crítica de suas estatísticas, o FBI revisou e ajustou periodicamente seu sistema de coleta de dados. [18] Isto resultou num desejo crescente por parte dos funcionários da polícia de manter melhores registros dos crimes e relatá-los por completo ao FBI – causando adicionais aumentos estatísticos “no papel”. [19] No entanto, ao mesmo tempo as estatísticas do FBI tornaram-se gradualmente mais confiáveis. Principalmente desde 1967, quando o governo americano começou a patrocinar diversas pesquisas sobre criminalidade como testes independentes das estatísticas do FBI, a atitude em relação às Estatísticas Criminais mudou. Agora os criminologistas geralmente concordam que, apesar de todas as inexatidões, as tendências gerais descritas nas Estatísticas Criminais desde a década de 1960 estão essencialmente corretas, e que o aumento nos crimes graves nos 25 anos seguintes é real. [22] Se é assim, que significação pode ter sua anterior e grave distorção da realidade? E o que há de errado com o uso das estatísticas do crime nos Estados Unidos por parte de alguns proclamadores dos últimos dias?
O problema está na comparação das estatísticas do crime posteriores à década de 1960 anos com as anteriores àquela década. Deixar de reconhecer, ou de informar os leitores, quão desigual é a confiabilidade das estatísticas desses dois períodos resulta, na realidade, em enganá-los, intencionalmente ou não.
Nas publicações da JW.ORG, as Estatísticas Nacionais do Crime do FBI têm sido mencionadas ou citadas repetidamente sem qualquer reconhecimento, sem uma única palavra de cautela. As estatísticas foram até mesmo melhoradas ou “ajustadas” – em A Sentinela de 1º de dezembro de 1983 – para mostrar que “o número total de crimes sérios comunicados nos Estados Unidos aumentou em mais de 1.000 por cento de 1935 a 1980” (página 6). Esta afirmação e a tabela apresentada na mesma página para provar isso, escondem outro fato de extrema importância: que antes do aumento que começou na década de 1960, a taxa de criminalidade nos Estados Unidos estivera estável ou vinha até mesmo diminuindo durante todo um quarto de século! Na realidade, aquele período pode ter sido sem igual na história da criminalidade americana. Como autoridade em crimes, Silberman diz:
Durante um quarto de um século, os Estados Unidos, talvez pela primeira vez em sua história, desfrutaram de um período no qual as taxas de crime permaneceram estáveis ou diminuíram e no qual o medo do crime era relativamente baixo. O índice de mortalidade devido aos homicídios diminuiu em uns 50 por cento entre 1933 e o início dos anos quarenta; apesar dos muito divulgados confrontos entre o FBI e John Dillinger e outros criminosos, a taxa de outros crimes graves (estupro, roubo, assalto e invasão de domicílio) diminuiu em aproximadamente um terço.[21]
Como uma evidência clara deste declínio, podemos examinar atentamente o homicídio, o principal dos “crimes graves”. Na realidade, o homicídio é o único crime para o qual existem estatísticas nacionais em longo prazo, independentes dos números do FBI. Mantidas cuidadosamente pelo Departamento de Saúde Educação e Bem-Estar, estas estatísticas são consideradas “razoavelmente precisas”, pelo menos desde os primórdios da década de 1930 em diante. [22]
Em 1933, conforme mostrado por estes números, a taxa de assassinato nos Estados Unidos era tão alta quanto 9,7 para cada 100.000 habitantes. Daí começou a diminuir, até atingir um nível de apenas 4,5 para cada 100.000 habitantes perto do fim da década de 1950. [23] O aumento desde então elevou o número de homicídios para mais de 20.000 anualmente, ou 9,8 para cada 100.000 habitantes no início da década de 1980. Um grande, e certamente notável aumento, sem dúvida, mas isto é quase exatamente a mesma taxa de 1933! De modo que, embora muito alta, a atual taxa americana de assassinatos não é única, mas representa um retorno a um nível anterior.[24] De 1992 a 1999, ela diminuiu acentuadamente para uma taxa de 5,7 por 100.000 em 1999. Desde então, manteve-se neste nível mais baixo.[25]
É evidente a fragilidade de grande parte da evidência estatística usada pelos proclamadores da proximidade do fim. Ainda que a criminalidade seja admitidamente alta num número considerável de países, será que isto distingue a nossa época? Será possível que essas altas taxas de crime no período posterior a 1914 – ou no período posterior a 1948, apontado por Hal Lindsey – não têm qualquer paralelo nos séculos anteriores?
O crime numa perspectiva histórica
Ao passo que as publicações da Torre de Vigia concedem muito espaço para o crime, qualquer consideração da extensão do crime no passado está completamente ausente. O mesmo vale para a maioria dos expositores, cujos escritos tendem a nos dar a impressão de que esta é, de longe, a pior de todas as épocas. O fato de o crime ter alcançado altos níveis em vários países nas décadas de 1920 e 1930, e novamente nas de 1960 e 1970, não prova que o século 20 presenciou mais criminalidade do que os séculos anteriores. Na realidade, existe evidência de que o crime foi, com muita freqüência, mais prevalecente no passado do que é hoje.
Conforme foi observado pelo escritor popular Colin Wilson, “a história da humanidade desde aproximadamente 2500 A.C. é pouco mais que um registro ininterrupto de assassinato, derramamento de sangue e violência.” Assim ele conclui que “a história humana foi basicamente uma história de crime.” [27]
Esta conclusão é confirmada não só por um estudo do crime no passado, pois os historiadores que investigaram o assunto também concluem que há provavelmente menos crime hoje do que no passado. O professor John Bellamy, da Universidade de Carleton, em Ottawa, Canadá, chega mesmo a afirmar:
Na maioria dos países ocidentais modernos, o nível de criminalidade foi tão reduzido que as más ações de poucos servem mais para proporcionar entretenimento escapista ao cidadão comum do que para instilar um sentimento de medo. [28]
Para os que foram vítimas de crime ou vivem agora em regiões de alta criminalidade, o crime realmente instila medo. Mas permanece o fato de que a porcentagem real da população afetada ainda não é tão grande quanto era em épocas anteriores da história humana. O mal social que o crime freqüentemente podia gerar no passado é exemplificado pelo próprio estudo de Bellamy sobre a criminalidade na Inglaterra no período 1290-1485:
Na Inglaterra de fins da Idade Média a preservação da ordem pública era com muita freqüência o problema maior que o rei tinha de enfrentar… Nem antes daquele tempo nem desde então a questão da ordem pública teve tanto peso na história inglesa. [29]
No passado, o crime e a desordem parecem ter estado um tanto fora de controle em muitos países. Foi com o crescimento da industrialização no século 19 que a situação começou a melhorar gradualmente nos países ocidentais:
Durante a primeira metade do século 19, todas as cidades da Europa eram perigosas, assim como também as dos Estados Unidos. Na segunda metade, Londres, Paris e outras cidades européias estavam colocando o crime e a desordem sob controle, ao passo que as cidades americanas não – ou assim parecia a observadores da época. [30]
Em meados do século 20 a situação das cidades americanas dava evidência de ter também mudado. Em 1960, o investigador Daniel Bell, por exemplo, julgou que “um olhar imparcial no problema mostra que hoje há provavelmente menos crime nos Estados Unidos do que existia há cem, cinqüenta, ou até mesmo vinte e cinco anos, e que hoje os Estados Unidos são um país mais dentro da lei e seguro do que imagina a opinião popular.” [31] É verdade que isso foi escrito antes da onda de crimes que começou no início da década de 1960. Mas, ainda em 1978 Silberman, comentando sobre o fato de que “o crime, a violência, e o que é contra a lei foram temas recorrentes ao longo da história americana”, concluiu que ‘o país era mais perigoso no passado do que é agora.” [32] Estudos em longo prazo recentemente efetuados sobre as tendências do crime dão apoio a esta conclusão, como será demonstrado no próximo subtópico.
A evidência de estudos em longo prazo: O caso dos Estados Unidos
Ao passo que os criminologistas com freqüência enfatizam que hoje há provavelmente menos crime do que, por exemplo, no século 19, parece que se fizeram relativamente poucos estudos abrangentes em longo prazo que mostrem as tendências para períodos longos. [33] Todavia, os que existem fornecem um quadro muito interessante das tendências gerais da atividade criminal. Para os Estados Unidos, parece não haver qualquer estudo nacional em longo prazo que abranja o período anterior ao coberto pelas Estatísticas Criminais do FBI. Mas fizeram-se vários estudos locais confiáveis que abrangem cidades e estados individuais. Nenhum destes indica que o crime aumentou em relação ao século 19.
Nenhuma estatística abrangente de criminalidade foi elaborada antes de 1933, mas fizeram-se estudos em cidades individuais, e eles mostram caracteristicamente que o crime tem seus altos e baixos, em vez de um crescimento proporcional ao da população. James Q. Wilson, criminalista de Harvard, disse que os estudos iniciais ‘estão de acordo que no período logo após a Guerra Civil, a taxa de crimes violentos nas grandes cidades foi mais alta do que em qualquer outro período de nossa história.’ [34]
Os estudos mais recentes indicam até mesmo um declínio acentuado em alguns locais:
Nenhum estudo indica qualquer evidente aumento proporcional nos crimes graves dentro de cidades específicas. Pelo contrário, os mais recentes às vezes sugerem uma acentuada diminuição proporcional. [35]
É bem natural que as estatísticas do crime no século 19 sejam, com freqüência, muito deficientes, mas há exceções importantes. Um exemplo é o Massachusetts cujos registros criminais do século 19 “são provavelmente melhores do que os mantidos em qualquer outro lugar.”[36] As conclusões tiradas à base deles são, portanto, de maior significado:
Ao passo que todas as estatísticas criminais estão sujeitas a alguma dúvida, a conclusão principal sobre os números do Massachusetts pode ser declarada com confiança: Os crimes graves na área metropolitana de Boston declinaram nitidamente entre meados do século 19 e meados do século 20. [37]
O espaço não permite uma abordagem detalhada do alcance do crime nos EUA do século 19, mas as citações seguintes sobre algumas cidades podem dar uma idéia geral da situação:
Washington, D.C., logo antes da Guerra Civil:
Distúrbios e matança são ocorrências diárias, pessoas inocentes e inofensivas levam tiros, são apunhaladas, e vergonhosamente maltratadas de alguma maneira e com freqüência o agressor nem mesmo é detido. [38]
Nova Iorque, década de 1850:
A ‘um passo’ da Broadway, em Nova Iorque na década de 1850 ficavam os Cinco Pontos, os locais mais famosos da cidade. ‘Os policiais só entraram nos Cinco Pontos em dupla, e jamais desarmados. Os nova-iorquinos respeitáveis evitavam o distrito em plena luz do dia… Era o abrigo de assassinos, ladrões, prostitutas e receptadores de bens roubados.’ [39]
Chicago, de 1860 a 1890:
Nos vinte anos depois da Guerra civil, a taxa de assassinatos quadruplicou, ultrapassando de longe o crescimento da população, e os assaltos eram uma ocorrência comum; em 1893, um morador de Chicago em cada onze estava preso devido a um crime qualquer. [40]
Los Angeles na década de 1850:
Em um único período de quinze meses na década de 1850, registrou-se um total de quarenta e quatro assassinatos em Los Angeles, que era então uma cidade com apenas 8.000 habitantes. [41]
São Francisco e a Costa de Barbary, 1860-1880:
Os Anais de São Francisco, uma compilação de registros contemporâneos à década de 1860, relatam que nos setores do cais do centro da cidade ‘nenhum homem decente estava em segurança ao andar pela rua depois de escurecer; enquanto a qualquer hora, do dia e da noite, sua propriedade corria risco de incêndio criminoso e roubo.’ De 1860 a 1880, não passava uma noite sem que houvesse pelo menos um assassinato e inúmeros assaltos ao longo da Costa de Barbary. [42]
Os estudos em longo prazo, bem como os exemplos citados mostram claramente que a atual taxa de criminalidade nos Estados Unidos não é única na história do crime americano. Conforme explica Silberman, muitos americanos podem estar acreditando nisso porque a taxa atual foi precedida por uma taxa de crime anormalmente baixa, talvez baixa como nunca, nas décadas de 1930, 1940 e 1950:
Como a tranqüilidade doméstica parecia ser o padrão, os americanos que cresceram durante as décadas de 1940 e 1950 estão despercebidos de quão violento e assolado pelo crime os Estados Unidos sempre foram. Embora eles tenham continuado a romantizar a violência em histórias de detetive e faroestes, uma geração inteira se acostumou à paz em suas vidas cotidianas. De modo que para a maior parte dos americanos, o surto da violência criminal que começou por volta da década de 1960 pareceu ser um desvio do padrão, em vez de um retorno a ele. [43]
Para sermos exatos, a maioria dos países não passou pela elevação dramática da criminalidade que se viu em décadas recentes nos Estados Unidos. Se até mesmo essa alta taxa de criminalidade nos Estados Unidos não é sem precedentes, tendo sido até mesmo ultrapassada no século dezenove, poderíamos esperar constatar que as atuais taxas de criminalidade em muitos outros países estão abaixo dos níveis do século 19 de modo até mais evidente. Será que os estudos em longo prazo existentes confirmam isto?
A evidência dos estudos em longo prazo: O caso da França
É provável que nenhum outro país do mundo possa apresentar estatísticas de crime mais seguras para o século 19 do que a França:
Os dados disponíveis referentes à urbanização, o crime, e a violência coletiva na França durante aquele período são excepcionalmente ricos e uniformes, comparados com os dados disponíveis para qualquer parte do mundo hoje ou no passado. [44]
Portanto, quando Abdul Qaiyum Lodhi, da Universidade de Waterloo e Charles Tilly, da Universidade de Michigan, apresentaram em 1973 seu estudo rigoroso das tendências em longo prazo da criminalidade na França, abrangendo o período de 1826 a 1962, os resultados de tais estudos não podem ser facilmente desconsiderados. E as conclusões deles sobre aquele período de 136 anos são realmente surpreendentes:
No decorrer do longo período, os crimes contra a propriedade [arrombamento, roubo] parecem ter declinado significativamente em freqüência; os crimes contra a pessoa [assassinato, assalto, estupro] variaram suavemente sem qualquer tendência, e a violência coletiva variou nitidamente ano a ano. [45]
Ao passo que a taxa de crimes violentos permaneceu essencialmente estável durante o período de 136 anos, os crimes contra a propriedade mostraram uma diminuição bem acentuada. Conforme mostrado pelo gráfico que segue (“O Crime na França”), o número de pessoas acusadas de crimes contra a propriedade diminuiu drasticamente de 174 em cada 100.000 habitantes em 1836 para menos que 10 em cada 100.000 em 1962! [46]
Embora faltem para a maioria dos países estudos em longo prazo, que abranjam os séculos 19 e 20, a tendência na França dificilmente é exclusiva. Todavia, a evidência é que as tendências variaram, não só de um país para outro, mas também de um tipo de crime para outro. Em alguns países, certos tipos de crime têm aumentado no decorrer do longo período, ao passo que outros permaneceram bem estáveis ou até mesmo diminuíram. [47]
Sabe-se que alguns países com baixas taxas de criminalidade hoje, tais como o Japão e a China, tiveram uma alta taxa no passado, embora faltem estudos em longo prazo para estabelecer isso estatisticamente. A China, a nação mais populosa da terra, teve uma diminuição acentuada da criminalidade desde 1949. [48] No século 19 a criminalidade naquele país foi muito agravada devido aos “bandos de saqueadores” que assolaram freqüentemente algumas províncias. As atividades deles foram grandemente intensificadas durante a rebelião de Taiping (de 1850 a 1864). [49]
O impacto da “Lei de Tuchman”
Conforme demonstra a evidência, o crime evidentemente teve seus “altos e baixos”. A mais recente “onda de crimes” não é alguma exceção a esta regra. Em alguns países a criminalidade mostra atualmente uma tendência de queda, tendo atingindo seu auge na década de 1970 ou no início da década de 1980. Nos Estados Unidos as taxas de crimes violentos têm declinado bem acentuadamente já desde 1980. [50] Freqüentemente as pessoas parecem estar convictas de que essa criminalidade tem de estar aumentando, mesmo que não esteja. Conforme indicado pelo criminologista canadense Lynn McDonald, até peritos com freqüência têm confiado tanto na teoria do aumento do crime que eles têm estado cegos à informação veraz. Falando de sua própria pesquisa sobre as taxas da criminalidade no Canadá, McDonald diz:
Sei, pessoalmente, quanto tempo levou para que eu concluísse que as taxas de criminalidade no Canadá do pós-guerra não estavam aumentando (com exceção de agressões secundárias); eu continuei redesenhando os gráficos e recalculando os declives, achando que tinha cometido um erro! [51]
Por que, então, as pessoas parecem ter certeza de que as taxas de criminalidade estão aumentando, mesmo quando não é assim? Sem dúvida, a apresentação sensacionalista e por vezes distorcida que a imprensa faz é em grande medida responsável por isto. Fazendo um comentário acerca das manchetes de jornal sobre a violência das ruas, o terrorismo, os estupros, e assim por diante na Suécia, Johannes Knutsson, do Conselho Sueco de Prevenção do Crime, descreveu “a explosão de violência no verão passado [em 1983] como sendo ‘invenção dos jornalistas.’ … Os jornais distorcem a verdade, e os políticos, deliberadamente ou de outras formas, ajudam-nos a fazer isso.” Enfatizando que ultimamente vários tipos de crimes na realidade diminuíram, Knutsson disse que antes a sociedade “costumava incorporar muito mais violência cotidiana… A violência criminal era muito mais difundida, por exemplo, na Suécia na virada do século 20, quando havia muito mais bebedice. [52]
De modo que incrementar a reportagem sobre o crime nos jornais, pode ser uma indicação altamente enganosa da verdadeira situação das taxas de criminalidade hoje. A validez da “Lei de Tuchman” – citada no início deste capítulo – foi confirmada recentemente em um estudo dos sociólogos Jason Ditton e James Duffy. Eles descobriram que há uma “excessiva ênfase nos crimes violentos” nos jornais, e particularmente uma “sobrecarga” de reportagem dos crimes que envolvem sexo.” [53] Além do mais, “um conjunto cada vez maior de evidência indica que a crescente ansiedade das pessoas com respeito ao crime não tem correlação com o aumento do crime em si”, e que “o medo do crime está atualmente fora de qualquer proporção relativa à sua incidência.” [54] Como exemplo disto eles mencionam outro estudo que revelou que “Num período em que a incidência dos crimes violentos declinou em 2,4 por cento, a cobertura jornalística do crime violento aumentou em 11,1 por cento”! [55] Portanto, o que é contra a lei, muitas vezes aumenta só nos jornais e, poderíamos acrescentar, em alguns periódicos e publicações religiosas que procuram criar um estado mental excitado com respeito ao alegado cumprimento de um sinal “profético”.
Simplesmente não há evidência em apoio da alegação de que hoje estamos presenciando um aumento do que é contra a lei em nível mundial “numa magnitude nunca vista antes”. Muito pelo contrário, os estudos históricos, incluindo estudos em longo prazo das taxas de criminalidade em cidades, estados e países específicos, indicam que em muitos lugares havia freqüentemente maior grau de criminalidade no passado do que hoje. Isto pode muito bem ter sido verdade em escala mundial, devido ao fato de o crime geralmente aumentar em épocas de fome, pestilência e guerra.
Mais do que isto, há sólida razão para entendermos as palavras de Jesus sobre o aumento do que é contra a lei (em Mateus capítulo vinte e quatro) como tendo aplicação, não ao mundo em geral, onde a criminalidade sempre foi difundida, mas às condições entre os professos servos de Deus, incluindo os que estão dentro da congregação cristã que ele estabeleceria. As palavras precedentes dele indicam isto, pois ele estava descrevendo o que aconteceria aos seguidores dele devido à perseguição e prosseguiu dizendo que “muitos tropeçarão e trairão uns aos outros, e se odiarão uns aos outros. E surgirão muitos falsos profetas, e desencaminharão a muitos”. Foi nesse contexto religioso que ele disse então: “por causa do aumento do que é contra a lei, o amor da maioria se esfriará. Mas, quem tiver perseverado até o fim é o que será salvo.” (Mateus 24:9-13, TNM, edição de 1986) Na verdade, em todos os lugares Jesus usou a expressão “o que é contra a lei” descrevendo, não os criminosos propriamente ditos, mas a conduta hipócrita e desonesta de pessoas religiosas. (Mateus 7:23; 23:28) Em sua parábola sobre o trigo e o joio ele comparou tais praticantes do que é contra a lei à propagação do joio e disse que no dia do julgamento os anjos “reunirão dentre o seu reino todas as coisas que causam tropeço e os que fazem o que é contra a lei.” – Mateus 13:38-41, TNM, edição de 1986.
Os relatos na imprensa sensacionalista geram um medo do crime que com freqüência está “fora de qualquer proporção relativa à sua incidência”. Imagens como a da capa da revista Despertai! de 8 de abril de 1980, mostrada acima, nutrem a idéia de que o mundo inteiro está tão infestado de crime como certas ruas na cidade de Nova Iorque ou outras regiões metropolitanas dos Estados Unidos.
O QUE DIZEM AS AUTORIDADES SOBRE A CRIMINALIDADE HOJE E NO PASSADO
ESTADOS UNIDOS:
“O crime, a violência, e o que é contra a lei foram temas recorrentes ao longo da história americana… o país era mais perigoso no passado do que é hoje.” — Violência Criminal. Justiça criminal, Charles E. Silberman, Nova Iorque, 1978, págs. 21 e 22 em inglês.
“Toda a evidência aponta para a eliminação em longo prazo da atividade criminal como padrão, e associada com a urbanização.” — Roger Lane em A Violência na América (editado por H. D. Graham & T. R. Gurr), Washington, D.C., 1969 pág. 366 em inglês.
FRANÇA:
“Ao longo da grande jornada [abrangendo o período de 1826 a 1962], os crimes contra a propriedade parecem ter diminuído significativamente em freqüência, os crimes contra a pessoa variaram suavemente sem tendências, e a violência coletiva variou nitidamente de ano para ano.” — Revista Americana de Sociologia, A. Q. Lodhi & C. Tilly, Vol. 79, 1973, pág. 296 em inglês.
FINLÂNDIA:
“Será que estamos experimentando um período de explosão do crime agora mesmo? Bem, a resposta, a essa questão pertence ao futuro. Mas deve-se destacar que na Finlândia a população já passou por períodos consideravelmente piores.” — Vaino Rantio, Comissário no Departamento de Investigação Criminal em Helsingfors; na Crônica Criminal da Escandinávia de 1982, Gotemburgo, 1982, pág. 21 em sueco.
SUÉCIA:
“Algo que esquecemos com muita freqüência é que a sociedade costumava incorporar muito mais violência cotidiana… A violência criminal era muito mais difundida, por exemplo, na Suécia na virada do século 20, quando havia muito mais bebedice.” — Johannes Knutsson, criminologista em Notícias & Opiniões (um prospecto informativo para imigrantes na Suécia.) Nº. 28, 14 de setembro de 1984, pág. 1.
O MUNDO OCIDENTAL:
“Na maioria dos países ocidentais modernos, o nível de criminalidade foi tão reduzido que as más ações de poucos servem mais para proporcionar entretenimento escapista ao cidadão comum do que para instilar um sentimento de medo.” — O Crime e a Ordem Pública na Inglaterra de Fins da Idade Média, John Bellamy (Londres e Toronto, 1973), pág. 1 em inglês.
O MUNDO:
Comparando nossa sociedade moderna com as da Idade Média e do século dezoito, os criminologistas britânicos Sir Léon Radzinowics e Joan King declaram: “Com toda a criminalidade que existe, nossa sociedade está como um todo mais segura, menos selvagem, do que a deles” — O Aumento do Crime, Londres, 1977, pág. 11 em inglês.
Os escritos dos apóstolos de Cristo dão amplo testemunho do crescimento da iniquidade e do que é contra a lei que se desenvolveu entre os professos cristãos nos anos posteriores ao período apostólico. (Primeira a Timóteo 4:1; Segunda a Timóteo 3:13; Segunda de Pedro 2:1-3, 10-14, 17-21) Quando Paulo mencionou uma vindoura revelação do “homem que é contra a lei”, ele não estava falando de uma fonte que perpetra atividade criminal comum, tal como roubo de propriedade física ou atos de violência física como assassinato, mas da maior iniqüidade de todas, a usurpação da posição e autoridade que só pertencem de direito ao Soberano Supremo, Deus, juntamente com o engano religioso de associados humanos. Paulo alertou também seus contemporâneos que “o mistério daquilo que é contra a lei já está operando.” (Segunda aos Tessalonicenses 2:3-11, TNM, edição de 1986) Os escritos do apóstolo João em particular mostram que esse aumento do que é contra a lei dentro da congregação do primeiro século fez o amor de muitos realmente esfriar, tornando necessário o forte apelo de João ao amor de cada um por seu irmão. – Primeira de João 2:9-11; 3:4, 10-18.
Este entendimento das palavras de Jesus está pelo menos em harmonia com os fatos conhecidos, confirmados pelos próprios relatos bíblicos. Não se pode dizer o mesmo das alegações feitas por aqueles que afirmam que nossos dias estão presenciando um biblicamente predito aumento do crime a proporções sem precedentes. Os fatos conhecidos mostram o contrário.
NOTAS
[1] Um Espelho Distante, Barbara W. Tuchman (em inglês – Londres, 1978), pág. xviii.
[2] Från pest till polio, Matts Bergmark, 3ª edição em sueco (Estocolmo, 1983), pág. 74.
[3] A Peste Negra e os Eruditos, A. M. Campbell, (Nova Iorque, 1931), pág. 129 em inglês.
[4] A Violência nos Estados Unidos: Perspectivas Históricas e Comparativas. Relatório de apoio à Comissão Nacional das Causas e da Prevenção da Violência, editado por H. D. Graham & T. R. Gurr, Vol. 1 em inglês, Washington D.C., EUA, 1969, pág. 5. Esta obra será daqui em diante denominada VIA.
[5] VIA, Vol. 1, pág. 7 em inglês
[6] “A Urbanização, o Crime, e a Violência Coletiva na França do Século 19”, A. Q. Lodhi e C. Tilly: Revista Americana de Sociologia (em inglês), Vol. 79, 1973, pág. 296.
[7] “Teoria e evidência do aumento da criminalidade no século 19”, Lynn McDonald, Revista Britânica de Sociologia (em inglês), Vol. 33, 1982, pág. 406.
[8] “A Urbanização e a Violência Criminal no Século 19: Massachusetts como um estudo de caso”, Roger Lane (em inglês) VIA, Vol. 2, pág. 366. Portanto, como Lane indica, “em longo prazo a urbanização teve o efeito de ajustar, literalmente civilizar a população envolvida.” (Ibid., pág. 359 em inglês.)
[9] Gwynn Nettler, professor de sociologia na Universidade de Alberta, Canadá, apresenta o seguinte quadro geral: “Crimes graves aumentaram ao longo dos últimos dez ou vinte anos em países ricos e em países pobres ‘em desenvolvimento’… Durante este tempo, o crime provavelmente diminuiu ou permaneceu estável em duas categorias diferentes de países: (1) os que estão sob governo totalitário recente e (2) os que conseguiram canalizar a ‘influência ocidental’ dum modo que o controle básico do grupo foi mantido.” – Explicando o Crime (2ª edição em inglês – Nova Iorque, 1978), pág. 20.
[10] Nettler, págs. 20 e 21 em inglês.
[11] O Aumento do Crime, Sir Leon Radzinowics e Joan King (em inglês – Londres, 1977), págs. 10, 11. O criminologista americano J. S. Cockburn, escrevendo no mesmo ano, comenta de modo similar sobre a atual “onda de crime”: “Para nossa geração, o crime se tornou um lugar comum. Condicionados por um bombardeio de ‘estatísticas’ sobre criminalidade, tendemos a considerar a elevação da taxa de criminalidade e os debates acompanhantes sobre execução da lei, pena de morte e controle de armas como monopólio característico, e até certo ponto como o preço natural por nossa moderna sociedade industrializada. Visto de uma perspectiva histórica mais ampla, todavia, nossa preocupação com crime parece menos moderna. A maioria dos ingleses do século 19 se convenceu de que o crime estava aumentando como nunca antes; os comentaristas do século 18 estavam completamente alarmados pelo que eles viam como uma maré ascendente de criminalidade violenta; e queixas quanto ao iminente colapso da ordem pública pontilharam a Idade Média.” Quanto ao aumento do crime e da violação da lei relatados por muitos países no recente século dezesseis, Cockburn observa que “As tendências foram evidentemente universais.” (O Crime na Inglaterra 1500 – 1800 [em inglês], Princeton, Nova Jersey, EUA, 1977, pág. 49.).
[12] VIA, Vol. II, pág. 628 em inglês.
[13] Ciência, dezembro de 1984, págs. 43, 46 em inglês. Dois terços de todos os homicídios (assassinato ou homicídio culposo) nos Estados Unidos estão associados com armas de fogo, o que se explica pelo fato de que os “americanos possuem mais armas per capita do que qualquer outro povo do mundo.” (Ibid. pág. 46 em inglês.)
[14] Embora estes mostrem tremendos aumentos, eles também são um tanto enganosos. Para a década 1960-69 a Despertai! de 22 de julho de 1970 declara na página 9 que os crimes graves nos Estados Unidos aumentaram 88 por cento. A Sentinela de 15 de abril de 1973, porém, elevou o número do período para 148 por cento (página 230). Ainda mais impressionantes são as tabelas mostradas no número de 1º de dezembro de 1983 de A Sentinela, que dizem que “o número total de crimes sérios comunicados nos Estados Unidos aumentou em mais de 1.000 por cento de 1935 a 1980” (página 6). A maior parte deste alegado aumento deve ter ocorrido depois de 1960, uma vez que os números dados pela Torre de Vigia indicam um aumento de apenas 77 por cento até aquele ano!
[15] VIA, Vol. II pág. 372 em inglês. Sophia M. Robinson da Faculdade de Serviço Social de Columbia chegou a dizer que “os números do FBI não valem nem o papel em que são impressos.” (Ibid., pág. 372 em inglês.)
[16] Violência Criminal, Justiça Criminal, Charles E. Silberman (Nova Iorque, EUA, 1978), pág. 448 em inglês.
[17] O Crime nos Estados Unidos, Ramsey Clark (Cassell & Londres, 1971), pág. 45 em inglês.
[18] Nettler, págs. 70 e 71 em inglês. O desejo crescente de relatar o crime explica pelo menos em parte o aumento dos estupros em anos recentes. Supõe-se que o movimento de libertação feminina desempenhou um importante papel nisto. (Nettler, pág. 56 em inglês; Silberman, pág. 452 em inglês.) Embora um alto número de estupros continue não sendo relatado, há também evidência mostrando que muitos relatos de estupros são infundados. De todos os estupros informados em 1968, por exemplo, 18 por cento foram, após investigação, determinados como não tendo base alguma! (Clark, pág. 46 em inglês)
[19] O exemplo dos relatórios da polícia de Nova Iorque tornou-se quase clássico: “Os números do crime, pensava o FBI, pareciam notavelmente baixos. Ao conferir isto foi descoberto que em 1950, por exemplo, o número de crimes contra a propriedade relatados pela polícia era de aproximadamente metade dos informados reservadamente por companhias de seguros… Após uma pesquisa feita por Bruce Smith, perito policial, instalou-se um novo sistema de registro centralizado… No ano que se seguiu à mudança, os assaltos aumentaram em 20 por cento, os roubos aumentaram em 400 por cento e as invasões de domicílio em 1300 por cento em relação aos números de 1948. Conforme Smith concluiu, ‘esses aumentos surpreendentes… não representam em si um aumento do crime, e sim uma grande melhoria nos relatórios sobre o crime.” (O Fim da Ideologia, Daniel Bell, Glencoe, Illinois, 1960 págs. 138 e 139 em inglês.) Melhorias similares no sistema de informações geraram outros aumentos “no papel”, como, por exemplo, na Filadélfia entre 1951 e 1953 e em Chicago em 1960. (Bell, pág. 138 em inglês; Silberman, pág. 449 em inglês.) Um tipo diferente de aumento artificial da criminalidade foi relacionado ao furto, definido como roubo de propriedade avaliada em mais de cinqüenta dólares. O aumento deste crime foi, por muitos anos, causado em parte devido à inflação. Muitos artigos que originalmente valiam menos de cinqüenta dólares, cedo ou tarde passaram do limite de cinqüenta dólares e assim entraram nas estatísticas quando foram furtados. (Clark, pág. 53 em inglês.) O furto só foi redefinido em 1973.
[20] Em 1958, por exemplo, o inteiro sistema estatístico foi revisado e depois disso o Departamento não “considera que os números anteriores e posteriores a 1958 sejam completamente fungíveis [intercambiáveis].” (VIA, Vol. II em inglês, pág. 376.)
[21] VIA, Vol. II em inglês, págs. 380 e 381; Silberman, pág. 449 em inglês.
[22] VIA, Vol. II em inglês, págs. 381-385; Silberman, pág. 449 em inglês. Existem ainda grandes discrepâncias entre as estatísticas do FBI e as pesquisas nacionais sobre o crime, que são difíceis de explicar. (Veja “Discrepâncias Entre as Estatísticas do Crime e as Pesquisas sobre o Crime”, L. E. Cohen & K. C. Land, Criminologia (em inglês), Vol 22 nº. 4, novembro de 1984, págs. 499-529.)
[23] Silberman, pág. 30 em inglês.
[24] Silberman, pág. 28 em inglês; VIA, Vol. II em inglês, pág. 375.
[25] Ibid.
[26] Os homicídios dolosos nos EUA ultrapassaram os 20.000 já em 1974. Como isto era o dobro do número de assassinatos em 1965, a Despertai! de 8 de maio de 1976, previa que “haverá mais de 40.000 assassínios por ano no início da década de 1980.” (Página 3.) Nada disso ocorreu. O índice de assassinatos no início da década de 1980 ainda era praticamente igual ao de 1974. Depois esse índice ainda diminuiu!
[27] Colin Wilson, Uma História Criminal da Humanidade (Londres, Inglaterra, 1985), págs. 4 e 6 em inglês. É verdade que Wilson também diz, com referência ao irrompimento da Segunda Guerra Mundial, que naquela época o mundo “explodiu numa era sem igual de assassinato, crueldade e violência” (página 5). Todavia, esta afirmação não se refere ao crime social comum, e sim principalmente à matança durante a guerra. Conforme se mostrou no capítulo sobre as guerras, o índice de mortes durante a Segunda Guerra Mundial foi provavelmente sem igual se medido em números absolutos, mas não em proporção à população total.
[28] O Crime e a Ordem Pública na Inglaterra de Fins da Idade Média, John Bellamy (Londres e Toronto, 1973), pág. 1 em inglês.
[29] Ibid., pág. 1 em inglês.
[30] Silberman, pág. 23 em inglês.
[31] Bell, págs. 137 e 155 em inglês.
[32] Silberman, págs. 21 e 22 em inglês.
[33] A Criminologia Histórica é uma disciplina relativamente nova. A primeira conferência sobre esse assunto foi feita em fevereiro de 1972. (Nordisk Tidskrift for Kriminalvidenskab, Vol. 61, Hefte 3.-4., 1973, pág. 285.)
[34] Advogado Fred P. Graham em VIA, Vol. II, págs. 374 e 375 em inglês.
[35] Roger Lane, professor de História, em VIA, Vol. II, págs. 359 e 360 em inglês.
[36] Ibid., pág. 360 em inglês.
[37] Ibid. O estudo mais completo, “abrangendo os anos de 1849 a 1951, mostra uma eliminação de quase dois terços desses crimes que o FBI classifica como principais.” (Pág. 360 em inglês.)
[38] Silberman, pág. 22 em inglês. A citação é extraída do relatório de uma comissão do Senado norte-americano que pesquisa o crime na cidade.
[39] Bell, pág. 155 em inglês.
[40] Silberman, pág. 23 em inglês.
[41] Silberman, pág. 23 em inglês. Isto significa uma taxa anual de assassinatos de 440 para cada 100.000 habitantes!
Hoje [na época em que se escreveu isso], quando a taxa de assassinato comum no EUA é aproximadamente 7,9, Detroit tem a mais alta, com um total de 39 para cada 100.000 habitantes. Como isto figura entre as mais altas do mundo, Detroit ganhou o título de ‘capital mundial dos assassinatos’. (Nettler, pág. 24 em inglês.) Ainda assim, está muito abaixo da taxa de muitas cidades e lugares no passado. Por exemplo, no período entre 1680 e 1720, a Córsega teve 900 homicídios anualmente em uma população de 120.000, o que significa uma taxa anual de 750 para cada 100.000 habitantes! (Histoire de la Gorse, P. Arrighi, Toulouse, 1971, pág. 275 em francês.) Alguns afirmam que no século 19 os Estados Unidos tinham uma taxa de assassinato que ultrapassava a de Detroit atualmente. No estudo que fez sobre os assassinatos no Texas de meados de 1865 a meados de 1868, Barry A. Crouch mostra que durante este período a taxa anual de assassinato naquele estado foi de pelo menos 40 para cada 100.000 habitantes. (Revista da História Social, Pitsburgo, Pensilvânia, inverno setentrional de 1984, págs. 218, 219 e 229 em inglês.)
[42] Bell, pág. 156 em inglês.
[43] Silberman, pág. 31 em inglês. Compare também com a página 19 em inglês.
[44] “A Urbanização, o Crime, e a Violência Coletiva na França do século 19”, Lodhi e Billy, Revista Americana de Sociologia, Vol. 79, 1973, pág. 297 em inglês.
[45] Lodhi e Tilly pág. 296 em inglês.
[46] Lodhi e Tilly, pág. 301 em inglês. Desde 1970 os crimes graves aumentaram. (Nettler, pág. 20 em inglês.)
[47] Na Suécia os crimes graves mostraram um aumento muito acentuado depois de 1950. O estudo rigoroso de Hans von Hofer, publicado em 1984 e abrangendo o período 1750-1980, revela que os roubos ultrapassaram o nível de 1850 por volta de 1950 e então aumentaram acentuadamente durante duas décadas. O assassinato e o homicídio culposo também aumentaram na Suécia desde a Segunda Guerra Mundial, mas ainda estão num nível bem mais baixo do que em alguns períodos do século 19. Em comparação com o século 19, os assaltos mostram uma diminuição mais notável. (Veja Brott och straff i Sverige, de Hans von Hofer, SCB, Estocolmo, 1984, pág. 5:6 e os Diagramas 3:3 e 5:5.) O aumento nos roubos pode ser em parte devido a estarem sendo mais notificados. Hofer enfatiza que, depois da introdução dos seguros residenciais abrangentes, estes se difundiram principalmente desde 1950, atingindo 91% de todos os lares na Suécia em 1978. Como as companhias de seguros só pagam em casos de roubos notificados à polícia, é certo que o número de roubos notificados aumentou acentuadamente desde a década de 1950. Por outro lado, Hofer indica que há muito mais para ser roubado hoje do que no passado. Cerca de metade dos 515.000 roubos informados na Suécia em 1981 foram roubos de automóveis, de bicicletas, e em lojas. (von Hofer, págs 3:2, 9f) Estudos recentes normalmente indicam que o crime violento diminui com o aumento do desenvolvimento econômico, ao passo que os crimes contra a propriedade tendem a aumentar. (Revista Desenvolvimento e Mudança, Vol. 13, Nº. 3, julho de 1982, págs. 447-462; Sociologia e Pesquisa Social, Vol. 70, Nº. 1, 1985, págs. 96 e 97 em inglês.)
[48] O aumento que começou no fim da década de 1970 parou desde então pela aplicação de medidas mais severas. Veja a Despertai! de 8 de janeiro de 1975, págs. 5-9 e a Despertai! de 22 de junho de 1984, pág. 29.
[49] Enciclopédia Britânica, Macropédia, 15ª edição em inglês, 1980, Vol. 4, pág. 360.
[50] Revista Time de 8 de abril de 1985, págs. 35 e 37 em inglês. Na Suécia o gráfico dos crimes graves começou a mostrar uma tendência de queda por volta de 1970. (von Hofer, página 5:6 e Diagrama 5:5.)
[51] Lynn McDonald, pág. 417 em inglês. Matéria adicionada em 1966. (Nettler, pág. 26 em inglês.)
[52] Notícias & Opiniões (um prospecto informativo para imigrantes na Suécia), Nº. 28, 14 de setembro de 1984, pág. 1.
[53] “Deturpação em jornais que noticiam o crime”, Ditton e Duffy, Revista Britânica de Criminologia, Vol. 23, N. 2, abril de 1983, pág. 162 em inglês.
[54] Ibid., pág. 164 em inglês.
[55] Ibid., pág. 164 em inglês.
Imagem: Livro Poderá Viver Para Sempre no Paraíso na Terra (Watch Tower Bible and Tract Society of Pennsylvania), 1982, págs. 8, 9.