A Esperança da Ressurreição

ATÉ MESMO o relato resumido da escatologia cristã, que estamos tentando aqui, exige que digamos mais alguma coisa na explicação da afirmação cristã da crença na ressurreição dos mortos. Pois nenhum artigo do Credo é mais suscetível de ofender a consciência intelectual, especialmente numa época que encontra tanta dificuldade em acreditar em qualquer vida após a morte para a alma individual.

1. Dois Princípios na Crença Cristã

O significado essencial da afirmação cristã neste assunto envolve dois princípios ou postulados fundamentais que discutiremos em breve na sequência:

Primeiro, que o objetivo final da esperança é a comunhão com o Deus eterno, e não algum prolongamento da vida humana como tal.

Segundo, que a maneira pela qual essa esperança deve ser finalmente alcançada, bem como o verdadeiro significado de sua realização, são mais adequadamente simbolizados sob a figura da ressurreição, do que por qualquer doutrina que afirme simplesmente a imortalidade da alma.

2. A Vida Após a Morte e a Doutrina Religiosa da Imortalidade

Ao lidar com o primeiro desses dois princípios, devemos começar fazendo uma distinção importante. Quando dizemos que acreditamos na “vida após a morte”, podemos ter uma de duas ideias bem diferentes em mente.

(a) Podemos estar pensando na resposta à questão: a alma ou a personalidade de um homem continua existindo quando o corpo morre? Esta é uma pergunta perfeitamente clara, mas ela não tem qualquer conexão evidente com alguma crença particular sobre Deus. Muitos crentes em Deus rejeitam a crença na imortalidade da alma. E, por outro lado, alguns acreditavam na imortalidade da alma, ao passo que rejeitavam a crença em Deus. Além disso, deve-se observar que dizer que a alma sobrevive à morte do corpo não significa necessariamente que ela é imortal; pois é perfeitamente concebível que ela possa perecer depois. As evidências a favor e contra a sobrevivência, distinta da imortalidade, podem ser investigadas de um ponto de vista estritamente científico, que exclui completamente os pressupostos metafísicos e religiosos.

(b) Por outro lado, é possível considerar a crença na imortalidade humana como uma crença religiosa fundada em alguma fé no ser de Deus. E quando abordamos o assunto do lado religioso, a pergunta fundamental que fazemos sobre a vida após a morte tem um contexto e significado bastante diferentes. Quase todas as religiões atribuem imortalidade ou eternidade ao Deus de sua adoração, enquanto ao mesmo tempo indicam ao homem uma maneira de entrar em algum tipo de comunhão ou associação com Deus. E assim surge o pensamento de que o próprio homem pode de alguma forma ser participante da imortalidade ou eternidade que é propriamente divina.

A pergunta que se faz então sobre a vida após a morte deixa de ser: a alma humana por natureza é capaz de sobreviver à morte do corpo? e torna-se em vez disso: a alma humana é capaz de se elevar ou receber um tipo de vida superior, que de alguma forma é semelhante à de Deus? Na resposta afirmativa a essa pergunta, chegamos à doutrina religiosa da vida imortal ou eterna para o homem. Isso não se baseia simplesmente na natureza da alma humana como tal, e sim em uma relação que existe ou pode existir entre a alma humana e Deus. Tampouco se poderia provar como verdade, com a evidência mais completa concebível que, de fato, toda alma humana sobrevive à morte do corpo.1

3. O Ensino da Bíblia Sobre a Vida Após a Morte

Uma vez esclarecida essa distinção, voltemos ao ensino da Bíblia. Sua característica mais óbvia talvez seja a falta de informações positivas sobre o que acontece com a alma humana quando o corpo morre. De fato, no Antigo Testamento existem muitos trechos que negam categoricamente que a alma humana continue após a morte em qualquer vida que valha a pena ter. E mesmo o Novo Testamento, por toda a ênfase na gloriosa esperança da ressurreição, não dá qualquer tipo de resposta às perguntas feitas pelos que estão interessados em espiritualismo ou no que é comumente chamado de “pesquisa psíquica”.

Por que existe, a princípio, tanta negação e, afinal, tão pouca informação na Bíblia? A questão tem deixado perplexos os cristãos sinceros que anseiam por algum conhecimento definitivo sobre a condição dos entes queridos falecidos.

Quando Lázaro saiu de sua caverna tumular
E voltou ao lar de Maria,
Quiseram saber se ele podia
Ouvi-la chorando junto ao túmulo dele
 
“Onde estavas, irmão, nesses quatro dias?”
Não há qualquer sinal de resposta,
Que, ao dizer o que é morrer,
Certamente acrescentaria louvor ao louvor.
 
Eis um homem levantado por Cristo!
O resto permanece não revelado;
Ele não disse; ou alguma coisa fechou
Os lábios desse evangelista.2

A pergunta de Tennyson certamente não deve ser respondida por se sugerir dúvidas quanto ao valor histórico do Quarto Evangelho. Mas a distinção previamente estabelecida entre sobrevivência e vida eterna pode nos ser de mais ajuda. Do princípio ao fim, a Bíblia está primariamente preocupada em ensinar-nos que nossa fé e esperança devem estar em Deus, que ela é no Reino de Deus, não é na sobrevivência pessoal e em suas fases e circunstâncias particulares, que nossos objetivos e afetos devem se basear.

Já no Antigo Testamento, é bem significativo que, quando os salmistas negam explicitamente qualquer valor à vida do espírito falecido, eles imediatamente passam a declarar que, exatamente por esse motivo, sua esperança está mais firmemente ancorada em Deus.3 Parece haver boa razão para pensar que o quadro do Seol como uma prisão para espectros insubstanciais, uma imagem que representa a crença ortodoxa de Israel antes do cativeiro, foi originalmente destinada a desencorajar um falso espiritismo ou culto a espíritos que afastariam os homens da adoração de Jeová. Era aos videntes e profetas de Jeová, não às bruxas e feiticeiros que professavam ressuscitar os fantasmas dos mortos que o israelita fiel deveria se dirigir em busca de orientação. Foi quando Saul não conseguiu resposta de Deus por meio de profetas, sonhos ou divinação que ele se voltou em desespero para a feiticeira de Endor.4 Só depois do cativeiro, quando a idolatria e a necromancia deixaram de ser perigos, encontramos uma nova esperança do pós vida tomando forma vagamente na mente hebraica. E esta nova esperança se baseia inteiramente na presença e no poder onipresentes de Jeová. Finalmente, desponta a fé de que nunca e em nenhum lugar do universo os fiéis podem ser “cortados da mão de Deus”, nem mesmo pela morte ou pelas trancas do próprio Seol. “Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo.”5

No Novo Testamento, a resposta de Cristo a seus questionadores saduceus segue a mesma linha de ensino. Que há vida além do túmulo, ele diz a eles, foi provado quando Deus disse a Moisés: “Eu sou o Deus de Abraão, Isaque e Jacó”; pois Deus não é o Deus dos mortos, mas de vivos.6 Em outras palavras, um homem tem vida permanente, na medida em que o Jeová vivente é realmente o seu Deus. Para os servos fiéis de Deus, portanto, não pode haver prisão ou existência vazia entre as sombras. Pois “os portões do Hades” (ou as cadeias do Seol) não prevalecem contra a vida e a comunhão da própria eclesia de Deus.7 Essa é a grande conclusão a que a Bíblia chega. A imortalidade do homem é um presente do Deus vivo que vence a morte. Disso a Bíblia nos assegura; mas ela não responde a nossas perguntas sobre o que acontece com a alma quando o corpo morre. E seria difícil citar qualquer texto fora dos apócrifos que sugira que a alma do homem seja imortal por conta de sua própria natureza criada.

4. Ressurreição

No entanto, se nos contentarmos em deixar neste momento nosso relato da esperança cristã para o indivíduo, ainda teremos quase ignorado o que talvez seja a característica mais característica do evangelho cristão. Pois nada dissemos sobre a diferença que o ensino cristão da ressurreição faz para a doutrina religiosa da vida imortal ou eterna.

Nenhuma ideia dominante na religião humana teve uma história mais complicada e paradoxal do que a da ressurreição. No pensamento pagão, isso está relacionado aos mitos de um deus ou deusa que morre e renasce, que aparentemente têm sua origem no ciclo das estações, a morte do inverno seguida pelo renascimento da primavera. Mas lendas tais como a de Perséfone parecem ter pouca relação direta, histórica ou ideológica, com a crença cristã. Esta última nasce do judaísmo. E no judaísmo a ideia religiosa da ressurreição aparece em sua forma mais rude e materialista. Ela surgiu como parte da expectativa escatológica concebida pelos apocaliptistas judaicos em uma época em que toda a esperança de uma redenção nacional forjada por meios naturais parecia destinada ao desapontamento completo. Os apocaliptistas procuravam restabelecer a fé na orientação divina da história com visões de um evento puramente sobrenatural. Eles falavam de uma grande teofania no final dos tempos, quando os homens deveriam ressuscitar com seus corpos materiais do túmulo, a fim de receber a recompensa de suas ações em felicidade ou tormento eternos. Comparado a tais fantasias, a linguagem do Salmo 139 e os ensinamentos platônicos encontrados no Livro da Sabedoria parecem transmitir uma ideia muito mais digna e espiritual de imortalidade. E, à primeira vista, parece ser apenas um desastre que a Igreja tenha se sentido obrigada a repelir as mentes mais simpáticas do mundo pagão, mantendo em seu credo uma declaração que fala da ressurreição do corpo ou da carne. Sem dúvida, essa declaração foi mantida por causa da crença da Igreja de que o corpo de seu Senhor havia sido realmente levantado do túmulo. Mas será que essa crença foi originalmente devida a um mal-entendido, inevitável talvez para as mentes trazidas dos conceitos judaicos de escatologia, mas não obstante fatal para uma interpretação verdadeiramente católica do evangelho?

Essa conclusão é só superficialmente atraente. É claro que, desde que a ressurreição seja entendida como era entendida pelos apocaliptistas judaicos, como simplesmente a restauração da vida por decreto divino em algum momento após a morte, ela permanece um conceito rude e primitivo, em um nível mais baixo do que as formas mais nobres da crença helênica na imortalidade da alma. Mas, quando uma leitura atenta do Novo Testamento nos permitiu perceber que Cristo deu à ideia da ressurreição o novo significado da vida restaurada e glorificada através e por meio da morte, vemos também que ele a tornou o símbolo da uma verdade mais profunda do que qualquer outra que uma doutrina de mera imortalidade possa expressar. O cristianismo deve de fato sublimar e espiritualizar a crença na ressurreição que fazia parte de sua herança do judaísmo. E, todavia, o conceito judaico, cru e fantástico como era originalmente, contribui por meio de Jesus um elemento vital para a fé e a esperança cristãs que as doutrinas helênicas da imortalidade carecem totalmente.

Pois esta crença na ressurreição, ao longo de sua história estranha e matizada, representa a grande verdade inerente à escatologia judaica, de que a mudança da vida terrena para a celestial não é e não pode ser um processo gradual de ascensão, no qual a queda do corpo material é só uma libertação subsequente da alma; ao contrário, é um processo de crescente tensão e conflito que leva a uma crise na qual o homem terreno deve morrer totalmente para receber a vida. O que é verdade para toda essa era ou ordem mundial, que deve passar na nova criação do mundo vindouro, também é verdade para o organismo individual que é um homem, ele também deve morrer totalmente em seu estado terreno atual, para receber de Deus aquela glória plena e celestial da qual sua natureza criada o tornou capaz. A porta de entrada para a vida celestial e eterna é o auto sacrifício que Cristo primeiro efetuou só através de sua morte, e no qual ele habilita que os cristãos o sigam. E assim, em Cristo, o fato universal de decadência física e morte se torna para o homem, por assim dizer, o sacramento da verdade interior e espiritual de que a vida deve ser totalmente entregue antes que possa ser totalmente conquistada.

Para usar o termo agora na moda, o progresso da vida terrena em direção à celestial é inerentemente dialético. Na linguagem mais concreta e esclarecedora do evangelho, é uma história de exaltação conquistada pela humilhação, de ganho pela perda, de ter por dar, de poder pelo sofrimento, de vitória pela derrota, de alegria pela tristeza, de alegria pela tristeza, de santidade pelo compartilhamento comum, da glória pela vergonha, da vida pela morte. E a reconciliação de todas essas antinomias está no fato simples, mas transformador do mundo, de que Deus é amor, o amor que decreta que o Filho do Homem, que também é o Filho de Deus, deve sofrer para reinar e salvar. Essa é a verdade suprema que Jesus ensinou; e o Calvário, o túmulo vazio e as visões do corpo glorioso com as marcas da cruz, significam que em sua própria pessoa ele provou que a verdade era realmente verdadeira.

É por isso que a ressurreição de Cristo tem um significado verdadeiramente escatológico. É o sinal, não de que uma natureza humana santa sobrevive à morte, e sim que pela humilhação e auto sacrifício do Filho de Deus a mortalidade da morte foi superada, e o reino dos céus foi aberto a todos os crentes. Na crise que esse evangelho inevitavelmente traz para toda alma que o ouve, o mundo vindouro em si, juntamente com seu Senhor vivente, já está às portas.

De outro ponto de vista, a diferença essencial entre acreditar na ressurreição de Jesus e acreditar meramente na imortalidade de seu espírito ou alma pessoal, é claramente vista no momento em que procuramos aplicar ao caso dele a linguagem que o autor do Livro da Sabedoria usa sobre as almas dos justos. “Aos olhos dos insensatos”, escreve ele, “eles aparentemente estão mortos”, e ele quer dizer que a morte deles era só aparente. Podemos imaginar São Paulo usando essas palavras sobre Cristo? Se ele tivesse feito isso, seu evangelho certamente não causaria qualquer escândalo no mundo gentio. Pelo contrário, teria sido recebido com muita simpatia, inclusive em centros filosóficos como Atenas. Sugerir que a morte de Cristo foi uma aparência, e não uma realidade completa ou definitiva, teria removido todo o crime da cruz; mas teria removido também a essência do evangelho. Para o cristão, a morte na cruz, com todas as suas circunstâncias de vergonha, não foi menos real, nem menos importante para a fé, do que a ressurreição da qual ela foi a condição. A realidade da ressurreição equilibrou e transformou a realidade da morte; ambas as realidades foram igualmente essenciais para a nova salvação que estava em Cristo. Portanto, a plenitude do evangelho exigia o vazio do túmulo. E foi melhor que a intelligentsia do mundo gentio continuasse sendo alienada por crenças rudes sobre a ressurreição final, que São Paulo e São João8 não baniram da Igreja, do que o evangelho se perder por ser assimilado por filosofias religiosas que não tinham espaço para o verdadeiro valor da escatologia hebraica.

Os teólogos cristãos de hoje ainda estão em busca de uma metafísica que faça justiça total ao evangelho da Páscoa. Mas, à luz da experiência e do pensamento dos séculos, eles devem poder enxergar com mais clareza do que seus antepassados qual é o verdadeiro cerne do problema.9 No que diz respeito ao destino da alma individual, a essência do evangelho da Páscoa consiste em declarar em Cristo a correlação entre a totalidade da entrega da vida a Deus e a totalidade de sua restauração na glória. Por essa grande correlação ou antinomia (como gostamos de chamar isso), a esperança de vida eterna do cristão é determinada. Tudo o que vive neste mundo deve realmente morrer. Mas esse fato da mortalidade pode ser a oportunidade de entrar no serviço e na auto entrega do Filho de Deus; e, por entrar desse modo, essa nossa personalidade mortal, e não alguma parte supostamente imortal dela, deve, finalmente, por meio da morte, imortalizar-se. Ser participante da vida de Cristo aqui e no futuro, como no céu assim também na terra, é o que o cristão quer dizer com vida eterna. Somente por meio de Jesus Cristo, mas por meio de Jesus Cristo tanto nas coisas mais comuns como nas mais santas, ele afirma ter comunhão com o Deus eterno. Não ousamos dizer até que ponto do outro lado da morte física uma alma pode ter oportunidade de completar uma auto entrega que deste lado mal ela parecia ter começado, assim como não podemos dizer até que ponto os maiores santos de Cristo foram recebidos na vida do céu mesmo antes de terem cruzado o estreito riacho no corpo. Mas isto sabemos com muita certeza, que quando quer, e só quando a entrega que um homem faz de si mesmo ao Deus do amor tiver sido completamente realizada, é que ele atinge o fim de seu ser; e esse fim não é a morte, e sim a vida.

____________________

Doctrines of the Creed – Their Basis in the Scripture and Their Meanings Today (As Doutrinas do Credo – Suas Bases nas Escrituras e Seus Significados na Atualidade), Nova Iorque, EUA, 1938, Capítulo 24, págs. 262-270.

NOTAS

1 O máximo que essa evidência poderia fazer seria remover uma objeção a priori à doutrina religiosa da imortalidade, a saber, a objeção de que, uma vez que a alma ou a personalidade pereça com o corpo, nenhum tipo de imortalidade é possível para o homem. Se esta objeção deve ser removida desse modo é outra questão.

2 Tennyson, In Memoriam, XXXI.

3 Veja, por exemplo, Sal.30:9-11; 39:6-8.

4 1 Sam. 28:6.

5 Sal. 23:4. Veja também Sal. 73:22-25; 139:7-11, e Jó 19:25 (margem da Versão Revisada).

6 Mat. 22:31-33; Marcos 12:26, 27. Lucas (20:38) faz um acréscimo ao enunciado, que aparentemente é uma interpretação derivada de 4Mac. 7:19; 16:25, e que obscurece o ponto. As palavras adicionadas são “porque todos vivem para ele”. Mas o ponto não é que todos vivam para Deus, e sim que aqueles que são verdadeiramente de Deus devem ter vida permanente. Veja o Comentário de Easton, ad loc.

7 Esta é certamente a explicação mais natural do que foi dito a São Pedro em Mateus 16:18. Não posso resistir à especulação de que todo esse pronunciamento, registrado apenas por São Mateus, representava originalmente palavras ditas por nosso Senhor a São Pedro quando ele lhe apareceu depois da ressurreição. Colocado nesse contexto, o pronunciamento ganha um significado mais claro e bastante aprimorado. É em São Pedro, penitente e crente na ressurreição, que Cristo funda a comunhão de sua Igreja, contra a qual as portas do Hades não devem prevalecer. Mas é claro que isto é só uma especulação.

8 O autor de Hebreus dificilmente diz algo explicitamente sobre a ressurreição; mas seu ensinamento em 2:5-9, vale bem a pena ser examinado em conexão. (Veja a pág. 120 [deste livro]).

9 O metafísico cristão que me parece penetrar mais profundamente na raiz da matéria é N. Berdyaev, The Destiny of Man [O Destino do Homem], Parte III, capítulo 1.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *