Como Somos Reconciliados Com Deus

Dando Testemunho às Testemunhas de Jeová  

Este artigo foi preparado para ajudar os cristãos a apresentar as boas novas às Testemunhas de Jeová. “Como Somos Reconciliados Com Deus” foi o tema escolhido porque representa a doutrina fundamental da fé cristã, completamente derivada das Escrituras (tendo desta forma a melhor defesa) e, dentre os tópicos, é o menos ameaçador para as Testemunhas de Jeová.

Falando-se realisticamente, não se deve esperar que um artigo como esse provoque de uma hora para outra uma mudança radical no pensamento de uma Testemunha sobre esta questão da salvação, mas o leitor pode conseguir plantar uma semente que pode crescer no coração e na mente dela. Além dessa possibilidade de influenciar uma Testemunha para o bem, devemos querer compartilhar as boas novas com toda e qualquer pessoa que não esteja atualmente desfrutando dessa preciosa dádiva gratuita de Deus.  

Entendendo o Conceito das Testemunhas de Jeová

Conversar com uma Testemunha sobre qualquer assunto da Bíblia é, na melhor das hipóteses, difícil porque a maioria das pessoas não entende os conceitos doutrinários básicos delas. É preciso saber onde se baseia o raciocínio duma Testemunha, para lidar com este raciocínio de maneira inteligente. E, poderíamos acrescentar, um crente que só tenha uma compreensão superficial da Bíblia passará momentos difíceis com uma Testemunha bem treinada.

Sobre a questão de como somos reconciliados com Deus, é necessário saber algo sobre o complicado conceito que elas têm da salvação. As Testemunhas de Jeová ensinam que existem duas classes de cristãos, com diferentes expectativas de vida futura. Uma das classes se limita a 144 mil pessoas, enquanto que a segunda classe inclui milhões. Atualmente, algumas Testemunhas afirmam ser do grupo desses 144.000. Os desse grupo menor se vêem como o “restante” ou remanescente dos 144.000 e afirmam ser filhos de Deus com uma esperança celestial. Os outros milhões de Testemunhas não são filhos de Deus, não têm qualquer esperança de vida no céu, e sim de viverem para sempre na terra. Esta é a esperança deles.

Assim, deparamo-nos com dois grupos de pessoas em uma associação, todos afirmando ser cristãos, mas com diferentes esperanças de vida.

A Testemunha que virá pregar para o leitor provavelmente não se inclui entre os poucos que se identificam como parte desse “restante” da classe celestial dos 144.000. Ela se identificará como parte da “classe terrestre” de Testemunhas de Jeová – o grupo maior.

Como foi que eles chegaram a esse conceito de dois grupos de crentes com diferentes relações com Deus e diferentes esperanças? Esta noção radical foi desenvolvida e apresentada por Joseph Franklin Rutherford, o segundo presidente da Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados, numa convenção em Washington DC, Estados Unidos da América, no dia 31 de maio de 1935. Naquele momento, ele proclamou que o capítulo 7 de Revelação identifica duas classes de crentes: A “grande multidão” e os “144 mil”. Segundo Rutherford, os versículos 1-8 identificam uma classe celestial limitada a 144.000 e os versículos 9-17 uma classe terrestre de crentes que sairiam da “grande tribulação”.

A ideia de Rutherford era que a partir de 33 AD até o ano de 1935 os 144 mil “eleitos” foram selecionados para fazer parte do espiritual “Israel de Deus” — a congregação cristã de Jesus Cristo. Por volta de 1935 a chamada para a esperança celestial chegou ao fim, porque os 144.000 já haviam sido selecionados dentre a humanidade. A partir de 1935, uma nova classe de cristãos estava sendo criada. Os que compõem esta classe de cristãos passariam a fazer parte da “grande multidão” e sobreviveriam ao fim do mundo, que era considerado como estando logo à frente.

A identificação da “grande multidão” do Apocalipse 7:9 como sendo distinta do corpo de Cristo foi proposta pela primeira vez pelo antecessor de Rutherford, Charles T. Russell, o fundador e primeiro presidente da Torre de Vigia. Russell ensinava que a “vocação” ou “chamada” dos 144.000 membros da congregação de Cristo estendeu-se de 33 AD a 1881 AD. Em 1881, segundo Russell, a oportunidade de fazer parte da elite dos 144.000 chegou ao fim.

Russell dizia que a “grande multidão” de Apocalipse 7:9 identifica uma classe secundária de cristãos que teriam a vida celestial, mas com uma glória menor do que a dos 144.000. A “grande multidão” receberia a vida eterna no céu, mas os desta classe não reinariam com Cristo como reis e sacerdotes e não receberiam a imortalidade (vida auto-existente), como seria o caso dos 144.000. (1 Coríntios 15:53) Assim, de 1881 a 1935, era isso o que as Testemunhas acreditavam e ensinavam. (Nota: Até 1931 eles se chamavam “Estudantes Internacionais da Bíblia”. Em 1931 eles adotaram o nome de “Testemunhas de Jeová”.).

Tanto Russell como seu sucessor, Rutherford, acreditavam que estavam vivendo no “tempo do fim”. Russell ensinava que o “tempo do fim”, mencionado no livro de Daniel (8:17) começou em 1799 e se concluiria com o fim do mundo em 1914. Ele ensinou que os últimos 40 anos deste período (1874-1914) marcavam um período de “colheita” dos cristãos aprovados e um período de julgamento contra os cristãos nominais. Segundo Russell, Cristo Jesus voltou invisivelmente em outubro de 1874 para iniciar esse processo de julgamento. A execução desta sentença culminaria em 1914, quando o mundo inteiro seria destruído.

O ano de 1914 não trouxe o fim do mundo, como Russell havia predito. Mas os cálculos dele sobre o “tempo do fim” e a volta invisível de Cristo em outubro de 1874 continuaram a ser ensinados até 1928. Daí, decidiu-se que Cristo não havia voltado invisivelmente em 1874, e sim 40 anos depois, em outubro de 1914. O que antes era a data final nos cálculos de Russell tornava-se agora a data inicial para uma nova safra de especulações proféticas referentes ao “tempo do fim”.

As Testemunhas de Jeová continuaram a ensinar que as pessoas que presenciaram os eventos de 1914 não morreriam todas antes do fim. Por muitos anos, sua revista Despertai! dizia: “Esta revista gera confiança na promessa do Criador de estabelecer um novo mundo pacífico e seguro, antes que passe a geração que viu os acontecimentos de 1914.” (parte inferior, na página 4 de cada edição.) Note-se que eles diziam que esta era a “promessa do Criador”, não deles próprios!

Todavia, a partir da edição de 8 de novembro de 1995, a revista Despertai! removeu qualquer referência à geração de 1914 e ao fim do mundo! Agora, a revista diz que: “Importantíssimo é que esta revista gera confiança na promessa do Criador de estabelecer um novo mundo pacífico e seguro, prestes a substituir o atual mundo perverso e anárquico.”

Com esta mudança significativa os líderes da organização admitiram tacitamente que mais uma de suas muitas previsões se provou falsa. (Deuteronômio 18:20-22)

Como as Testemunhas de Jeová São Salvas

Conforme já explicado, só alguns milhares de Testemunhas declaram-se cristãos nascidos de novo. Apenas esses poucos aplicam a si mesmos o que a nova aliança (novo pacto) promete, já que eles são os únicos que estão no novo pacto. Isto significa que os milhões de Testemunhas que não estão no novo pacto não podem reivindicar quaisquer dos seus privilégios ou benefícios. A promessa do novo pacto encontrada em Jeremias 31:31-34 e repetida em Hebreus 8:7-12 é o pacto baseado no qual a igreja cristã funciona. Afirmar que alguém é cristão e negar que essa pessoa esteja na nova aliança é uma contradição.

Não estarem no novo pacto significa que milhões de Testemunhas não podem dizer que Jesus Cristo é o mediador entre elas e Deus. (1 Timóteo 2:5) A Testemunha de Jeová que vêm pregar ao leitor não pode aplicar a si mesma qualquer uma das novas bênçãos do pacto, porque ela não está incluída nele. Este é um fator crítico que o leitor precisa compreender quando fala com uma Testemunha sobre como somos reconciliados com Deus, porque todo e qualquer texto bíblico que foi originalmente escrito para os que estão no novo pacto não pode ser usado por essa Testemunha para definir seu relacionamento com Deus, pela simples razão de que ela se declara excluída dele!

Seu livro, Estudo Perspicaz das Escrituras, diz o seguinte sob o verbete Novo Pacto:

As partes do novo pacto são Jeová, de um lado, e o “Israel de Deus”, os gerados pelo espírito em união com Cristo, que constituem sua congregação ou corpo, do outro lado. (He 8:10; 12:22-24; Gal. 6:15, 16; 3:26-28; Rom. 2:28, 29) O novo pacto entra em operação com o sangue derramado (o sacrifício da vida humana) de Jesus Cristo, cujo valor foi apresentado a Jeová depois da ascensão de Jesus para o céu. (Mat. 26:28) Quando a pessoa é escolhida por Deus para a chamada celestial (He 3:1), Deus introduz tal pessoa em Seu pacto baseado no sacrifício de Cristo. (Sal 50:5; He 9:14, 15, 26) Jesus Cristo é o Mediador do novo pacto (He 8:6; 9:15) e o Descendente primário de Abraão. (Gal. 3:16) Por ser o mediador do novo pacto, Jesus ajuda os que se acham nesse pacto a tornar-se parte da verdadeira semente de Abraão (He 2:16; Gal. 3:29), por meio do perdão dos pecados deles. Jeová os declara justos. — Rom. 5:1, 2; 8:33; He 10:16, 17. (Estudo Perspicaz das Escrituras, Volume 3 [1992], pág. 157).

Note-se que a aplicação dos textos citados acima é limitada ao “Israel de Deus”. E as Testemunhas afirmam que apenas 144.000 compõem o “Israel de Deus”, e só uns poucos milhares de Testemunhas no mundo afirmam ser deste grupo! Em outras palavras, a Testemunha que prega ao leitor não pode aplicar qualquer desses textos a si mesma. Isso significa que ela não pode reivindicar ser declarada justa, seus pecados não foram perdoados e ela não é filho de Deus. Essas dádivas só se estendem aos que estão no novo pacto. Tudo o que o Novo Testamento diz sobre como se tornar um filho de Deus, passar da morte para a vida, ser um filho de Abraão, estar em união com Cristo, partilhar na morte e ressurreição de Cristo, ser declarado justo, nascer de novo, ser co-herdeiro com Cristo, participar do pão e do vinho em comunhão com Cristo e Deus — nenhuma dessas coisas pode ser reivindicada pela Testemunha que prega ao leitor! (Romanos 8:14-17, João 5:24, Romanos 4:16,17, 5:1, 8:1,2, João 3:3,7;. 1 Coríntios 11:23-26).

Neste ponto, o leitor pode estar pensando: “Como essas coisas podem ser verdade? Como é que uma pessoa poderia negar todas essas coisas e ainda chamar-se de cristão?” A resposta a isso se encontra na maneira como os assuntos referentes á salvação são apresentados às Testemunhas. Ensina-se a elas que sua segurança espiritual e sua aceitação por Deus têm como pré-requisito a submissão delas à autoridade espiritual exercida por meio da Sociedade Torre de Vigia, por aqueles que chamam a si mesmos de restante dos 144.000.

Eles ensinam que Deus sempre lidou com as pessoas como grupo, por meio duma organização. Isso, naturalmente, não é verdade, mas eles baseiam esta conclusão em certos textos bíblicos para provar seu ponto. A verdade é que, desde o tempo de Noé, Deus tem lidado com as pessoas, por meio de um pacto. (Gen. 9:8-17) Um pacto é um acordo vinculativo entre duas ou mais partes para se chegar a um determinado resultado. Deus fez um pacto com Abraão para produzir uma semente ou herdeiro por meio de quem todas as famílias da terra seriam abençoadas. O sinal visível dessa aliança duradoura era a circuncisão realizada geração após geração nos descendentes masculinos de Abraão. (Gênesis 17:1-14) Segundo a orientação de Deus, Abraão foi circuncidado quando tinha 99 anos de idade. (Gen.17:24) O apóstolo Paulo explica que este “sinal do pacto” era também um sinal da justiça atribuído a Abraão, como resultado da fé. (Rom. 4:11; Gen. 15:1-21).

Mais tarde, Deus fez o pacto da lei com os descendentes de Abraão depois da libertação deles do Egito. Essa aliança esteve em vigor até a vinda de Cristo. Daí, Deus estabeleceu a nova aliança anunciada em Jeremias 31. A nova aliança funcionaria para cumprir a aliança de Deus com Abraão, a saber, que por meio da semente dele todas as famílias da terra seriam abençoadas. Em Gálatas, o apóstolo Paulo explica a natureza temporária do pacto da Lei, que foi tirado do caminho pelo sacrifício de Jesus Cristo, o mesmo sacrifício que também inaugurou a nova aliança. (Mateus 26:27,28; Gal 3:16-29; Colossenses 2:13,14).

As Escrituras deixam claro que Deus lida com o seu povo por meio de um pacto. Se você não está num relacionamento pactuado com Deus, então você simplesmente não têm qualquer relação com Deus. Podemos ver esta verdade ilustrada na situação dos gentios durante a época em que a nação de Israel estava numa relação pactuada com Deus. Eles estavam sem Deus! (Efésios 2:11,12) Dá-se o mesmo com a nova aliança. Os que estão excluídos da nova aliança estão sem Deus. As Testemunhas de Jeová, lamentamos dizer, argumentam que não estão incluídas na nova aliança. Afirmar isso e acreditar nisso é colocar-se fora do arranjo salvador de Deus por meio de Jesus Cristo.

Você não pode aceitar a Cristo a menos que você o aceite nas condições em que ele é oferecido nas Escrituras e essas condições são de que a reconciliação com Deus por meio de Cristo significa tornar-se um filho de Deus. (Gálatas 3:26) Para entrar no reino de Deus, você deve passar pela experiência do novo nascimento. (João 3:1-8) “Todo mundo acreditar que Jesus é o Cristo é nascido de Deus.” — 1 João 5:1, Tradução do Novo Mundo. Só há uma classe de cristãos com uma única esperança apresentada no Novo Testamento. (Efe. 4:4-6, 1 Pedro 2:5,9).

As Testemunhas de Jeová estão confusas e enganadas quanto a este assunto vital. A organização Torre de Vigia ensina que a descendência de Abraão é composta de Jesus, como a semente primária e outros 144.000 que completam o resto da descendência de Abraão. Eles argumentam ainda que, por meio desta semente (1 + 144.000) todos os demais serão abençoados. A Testemunha que aborda o leitor em sua pregação diz que, embora ela não faça parte da descendência de Abraão (144.000), ela está entre os que virão a ser abençoados por esta semente. Assim, ela sente uma sensação de segurança religiosa por pensar que está sob o abrigo da promessa de Abraão – não como parte da semente, e sim como parte das nações a serem abençoadas por essa semente. Este raciocínio foi criado pela organização Torre de Vigia e é lido nas Escrituras para apoiar sua doutrina das duas classes de cristãos. O apóstolo Paulo explica em Gálatas que Jesus Cristo é a semente prometida de Abraão, aquele por meio do qual todas as famílias da terra seriam abençoadas. (Gálatas 3:16) Porém, os que depositam a fé em Cristo são batizados em Cristo e se tornam filhos de Deus. Isso também resulta em se tornarem filhos (semente) de Abraão, devido à fé. Os que estão reconciliados com Deus por meio da fé são justificados ou declarados justos, como Abraão foi pela sua fé. É desta maneira que eles são parte de sua semente e podem chamá-lo de pai. O apóstolo explica esta paternidade de Abraão de todos os crentes em Romanos 4. Ele conclui dizendo: “Ele [Abraão] é o pai de todos nós.”

Assim, em Gálatas o apóstolo aponta consistentemente que os crentes gentios eram também descendentes de Abraão (mas não a semente da promessa – só Cristo se enquadra nesse papel). Os cristãos gentios nos dias de Paulo estavam sendo abençoados assim como Deus prometeu que eles seriam. Note-se como a própria tradução da Torre de Vigia verte as palavras de Paulo:

Certamente sabeis que os que aderem à fé é que são filhos de Abraão. Ora, a Escritura, vendo de antemão que Deus declararia justas a pessoas das nações devido à fé, declarou de antemão as boas novas a Abraão, a saber: “Por meio de ti serão abençoadas todas as nações.” Conseqüentemente, os que aderem à fé são abençoados junto com o fiel Abraão. – Gálatas 3:7-9, Tradução do Novo Mundo.

Uma observação cuidadosa mostra que as pessoas acima, a quem Paulo estava escrevendo, deveriam ser incluídas com as nações a serem “abençoadas” por sua semente, Jesus Cristo. Paulo não estava falando de uma classe diferente de crentes que só surgiria quase dois mil anos depois, como ensina a Torre de Vigia. A bênção para as nações já estava fluindo para aqueles crentes gentios. Eles estavam sendo trazidos para a nova aliança para desfrutar de todos os benefícios que ela inclui.

Resumo

O Novo Testamento foi escrito em prol, pela e para a Igreja de Jesus Cristo no novo pacto. Procure enfatizar as consequências desta verdade para a próxima Testemunha que o visitar. Pergunte a ela como somos reconciliados com Deus? Ouça a resposta. A Testemunha usa certos textos em sua resposta? Para quem foram esses textos dirigidos originalmente? Será que ela se considera parte desse grupo? Se não, eles não podem ser usados ​​pela Testemunha para explicar sua relação com Deus. A fé em Jesus Cristo leva à filiação de Deus. Jesus Cristo só atua como mediador para os que estão no novo pacto. Quem é o mediador? Quem faz a mediação de suas orações a Deus? Especificamente, que relacionamento a Testemunha tem com Deus?

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