A cavalgada dos quatro cavaleiros do Apocalipse – quando?

Um leitor escreveu:

Prezados, eu concordo plenamente com o livro “O Sinal dos Últimos Dias – Quando?”. Porém, tenho uma dúvida sincera quanto ao livro de Apocalipse. O Apocalipse traz a corrida de alguns cavaleiros que representam fome, morte e outros. E frequentemente, é feito um paralelo entre esses cavaleiros e os ditos “sinais” de Mateus 24. A Torre de Vigia diz que Apocalipse se cumpre no que chamam de “Dia do Senhor”, e que esse dia começou em 1914. Segundo o entendimento expresso no livro, a cavalgada desses cavaleiros descritos em Apocalipse começou já a partir do Primeiro Século? Já a partir daqueles “últimos dias”? Ou realmente a cavalgada desses cavaleiros acontecerá ainda em um período futuro específico, o qual Apocalipse descreve? Poderiam me tirar essa dúvida, por favor? Sou grato a vocês. Que Deus abençoe infinitamente todos que o buscam seriamente e seguem o Cordeiro para onde quer que ele vá.

RESPOSTA

Vejamos, para começar, o trecho completo:

Vi quando o Cordeiro abriu um dos sete selos e ouvi uma das quatro criaturas viventes dizendo como em voz de trovão: Vem! Olhei, e eis um cavalo branco, e o que estava montado sobre ele tinha um arco; foi-lhe dada uma coroa, e ele saiu vencendo e para vencer. Quando ele abriu o segundo selo, ouvi a segunda criatura vivente dizendo: Vem! Saiu outro cavalo, vermelho, e ao que estava montado sobre ele, foi-lhe dado que tirasse da terra a paz e que os homens se matassem uns aos outros. Foi-lhe entregue uma grande espada. Quando abriu o terceiro selo, ouvi a terceira criatura vivente dizendo: Vem! Olhei, e eis um cavalo preto, e o que estava montado sobre ele tinha uma balança na mão. Ouvi uma como voz no meio das quatro criaturas viventes dizendo: Um queniz de trigo por um denário e três quenizes de cevada por um denário; mas não faças dano ao azeite nem ao vinho. Quando abriu o quarto selo, ouvi a voz da quarta criatura vivente dizendo: Vem! Olhei, e eis um cavalo amarelo, e o que estava montado sobre ele chamava-se a Morte; o Hades seguia com ele, e foi-lhes dado poder sobre a quarta parte da terra, para matar com a espada, com a fome, com a peste e pelas feras da terra.

Apocalipse 6:1-8, citado aqui da Tradução Brasileira, 2010)

Conforme deve saber, não há consenso entre os comentaristas sobre o que significa cada um desses quatro cavaleiros e seus respectivos cavalos nessa visão. Nós estamos de acordo com a interpretação que parece ser a mais frequente. Os cavaleiros, conforme a cor do cavalo seriam, então: branco (conquista, vitória), vermelho (guerra); preto (fome) e amarelo (morte prematura, causada por guerras, fomes, doenças, etc.).

Da mesma forma, existem as mais diversas interpretações quanto ao momento em que essa cavalgada ocorreria. Você mostrou que conhece a das Testemunhas de Jeová (que acreditam que essa cavalgada começou no ano de 1914 e assim já dura mais de 100 anos). Líderes de outras religiões também apontam momentos específicos em que eles acham que os quatro cavaleiros teriam começado a cavalgar. Como é só natural, cada interpretação está atrelada à teologia e à história particular da igreja que elaborou a interpretação (veja alguns exemplos na Wikipédia – link). E, como você já disse em parte, tanto há quem creia que essa cavalgada ainda é futura, como há quem a situe apenas naquele período da história em que João teve a visão, lá no primeiro século.

O nosso entendimento está realmente de acordo com a ideia defendida ao longo de todo o livro O Sinal dos Últimos Dias – Quando? Não cremos que Jesus tenha falado em algum sinal terrestre que precederia a vinda dele; ele se referiu claramente a um sinal celestial (Mateus 24:30). Jesus não disse que acontecimentos na terra, tais como guerras, fomes, pestes, e todas as demais ocorrências que causam a morte prematura de seres humanos seriam o “sinal” da vinda dele. Essas coisas foram – inegavelmente – constantes na experiência dos cristãos e do mundo em geral, desde o tempo de Cristo até hoje. Se os três cavaleiros que seguem aquele que monta o cavalo branco de fato representam essas coisas, então a cavalgada deles tem estado em curso desde aquele momento até agora. Assim, respondendo diretamente sua pergunta, não cremos que essa cavalgada possa ser limitada a algum período específico da história.

Como certamente deve saber, há quem diga que o cavaleiro no cavalo branco é o próprio Cristo. A nosso ver, isto é preferível à afirmação de alguns de que a cor branca do cavalo é “ilusória” e que o cavaleiro representaria algum “Anticristo” que viria para subjugar a terra. Nada há na visão que nos leve a imaginar que o cavaleiro que “saiu vencendo e para vencer” representaria algo negativo, mau. Porém, visto que dentro da interpretação que endossamos, os outros três cavaleiros não simbolizam pessoas específicas, é possível que o do cavalo branco também não se aplique a uma única pessoa.

Que Cristo é um conquistador vitorioso, não há a menor dúvida. Mas, segundo as palavras dele (João 16:33, Apocalipse 2:26) seus seguidores fiéis também podem “vencer” qualquer inimigo – físico ou espiritual – que se interponha em sua jornada cristã. Montar num cavalo branco (uma cor que é frequentemente um símbolo de pureza e retidão), e sair “vencendo e para vencer” seria um belo símbolo disso. Desta forma, assim como a cavalgada dos outros três cavaleiros (representando todas as tribulações e desgraças na terra) continuou ao longo de todos os séculos da Era Cristã, a cavalgada vitoriosa do cavaleiro no cavalo branco continuou igualmente. Em todo esse período, desde o tempo dele até hoje, um sem-número de seguidores de Cristo (retratados apropriadamente no Apocalipse 7:9 como uma incontável “grande multidão” diante do trono de Deus), ‘saíram vencendo e para vencer’. Todas essas pessoas compartilharam da vitória de Cristo sobre as forças do mal e, como diz o Apocalipse 2:10, foram ‘fiéis até a morte e receberam a coroa da vida’.

Desejamos igualmente as bênçãos de Deus sobre você e todos os que lhe são caros.

Mentes Bereanas

Imagem em destaque: “Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse” – imagem editada digitalmente por Packwood (link).